Governança de A a Z - Como selecionar os membros do Conselho de Administração

26 de janeiro de 2023

Este conteúdo foi produzido por Karen Lassner


O Conselho de Administração é o órgão principal de governança de uma ONG. Nos meus artigos anteriores, descrevi suas funções e responsabilidades. Também abordei as questões jurídicas que precisam ser endereçadas caso o estatuto não contemple o Conselho na estrutura da ONG. Agora, vamos analisar como selecionar os membros do Conselho, tanto em sua primeira composição, quanto em casos de fim de mandatos. 


Primeira formação do Conselho de Administração.


Primeiramente, cumpre destacar, que não há um número determinado de membros de um Conselho. As boas práticas de governança recomendadas pelo GIFE e IBGC para institutos e fundações empresariais são de 5 a 11 membros. Como regra geral, uma ONG menor teria menos conselheiros e uma maior teria mais.


Quando o Conselho está se formando pela primeira vez, geralmente o diretor-executivo da ONG lidera um grupo pequeno de pessoas que escolhe seus membros.  Esse grupo pode incluir um(a) apoiador(a) da ONG, com interesse em fortalecer a governança, um colaborador sênior da ONG e, se for possível, alguém que certamente será um membro do Conselho. 


No que tange à escolha desses membros do Conselho, sua composição deve ser pensada de forma estratégica para garantir que seus membros ofereçam a melhor governança e liderança possível para a ONG. A busca de membros do Conselho começa com a identificação dos conhecimentos e habilidades específicos e dos recursos de que a ONG necessitará durante os próximos anos. O plano estratégico, bem como a missão da organização e o seu estágio de desenvolvimento orientam o processo de busca de membros para o Conselho. Para dar um exemplo, se a ONG precisa adquirir um terreno e construir uma sede, talvez seja necessário pessoas com experiência na área imobiliária e/ou em construção, como um arquiteto ou engenheiro, por exemplo.


É preciso considerar também os atributos pessoais dos membros em potencial. Os atributos são tão ou mais importantes do que a sua proficiência profissional. O compromisso com a organização, a energia para desenvolver novas iniciativas e para acompanhá-las até a sua conclusão, e a motivação para servir a comunidade são características importantes dos membros do Conselho. Os atributos pessoais são igualmente importantes fora da sala de reunião do Conselho, já que seus membros servem como promotores e embaixadores da organização.


Por último, é importante considerar as características pessoais dos membros em potencial. O Conselho de Administração deve refletir a diversidade da comunidade servida pela ONG. As pessoas com diferentes experiências e perspectivas contribuem com ideias novas e criativas à capacidade intelectual do Conselho. Quanto mais diversificados forem os membros, maior sua probabilidade de encontrar rapidamente soluções múltiplas para os desafios que enfrenta a ONG. Para garantir a diversidade, deve-se considerar as seguintes características pessoais ao compor o Conselho: gênero, idade, raça, etnia e orientação sexual, entre outras. Dependendo da ONG, a localização geográfica dos membros pode ser um fator importante para contribuir à diversidade.


Para ajudar a compor os membros do Conselho pela primeira vez, você pode adaptar este quadro que facilita mapear os conhecimentos, habilidades, atributos e características pessoais dos membros em potencial. Lembre-se de que este quadro é apenas um exemplo, e que você precisará determinar quais os conhecimentos, habilidades, atributos e características pessoais que os membros do seu Conselho precisam ter. Liste-os no quadro.


Preencha o quadro com os conhecimentos, habilidades, atributos e características pessoais que cada membro em potencial possui. Analise o quadro para identificar lacunas e superposições desnecessárias, com atenção em particular para a diversidade. Se houver lacunas, considere outras pessoas. Se houver superposições, verifique se realmente há necessidade para dois ou mais conselheiros com a mesma habilidade, conhecimento, atributo ou característica. Em alguns casos será necessária a superposição, como captação de recursos, por exemplo, mas em outros não. 


Uma vez satisfeitos com a composição proposta de membros, o grupo responsável pela formação do Conselho deverá entrevistar os candidatos. Já com todos os aceites dos entrevistados, a primeira reunião do Conselho pode ser chamada; momento em que deverá ocorrer as eleições para os cargos do Conselho. 


