Técnica dos "5 porquês": Seu problema talvez não seja a captação de recursos

8 de julho de 2021

Tem algum problema na sua organização que é meio crônico? Entra ano, sai ano, e o problema ainda está lá. Você até já tentou resolver, mas parece que ou não tem solução ou sempre acaba voltando pra mesma coisa. Pode ser que você esteja usando a solução errada. Ou pior, você pode estar tentando resolver o problema errado.


E como você sabe se o problema que você está tentando resolver é realmente o problema que precisa de solução?


O passo mais importante para qualquer resolução de problemas é
definir o problema claramente e fazer a pergunta certa. Para quem é acelerado e já quer pular para resolver as coisas, essa nova abordagem pode ser um desafio grande. Mas existe uma literatura gigantesca que mostra que usar o tempo que for necessário para de fato entender o problema e criar a pergunta vai te levar para uma solução melhor e de forma mais rápida.


“Um problema bem definido está meio resolvido.” John Dewey


Murilo Gun traz um exemplo muito bom no seu curso
Reaprendizagem Criativa que vamos trazer aqui parafraseado. Em um prédio, os moradores estão reclamando que o elevador é lento. Se você pega esse problema e tenta responder à pergunta “como deixar o elevador mais rápido?”, você vai começar a pensar em soluções provavelmente trabalhosas e caras. Mas se você pega esse problema e tenta chegar na sua raiz, a solução pode ser totalmente diferente. Nesse caso, Gun sugere que o problema das pessoas não era exatamente com o tempo gasto e sim a falta do que fazer, a ociosidade e a falta de valor daquele tempo. Então a pergunta muda de “como deixar o elevador mais rápido?” para “como adicionar valor para a experiência de X segundos no elevador?” E sabe qual foi a solução que resolveu as reclamações? Colocar um espelho no elevador. Simples e barata.


Dá para ver por esse exemplo como a pergunta guia as respostas, mesmo sem a gente perceber. Então, para trazer mais profundidade para o seu entendimento do problema e para criar a pergunta certa, sugerimos usar a técnica dos “5 porquês”:



  1. Escreva ou fale seu problema
  2. Pergunte-se “por que esse problema acontece?”
  3. Escreva ou fale a resposta do primeiro “por quê”
  4. Agora pergunte-se novamente “por quê?”, mas para a resposta obtida. Não queremos 5 “porquês” para o problema inicial. Queremos 5 níveis de “porquês”.


Por exemplo:


1. A captação de recursos não está funcionando

Por quê?

2. Porque não está trazendo dinheiro suficiente

Por quê?

3. Porque as pessoas não estão doando

Por quê?


Antes de continuar o exemplo, uma observação importantíssima! Quando fazemos esse exercício, podemos acabar colocando nossas próprias impressões e achismos nas respostas.
Para ter uma pergunta boa e bem definida, não use só a informação que está na sua cabeça e que você acredita ser verdade. Traga outras pessoas para o processo, tanto de dentro como de fora da organização. Decidimos trazer essa pausa aqui porque, no caso desse exemplo, podem ter muitos motivos pelos quais as pessoas não estão doando. Então, antes de continuar se aprofundando na pergunta, procure entender mais o problema, já que a próxima resposta vai guiar para onde sua solução vai seguir.


Possíveis respostas para o “por quê” anterior:

  1. As pessoas não sabem como doar
  2. As pessoas não nos conhecem
  3. As pessoas não confiam na organização


Viu como cada uma dessas respostas leva a um caminho totalmente diferente?


Caminho 1: “As pessoas não sabem como doar”


4. Porque as pessoas não sabem como doar

Por quê?

5. Porque esta informação não está clara no nosso site e nas redes sociais



Caminho 2: “As pessoas não nos conhecem”


4. Porque as pessoas não nos conhecem

Por quê?

5. Porque não divulgamos nossa missão, atividades e resultados

Por quê?

6. Porque o site está desatualizado e não temos redes sociais



Caminho 3: “As pessoas não confiam na organização”


4. Porque as pessoas não confiam na organização

Por quê?

5. Porque elas não sabem direito como usamos o dinheiro e qual o impacto gerado

Por quê?

6. Porque não divulgamos essa informação de forma consistente


Viu como, para cada caminho, a pergunta mudou de “como captar mais recursos?” para algo completamente diferente? E o leque de possíveis soluções para as novas perguntas é totalmente diferente.


Usar a técnica dos 5 porquês traz um benefício adicional: ela separa o que é causa de o que é consequência. Conseguimos ver que, no exemplo anterior, a baixa captação de recursos é na verdade uma consequência do real problema, que era a falta de clareza com a prestação de contas. Se você está tentando resolver o problema sem resolver a sua causa, o problema vai continuar acontecendo de novo e de novo. De forma extremamente simples, se você tem um cano furado no seu quintal e tudo o que você faz para resolver é colocar terra em cima para a água parar de jorrar, você pode até resolver o problema por um tempinho, mas a água vai voltar a jorrar em algum momento porque a causa real é o furo no cano.


E tem mais uma forma maravilhosa de usar essa técnica! Pergunte os “5 porquês" para as coisas que estão funcionando bem. Entender o que estamos fazendo que gera bons resultados também é importante para poder potencializar ou replicar esses resultados positivos.


Agora conta pra gente: qual o real problema que você precisa solucionar?




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