Gestão de Pessoas e Bem-estar no Terceiro Setor - Salários e benefícios 4/6

6 de abril de 2023

Este conteúdo foi produzido por Sara Dias


Continuando nossa série de 6 textos, sobre a relação do Bem-estar no Terceiro Setor e práticas da Gestão de Pessoas, trago para vocês o n.º 4. Se você se interessar pelo tema, o link para os artigos anteriores estará ao final dele.


Chegamos naquele assunto delicado: o dinheiro. Traduzido para o mundo corporativo como remuneração, recompensa, salários e benefícios.


Eu não sei você, que está lendo este texto, mas eu, que faço parte de ONGs desde os 16 anos, acho esse assunto delicadíssimo, inclusive, preciso lidar melhor com ele. Afinal, infelizmente, um dos mantras do Terceiro Setor é: não temos dinheiro!


SIM, OS SALÁRIOS SÃO MAIS BAIXOS.


As pesquisas e estudos na área da remuneração ou recompensas, específicas para o Terceiro Setor, são escassas, porém, uma coisa que sabemos na prática e foi registrado pelo livro “Cuidar de quem Cuida”, nas palavras de Sophia Góes, é que os salários oferecidos pelo setor são mais baixos que os praticados no setor privado, e “há restrições para implementação de estratégias de oferta de benefícios ou bonificações”.


A consequência, que você já pode ter observado, é a dificuldade para se atrair e reter profissionais qualificados, que podem até aceitar, por uma questão de necessidade, uma remuneração abaixo do esperado no momento da contratação, mas que com o passar do tempo, em meio a dificuldades financeiras, são tomados por um sentimento de frustração, falta de motivação e a sensação de que seu trabalho não é reconhecido e valorizado. Justificando, na maioria das vezes, a alta rotatividade nas organizações, inclusive, por sucessivas demissões voluntárias.


Você pode estar pensando: “Mas, Sara, as pessoas que escolhem trabalhar em ONGs não o fazem por dinheiro… é pela causa!”. E eu te respondo: "Pois é, mas essas pessoas, inclusive eu e você, temos vida fora da ONG. Temos necessidades, envolvendo moradia, vestuário e comida, que precisam ser supridas. Temos também aspirações, desejos e sonhos que poderiam estar mais próximos, se não fosse a base salarial sempre colada no nível de subsistência."


MOTIVAÇÃO - DINHEIRO TRAZ FELICIDADE NO TRABALHO?


Se você tem estado ligado nas pesquisas que consideram as motivações profissionais, ou os motivos que proporcionam felicidade no trabalho, deve saber que o dinheiro (salários e benefícios) já não está mais no topo da consolidação do bem-estar corporativo, pelo menos no setor privado. Outros aspectos, como bons relacionamentos, trabalho em equipe e perspectivas de crescimento têm aparecido antes no ranking. 

No entanto, como nos afirmou o psicólogo Abraham Maslow, em sua teoria de Hierarquias das Necessidades Humanas, não há como buscarmos outros aspectos, como a necessidade de crescimento e desenvolvimento ou até mesmo de valorização, se a necessidade fisiológica e de segurança financeira (de suprir sua alimentação, pagar as contas, etc.) não estiver resolvida. Somos adultos e, como tal, temos boletos a pagar. Viver sempre no limite do “trabalhar para sobreviver”, pode gerar um estresse contínuo difícil de lidar.


PLANO DE SALÁRIOS E BENEFÍCIOS


Voltando ao mantra da falta de dinheiro recorrente, insisto no fator da Intencionalidade na definição dos planos de salários e benefícios. Por exemplo, se a instituição fará o planejamento da equipe que precisa ter para suas atividades e irá captar recursos para isso, qual será sua escolha ao definir seu salário? Sempre o piso salarial do cargo (e se fosse possível, menos que isso)? E na possibilidade de rever a remuneração em acordo com o engajamento do colaborador, isso é uma alternativa fácil de se aceitar?


Há também a opção pelo oferecimento dos benefícios adicionais ao salário. Conforme o “Guia de Gestão de Pessoas - Módulo 2” do IDIS, de 2021, os benefícios podem ser divididos em três tipos:


  • Benefícios obrigatórios para os colaboradores contratados com carteira assinada (férias, 13º salário, FGTS, vale-transporte, dentre outros)
  • Benefícios estabelecidos em acordos de sindicato (vale-refeição e alimentação, auxílio creche, vale-combustível, dentre outros)
  • Benefícios que o empregador concede voluntariamente (Plano odontológico, cesta de natal, desconto em academias, etc.)