Conselho de Administração já formado, encerramento de mandatos e substituição de membros


Quando o Conselho já está formado e é hora de renovação de mandato de alguns membros, geralmente o Comitê de Governança identifica os novos membros em potencial, entrevistando-os e os recomendando ao Conselho para aprovação. Se não existir um Comitê de Governança, o Conselho poderá estabelecer um comitê temporário com o fim específico de identificação de novos membros. O importante é começar a prospecção de novos membros com antecedência. Quanto mais tempo se investe no processo, maior a probabilidade de atrair excelentes pessoas para o Conselho.


Quando o Conselho já está formado e há necessidade de nomear novos membros, também é preciso identificar os conhecimentos e habilidades, atributos e características pessoais que essas pessoas precisarão possuir para implementar a missão e o plano estratégico da ONG nos próximos anos. Uma vez identificados, adapte este quadro, inserindo os conhecimentos e habilidades, atributos e características pessoais que os membros do Conselho precisam ter no seu conjunto.


Insere os nomes dos membros atuais e mapeia seus conhecimentos e habilidades, atributos e características pessoais. Identifique as lacunas. Comece um processo de identificação de novos membros e mapeia seus conhecimentos e habilidades, atributos e características pessoais.


Satisfeito com o mapeamento, os candidatos deverão ser entrevistados. Após serem aprovados pelo Conselho atual, podem ser convidados para participar do Conselho.


Reflexão:

O Conselho de Administração é a estrutura principal de governança da ONG. Seus membros refletem o profissionalismo e a seriedade da organização. Se está formando o Conselho pela primeira vez ou se estiver adicionando membros a um Conselho existente, invista tempo no processo da sua seleção e preste atenção à diversidade. Junto com o diretor-executivo, os conselheiros são o cartão de visita da sua organização. Mostram o compromisso da organização com a responsabilização e prestação de contas, com a transparência e com o trabalho no interesse público.


Para aprender mais sobre como fortalecer a governança da sua ONG, continue a me seguir aqui no Portal do Impacto e nos meus perfis no Instagram e no LinkedIn.


Se quiser tirar uma dúvida, pode entrar em contato comigo por e-mail:
lassner.karen@gmail.com


Até o mês que vem!



Fontes:

Dambach, Charles E., Melissa Davis e Robert L. Gale. Structures and Practices of Nonprofit Boards. 2nd edition, Washington, DC: BoardSource, 2009.


IBGC e GIFE  Guia das melhores práticas de governança para institutos e fundações empresariais. 2014






Karen Lassner é mestre em saúde pública e estudos latinoamericanos pela Universidade da Califórnia, Los Angeles. Estadounidense, há mais de 35 anos dedica-se a fortalecer a governança e liderança de organizações dos setores público e sem fins lucrativos. É membro dos conselhos da BrazilFoundation, Abraço Campeão e MIUSA.

 

