Percepção de Suporte Organizacional: construindo relações de cuidado

8 de fevereiro de 2024

Refletir sobre os aspectos que podem influenciar a saúde mental e o bem-estar das pessoas que trabalham no Terceiro Setor é uma tarefa complexa e multidisciplinar, onde se faz necessário lançar o olhar para questões emocionais, sociais, fisiológicas, trabalhistas, dentre tantas outras, e tem sido pauta dos estudos e observações da Phomenta desde 2020, ganhando maior ênfase com o lançamento da “Pesquisa - A saúde mental e o bem-estar dos profissionais do Terceiro Setor”, em outubro de 2023, nos trazendo algumas possibilidades de análise sobre esta temática.


Para este artigo, te convido a olhar para o fator do cuidado, percebido por quem trabalha nas organizações sociais, referindo-se às ações intencionais da instituição para promoção do bem-estar de seus colaboradores e voluntários, que de forma surpreendente apontou que 70% dos respondentes não percebem essa intenção por parte da liderança da organização em que atua.


Essas ações intencionais estão ou deveriam estar intimamente ligadas ao setor de Gestão de Pessoas, tendo como objetivo principal a construção de uma relação mútua de compromisso e satisfação para ambos os lados, trabalhador e organização, na construção de um ambiente de trabalho permeado por confiança e segurança psicológica.


Porém, o que nos mostra a pesquisa é que, para muitos, ao contrário disso, trabalhar no Terceiro Setor tem sido percebido como sinônimo de sobrecarga de trabalho, com baixa remuneração e falta de reconhecimento, sendo este um cenário preocupante e altamente adoecedor.


Para conferir esse e outros dados da pesquisa, clique aqui

Ao analisar esses dados e questionar sobre quais aspectos comporiam essa percepção de intencionalidade nas ações de bem-estar organizacional, a fim de encontrar parâmetros para um trabalho em prol da melhoria deste contexto, encontrei a teoria da Percepção de Suporte Organizacional (PSO), criada por Robert Eisenberger.


A percepção de cuidado


Na década de 1980, o PhD Robert Eisenberger, professor do Departamento de Psicologia e de Administração, da Universidade de Houston, desenvolveu juntamente com outros pesquisadores, sua teoria sobre o conceito de Percepção de Suporte Organizacional (PSO), que se refere à “crenças globais desenvolvidas pelo empregado sobre a extensão em que a organização valoriza as suas contribuições e cuida do seu bem-estar” (Eisenberger, Huntington, Hutchison e Sowa, 1986).


Eisenberger desenvolveu também um instrumento para mensurar a PSO intitulado “Escala de Percepção de Suporte Organizacional” contendo 36 itens na versão completa e 17 na versão reduzida, dividindo igualmente os itens entre positivos e negativos. Esta escala foi adaptada para a versão brasileira, em 2000, pelo Professor Doutor em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Mauricio Robayo Tamayo, dentre outros pesquisadores, contendo 6 itens de avaliação, que nos dão referência sobre os principais aspectos influenciadores desta percepção de cuidado organizacional,  sendo eles:


  • Estilos de gestão da chefia: formas utilizadas por um líder para traduzir as políticas e práticas organizacionais
  • Gestão de desempenho: políticas e práticas organizacionais que regulam o processo de trabalho
  • Sobrecarga de trabalho: percepção dos indivíduos quanto às demandas de produção excessivas definidas para o grupo de trabalho
  • Suporte material: Disponibilidade, adequação, suficiência e qualidade dos recursos materiais e financeiros fornecidos pela organização para ajudar a execução eficaz das tarefas
  • Suporte social no trabalho: percepção dos indivíduos acerca da existência e disponibilidade de apoio social e da qualidade do relacionamento interpessoal com a chefia e os colegas
  • Ascensão e salários: Práticas específicas de retribuição financeira, promoção e ascensão funcionais


Tamayo, em sua pesquisa intitulada “Exaustão emocional: relações com a percepção de suporte organizacional e com as estratégias de coping no trabalho”, de 2002, observou que “os fatores gestão de desempenho, sobrecarga, suporte social e ascensão e salários da Escala de PSO, apresentaram correlações negativas e significativas com as dimensões da Escala de Exaustão Emocional, ficando evidente que “variáveis de suporte organizacional que envolvem processos de gestão e gerenciamento da chefia podem diminuir essa exaustão”.