Empresas do setor privado, já entenderam que os benefícios não são tudo, mas podem promover uma boa imagem de sua marca, resultando em atração de talentos. Nesses casos, elas costumam ousar nos benefícios concedidos voluntariamente, acrescentando à lista: flexibilidade na utilização dos recursos (cartões que reúnem vale-transporte, vale-alimentação e refeição para que o colaborador escolha como quer gastar); day off (folga no dia de seu aniversário ou em outro dia programado); short friday (sextas-feiras mais curtas), etc. 


Porém, infelizmente, no Terceiro Setor, além de passarmos longe dos benefícios adicionais voluntariamente, há organização que divulga benefícios obrigatórios como sendo vantagens excepcionais. Em qual caso a sua instituição se identifica?


ECONOMIZAR É PRECISO!?


Essas perguntas me sobressaem, pois tenho a impressão, baseada em minhas experiências e pesquisas no Terceiro Setor, que alguns tipos de gestão optam por manter a prática de menor recompensa pelo trabalho na área, priorizando outros investimentos, que não nos agentes diretos de transformação social, ou seja, em sua equipe. O seu bem-estar, por meio de uma boa remuneração, não tem sido pensado com a atenção que deveria.

Podemos incluir nestes casos, a constante prática do economizar (muito benéfica em alguns sentidos), mas que sem estar atrelada às boas estratégias, podem ser um tiro no próprio pé. Se estamos falando de escassez de profissionais qualificados, por que não escolher investir em um ou mais que potencializem a eficiência do seu time? Se não permanentemente, em sua equipe, em parcerias que inspiram, motivam e engajam. 


SALÁRIO EMOCIONAL


Pensando, então, nos momentos em que todos os centavos são importantes e não se pode mexer no orçamento, é válido cultivar, a tempo e fora de tempo, a prática do salário emocional.


Mas o que é isso?


De acordo com Marcelo Furtado, cofundador da Convenia, "o salário emocional pode ser definido como um conjunto de fatores oferecido pela empresa que irá promover incentivos emocionais e motivacionais aos colaboradores, proporcionando assim um bom clima organizacional". Dessa forma, é possível fazer com que as pessoas queiram permanecer na organização mesmo não recebendo o salário dos sonhos.


Cada ONG pode planejar e trabalhar com este aspecto de formas diferentes, adaptando para sua causa e realidade. Marcelo Furtado oferece algumas ideias de como fazer isso: 


  • Proporcione um clima organizacional positivo, agradável, estimulante e saudável;
  • Estimule o trabalho em equipe, proporcionando cooperação, admiração e inspiração.
  • Desenvolva programas e treinamentos com focos motivacionais e para promover o autoconhecimento;
  • Trabalhe com uma comunicação ágil e clara entre toda a equipe;
  • Realize reuniões de planejamento, avaliação das ações e alinhamento da visão institucional de forma objetiva e acolhedora.
  • Crie oportunidades de desenvolvimento pessoal e crescimento interno;
  • Flexibilize a rotina organizacional;
  • Ofereça reconhecimento pelo trabalho e feedbacks positivos;
  • Dê atenção às necessidades pessoais e profissionais dos colaboradores;
  • Seja uma liderança eficiente e inspiradora;


Depois de tantos exemplos, vale lembrar: salário emocional não substitui ajustes de remuneração e pesquisas salariais. Ele é complementar e contribui para manter um ambiente bom para se estar e trabalhar. Não esqueça, portanto, de ouvir seus colaboradores para construir algo que seja realmente relevante a todos.


Texto 1/6 Gestão de Pessoas e Bem-estar no Terceiro Setor 

Acesse o aqui

Texto 2/6 - Diversidade, Inclusão e Atração

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Texto 3/6 - Diversidade, Inclusão e Atração

Acesse o aqui



Sara Dias é Prof.ª Mestra em Artes da Cena pela UNICAMP e Instrutora de Yoga, atua como educadora social desde 2006 e atualmente desenvolve projetos relacionados ao bem-estar no terceiro setor. 



