Governança de A a Z - As 10 Responsabilidades do Conselho de Administração de uma ONG

2 de dezembro de 2022

Este conteúdo foi produzido por Karen Lassner


O Conselho de Administração é a estrutura principal de governança de uma ONG. 

Neste artigo, vamos olhar de perto as dez responsabilidades básicas do Conselho de Administração de uma ONG para entender o que ele faz.

 

1. Definir a missão 


Cabe ao Conselho de Administração definir e fazer avançar a missão da organização. A missão é a razão pela qual a ONG existe, é o seu propósito. 


O Conselho deve procurar garantir que a missão seja claramente manifestada por escrito em uma breve declaração de missão. Também deve reavaliar periodicamente a missão junto com a equipe da ONG. 


2. Selecionar o diretor-executivo 


Devido ao papel essencial que o diretor-executivo tem no desempenho da ONG, uma das responsabilidades mais importantes do Conselho é a de selecionar a pessoa adequada para a função. Antes do recrutamento começar, o Conselho precisa preparar uma descrição da função.


Em ONGs maiores e mais complexas, o Conselho poderá criar um Comitê para recrutar o diretor-executivo. No entanto, todo o Conselho deve participar da seleção final do mesmo.


3. Apoiar e avaliar o diretor-executivo 


O desempenho do Conselho de Administração da ONG está fortemente ligado ao desempenho do diretor-executivo. O Conselho e o diretor-executivo dependem um do outro para que a ONG funcione de forma eficaz. Por esta razão, outra importante responsabilidade do Conselho é apoiar e avaliar o diretor-executivo. 


O diretor-executivo pode e deve buscar apoio no Conselho de Administração, sendo o seu presidente a pessoa mais apropriada para dar esse apoio.


Antes de avaliar o desempenho do diretor-executivo, ele ou ela e o Conselho devem concordar com o processo e o intuito da avaliação. Ela deverá ser conduzida pelo presidente (ou alguém por ele designado) e todos os conselheiros devem ser convidados a apresentar seus comentários por escrito e confidencialmente, os quais podem ser resumidos pelo presidente do Conselho e apresentados ao diretor-executivo. 


4. Garantir um planejamento eficaz 


O Conselho deve garantir que a ONG atinja a população que ela se propõe a servir, atendendo às suas necessidades.  Ao garantir um planejamento eficaz, o Conselho estabelece a direção que a ONG deve tomar para alcançar suas metas e objetivos e cumprir a sua missão. 


Enquanto o diretor-executivo é responsável por conduzir o processo de planejamento estratégico, o Conselho é responsável por participar ativamente e aprovar as decisões que estabelecem a direção estratégica da organização.


5. Monitorar e fortalecer os programas e serviços 


Uma das responsabilidades fundamentais do Conselho é garantir que os programas e serviços atuais e propostos estejam alinhados com a missão da organização. O que a ONG realmente faz e com que nível de qualidade o faz deve ser o foco central do trabalho do Conselho de Administração.  O trabalho do Conselho deve focalizar o impacto social da organização.


6. Assegurar a existência de recursos financeiros adequados 


O Conselho tem a responsabilidade de assegurar que a ONG tenha uma receita adequada.  O Conselho garante que a organização tenha fontes diversificadas de receitas através de programas e serviços que geram rendas. 


O Conselho deve trabalhar com o diretor-executivo e sua equipe para desenvolver estratégias para gerar receitas, de modo a garantir que a organização possua múltiplas fontes de receitas, pois a dependência de apenas uma ou duas fontes de recursos financeiros ameaça seriamente a sustentabilidade da organização a longo prazo. 


O Conselho é, ainda, responsável por estabelecer metas e estratégias de captação de recursos e por participar ativamente nessa captação. Os membros do Conselho devem dar o exemplo e contribuir eles mesmos à organização.


7. Proteger os ativos e realizar supervisão estratégica financeira 


A proteção dos ativos da organização e a supervisão estratégica financeira são geralmente referidos como a responsabilidade fiduciária do Conselho. Nesse papel, o Conselho permite a instalação de importantes pesos e contrapesos na utilização dos recursos financeiros pela administração da ONG. As responsabilidades fiduciárias do Conselho incluem:


  • Analisar e aprovar como a organização orça, gasta e ganha dinheiro;
  • Estabelecer e seguir políticas financeiras;
  • Verificar se os sistemas e práticas financeiras da organização atendem às normas geralmente aceitas;
  • Garantir que a organização tenha reservas financeiras suficientes para as épocas de insuficiência de recursos e para os investimentos em novas oportunidades;
  • Garantir que a organização funcione de uma maneira transparente e responsável, como meio de salvaguardar sua reputação;
  • Certificar-se de que a organização não esteja sujeita a riscos desnecessários;


Nas ONGs maiores, o Conselho deve organizar e aprovar uma auditoria anual das finanças da organização.