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A boa gestão age diretamente sobre cada uma delas para transformar desafios em oportunidades: Na conversa do tipo “O que aconteceu?”, os participantes focam em quem está certo ou errado, partindo de suposições que levam ao ciclo de acusações e impedem a solução. Conforme o autor: “quando algo desagradável acontece, o foco da conversa gira em torno de quem está certo, quem está errado, quem disse o quê, quem deve assumir a responsabilidade e assim por diante. Passamos a discutir quase todos os detalhes.”. Exemplo de conflito – Projeto atrasado e disputa de culpa: ao desenhar a festa junina da organização, ficou faltando definir quem compraria e arrecadaria as prendas das barracas, gerando muito estresse no dia da festa. Logo, membros começaram a atribuir culpa uns aos outros: “Foi o time das coordenadoras”; “Não, foram vocês que não passaram direitos”; “Não me envolvam, eu fiz minha parte”. 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Inicialmente, vamos entender melhor o que são métricas? Métricas são números e dados que as redes sociais fornecem para mostrar o desempenho das publicações feitas por você ou pela sua ONG. Quando você publica algo no Facebook ou Instagram, essas redes sociais mostram quantas pessoas visualizaram, curtiram, comentaram ou compartilharam seu conteúdo. Saber interpretar essas informações é muito importante porque ajuda a sua OSC a entender o que está dando certo e o que pode melhorar na comunicação com o público. Ao entender melhor essas informações, você pode criar conteúdos que alcançam mais pessoas e ajudam sua organização a ter um impacto maior. Quais são as métricas mais importantes? Entender as principais métricas pode parecer difícil no começo, mas conhecendo cada uma delas fica muito mais fácil saber se sua comunicação está indo bem. Cada uma dessas métricas traz informações cruciais que ajudam a entender o comportamento do seu público e como melhorar as publicações da sua organização. Desvendando as siglas e abreviações das métricas CTR (Click Through Rate): porcentagem de pessoas que clicaram em um link após visualizá-lo. CPM (Custo por Mil Impressões): quanto custa mostrar seu conteúdo para mil pessoas. CPC (Custo por Clique): quanto você paga por cada clique no seu conteúdo. CPA (Custo por Aquisição): custo médio para que uma pessoa realize uma ação específica, como fazer uma doação. ROI (Return on Investment): retorno financeiro obtido em relação ao dinheiro investido em publicidade ou campanhas. KPI (Indicador-Chave de Desempenho): métricas específicas escolhidas para medir o sucesso das suas ações. Alcance e Impressões O alcance é o número de pessoas diferentes que viram sua publicação pelo menos uma vez. Quanto maior o alcance, mais pessoas diferentes foram alcançadas pelo seu conteúdo. Já as impressões mostram quantas vezes sua publicação apareceu nas telas das pessoas, contando inclusive aquelas que viram mais de uma vez (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Engajamento Engajamento é uma das métricas mais importantes porque mostra como as pessoas estão interagindo com seu conteúdo. Essas interações incluem curtidas, comentários, compartilhamentos e salvamentos. Um alto engajamento significa que as pessoas realmente gostaram do seu conteúdo e tiveram vontade de interagir com ele. Quanto mais engajamento, melhor você está se comunicando com o seu público (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Cliques Cliques mostram quantas pessoas clicaram no seu conteúdo ou nos links que você compartilhou. Essa métrica é especialmente importante quando você quer direcionar as pessoas para seu site ou para alguma ação específica, como um evento ou uma campanha de doação (COSTA, 2020). Crescimento de seguidores Essa métrica mostra quantas pessoas novas começaram a seguir sua ONG depois de ver suas publicações. Um crescimento constante de seguidores significa que você está conseguindo chamar a atenção e conquistar novas pessoas para sua causa (COSTA, 2020). Mas afinal, como essas métricas se relacionam? É muito importante não olhar apenas para uma métrica isoladamente. Por exemplo, se muitas pessoas veem sua publicação (alto alcance), mas poucas interagem com ela (baixo engajamento), pode ser que o conteúdo não esteja interessante o suficiente. Para entender se sua estratégia está funcionando, você precisa analisar diferentes métricas juntas, como alcance, engajamento e cliques. Isso ajuda a ter uma visão mais completa do desempenho das publicações (GOMES, 2018). Tipos de análises que você pode fazer Para usar bem as métricas, você pode fazer vários tipos diferentes de análises. Cada tipo serve para algo específico e ajuda você a entender melhor o desempenho das suas redes sociais, mostrando caminhos para melhorar sua comunicação. Análise simples A análise simples é a mais básica e mostra diretamente quantas pessoas viram