Pare de apagar incêndios na sua ONG

3 de março de 2022

Este conteúdo foi produzido por Felipe Feitosa

“Sou gestor de projetos, mas a sensação que tenho é que sou um ‘bombeiro’, pois me sinto, em muitas ocasiões, ‘apagando incêndios’ na ONG”. Foi o que eu disse ao diretor da organização da sociedade civil na qual trabalho.


Ele me ouviu e me autorizou a fazer o que precisasse ser feito para garantir que isso deixasse de acontecer.


Quando fui ter essa conversa com ele, sabia que seria demitido ou que alguma mudança profunda – e necessária – aconteceria. Ainda bem que tive coragem, porque o que veio depois me transformou em um verdadeiro gestor e, por consequência, mudou toda a organização.


Comecei a criar coragem para ter essa conversa com meu chefe quando passei a observar a quantidade de decisões que eu precisava tomar todos os dias, desde escolhas comuns até aquelas que poderiam afetar a organização como um todo, sua reputação, sobrevivência, expansão ou estagnação. Em muitos momentos, dada a quantidade de coisas que eu tinha para fazer, acabava tomando decisões precipitadas, que eu sabia que não eram as melhores.


É fato que não existe uma “decisão perfeita”, mas cabe a nós a busca pela melhor alternativa, uma que pavimente nosso caminho rumo à conquista dos objetivos. Esse processo de escolha, que podemos chamar de tomada de decisão ou processo decisório, estava prejudicando a minha função como gestor de projetos.


Por um tempo, eu só pensava em uma coisa: “como reverter essa situação?”.


Então fui estudar. O primeiro passo foi entender o que é e o que requer o processo decisório, porque se eu fui contratado para tomar decisões, aparentemente não era o que eu estava habituado a fazer.


Processo decisório significa identificar soluções, avaliar tomadas de ação e implementar o plano mais adequado, com o objetivo de resolver determinado problema ou “escolher um caminho que leve” as ONGs do “ponto A” ao “ponto B”.


– Processo decisório –

Ponto A —--------------------------------------------------------------------------------→ Ponto B


 Entendi que não existe um padrão para esse processo, mas a travessia entre esses dois pontos, quase sempre, requer cinco ações. São as seguintes:


  1. Identificar a situação (tenha consciência sobre todo o contexto);
  2. Obter as informações (quais são as causas? Busque informações de qualidade a respeito do problema. É importante que isso seja feito em equipe);
  3. Listar as alternativas (quais ações podem ser implementadas a respeito desse contexto? Não esqueça de consultar o time!);
  4. Tomar decisões e implementá-las (com a lista de ações em mãos, opte pelas melhores alternativas em relação ao contexto e dê ouvidos ao resto do time, sempre que possível); e
  5. Avaliar resultados.


 Compreendi ainda que o universo do processo decisório compreende alguns tipos de decisão que podemos tomar – as quais, segundo Peter Drucker¹, o “pai da Administração”, podem ser classificadas como táticas ou estratégicas.


As táticas requerem um nível médio de responsabilidade do decisor, tendo em vista que se tratam de decisões setoriais com visão de médio prazo. Já as estratégicas são mais complexas e de alta responsabilidade, pois são decisões que afetam a organização como um todo e que visam ao longo prazo. 


Além destas, Moritz e Pereira² abordam as decisões operacionais, que ocorrem “na ponta” da organização e se referem às atividades básicas de operações diárias ou semanais que impactam a organização no curto prazo.


 O que esses e outros autores me disseram foi: para otimizar as chances de sucesso, diagnosticar o problema é fundamental. 


 Foi aí que me reconheci como “bombeiro organizacional”, apagando pequenos incêndios em vez de lidar com o foco causador do problema. Não que eu não precisasse apagar o incêndio, mas, como gestor, eu deveria agir no foco.


 Depois do aval do meu chefe, sempre que alguém da minha equipe chega com um “problema”, algo que me demanda acionar meu “modo bombeiro”, eu recorro à técnica dos “5 Porquês. Parei de sair resolvendo tudo “desesperadamente”; me dou tempo para analisar as situações e delego o que é necessário.


Não conhece a técnica dos 5 porquês? Veja aqui.


 A depender do problema e da quantidade de problemas com os quais estou lidando ao mesmo tempo, sigo para uma etapa avaliativa: qual problema atacar primeiro? Isso requer priorização.