8. Formar um conselho competente 


A seleção dos membros do Conselho é um primeiro passo essencial para garantir a formação de um Conselho competente. Todos os conselheiros devem auxiliar na identificação e recrutamento de candidatos. Mas, primeiro, o Conselho deve identificar a combinação ideal de competências profissionais, antecedentes e experiência, bem como atributos pessoais e outras características que seus membros precisam apresentar.
Diversidade é chave. 


Nas ONGs maiores, o Conselho poderá formar um
comitê de governança para ser responsável pelo recrutamento e seleção de seus novos membros.


Para garantir o desenvolvimento do Conselho, recomendo as seguintes atividades:


  • Esclarecer as expectativas para todos os conselheiros;   
  • Avaliar periodicamente o desempenho do Conselho e dos seus membros;   
  • Orientar adequadamente os novos conselheiros; 
  • Dar treinamento prático e contínuo aos conselheiros.   


9. Garantir a integridade legal e ética 


Para garantir a integridade legal e ética de uma ONG, o Conselho deve estar sempre empenhado, diligente e vigilante. O primeiro passo começa com a contratação e manutenção de um(a) diretor(a) executivo(a) de carácter sólido e altos princípios morais. Além disso, os membros do Conselho devem dar particular importância às três palavras seguintes: 


  • Conformidade: O Conselho precisa garantir que a organização obedeça às leis e aos regulamentos nacionais e locais que se aplicam às ONGs, como também seus próprios estatutos e código de ética. 
  • Transparência: O Conselho deve se esforçar para garantir que o trabalho da organização seja transparente e, assim, angariar a confiança do público em geral. Para saber mais sobre transparência, leia aqui e aqui
  • Responsabilização e Prestação de Contas: Cabe ao Conselho da ONG garantir o cumprimento do dever de prestar contas financeiras e programáticas. Para saber mais, leia aqui.


10. Aprimorar a reputação pública da organização 


Os conselheiros são os embaixadores e promotores da ONG, atuando como o elo entre a organização e seus usuários, membros, grupos de interesse ou público-alvo. Eles também trazem a retroalimentação desses grupos. Uma ONG saudável está sempre em contacto com o público e os conselheiros são um elo importante nesse sentido. 


Próximos passos


Espero que tenha ajudado a esclarecer as responsabilidades do Conselho de Administração de uma ONG.  Então, quais os próximos passos?


  1. Se a sua ONG não tiver um Conselho de Administração, mas tem interesse em formar um: o Portal do Impacto explica aqui como fazer. Também explica como o Conselho trabalha em conjunto com o Conselho Fiscal.
  2. Se sua ONG já tiver um Conselho de Administração: em sua próxima reunião, use essas responsabilidades para fazer uma autoavaliação de desempenho e, com base nos resultados, prepare um plano de ação de melhoria do Conselho.


Continue a me seguir aqui no Portal do Impacto e no
meu perfil no Instagram para aprender mais sobre como fortalecer a governança da sua organização. 


Se quiser tirar uma dúvida, pode entrar em contato comigo por e-mail:
lassner.karen@gmail.com


Até o mês que vem!




Fonte: Ingram, Richard. T. Ten Basic Responsibilities of Nonprofit Boards, Segunda Edição. Washington, DC: BoardSource, 2009.



Karen Lassner é mestre em saúde pública e estudos latinoamericanos pela Universidade da Califórnia, Los Angeles. Estadounidense, há mais de 35 anos dedica-se a fortalecer a governança e liderança de organizações dos setores público e sem fins lucrativos. É membro dos conselhos da BrazilFoundation, Abraço Campeão e MIUSA.