A PSO no Terceiro Setor


A “Pesquisa - A saúde mental e o bem-estar dos profissionais do Terceiro Setor”, citada no início deste texto, correlaciona e apresenta dados que comprovam a influências dos aspectos propostos por Tamayo (2002), com sua percepção de bem-estar organizacional, por exemplo:


  • Estilos de Chefia & Gestão de Desempenho: 

A “falta de reconhecimento ou recompensa”, assim como a “falta de clareza nas expectativas ou metas” é citado por 33% dos respondentes como principais fatores de estresse, sendo fatores analisados na pesquisa como uma possível “falta de estrutura de gestão interna, bem como a falta de suporte e preparação dos líderes”.

  • Sobrecarga no trabalho:

A “sobrecarga” aparece como um sentimento presente em 63% dos participantes, sendo relacionado também por 64% como um reconhecimento de “excesso de demandas e tarefas”.

  • Suporte Material: 

A “falta de recursos adequados” é citado por 50% dos respondentes, abrangendo uma gama de limitações e recursos.

  • Suporte Social no trabalho:

      A qualidade das relações foram mencionadas como aspectos influenciadores da saúde  mental dos trabalhadores. Para 29% dos participantes da pesquisa, as “relações conflituosas com pessoas da organização”, assim como a “baixa colaboração” que aparece em 25% das respostas, são considerados estressores do ambiente de trabalho.

  • Ascensão e salários

A baixa remuneração e a falta de perspectiva de ascensão da carreira profissional no terceiro setor tem se mostrado um dos maiores agravantes da percepção de cuidado por parte das organizações. Cerca de 60% dos respondentes afirmaram não se sentir bem remunerados por sua carga de trabalho e nível de responsabilidade, o que pode afetar diretamente em seu bem-estar e saúde mental.


Para refletir um pouco mais sobre o aspecto dos salários e benefícios no terceiro setor leia este texto.


Queremos melhorar, mas por onde começar?


Ao observarmos dados alarmantes como os apresentados pela pesquisa da Phomenta, somos impulsionados a agir. Desejamos que o Terceiro Setor seja um lugar bom para se trabalhar e não mais um adoecedor da sociedade. Para isso é necessário autoavaliação e aceitação de seus problemas. A pessoa que trabalha no Terceiro Setor está cuidando dos problemas mais graves do mundo e portanto precisa sentir-se cuidada.


Sabemos que pelo Brasil há milhares de ONGs de todo tamanho e causa e, dessa forma, podemos intuir que não há apenas uma forma de gerar a mudança que queremos. A Escala da Percepção de Suporte Organizacional, criada por Eisenberger, aponta aspectos fundamentais para o início do trabalho, mas isso não é tudo. Precisamos começar das pequenas ações, que influenciarão nas grandes transformações.


As rodas de conversa, a escuta ativa, o olho no olho, ainda são as estratégias mais poderosas para se entender o que essa equipe, esse projeto ou essa organização precisam para se tornar um espaço seguro e saudável de trabalho.


Após isso olhamos com atenção para as questões estruturais, para como foram construídas as relações de recompensa, reconhecimento e crescimento dentro da organização. E como tem sido experimentado no Movimento Cuidar de Quem Cuida, liderado por Sophia Góez, os bons exemplos começam a emergir e a inspirar outros, em uma espiral constante de afetar e ser afetado.

Uma mulher com cabelos longos está sorrindo em frente a uma janela.

Sara Dias é Profª Mestra em Artes da Cena pela UNICAMP e Instrutora de Yoga, atua como educadora social desde 2006 e atualmente desenvolve projetos relacionados ao bem-estar no Terceiro Setor.


Referências:



TAMAYO, M. R.; TRÓCCOLI, B. T. Exaustão emocional: relações com a percepção de suporte organizacional e com as estratégias de coping no trabalho. Estudos de Psicologia, v. 7, n. 1, p. 37-46, 2002.


