Ações de formação de educadores sociais: tecendo possibilidades para potencializar a transformação!

1 de novembro de 2023

Investir na qualificação de educadores sociais é uma necessidade para que os profissionais possam atender todas as demandas da organização. Confira as dicas compartilhadas pela colunista Ana Carolina Ferreira:

Nos dois primeiros textos deste ano aqui para o Portal do Impacto, apresentamos e discutimos alguns aspectos relacionados à gestão e à qualificação dos educadores sociais. Inicialmente, conversamos sobre a importância e a relevância deles em ONGs que executam projetos sociais de educação, bem como os desafios ligados à formação e à identidade profissional. Depois, elencamos alguns temas que consideramos fundamentais para a formação e o desenvolvimento de quem faz educação não formal em organizações sociais.


Para hoje, a proposta é contar um pouco do que fazemos por aqui - não como pretensão de ser “receita de bolo” e nem sob a prerrogativa de que temos o “caminho das pedras” - mas como inspiração para gestoras e gestores que querem qualificar seu time e não sabem bem por onde começar. Além, é claro, de provocar novas ideias, novas práticas e muito compartilhamento!


Durante o ano de 2023 estivemos e estamos envolvidas em quatro ações diferentes de formação de educadores sociais e, na dúvida em escolher uma delas, resolvi contar um pouco de cada, até para ilustrar possibilidades diversas para quem está aqui nessa prosa comigo! A proposta aqui é ampliar, compartilhar caminhos, inspirar, e, principalmente, convidar as lideranças de educadores sociais a olharem para suas equipes e para os contextos de atuação, buscando sempre promover oportunidades de desenvolvimento para eles que são agentes de formação e transformação.


Por falar em olhar para a equipe e para o contexto, vou começar contando de uma ação pontual, mas muito rica e enriquecedora, que foi uma conversa que conduzimos com os instrutores do programa de aprendizagem do Instituto João Bittar. Angustiados com uma série de eventos ligados ao excesso de ansiedade dos aprendizes, a equipe de instrutores procurou ajuda da coordenação buscando formas de aprender como lidar com esse desafio. Aqui já gostaria de propor algumas reflexões: será que, enquanto gestores, estamos abertos e atentos aos desafios que nossa equipe enfrenta? Será que temos um vínculo bem estabelecido que favoreça “pedidos de ajuda”? E quando eles chegam, como lidamos com eles?


A instituição, buscando atender a esse pedido e  amenizar essa angústia, nos procurou solicitando uma que fizéssemos uma palestra em um momento que eles já tinham previsto de formação de equipe - outro ponto importante para pensar: se a formação é importante, tem que estar na agenda! Nós propusemos uma conversa que, para além de dicas e/ou contribuições teóricas, acolheu e orientou aquele grupo para lidar não só com a ansiedade dos jovens, mas também com a deles. Mais efetivo do que falar para é falar com!


A formação continuada de educadores sociais é uma prática importantíssima para a qualificação dos profissionais e para o desenvolvimento institucional. Por isso é que um de nossos parceiros, o Instituto Algar, inovou esse ano em um de seus programas sociais, buscando ofertar formações que pudessem fortalecer as organizações sociais parceiras desse programa. Para além de ofertar atividades para as crianças e os jovens, eles estão promovendo workshops para gestores e educadores sociais e nós fomos convidadas para participar desse processo. Será que estamos atentos à necessidade e às oportunidades de formação dos profissionais das nossas equipes ou focamos apenas no público beneficiário das ações?


Depois de ouvir um pouco sobre a realidade das instituições, percebemos que questões de ordem psicossocial e de desenvolvimento humano atravessam o fazer de educadores sociais que atuam, diariamente, com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Por isso, propusemos algumas formações que exploraram temas como: aspectos do desenvolvimento infantil e da adolescência, qual o papel do educador social como promotor do desenvolvimento humano e a problemática dos rótulos. Além de vivenciar os conteúdos, as formações têm sido espaços muito potentes de compartilhamento de práticas exitosas e também de desafios. Os  espaços de compartilhamento ajudam a aumentar os casos de sucesso e apoiam no enfrentamento aos desafios!


Uma outra possibilidade de formação de educadores sociais é aquela ofertada em “treinamentos específicos” de programas sociais já existentes. Desde 2017, também juntamente ao Instituto Algar, fazemos a formação de educadores sociais para atuarem como multiplicadores de um programa social para a juventude. Nesse caso, o grupo tem um objetivo comum, um público semelhante, um material específico, mas as formações transcendem a ordem prática do programa. Elas são oportunidades para que possamos rever nossas concepções de educação, de ser humano, de terceiro setor, de mundo. São momentos para olhar para nossas práticas e nossos papéis como educadores sociais. Buscar parcerias de instituições com programas estabelecidos, que sejam coerentes com os princípios da organização, pode ser uma boa forma de qualificar e fortalecer a equipe!


E para fechar esse relato, gostaria de contar de uma experiência emocionante que vivemos no começo desse ano. Propusemos uma “formação aberta”, on-line, para educadores sociais sobre metodologias para potencializar o desenvolvimento de grupos. Que alegria foi ver a sala cheia de gente, de lugares diferentes do país, de instituições diversas e diversificadas, abertas ao desenvolvimento. Uma tarde de muitas vivências, em que pudemos experimentar como é nos desenvolver em grupo, para potencializar o fazer educativo onde estivermos. Tecer possibilidades juntos e vivenciar novas estratégias pode ser muito potente!


E é isso! Contar um pouco do que estamos fazendo por aqui pode inspirar você que me lê a olhar com carinho para essa importante e urgente ação da gestão: investir na qualificação dos educadores sociais, falando com eles, compartilhando possibilidades, buscando fortalecimento e vivenciando estratégias para potencializar as ações e os projetos educacionais da instituição.



Ana Carolina Ferreira, apaixonada por educação e terceiro setor, graduada em Letras e em Psicologia e especialista em Gestão de Projetos. Fundadora da Partilha, dedica-se ao desenvolvimento de pessoas, empresas e instituições sociais, assessorando programas educacionais.


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