 

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Inicialmente, vamos entender melhor o que são métricas? Métricas são números e dados que as redes sociais fornecem para mostrar o desempenho das publicações feitas por você ou pela sua ONG. Quando você publica algo no Facebook ou Instagram, essas redes sociais mostram quantas pessoas visualizaram, curtiram, comentaram ou compartilharam seu conteúdo. Saber interpretar essas informações é muito importante porque ajuda a sua OSC a entender o que está dando certo e o que pode melhorar na comunicação com o público. Ao entender melhor essas informações, você pode criar conteúdos que alcançam mais pessoas e ajudam sua organização a ter um impacto maior. Quais são as métricas mais importantes? Entender as principais métricas pode parecer difícil no começo, mas conhecendo cada uma delas fica muito mais fácil saber se sua comunicação está indo bem. Cada uma dessas métricas traz informações cruciais que ajudam a entender o comportamento do seu público e como melhorar as publicações da sua organização. Desvendando as siglas e abreviações das métricas CTR (Click Through Rate): porcentagem de pessoas que clicaram em um link após visualizá-lo. CPM (Custo por Mil Impressões): quanto custa mostrar seu conteúdo para mil pessoas. CPC (Custo por Clique): quanto você paga por cada clique no seu conteúdo. CPA (Custo por Aquisição): custo médio para que uma pessoa realize uma ação específica, como fazer uma doação. ROI (Return on Investment): retorno financeiro obtido em relação ao dinheiro investido em publicidade ou campanhas. KPI (Indicador-Chave de Desempenho): métricas específicas escolhidas para medir o sucesso das suas ações. Alcance e Impressões O alcance é o número de pessoas diferentes que viram sua publicação pelo menos uma vez. Quanto maior o alcance, mais pessoas diferentes foram alcançadas pelo seu conteúdo. Já as impressões mostram quantas vezes sua publicação apareceu nas telas das pessoas, contando inclusive aquelas que viram mais de uma vez (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Engajamento Engajamento é uma das métricas mais importantes porque mostra como as pessoas estão interagindo com seu conteúdo. Essas interações incluem curtidas, comentários, compartilhamentos e salvamentos. Um alto engajamento significa que as pessoas realmente gostaram do seu conteúdo e tiveram vontade de interagir com ele. Quanto mais engajamento, melhor você está se comunicando com o seu público (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Cliques Cliques mostram quantas pessoas clicaram no seu conteúdo ou nos links que você compartilhou. Essa métrica é especialmente importante quando você quer direcionar as pessoas para seu site ou para alguma ação específica, como um evento ou uma campanha de doação (COSTA, 2020). Crescimento de seguidores Essa métrica mostra quantas pessoas novas começaram a seguir sua ONG depois de ver suas publicações. Um crescimento constante de seguidores significa que você está conseguindo chamar a atenção e conquistar novas pessoas para sua causa (COSTA, 2020). Mas afinal, como essas métricas se relacionam? É muito importante não olhar apenas para uma métrica isoladamente. Por exemplo, se muitas pessoas veem sua publicação (alto alcance), mas poucas interagem com ela (baixo engajamento), pode ser que o conteúdo não esteja interessante o suficiente. Para entender se sua estratégia está funcionando, você precisa analisar diferentes métricas juntas, como alcance, engajamento e cliques. Isso ajuda a ter uma visão mais completa do desempenho das publicações (GOMES, 2018). Tipos de análises que você pode fazer Para usar bem as métricas, você pode fazer vários tipos diferentes de análises. Cada tipo serve para algo específico e ajuda você a entender melhor o desempenho das suas redes sociais, mostrando caminhos para melhorar sua comunicação. Análise simples A análise simples é a mais básica e mostra diretamente quantas pessoas viram ou interagiram com seu conteúdo (RECUERO, 2014). Comparação A análise comparativa é quando você compara resultados de diferentes publicações ou períodos. Por exemplo, você pode comparar o desempenho das publicações deste mês com as do mês passado para entender o que funcionou melhor e planejar conteúdos futuros (RECUERO, 2014). Previsão A análise preditiva usa dados antigos para tentar prever resultados futuros (RECUERO, 2014). Um exemplo é que se sabemos que entre novembro e dezembro há um aumento nas curtidas em posts relacionados a doações, construir conteúdo que fale sobre isso antecipadamente é uma forma de “prever” a procura