EISENBERGER, R.; HUNTINGTON, R.; HUTCHISON, S.; SOWA, D. Perceived organizational support. Journal of Applied Psychology, v. 71, p. 500-507, 1986.




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O Movimento Bem Maior (MBM) acaba de disponibilizar o Case Institucional do Futuro Bem Maior, publicação que reúne dados, aprendizados e histórias de impacto das três primeiras edições do programa, realizado desde 2019 em parceria com o Instituto Phi e o Instituto Phomenta. Criado para fortalecer iniciativas sociais em territórios com alto índice de vulnerabilidade social, o Futuro Bem Maior já apoiou 166 organizações de 72 municípios com recursos flexíveis, capacitação e acompanhamento técnico. O case traz uma análise dos efeitos do programa em três níveis: nas organizações apoiadas, público atendido e comunidades. Entre os principais achados, destaca-se que 77% das organizações relataram fortalecimento da autoestima institucional; 73,8% aprimoraram suas capacidades técnicas; 76,1% melhoraram o atendimento ao público; 83,5% conseguiram dar continuidade aos projetos após o ciclo de apoio; 80% ganharam visibilidade em suas comunidades. “Confiar em quem vive os desafios de perto muda tudo. Nosso compromisso é impulsionar quem já transforma a realidade nas pontas. Este case mostra que a confiança, aliada a investimento estratégico, gera resultados reais e duradouros”, afirma Carola Matarazzo, diretora executiva do MBM. A publicação reforça a abordagem do MBM ao apostar em uma filantropia baseada em confiança, que descentraliza recursos e fortalece organizações sociais como motor de transformação social. O documento está disponível gratuitamente. Clique no botão abaixo para ter acesso! 
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E como saber depois se o que fizemos conseguiu, de fato, chegar AONDE queríamos, ou seja, AVALIAR se as iniciativas conduzidas foram válidas, eficazes e eficientes? Medição compartilhada: uma prática que deveria ganhar força no Brasil No Reino Unido e EUA desde 2003 – No Reino Unido vêm sendo envidados esforços por organizações think-tanks (como a New Philanthropy Capital – NPC , ou a Triangle /Outcomes Star ) e nos Estados Unidos ( FSG) para construírem sistemas de indicadores “de prateleira” (do inglês, off-the-shelf tools ) que possam ser compartilhados por organizações do terceiro setor ( charities or NGOs – Non-Governmaental Organisations ). No Reino Unido, organizações sociais trabalhando em uma mesma área-fim (por exemplo, educação de adolescentes em situação de vulnerabilidade) foram se unindo, capitaneadas por alguma organização think-tank como a NPC, para desenvolverem um sistema comum de avaliação de resultados. Nesse sentido, os conceitos abstratos relacionados a objetivos de resultados (por exemplo: autoestima), adotados por organizações trabalhando com públicos semelhantes, foram sendo operacionalizados nos mesmos indicadores ou escalas. Feita a operacionalização dos conceitos, as demais ferramentas para medição também começaram a ser desenvolvidas em comum, através do apoio de uma equipe especializada, tais como a construção dos questionários, a estratégia para a sua aplicação, o sistema de base de dados (que pode ser online ) e o referencial para análise dos dados coletados. No Brasil, no período em que atuei (2011 – 2016) no Programa da POS (Parceria com Organizações Sociais) da Fundação Dom Cabral – FDC (hoje denominado Pilaris ), quis começar a difundir essa ideia das ferramentas de prateleira ( Avaliação de projetos sociais no terceiro setor: uma agenda em construção , seção IV), mas percebi que o terreno precisava antes ser melhor trabalhado. Por isso, no Manual que desenvolvi para apoiar o trabalho com as organizações participantes do Programa (Manual de Planejamento e Avaliação de Projetos Sociais para Organizações Sociais) , comecei a incluir alguns instrumentos que pudessem funcionar como “ferramentas de prateleira”. Esses instrumentos vinham de três fontes: conceitos abstratos que já tinham sido traduzidos para a prática e validados; experiências de monitoramento com algumas dessas organizações; ou ainda, foram criados durante as avaliações de projetos sociais que conduzi. Para ilustrar melhor a ideia, aqui estão alguns exemplos de instrumentos incluídos