 Nestes momentos, utilizo a Matriz G.U.T ou Matriz de Priorização. Conjugando elementos como a gravidade ou impacto de um problema, a urgência de sua resolução e sua tendência comportamental, é possível ser mais assertivo no que deve ser priorizado.


Para auxiliar nessa classificação, uso o quadro a seguir:


Nota Gravidade Urgência Tendência
5 Extremante Grave Extremamente Urgente Pode piorar rapidamente
4 Muito Grave Muito Urgente Pode piorar a curto prazo
3 Grave Urgente, merece atenção a curto prazo Pode piorar a médio prazo
2 Pouco Grave Pouco Urgente Pode piorar a longo prazo
1 Sem Gravidade Pode Esperar Não mudará


Multiplico os valores de cada coluna e chego ao resultado da priorização:


Exemplo:



Problemas Gravidade Urgência Tendência Priorização
Problema 1 5 3 2 30
Problema 2 4 4 4 64

Dessa maneira, consigo orientar melhor minhas decisões e esforços. A partir disso, avanço para a criação de alternativas, às vezes em conjunto com o time. Utilizo a técnica da “tempestade de ideias” para levantar o maior número de alternativas possíveis. Uma vez definidas estas alternativas, resta a matriz de priorização:



Nota Impacto Esforço
5 Altíssimo impacto Esforço excessivo
4 Grande impacto Muito esforço
3 Médio impacto Esforço moderado
2 Baixo impacto Pouco esforço
1 Baixíssimo impacto Pouquíssimo esforço

Agora, a matemática para chegar à solução que deve ser priorizada é: Impacto - Esforço = Priorização.


Exemplo:



Soluções Impacto Esforço Priorização
1 5 1 4
2 4 3 1

Antes da tomada de decisão propriamente dita, ainda posso ponderar:


  • Quais as consequências positivas da solução 1 x quais as consequências negativas da solução 1?
  • Quais as consequências positivas da solução 2 x quais as consequências negativas da solução 2?


A depender das respostas, e comparando o número de consequências positivas em cada solução proposta, priorizo aquela que apresentar maior número de consequências positivas.


Definidas as melhores opções, o trabalho seguinte é o de criar um plano de ação/execução. Esse plano pode ser obtido a partir dos seguintes questionamentos: 


  • O que espero resolver? 
  • Quem o fará? 
  • Como fará? 
  • Quando? 
  • Por quê?


Independentemente do contexto no qual ocorrem, as decisões buscarão, normalmente, a minimização de perdas, a maximização de ganhos e a criação de uma nova situação que seja comparativamente mais bem sucedida do que aquela proporcionada pela decisão anterior. 


Com um tempo, colocando essas técnicas em prática, fui me tornando menos “bombeiro” e mais gestor de projetos. Minha autoconfiança se transformou e eu vi a minha ONG amadurecer no que diz respeito à gestão. Claro que não é fácil no início, pois requer mudança de postura e novas atitudes – não só da minha parte, mas também de todos da organização. À medida em que as melhorias vão se materializando, tudo se transforma. É incrível!


Atenção: as ferramentas pouco importam nesse processo de transição: utilizo as metodologias aqui apresentadas por uma questão de preferência. O importante é a determinação pela mudança. Se você se sente um(a) bombeiro(a) na sua ONG, é preciso refletir sobre o que você deve fazer para deixar de ser. E mãos à obra!




Leia também: Inovação Social - como a Árvore de Problemas pode ajudar as ONGs em seus projetos?


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Felipe Feitosa


Felipe Feitosa é cearense, pai de dois, do Lorenzo e da Eloah, casado com a Janaína, apaixonado por bichos, formado em gestão desportiva e de lazer pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, voluntário do Instituto Esporte Mais e tem o sonho de transformar o Brasil por meio de projetos sociais.


Revisão: Daiany França e Flávia D'Angelo (Phomenta).


¹DRUCKER, Peter. Administração Lucrativa. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1972.

²MORITZ, Gilberto de Oliveira; PEREIRA, Mauricio Fernandes. Processo decisório. Florianópolis: SEAD/UFSC, 2006.