e antecipar-se ao aumento de demanda. Redes sociais Analisar as redes sociais significa entender como as pessoas interagem umas com as outras no seu perfil ou página. Você pode descobrir quem são os principais seguidores, quais conteúdos são mais compartilhados e como essas conexões ajudam a espalhar sua mensagem para mais pessoas (GOMES, 2018). O que ter cuidado ao analisar os números? Ao analisar as métricas, você precisa levar em conta fatores externos que podem influenciar os resultados. Datas especiais, feriados ou eventos importantes podem aumentar ou diminuir a interação com suas publicações (as chamadas datas sazonais). Por isso, sempre olhe com cuidado e verifique se os dados são realmente representativos do desempenho geral (KAHNEMAN, 2012), todo o contexto deve ser levado em conta. Cuidado com erros ao analisar Existem alguns erros comuns ao analisar as métricas. Um deles é o viés de confirmação, que acontece quando você só presta atenção nos números que reforçam o que você já acredita. Outro erro é o viés de recência, que acontece quando você só leva em conta os resultados mais recentes, esquecendo resultados passados (KAHNEMAN, 2012). Como já dito. Recomendações O conteúdo do artigo foi baseado no conhecimento da autora e com referências de base científica. Caso você deseje ampliar o conhecimento acerca da temática, recomenda-se a leitura das fontes a seguir: COSTA, Felipe. Aplicação estratégica de métricas digitais. Panorama, Goiânia, v. 9, n. 2, p. 45-60, 2020. FERREIRA, Mariana; OLIVEIRA, Ana. Produção textual e interações sociais em plataformas digitais. Revista Comunicando, Lisboa, v. 5, n. 1, p. 10-23, 2015. GOMES, André. Dinâmicas de interações nas redes sociais digitais. Salvador: UFBA, 2018. KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2014. 
Por Maria Cecília Prates 4 de abril de 2025
Uma boa pergunta é sempre um motivo para reflexão. Como a pergunta que me foi feita uma certa vez pela diretora de uma ONG: “ na sua opinião, o que caracteriza um bom processo de Monitoramento & Avaliação (M&A) de projetos sociais? ” Ela me pediu para responder em poucas palavras.  Tomando por base o referencial da Teoria da Mudança ou do Marco Lógico , somos tentados a dar a resposta tradicional: um bom M & A é aquele que nos permite verificar se o que foi planejado, tanto em termos de processo e resultado, está ocorrendo e/ou ocorreu de fato. E, com isto, nos permite fazer as correções de rota necessárias, tanto “durante” quanto “depois” da iniciativa social. Mas, um bom M & A deve ir além, de modo a evitar o sério risco de cair na armadilha do planejamento . A ´ armadilha do planejamento ` é quando o plano inicial é visto como a situação ideal a ser atingida. Decorrem, daí, as definições para sucesso e fracasso. Sucesso é quando são alcançadas boa parte das metas previamente traçadas; já o fracasso é quando boa parte delas não são alcançadas. E se o plano inicial não se mostrar correto, mesmo tendo sido construído de forma participativa, com objetivos claros, bons indicadores e análise consistente do contexto social? Ou ainda, se com o desenrolar da intervenção, aquele plano for se tornando inadequado frente às novas circunstâncias que forem surgindo? Aliás, situação bem plausível, tendo em vista a realidade tão dinâmica em que vivemos atualmente. O plano não pode acabar funcionando como uma camisa de força para o projeto. Me fez lembrar a frase dita pelo ex-presidente americano Dwight Eisenhower, quando comandou o ´Dia D` da Segunda Guerra Mundial, “ Antes da batalha, o planejamento é tudo. Assim que começa o tiroteio, planos são inúteis ”. O ponto central é que planejar é fundamental, mas não podemos ficar prisioneiros do plano. Então, voltando aqui à pergunta inicial: O que caracteriza um bom processo de Monitoramento & Avaliação? Em poucas palavras: Um bom processo de M&A é aquele que serve como uma bússola para guiar os gestores do projeto. Sem dúvida, o pressuposto é o de que o planejamento tenha sido bem-feito, e há clareza de onde se quer chegar. E por que a comparação com a bússola? O processo de monitoramento e avaliação deve funcionar como uma bússola (para guiar o avião) no sentido de ser útil para orientar os gestores de uma dada intervenção se eles estão indo na direção correta. Então, o M & A vai indicar se estamos fazendo / fizemos a coisa certa, da maneira certa, de modo a potencializar os resultados pretendidos, tendo em vista os recursos disponíveis (financeiros, humanos, experiências, aprendizados e parcerias). O interessante da bússola é justamente a sua capacidade em ir se adaptando ao percurso, até chegarmos ao destino final. Tal como a bússola, também um bom Monitoramento & Avaliação deve ser percebido como um processo dinâmico, e não como um sistema estático de indicadores, não raras vezes com a exigência de métodos complexos para a sua estimativa.