ou interagiram com seu conteúdo (RECUERO, 2014). Comparação A análise comparativa é quando você compara resultados de diferentes publicações ou períodos. Por exemplo, você pode comparar o desempenho das publicações deste mês com as do mês passado para entender o que funcionou melhor e planejar conteúdos futuros (RECUERO, 2014). Previsão A análise preditiva usa dados antigos para tentar prever resultados futuros (RECUERO, 2014). Um exemplo é que se sabemos que entre novembro e dezembro há um aumento nas curtidas em posts relacionados a doações, construir conteúdo que fale sobre isso antecipadamente é uma forma de “prever” a procura e antecipar-se ao aumento de demanda. Redes sociais Analisar as redes sociais significa entender como as pessoas interagem umas com as outras no seu perfil ou página. Você pode descobrir quem são os principais seguidores, quais conteúdos são mais compartilhados e como essas conexões ajudam a espalhar sua mensagem para mais pessoas (GOMES, 2018). O que ter cuidado ao analisar os números? Ao analisar as métricas, você precisa levar em conta fatores externos que podem influenciar os resultados. Datas especiais, feriados ou eventos importantes podem aumentar ou diminuir a interação com suas publicações (as chamadas datas sazonais). Por isso, sempre olhe com cuidado e verifique se os dados são realmente representativos do desempenho geral (KAHNEMAN, 2012), todo o contexto deve ser levado em conta. Cuidado com erros ao analisar Existem alguns erros comuns ao analisar as métricas. Um deles é o viés de confirmação, que acontece quando você só presta atenção nos números que reforçam o que você já acredita. Outro erro é o viés de recência, que acontece quando você só leva em conta os resultados mais recentes, esquecendo resultados passados (KAHNEMAN, 2012). Como já dito. Recomendações O conteúdo do artigo foi baseado no conhecimento da autora e com referências de base científica. Caso você deseje ampliar o conhecimento acerca da temática, recomenda-se a leitura das fontes a seguir: COSTA, Felipe. Aplicação estratégica de métricas digitais. Panorama, Goiânia, v. 9, n. 2, p. 45-60, 2020. FERREIRA, Mariana; OLIVEIRA, Ana. Produção textual e interações sociais em plataformas digitais. Revista Comunicando, Lisboa, v. 5, n. 1, p. 10-23, 2015. GOMES, André. Dinâmicas de interações nas redes sociais digitais. Salvador: UFBA, 2018. KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2014. 
Por Maria Cecília Prates 4 de abril de 2025
Uma boa pergunta é sempre um motivo para reflexão. Como a pergunta que me foi feita uma certa vez pela diretora de uma ONG: “ na sua opinião, o que caracteriza um bom processo de Monitoramento & Avaliação (M&A) de projetos sociais? ” Ela me pediu para responder em poucas palavras.  Tomando por base o referencial da Teoria da Mudança ou do Marco Lógico , somos tentados a dar a resposta tradicional: um bom M & A é aquele que nos permite verificar se o que foi planejado, tanto em termos de processo e resultado, está ocorrendo e/ou ocorreu de fato. E, com isto, nos permite fazer as correções de rota necessárias, tanto “durante” quanto “depois” da iniciativa social. Mas, um bom M & A deve ir além, de modo a evitar o sério risco de cair na armadilha do planejamento . A ´ armadilha do planejamento ` é quando o plano inicial é visto como a situação ideal a ser atingida. Decorrem, daí, as definições para sucesso e fracasso. Sucesso é quando são alcançadas boa parte das metas previamente traçadas; já o fracasso é quando boa parte delas não são alcançadas. E se o plano inicial não se mostrar correto, mesmo tendo sido construído de forma participativa, com objetivos claros, bons indicadores e análise consistente do contexto social? Ou ainda, se com o desenrolar da intervenção, aquele plano for se tornando inadequado frente às novas circunstâncias que forem surgindo? Aliás, situação bem plausível, tendo em vista a realidade tão dinâmica em que vivemos atualmente. O plano não pode acabar funcionando como uma camisa de força para o projeto. Me fez lembrar a frase dita pelo ex-presidente americano Dwight Eisenhower, quando comandou o ´Dia D` da Segunda Guerra Mundial, “ Antes da batalha, o planejamento é tudo. Assim que começa o tiroteio, planos são inúteis ”. O ponto central é que planejar é fundamental, mas não podemos ficar prisioneiros do plano. Então, voltando aqui à pergunta inicial: O que caracteriza um bom processo de Monitoramento & Avaliação? Em poucas palavras: Um bom processo de M&A é aquele que serve como uma bússola para guiar os gestores do projeto. Sem dúvida, o pressuposto é o de que o planejamento tenha sido bem-feito, e há clareza de onde se quer chegar. E por que a comparação com a bússola? O processo de monitoramento e avaliação deve funcionar como uma bússola (para guiar o avião) no sentido de ser útil para orientar os gestores de uma dada intervenção se eles estão indo na direção correta. Então, o M & A vai indicar se estamos fazendo / fizemos a coisa certa, da maneira certa, de modo a potencializar os resultados pretendidos, tendo em vista os recursos disponíveis (financeiros, humanos, experiências, aprendizados e parcerias). O interessante da bússola é justamente a sua capacidade em ir se adaptando ao percurso, até chegarmos ao destino final. Tal como a bússola, também um bom Monitoramento & Avaliação deve ser percebido como um processo dinâmico, e não como um sistema estático de indicadores, não raras vezes com a exigência de métodos complexos para a sua estimativa.