no Manual: Conceito: autoestima (escala de Rosenberg), pág. 40-42 do Manual Conceito: impulsividade de adolescentes (escala de Barrat), p.66 Conceito: ser cuidadoso com o meio-ambiente / Avaliação de projeto de apicultura (pág. 67-68) Conceito: bem-estar de crianças e adolescentes, entre 11-16 anos (NPC), Pág. 197-205 Marco lógico: projeto de qualificação digital, Instituto Ramacrisna (pág. 207-210) Questionário: Preparação de jovens (16-18 anos) para inserção no mercado de trabalho, Associação Projeto Providência (pág. 226 – 230) A intenção de compartilhar esses instrumentos no Manual foi oferecer inspiração e facilitar o trabalho de planejamento e avaliação em organizações que atuam com projetos sociais semelhantes, ajudando, assim, a “queimar etapas” e avançar com mais agilidade nesse processo. Medição compartilhada: o caso da ferramenta Outcomes Star Como surgiu? Outcomes Star (traduzido ao pé da letra: Estrela de Resultados) é uma ferramenta para medir e apoiar as mudanças / resultados, que foi criada e desenvolvida pela Triangle Consulting Social Enterprise do Reino Unido . A Triangle, fundada em 2003, se define como “ uma empresa inovadora, guiada por uma missão social que é a de apoiar os provedores de serviços sociais a transformarem vidas de pessoas vivendo em situação de vulnerabilidade social, traumas, deficiências ou doenças, por meio da criação e o uso correto de ferramentas que engajem e promovam abordagem facilitadoras ”. A primeira versão do Outcomes Star começou como uma demanda (em 2003) da St Mungo`s, uma organização social voltada para o atendimento de moradores de rua, que queria avaliar os resultados do seu trabalho. A ferramenta acabou ganhando tração a partir da constatação de sua aplicabilidade também junto a outras organizações do Reino Unido que atendiam moradores de rua. 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Cada escala é explicitada em estágios (que podem ser 5 ou 10), sendo cada estágio cuidadosamente definido, de modo a caracterizar cada uma das etapas necessárias para promover a mudança sustentável na vida das pessoas atendidas. A ideia é que a ferramenta seja aplicada pela equipe da organização com cada usuário do serviço, desse modo permitindo visualizar e analisar com clareza a “ jornada da mudança ”: onde se está no percurso, os resultados alcançados (e os não alcançados), e as evidências do que precisa ser trabalhado.
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Uma boa gestão de conflitos transforma positivamente o ambiente organizacional ao aplicar princípios de comunicação eficaz. Neste artigo, abordaremos o livro “Conversas Difíceis: Como Discutir o Que Mais Importa”, resultado de 15 anos de pesquisa do Projeto de Negociação de Harvard, que oferece ferramentas para gerenciar relacionamentos e solucionar conflitos em diversas situações. Queremos te ajudar a organizar seus pensamentos antes de começar uma conversa difícil assim como o livro sugere. O primeiro passo é entender os três tipos de conversa. Ao final, sugerimos práticas a serem seguidas. Boa leitura! As Três Conversas Centrais e a Ação da Boa Gestão O livro revela que toda conversa difícil é composta por três "conversas" subjacentes: a Conversa "O que aconteceu?", a Conversa das Emoções e a Conversa da Identidade. A boa gestão age diretamente sobre cada uma delas para transformar desafios em oportunidades: Na conversa do tipo “O que aconteceu?”, os participantes focam em quem está certo ou errado, partindo de suposições que levam ao ciclo de acusações e impedem a solução. Conforme o autor: “quando algo desagradável acontece, o foco da conversa gira em torno de quem está certo, quem está errado, quem disse o quê, quem deve assumir a responsabilidade e assim por diante. Passamos a discutir quase todos os detalhes.”. Exemplo de conflito – Projeto atrasado e disputa de culpa: ao desenhar a festa junina da organização, ficou faltando definir quem compraria e arrecadaria as prendas das barracas, gerando muito estresse no dia da festa. Logo, membros começaram a atribuir culpa uns aos outros: “Foi o time das coordenadoras”; “Não, foram vocês que não passaram direitos”; “Não me envolvam, eu fiz minha parte”. 