Contato: saradias.ds@gmail.com


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A boa gestão age diretamente sobre cada uma delas para transformar desafios em oportunidades: Na conversa do tipo “O que aconteceu?”, os participantes focam em quem está certo ou errado, partindo de suposições que levam ao ciclo de acusações e impedem a solução. Conforme o autor: “quando algo desagradável acontece, o foco da conversa gira em torno de quem está certo, quem está errado, quem disse o quê, quem deve assumir a responsabilidade e assim por diante. Passamos a discutir quase todos os detalhes.”. Exemplo de conflito – Projeto atrasado e disputa de culpa: ao desenhar a festa junina da organização, ficou faltando definir quem compraria e arrecadaria as prendas das barracas, gerando muito estresse no dia da festa. Logo, membros começaram a atribuir culpa uns aos outros: “Foi o time das coordenadoras”; “Não, foram vocês que não passaram direitos”; “Não me envolvam, eu fiz minha parte”. 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Inicialmente, vamos entender melhor o que são métricas? Métricas são números e dados que as redes sociais fornecem para mostrar o desempenho das publicações feitas por você ou pela sua ONG. Quando você publica algo no Facebook ou Instagram, essas redes sociais mostram quantas pessoas visualizaram, curtiram, comentaram ou compartilharam seu conteúdo. Saber interpretar essas informações é muito importante porque ajuda a sua OSC a entender o que está dando certo e o que pode melhorar na comunicação com o público. Ao entender melhor essas informações, você pode criar conteúdos que alcançam mais pessoas e ajudam sua organização a ter um impacto maior. Quais são as métricas mais importantes? Entender as principais métricas pode parecer difícil no começo, mas conhecendo cada uma delas fica muito mais fácil saber se sua comunicação está indo bem. Cada uma dessas métricas traz informações cruciais que ajudam a entender o comportamento do seu público e como melhorar as publicações da sua organização. Desvendando as siglas e abreviações das métricas CTR (Click Through Rate): porcentagem de pessoas que clicaram em um link após visualizá-lo. CPM (Custo por Mil Impressões): quanto custa mostrar seu conteúdo para mil pessoas. CPC (Custo por Clique): quanto você paga por cada clique no seu conteúdo. CPA (Custo por Aquisição): custo médio para que uma pessoa realize uma ação específica, como fazer uma doação. ROI (Return on Investment): retorno financeiro obtido em relação ao dinheiro investido em publicidade ou campanhas. KPI (Indicador-Chave de Desempenho): métricas específicas escolhidas para medir o sucesso das suas ações. Alcance e Impressões O alcance é o número de pessoas diferentes que viram sua publicação pelo menos uma vez. Quanto maior o alcance, mais pessoas diferentes foram alcançadas pelo seu conteúdo. Já as impressões mostram quantas vezes sua publicação apareceu nas telas das pessoas, contando inclusive aquelas que viram mais de uma vez (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Engajamento Engajamento é uma das métricas mais importantes porque mostra como as pessoas estão interagindo com seu conteúdo. Essas interações incluem curtidas, comentários, compartilhamentos e salvamentos. Um alto engajamento significa que as pessoas realmente gostaram do seu conteúdo e tiveram vontade de interagir com ele. Quanto mais engajamento, melhor você está se comunicando com o seu público (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Cliques Cliques mostram quantas pessoas clicaram no seu conteúdo ou nos links que você compartilhou. Essa métrica é especialmente importante quando você quer direcionar as pessoas para seu site ou para alguma ação específica, como um evento ou uma campanha de doação (COSTA, 2020). Crescimento de seguidores Essa métrica mostra quantas pessoas novas começaram a seguir sua ONG depois de ver suas publicações. Um crescimento constante de seguidores significa que você está conseguindo chamar a atenção e conquistar novas pessoas para sua causa (COSTA, 2020). Mas afinal, como essas métricas se relacionam? É muito importante não olhar apenas para uma métrica isoladamente. Por exemplo, se muitas pessoas veem sua publicação (alto alcance), mas poucas interagem com ela (baixo engajamento), pode ser que o conteúdo não esteja interessante o suficiente. Para entender se sua estratégia está funcionando, você precisa analisar diferentes métricas juntas, como alcance, engajamento e cliques. Isso ajuda a ter uma visão mais completa do desempenho das publicações (GOMES, 2018). Tipos de análises que você pode fazer Para usar bem as métricas, você pode fazer vários tipos diferentes de análises. Cada tipo serve para algo específico e ajuda você a entender melhor o desempenho das suas redes sociais, mostrando caminhos para melhorar sua comunicação. Análise simples A análise simples é a mais básica e mostra diretamente