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Inicialmente, vamos entender melhor o que são métricas? Métricas são números e dados que as redes sociais fornecem para mostrar o desempenho das publicações feitas por você ou pela sua ONG. Quando você publica algo no Facebook ou Instagram, essas redes sociais mostram quantas pessoas visualizaram, curtiram, comentaram ou compartilharam seu conteúdo. Saber interpretar essas informações é muito importante porque ajuda a sua OSC a entender o que está dando certo e o que pode melhorar na comunicação com o público. Ao entender melhor essas informações, você pode criar conteúdos que alcançam mais pessoas e ajudam sua organização a ter um impacto maior. Quais são as métricas mais importantes? Entender as principais métricas pode parecer difícil no começo, mas conhecendo cada uma delas fica muito mais fácil saber se sua comunicação está indo bem. Cada uma dessas métricas traz informações cruciais que ajudam a entender o comportamento do seu público e como melhorar as publicações da sua organização. Desvendando as siglas e abreviações das métricas CTR (Click Through Rate): porcentagem de pessoas que clicaram em um link após visualizá-lo. CPM (Custo por Mil Impressões): quanto custa mostrar seu conteúdo para mil pessoas. CPC (Custo por Clique): quanto você paga por cada clique no seu conteúdo. CPA (Custo por Aquisição): custo médio para que uma pessoa realize uma ação específica, como fazer uma doação. ROI (Return on Investment): retorno financeiro obtido em relação ao dinheiro investido em publicidade ou campanhas. KPI (Indicador-Chave de Desempenho): métricas específicas escolhidas para medir o sucesso das suas ações. Alcance e Impressões O alcance é o número de pessoas diferentes que viram sua publicação pelo menos uma vez. Quanto maior o alcance, mais pessoas diferentes foram alcançadas pelo seu conteúdo. Já as impressões mostram quantas vezes sua publicação apareceu nas telas das pessoas, contando inclusive aquelas que viram mais de uma vez (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Engajamento Engajamento é uma das métricas mais importantes porque mostra como as pessoas estão interagindo com seu conteúdo. Essas interações incluem curtidas, comentários, compartilhamentos e salvamentos. Um alto engajamento significa que as pessoas realmente gostaram do seu conteúdo e tiveram vontade de interagir com ele. Quanto mais engajamento, melhor você está se comunicando com o seu público (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Cliques Cliques mostram quantas pessoas clicaram no seu conteúdo ou nos links que você compartilhou. Essa métrica é especialmente importante quando você quer direcionar as pessoas para seu site ou para alguma ação específica, como um evento ou uma campanha de doação (COSTA, 2020). Crescimento de seguidores Essa métrica mostra quantas pessoas novas começaram a seguir sua ONG depois de ver suas publicações. Um crescimento constante de seguidores significa que você está conseguindo chamar a atenção e conquistar novas pessoas para sua causa (COSTA, 2020). Mas afinal, como essas métricas se relacionam? É muito importante não olhar apenas para uma métrica isoladamente. Por exemplo, se muitas pessoas veem sua publicação (alto alcance), mas poucas interagem com ela (baixo engajamento), pode ser que o conteúdo não esteja interessante o suficiente. Para entender se sua estratégia está funcionando, você precisa analisar diferentes métricas juntas, como alcance, engajamento e cliques. Isso ajuda a ter uma visão mais completa do desempenho das publicações (GOMES, 2018). Tipos de análises que você pode fazer Para usar bem as métricas, você pode fazer vários tipos diferentes de análises. Cada tipo serve para algo específico e ajuda você a entender melhor o desempenho das suas redes sociais, mostrando caminhos para melhorar sua comunicação. Análise simples A análise simples é a mais básica e mostra diretamente quantas pessoas viram ou interagiram com seu conteúdo (RECUERO, 2014). Comparação A análise comparativa é quando você compara resultados de diferentes publicações ou períodos. Por exemplo, você pode comparar o desempenho das publicações deste mês com as do mês passado para entender o que funcionou melhor e planejar conteúdos futuros (RECUERO, 2014). Previsão A análise preditiva usa dados antigos para tentar prever resultados futuros (RECUERO, 2014). Um exemplo é que se sabemos que entre novembro e dezembro há um aumento nas curtidas em posts relacionados a doações, construir conteúdo que fale sobre isso antecipadamente é uma forma de “prever” a procura