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Recentemente, montei uma estrutura para conduzir um processo seletivo de voluntárias aqui na Phomenta. Algumas pessoas me perguntaram por que eu estava desenvolvendo etapas que deixariam o processo mais complexo e se eu não tinha receio de que as pessoas desistissem devido à complexidade. Vou compartilhar o que respondi, explicar a importância dessa estrutura e como conseguimos atrair e manter perto de nós as pessoas que realmente querem contribuir. Por que desenhar um processo seletivo estruturado para voluntárias? Desenhar um processo seletivo com etapas claras e bem definidas é essencial para assegurar que as candidatas se comprometam verdadeiramente com cada fase e reflitam se o voluntariado faz sentido para elas. Esse tipo de processo não é apenas uma forma de selecionar os melhores talentos, mas também de verificar se aquelas que se juntam a nós compartilham dos nossos valores e estão alinhadas com o nosso propósito. Um processo seletivo mais detalhado permite identificar quem está realmente disposta a se envolver e quem está apenas explorando uma oportunidade. Divulgação da vaga Para começar, definimos claramente os papéis e responsabilidades, além do tempo de dedicação esperado para as voluntárias. Tudo isso foi explicitado na divulgação da vaga, para que, desde o início, as expectativas estivessem claras para as interessadas. Primeira etapa - triagem de candidatas Após receber as inscrições, realizamos uma triagem criteriosa, avaliando as competências e habilidades das candidatas. Selecionamos aquelas que mais se alinhavam com o perfil que buscávamos e enviamos um e-mail informando sobre as próximas etapas do processo. Segunda etapa - entrega e dinâmica de grupo Nesta etapa, solicitamos uma tarefa prática e informamos que haveria uma dinâmica em grupo. Esse momento foi crucial para observar o comprometimento das candidatas e, como esperado, algumas pessoas desistiram. Isso, no entanto, deixou apenas aquelas que estavam realmente interessadas em seguir adiante e que tinham um verdadeiro desejo de contribuir. Terceira etapa - Seleção final Com base nas etapas anteriores, escolhemos as candidatas que melhor atenderam aos critérios e que demonstraram maior afinidade com a cultura da Phomenta. Em seguida, comunicamos as selecionadas e agendamos da integração para integrar aquelas que iriam começar conosco. Integração A integração na Phomenta é muito mais do que uma simples introdução. É o momento propositivo para apresentarmos o propósito da nossa organização e garantir que todas estejam na mesma sintonia, super motivadas a alcançar os nossos objetivos. Quando nossas voluntárias entendem o impacto social que o seu trabalho pode gerar, o engajamento cresce e o compromisso fica mais forte. Assim como toda nova integrante de um time, as voluntárias precisam mergulhar na nossa cultura organizacional. A integração é uma oportunidade para elas se familiarizarem com características fundamentais da nossa cultura dentro da Phomenta: como nos comunicamos, como trabalhamos, e quais comportamentos valorizamos. Isso facilita a adaptação e ajuda as voluntárias a se sentirem parte do nosso grupo desde o primeiro dia! Durante a integração, é essencial esclarecer o que esperamos de cada uma, desde funções e responsabilidades específicas até o impacto que seu trabalho terá. Essa clareza evita confusões e permite que as voluntárias saibam exatamente como podem brilhar e fazer a diferença. Uma integração bem-planejada faz toda a diferença! Ela aumenta o comprometimento das voluntárias e ajuda a reduzir a rotatividade. Quando elas se sentem acolhidas, bem-informadas e preparadas, é muito provável que continuem engajadas e contribuam com a gente por um bom tempo. Além disso, a integração é a chance perfeita para construir conexões genuínas entre voluntárias e phomenters. Ela cria aquele sentimento gostoso de comunidade e pertencimento, que é essencial para manter a motivação em alta. E tem mais: durante a integração, incentivamos as voluntárias a darem seu feedback sobre a experiência. Isso nos ajuda a fazer ajustes e melhorias, garantindo que todas se sintam apoiadas e que nossa abordagem esteja sempre alinhada com as expectativas. A seguir alguns comentários sobre o processo:
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