Por Pollyana Bonvecchi 27 de março de 2025
Recentemente, montei uma estrutura para conduzir um processo seletivo de voluntárias aqui na Phomenta. Algumas pessoas me perguntaram por que eu estava desenvolvendo etapas que deixariam o processo mais complexo e se eu não tinha receio de que as pessoas desistissem devido à complexidade. Vou compartilhar o que respondi, explicar a importância dessa estrutura e como conseguimos atrair e manter perto de nós as pessoas que realmente querem contribuir. Por que desenhar um processo seletivo estruturado para voluntárias? Desenhar um processo seletivo com etapas claras e bem definidas é essencial para assegurar que as candidatas se comprometam verdadeiramente com cada fase e reflitam se o voluntariado faz sentido para elas. Esse tipo de processo não é apenas uma forma de selecionar os melhores talentos, mas também de verificar se aquelas que se juntam a nós compartilham dos nossos valores e estão alinhadas com o nosso propósito. Um processo seletivo mais detalhado permite identificar quem está realmente disposta a se envolver e quem está apenas explorando uma oportunidade. Divulgação da vaga Para começar, definimos claramente os papéis e responsabilidades, além do tempo de dedicação esperado para as voluntárias. Tudo isso foi explicitado na divulgação da vaga, para que, desde o início, as expectativas estivessem claras para as interessadas. Primeira etapa - triagem de candidatas Após receber as inscrições, realizamos uma triagem criteriosa, avaliando as competências e habilidades das candidatas. Selecionamos aquelas que mais se alinhavam com o perfil que buscávamos e enviamos um e-mail informando sobre as próximas etapas do processo. Segunda etapa - entrega e dinâmica de grupo Nesta etapa, solicitamos uma tarefa prática e informamos que haveria uma dinâmica em grupo. Esse momento foi crucial para observar o comprometimento das candidatas e, como esperado, algumas pessoas desistiram. Isso, no entanto, deixou apenas aquelas que estavam realmente interessadas em seguir adiante e que tinham um verdadeiro desejo de contribuir. Terceira etapa - Seleção final Com base nas etapas anteriores, escolhemos as candidatas que melhor atenderam aos critérios e que demonstraram maior afinidade com a cultura da Phomenta. Em seguida, comunicamos as selecionadas e agendamos da integração para integrar aquelas que iriam começar conosco. Integração A integração na Phomenta é muito mais do que uma simples introdução. É o momento propositivo para apresentarmos o propósito da nossa organização e garantir que todas estejam na mesma sintonia, super motivadas a alcançar os nossos objetivos. Quando nossas voluntárias entendem o impacto social que o seu trabalho pode gerar, o engajamento cresce e o compromisso fica mais forte. Assim como toda nova integrante de um time, as voluntárias precisam mergulhar na nossa cultura organizacional. A integração é uma oportunidade para elas se familiarizarem com características fundamentais da nossa cultura dentro da Phomenta: como nos comunicamos, como trabalhamos, e quais comportamentos valorizamos. Isso facilita a adaptação e ajuda as voluntárias a se sentirem parte do nosso grupo desde o primeiro dia! Durante a integração, é essencial esclarecer o que esperamos de cada uma, desde funções e responsabilidades específicas até o impacto que seu trabalho terá. Essa clareza evita confusões e permite que as voluntárias saibam exatamente como podem brilhar e fazer a diferença. Uma integração bem-planejada faz toda a diferença! Ela aumenta o comprometimento das voluntárias e ajuda a reduzir a rotatividade. Quando elas se sentem acolhidas, bem-informadas e preparadas, é muito provável que continuem engajadas e contribuam com a gente por um bom tempo. Além disso, a integração é a chance perfeita para construir conexões genuínas entre voluntárias e phomenters. Ela cria aquele sentimento gostoso de comunidade e pertencimento, que é essencial para manter a motivação em alta. E tem mais: durante a integração, incentivamos as voluntárias a darem seu feedback sobre a experiência. Isso nos ajuda a fazer ajustes e melhorias, garantindo que todas se sintam apoiadas e que nossa abordagem esteja sempre alinhada com as expectativas. A seguir alguns comentários sobre o processo:
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