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Ouvir com atenção e expressar pensamentos claramente: estabelecer uma comunicação de mão dupla, onde o gestor pratica a escuta ativa para entender a perspectiva do outro e expressa suas próprias ideias de forma concisa e compreensível. Reformular a conversa quando ela chega a um impasse: ter a habilidade de trazer a discussão de volta ao foco quando ela se desvia ou estagna, garantindo que o problema seja resolvido. Isso exige a capacidade de "romper padrões de pensamento enraizados", ou seja, conseguir mediar e interferir nas falas para voltar ao objetivo inicial da conversa O Impacto Positivo Geral da Boa Gestão Ao aplicar esses princípios, uma boa gestão de conflitos transforma o ambiente organizacional. A capacidade de gerenciar bem os relacionamentos em diferentes situações, seja pessoal, profissional ou em negociações, é ampliada. Ao promover a compreensão mútua, o compartilhamento de responsabilidades e a resolução construtiva de conflitos, a gestão não apenas soluciona problemas de forma mais eficaz, mas também fortalece mais as equipes, aumenta a produtividade e cultiva uma cultura de confiança e resiliência. Dessa forma, as conversas difíceis se tornam oportunidades para aprendizado e crescimento, em vez de fontes de conflito e estagnação. Gostou do conteúdo? A Phomenta está realizando um mapeamento e quer saber como o terceiro setor está gerindo pessoas e conflitos em suas organizações. Compartilhe sua experiência e contribua com este estudo acessando: [link] Artigo realizado com apoio da ferramenta de IA Notebooklm e do livro Conversas difíceis - Douglas Stone, Bruce Patton e Sheila Heen 
Por Pâmela Lima 2 de junho de 2025
Guia prático que ensina como estruturar uma página de captação de doações para ONGs: mensagem clara, métricas de impacto, transparência financeira e CTA que converte. Saiba mais!
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Apoiar ONGs pequenas é uma escolha política e estratégica para ampliar o impacto social no Brasil. Entenda como essa decisão se conecta ao fortalecimento do terceiro setor, à transformação de territórios e à mudança de perspectiva no investimento social.
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Inicialmente, vamos entender melhor o que são métricas? Métricas são números e dados que as redes sociais fornecem para mostrar o desempenho das publicações feitas por você ou pela sua ONG. Quando você publica algo no Facebook ou Instagram, essas redes sociais mostram quantas pessoas visualizaram, curtiram, comentaram ou compartilharam seu conteúdo. Saber interpretar essas informações é muito importante porque ajuda a sua OSC a entender o que está dando certo e o que pode melhorar na comunicação com o público. Ao entender melhor essas informações, você pode criar conteúdos que alcançam mais pessoas e ajudam sua organização a ter um impacto maior. Quais são as métricas mais importantes? Entender as principais métricas pode parecer difícil no começo, mas conhecendo cada uma delas fica muito mais fácil saber se sua comunicação está indo bem. Cada uma dessas métricas traz informações cruciais que ajudam a entender o comportamento do seu público e como melhorar as publicações da sua organização. Desvendando as siglas e abreviações das métricas CTR (Click Through Rate): porcentagem de pessoas que clicaram em um link após visualizá-lo. CPM (Custo por Mil Impressões): quanto custa mostrar seu conteúdo para mil pessoas. CPC (Custo por Clique): quanto você paga por cada clique no seu conteúdo. CPA (Custo por Aquisição): custo médio para que uma pessoa realize uma ação específica, como fazer uma doação. ROI (Return on Investment): retorno financeiro obtido em relação ao dinheiro investido em publicidade ou campanhas. KPI (Indicador-Chave de Desempenho): métricas específicas escolhidas para medir o sucesso das suas ações. Alcance e Impressões O alcance é o número de pessoas diferentes que viram sua publicação pelo menos uma vez. Quanto maior o alcance, mais pessoas diferentes foram alcançadas pelo seu conteúdo. Já as impressões mostram quantas vezes sua publicação apareceu nas telas das pessoas, contando inclusive aquelas que viram mais de uma vez (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Engajamento Engajamento é uma das métricas mais importantes porque mostra como as pessoas estão