quantas pessoas viram ou interagiram com seu conteúdo (RECUERO, 2014). Comparação A análise comparativa é quando você compara resultados de diferentes publicações ou períodos. Por exemplo, você pode comparar o desempenho das publicações deste mês com as do mês passado para entender o que funcionou melhor e planejar conteúdos futuros (RECUERO, 2014). Previsão A análise preditiva usa dados antigos para tentar prever resultados futuros (RECUERO, 2014). Um exemplo é que se sabemos que entre novembro e dezembro há um aumento nas curtidas em posts relacionados a doações, construir conteúdo que fale sobre isso antecipadamente é uma forma de “prever” a procura e antecipar-se ao aumento de demanda. Redes sociais Analisar as redes sociais significa entender como as pessoas interagem umas com as outras no seu perfil ou página. Você pode descobrir quem são os principais seguidores, quais conteúdos são mais compartilhados e como essas conexões ajudam a espalhar sua mensagem para mais pessoas (GOMES, 2018). O que ter cuidado ao analisar os números? Ao analisar as métricas, você precisa levar em conta fatores externos que podem influenciar os resultados. Datas especiais, feriados ou eventos importantes podem aumentar ou diminuir a interação com suas publicações (as chamadas datas sazonais). Por isso, sempre olhe com cuidado e verifique se os dados são realmente representativos do desempenho geral (KAHNEMAN, 2012), todo o contexto deve ser levado em conta. Cuidado com erros ao analisar Existem alguns erros comuns ao analisar as métricas. Um deles é o viés de confirmação, que acontece quando você só presta atenção nos números que reforçam o que você já acredita. Outro erro é o viés de recência, que acontece quando você só leva em conta os resultados mais recentes, esquecendo resultados passados (KAHNEMAN, 2012). Como já dito. Recomendações O conteúdo do artigo foi baseado no conhecimento da autora e com referências de base científica. Caso você deseje ampliar o conhecimento acerca da temática, recomenda-se a leitura das fontes a seguir: COSTA, Felipe. Aplicação estratégica de métricas digitais. Panorama, Goiânia, v. 9, n. 2, p. 45-60, 2020. FERREIRA, Mariana; OLIVEIRA, Ana. Produção textual e interações sociais em plataformas digitais. Revista Comunicando, Lisboa, v. 5, n. 1, p. 10-23, 2015. GOMES, André. Dinâmicas de interações nas redes sociais digitais. Salvador: UFBA, 2018. KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2014. 
Por Maria Cecília Prates 4 de abril de 2025
Uma boa pergunta é sempre um motivo para reflexão. Como a pergunta que me foi feita uma certa vez pela diretora de uma ONG: “ na sua opinião, o que caracteriza um bom processo de Monitoramento & Avaliação (M&A) de projetos sociais? ” Ela me pediu para responder em poucas palavras.  Tomando por base o referencial da Teoria da Mudança ou do Marco Lógico , somos tentados a dar a resposta tradicional: um bom M & A é aquele que nos permite verificar se o que foi planejado, tanto em termos de processo e resultado, está ocorrendo e/ou ocorreu de fato. E, com isto, nos permite fazer as correções de rota necessárias, tanto “durante” quanto “depois” da iniciativa social. Mas, um bom M & A deve ir além, de modo a evitar o sério risco de cair na armadilha do planejamento . A ´ armadilha do planejamento ` é quando o plano inicial é visto como a situação ideal a ser atingida. Decorrem, daí, as definições para sucesso e fracasso. Sucesso é quando são alcançadas boa parte das metas previamente traçadas; já o fracasso é quando boa parte delas não são alcançadas. E se o plano inicial não se mostrar correto, mesmo tendo sido construído de forma participativa, com objetivos claros, bons indicadores e análise consistente do contexto social? Ou ainda, se com o desenrolar da intervenção, aquele plano for se tornando inadequado frente às novas circunstâncias que forem surgindo? Aliás, situação bem plausível, tendo em vista a realidade tão dinâmica em que vivemos atualmente. O plano não pode acabar funcionando como uma camisa de força para o projeto. Me fez lembrar a frase dita pelo ex-presidente americano Dwight Eisenhower, quando comandou o ´Dia D` da Segunda Guerra Mundial, “ Antes da batalha, o planejamento é tudo. Assim que começa o tiroteio, planos são inúteis ”. O ponto central é que planejar é fundamental, mas não podemos ficar prisioneiros do plano. Então, voltando aqui à pergunta inicial: O que caracteriza um bom processo de Monitoramento & Avaliação? Em poucas palavras: Um bom processo de M&A é aquele que serve como uma bússola para guiar os gestores do projeto. Sem dúvida, o pressuposto é o de que o planejamento tenha sido bem-feito, e há clareza de onde se quer chegar. E por que a comparação com a bússola? O processo de monitoramento e avaliação deve funcionar como uma bússola (para guiar o avião) no sentido de ser útil para orientar os gestores de uma dada intervenção se eles estão indo na direção correta. Então, o M & A vai indicar se estamos fazendo / fizemos a coisa certa, da maneira certa, de modo a potencializar os resultados pretendidos, tendo em vista os recursos disponíveis (financeiros, humanos, experiências, aprendizados e parcerias). O interessante da bússola é justamente a sua capacidade em ir se adaptando ao percurso, até chegarmos ao destino final. Tal como a bússola, também um bom Monitoramento & Avaliação deve ser percebido como um processo dinâmico, e não como um sistema estático de indicadores, não raras vezes com a exigência de métodos complexos para a sua estimativa.