e antecipar-se ao aumento de demanda. Redes sociais Analisar as redes sociais significa entender como as pessoas interagem umas com as outras no seu perfil ou página. Você pode descobrir quem são os principais seguidores, quais conteúdos são mais compartilhados e como essas conexões ajudam a espalhar sua mensagem para mais pessoas (GOMES, 2018). O que ter cuidado ao analisar os números? Ao analisar as métricas, você precisa levar em conta fatores externos que podem influenciar os resultados. Datas especiais, feriados ou eventos importantes podem aumentar ou diminuir a interação com suas publicações (as chamadas datas sazonais). Por isso, sempre olhe com cuidado e verifique se os dados são realmente representativos do desempenho geral (KAHNEMAN, 2012), todo o contexto deve ser levado em conta. Cuidado com erros ao analisar Existem alguns erros comuns ao analisar as métricas. Um deles é o viés de confirmação, que acontece quando você só presta atenção nos números que reforçam o que você já acredita. Outro erro é o viés de recência, que acontece quando você só leva em conta os resultados mais recentes, esquecendo resultados passados (KAHNEMAN, 2012). Como já dito. Recomendações O conteúdo do artigo foi baseado no conhecimento da autora e com referências de base científica. Caso você deseje ampliar o conhecimento acerca da temática, recomenda-se a leitura das fontes a seguir: COSTA, Felipe. Aplicação estratégica de métricas digitais. Panorama, Goiânia, v. 9, n. 2, p. 45-60, 2020. FERREIRA, Mariana; OLIVEIRA, Ana. Produção textual e interações sociais em plataformas digitais. Revista Comunicando, Lisboa, v. 5, n. 1, p. 10-23, 2015. GOMES, André. Dinâmicas de interações nas redes sociais digitais. Salvador: UFBA, 2018. KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2014. 
Por Maria Cecília Prates 4 de abril de 2025
Uma boa pergunta é sempre um motivo para reflexão. Como a pergunta que me foi feita uma certa vez pela diretora de uma ONG: “ na sua opinião, o que caracteriza um bom processo de Monitoramento & Avaliação (M&A) de projetos sociais? ” Ela me pediu para responder em poucas palavras.  Tomando por base o referencial da Teoria da Mudança ou do Marco Lógico , somos tentados a dar a resposta tradicional: um bom M & A é aquele que nos permite verificar se o que foi planejado, tanto em termos de processo e resultado, está ocorrendo e/ou ocorreu de fato. E, com isto, nos permite fazer as correções de rota necessárias, tanto “durante” quanto “depois” da iniciativa social. Mas, um bom M & A deve ir além, de modo a evitar o sério risco de cair na armadilha do planejamento . A ´ armadilha do planejamento ` é quando o plano inicial é visto como a situação ideal a ser atingida. Decorrem, daí, as definições para sucesso e fracasso. Sucesso é quando são alcançadas boa parte das metas previamente traçadas; já o fracasso é quando boa parte delas não são alcançadas. E se o plano inicial não se mostrar correto, mesmo tendo sido construído de forma participativa, com objetivos claros, bons indicadores e análise consistente do contexto social? Ou ainda, se com o desenrolar da intervenção, aquele plano for se tornando inadequado frente às novas circunstâncias que forem surgindo? Aliás, situação bem plausível, tendo em vista a realidade tão dinâmica em que vivemos atualmente. O plano não pode acabar funcionando como uma camisa de força para o projeto. Me fez lembrar a frase dita pelo ex-presidente americano Dwight Eisenhower, quando comandou o ´Dia D` da Segunda Guerra Mundial, “ Antes da batalha, o planejamento é tudo. Assim que começa o tiroteio, planos são inúteis ”. O ponto central é que planejar é fundamental, mas não podemos ficar prisioneiros do plano. Então, voltando aqui à pergunta inicial: O que caracteriza um bom processo de Monitoramento & Avaliação? Em poucas palavras: Um bom processo de M&A é aquele que serve como uma bússola para guiar os gestores do projeto. Sem dúvida, o pressuposto é o de que o planejamento tenha sido bem-feito, e há clareza de onde se quer chegar. E por que a comparação com a bússola? O processo de monitoramento e avaliação deve funcionar como uma bússola (para guiar o avião) no sentido de ser útil para orientar os gestores de uma dada intervenção se eles estão indo na direção correta. Então, o M & A vai indicar se estamos fazendo / fizemos a coisa certa, da maneira certa, de modo a potencializar os resultados pretendidos, tendo em vista os recursos disponíveis (financeiros, humanos, experiências, aprendizados e parcerias). O interessante da bússola é justamente a sua capacidade em ir se adaptando ao percurso, até chegarmos ao destino final. Tal como a bússola, também um bom Monitoramento & Avaliação deve ser percebido como um processo dinâmico, e não como um sistema estático de indicadores, não raras vezes com a exigência de métodos complexos para a sua estimativa.