interagindo com seu conteúdo. Essas interações incluem curtidas, comentários, compartilhamentos e salvamentos. Um alto engajamento significa que as pessoas realmente gostaram do seu conteúdo e tiveram vontade de interagir com ele. Quanto mais engajamento, melhor você está se comunicando com o seu público (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Cliques Cliques mostram quantas pessoas clicaram no seu conteúdo ou nos links que você compartilhou. Essa métrica é especialmente importante quando você quer direcionar as pessoas para seu site ou para alguma ação específica, como um evento ou uma campanha de doação (COSTA, 2020). Crescimento de seguidores Essa métrica mostra quantas pessoas novas começaram a seguir sua ONG depois de ver suas publicações. Um crescimento constante de seguidores significa que você está conseguindo chamar a atenção e conquistar novas pessoas para sua causa (COSTA, 2020). Mas afinal, como essas métricas se relacionam? É muito importante não olhar apenas para uma métrica isoladamente. Por exemplo, se muitas pessoas veem sua publicação (alto alcance), mas poucas interagem com ela (baixo engajamento), pode ser que o conteúdo não esteja interessante o suficiente. Para entender se sua estratégia está funcionando, você precisa analisar diferentes métricas juntas, como alcance, engajamento e cliques. Isso ajuda a ter uma visão mais completa do desempenho das publicações (GOMES, 2018). Tipos de análises que você pode fazer Para usar bem as métricas, você pode fazer vários tipos diferentes de análises. Cada tipo serve para algo específico e ajuda você a entender melhor o desempenho das suas redes sociais, mostrando caminhos para melhorar sua comunicação. Análise simples A análise simples é a mais básica e mostra diretamente quantas pessoas viram ou interagiram com seu conteúdo (RECUERO, 2014). Comparação A análise comparativa é quando você compara resultados de diferentes publicações ou períodos. Por exemplo, você pode comparar o desempenho das publicações deste mês com as do mês passado para entender o que funcionou melhor e planejar conteúdos futuros (RECUERO, 2014). Previsão A análise preditiva usa dados antigos para tentar prever resultados futuros (RECUERO, 2014). Um exemplo é que se sabemos que entre novembro e dezembro há um aumento nas curtidas em posts relacionados a doações, construir conteúdo que fale sobre isso antecipadamente é uma forma de “prever” a procura e antecipar-se ao aumento de demanda. Redes sociais Analisar as redes sociais significa entender como as pessoas interagem umas com as outras no seu perfil ou página. Você pode descobrir quem são os principais seguidores, quais conteúdos são mais compartilhados e como essas conexões ajudam a espalhar sua mensagem para mais pessoas (GOMES, 2018). O que ter cuidado ao analisar os números? Ao analisar as métricas, você precisa levar em conta fatores externos que podem influenciar os resultados. Datas especiais, feriados ou eventos importantes podem aumentar ou diminuir a interação com suas publicações (as chamadas datas sazonais). Por isso, sempre olhe com cuidado e verifique se os dados são realmente representativos do desempenho geral (KAHNEMAN, 2012), todo o contexto deve ser levado em conta. Cuidado com erros ao analisar Existem alguns erros comuns ao analisar as métricas. Um deles é o viés de confirmação, que acontece quando você só presta atenção nos números que reforçam o que você já acredita. Outro erro é o viés de recência, que acontece quando você só leva em conta os resultados mais recentes, esquecendo resultados passados (KAHNEMAN, 2012). Como já dito. Recomendações O conteúdo do artigo foi baseado no conhecimento da autora e com referências de base científica. Caso você deseje ampliar o conhecimento acerca da temática, recomenda-se a leitura das fontes a seguir: COSTA, Felipe. Aplicação estratégica de métricas digitais. Panorama, Goiânia, v. 9, n. 2, p. 45-60, 2020. FERREIRA, Mariana; OLIVEIRA, Ana. Produção textual e interações sociais em plataformas digitais. Revista Comunicando, Lisboa, v. 5, n. 1, p. 10-23, 2015. GOMES, André. Dinâmicas de interações nas redes sociais digitais. Salvador: UFBA, 2018. KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2014. 
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