Por Pollyana Bonvecchi 27 de março de 2025
Recentemente, montei uma estrutura para conduzir um processo seletivo de voluntárias aqui na Phomenta. Algumas pessoas me perguntaram por que eu estava desenvolvendo etapas que deixariam o processo mais complexo e se eu não tinha receio de que as pessoas desistissem devido à complexidade. Vou compartilhar o que respondi, explicar a importância dessa estrutura e como conseguimos atrair e manter perto de nós as pessoas que realmente querem contribuir. Por que desenhar um processo seletivo estruturado para voluntárias? Desenhar um processo seletivo com etapas claras e bem definidas é essencial para assegurar que as candidatas se comprometam verdadeiramente com cada fase e reflitam se o voluntariado faz sentido para elas. Esse tipo de processo não é apenas uma forma de selecionar os melhores talentos, mas também de verificar se aquelas que se juntam a nós compartilham dos nossos valores e estão alinhadas com o nosso propósito. Um processo seletivo mais detalhado permite identificar quem está realmente disposta a se envolver e quem está apenas explorando uma oportunidade. Divulgação da vaga Para começar, definimos claramente os papéis e responsabilidades, além do tempo de dedicação esperado para as voluntárias. Tudo isso foi explicitado na divulgação da vaga, para que, desde o início, as expectativas estivessem claras para as interessadas. Primeira etapa - triagem de candidatas Após receber as inscrições, realizamos uma triagem criteriosa, avaliando as competências e habilidades das candidatas. Selecionamos aquelas que mais se alinhavam com o perfil que buscávamos e enviamos um e-mail informando sobre as próximas etapas do processo. Segunda etapa - entrega e dinâmica de grupo Nesta etapa, solicitamos uma tarefa prática e informamos que haveria uma dinâmica em grupo. Esse momento foi crucial para observar o comprometimento das candidatas e, como esperado, algumas pessoas desistiram. Isso, no entanto, deixou apenas aquelas que estavam realmente interessadas em seguir adiante e que tinham um verdadeiro desejo de contribuir. Terceira etapa - Seleção final Com base nas etapas anteriores, escolhemos as candidatas que melhor atenderam aos critérios e que demonstraram maior afinidade com a cultura da Phomenta. Em seguida, comunicamos as selecionadas e agendamos da integração para integrar aquelas que iriam começar conosco. Integração A integração na Phomenta é muito mais do que uma simples introdução. É o momento propositivo para apresentarmos o propósito da nossa organização e garantir que todas estejam na mesma sintonia, super motivadas a alcançar os nossos objetivos. Quando nossas voluntárias entendem o impacto social que o seu trabalho pode gerar, o engajamento cresce e o compromisso fica mais forte. Assim como toda nova integrante de um time, as voluntárias precisam mergulhar na nossa cultura organizacional. A integração é uma oportunidade para elas se familiarizarem com características fundamentais da nossa cultura dentro da Phomenta: como nos comunicamos, como trabalhamos, e quais comportamentos valorizamos. Isso facilita a adaptação e ajuda as voluntárias a se sentirem parte do nosso grupo desde o primeiro dia! Durante a integração, é essencial esclarecer o que esperamos de cada uma, desde funções e responsabilidades específicas até o impacto que seu trabalho terá. Essa clareza evita confusões e permite que as voluntárias saibam exatamente como podem brilhar e fazer a diferença. Uma integração bem-planejada faz toda a diferença! Ela aumenta o comprometimento das voluntárias e ajuda a reduzir a rotatividade. Quando elas se sentem acolhidas, bem-informadas e preparadas, é muito provável que continuem engajadas e contribuam com a gente por um bom tempo. Além disso, a integração é a chance perfeita para construir conexões genuínas entre voluntárias e phomenters. Ela cria aquele sentimento gostoso de comunidade e pertencimento, que é essencial para manter a motivação em alta. E tem mais: durante a integração, incentivamos as voluntárias a darem seu feedback sobre a experiência. Isso nos ajuda a fazer ajustes e melhorias, garantindo que todas se sintam apoiadas e que nossa abordagem esteja sempre alinhada com as expectativas. A seguir alguns comentários sobre o processo:
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