Por Pollyana Bonvecchi 27 de março de 2025
Recentemente, montei uma estrutura para conduzir um processo seletivo de voluntárias aqui na Phomenta. Algumas pessoas me perguntaram por que eu estava desenvolvendo etapas que deixariam o processo mais complexo e se eu não tinha receio de que as pessoas desistissem devido à complexidade. Vou compartilhar o que respondi, explicar a importância dessa estrutura e como conseguimos atrair e manter perto de nós as pessoas que realmente querem contribuir. Por que desenhar um processo seletivo estruturado para voluntárias? Desenhar um processo seletivo com etapas claras e bem definidas é essencial para assegurar que as candidatas se comprometam verdadeiramente com cada fase e reflitam se o voluntariado faz sentido para elas. Esse tipo de processo não é apenas uma forma de selecionar os melhores talentos, mas também de verificar se aquelas que se juntam a nós compartilham dos nossos valores e estão alinhadas com o nosso propósito. Um processo seletivo mais detalhado permite identificar quem está realmente disposta a se envolver e quem está apenas explorando uma oportunidade. Divulgação da vaga Para começar, definimos claramente os papéis e responsabilidades, além do tempo de dedicação esperado para as voluntárias. Tudo isso foi explicitado na divulgação da vaga, para que, desde o início, as expectativas estivessem claras para as interessadas. Primeira etapa - triagem de candidatas Após receber as inscrições, realizamos uma triagem criteriosa, avaliando as competências e habilidades das candidatas. Selecionamos aquelas que mais se alinhavam com o perfil que buscávamos e enviamos um e-mail informando sobre as próximas etapas do processo. Segunda etapa - entrega e dinâmica de grupo Nesta etapa, solicitamos uma tarefa prática e informamos que haveria uma dinâmica em grupo. Esse momento foi crucial para observar o comprometimento das candidatas e, como esperado, algumas pessoas desistiram. Isso, no entanto, deixou apenas aquelas que estavam realmente interessadas em seguir adiante e que tinham um verdadeiro desejo de contribuir. Terceira etapa - Seleção final Com base nas etapas anteriores, escolhemos as candidatas que melhor atenderam aos critérios e que demonstraram maior afinidade com a cultura da Phomenta. Em seguida, comunicamos as selecionadas e agendamos da integração para integrar aquelas que iriam começar conosco. Integração A integração na Phomenta é muito mais do que uma simples introdução. É o momento propositivo para apresentarmos o propósito da nossa organização e garantir que todas estejam na mesma sintonia, super motivadas a alcançar os nossos objetivos. Quando nossas voluntárias entendem o impacto social que o seu trabalho pode gerar, o engajamento cresce e o compromisso fica mais forte. Assim como toda nova integrante de um time, as voluntárias precisam mergulhar na nossa cultura organizacional. A integração é uma oportunidade para elas se familiarizarem com características fundamentais da nossa cultura dentro da Phomenta: como nos comunicamos, como trabalhamos, e quais comportamentos valorizamos. Isso facilita a adaptação e ajuda as voluntárias a se sentirem parte do nosso grupo desde o primeiro dia! Durante a integração, é essencial esclarecer o que esperamos de cada uma, desde funções e responsabilidades específicas até o impacto que seu trabalho terá. Essa clareza evita confusões e permite que as voluntárias saibam exatamente como podem brilhar e fazer a diferença. Uma integração bem-planejada faz toda a diferença! Ela aumenta o comprometimento das voluntárias e ajuda a reduzir a rotatividade. Quando elas se sentem acolhidas, bem-informadas e preparadas, é muito provável que continuem engajadas e contribuam com a gente por um bom tempo. Além disso, a integração é a chance perfeita para construir conexões genuínas entre voluntárias e phomenters. Ela cria aquele sentimento gostoso de comunidade e pertencimento, que é essencial para manter a motivação em alta. E tem mais: durante a integração, incentivamos as voluntárias a darem seu feedback sobre a experiência. Isso nos ajuda a fazer ajustes e melhorias, garantindo que todas se sintam apoiadas e que nossa abordagem esteja sempre alinhada com as expectativas. A seguir alguns comentários sobre o processo:
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