Até que ponto a organização precisa medir os seus impactos sociais?

18 de janeiro de 2024

O processo contínuo de avaliação das ações realizadas pelas organizações é um fator importante para entender de fato o impacto das OSCs nas comunidades onde atuam. Confira o artigo escrito por Maria Cecília Prates:

Suponha uma organização do Terceiro Setor, com um projeto social iniciado em 2020. Esse projeto já atendeu a 50 comunidades em situação de vulnerabilidade pelo Brasil afora. Está baseado em uma (premiada!) tecnologia social. Tem conseguido realizar parceria com empresas privadas em seus programas sociais nas comunidades, e também atraído vários voluntários. A equipe da organização considera que a maior conquista foi a efetiva melhoria da qualidade de vida das pessoas que vivem nesses locais, de uma pobreza sem igual. Já os moradores dessas comunidades dizem que as pessoas da organização são como “anjos vindos do céu”. 


Agora, três anos depois, a organização quer se transformar (de filantrópica) em negócio de impacto social. Para tal, dentre outros requisitos, ela está sendo cobrada para medir (tangibilizar) o impacto social do projeto. Como a organização deve fazer? E que tipo de medição deveria ser exigido dela? 


O que é avaliação de impacto 


Avaliar impacto é uma das dimensões da avaliação de resultados. Usando a linguagem do marco lógico, temos os resultados imediatos do projeto associados aos objetivos específicos (logo após a finalização do projeto), e os resultados de médio e/ou longo prazo, denominados impactos, que são associados aos objetivos finais do projeto e para os quais o projeto deve contribuir. 


Por exemplo, suponha um projeto social de qualificação digital de duração de 6 meses para jovens de uma determinada favela. Os resultados imediatos do projeto dizem respeito ao “quanto” de conhecimento os jovens adquiriram entre o momento inicial (Marco Zero) e o momento final do curso (Marco Um). Já os resultados de impacto dizem respeito à mudança / melhora havida no modo de inserção desses jovens no mercado de trabalho, de um a dois anos depois de eles terem finalizado o curso (Marco Dois), como consequência direta dos aprendizados que tiveram no curso. 


Então, avaliar impacto é verificar as mudanças ocorridas na vida dos beneficiários do projeto, no médio e/ou longo prazo, que foram causadas exclusivamente pelo projeto – e não por outros fatores atuando simultaneamente à ação do projeto (como mudanças provocadas por alterações em políticas de governo e/ou entrada/saída de empresas do território em questão e/ou mudanças no contexto familiar). 


Normalmente, a avaliação do impacto strictu sensu (ou medição do impacto) está baseada em pesquisa estatística experimental, de modo a conseguir isolar os efeitos do projeto de outros fatores intervenientes. Assim, por meio do uso de estatística, a pesquisa busca comparar, à semelhança de um experimento em laboratório, a evolução da situação do grupo do experimento (ou grupo dos participantes do projeto) com relação à evolução do grupo de controle (ou grupo dos não-participantes, que deve ser constituído por pessoas com características bastante semelhantes às do grupo do experimento, salvo a sua participação no projeto). 


A questão é que esse tipo de avaliação de impacto de base experimental exige procedimentos onerosos, complexos, demorados e que demandam a contratação de equipe especializada. Vem sendo utilizada, há vários anos, para quantificar os impactos, com certa precisão e confiabilidade, dos programas (grandes e também complexos) do setor público. 


Já para as organizações menores, com ou sem fins lucrativos, essas avaliações tradicionais de impacto (de base experimental) são raramente indicadas. Primeiro, porque elas não precisam desse tipo de avaliação, como argumentarei a seguir. E segundo, porque elas têm projetos menores, recursos (humanos e financeiros) limitados, e o tempo é curto. 


Nessas organizações, boas evidências do impacto podem ser obtidas de modo confiável, sem a necessidade de realizar pesquisa experimental. 


Avaliar impacto versus medir impacto 


A medição do impacto social estima a probabilidade de o projeto ter provocado a mudança desejada na vida de seus beneficiários com referência a determinados indicadores, considerando um dado intervalo de confiança e margem de erro. Já a avaliação do impacto vai muito além da medição propriamente do impacto, e incorpora os resultados apurados (e o levantamento deles) na gestão do dia a dia da organização e em suas tomadas de decisão. 


Há hoje uma consciência de que as organizações sociais (sobretudo as dos países desenvolvidos) vinham medindo demais, e avaliando de menos. Ou seja, muito preocupadas no esmero com os métodos de medição de impacto, elas estavam se esquecendo de fazer da avaliação de impacto uma ferramenta para orientar a condução dos seus projetos sociais. 


Aspectos a serem desenvolvidos na avaliação de impacto 


Destaco, a seguir, alguns aspectos que têm sido apontados por algumas organizações do Terceiro Setor no Reino Unido e nos Estados Unidos sobre como deveria ser a avaliação do impacto social. Chamo a atenção para o paralelo grande nos desafios avaliativos tanto lá como cá, no Brasil. 


  • Avaliação pressupõe aprendizagem. Não bastar apenas medir. Avaliação é um processo sistemático e intencional de coleta e análise de dados (qualitativos e quantitativos) para produzir informações para a aprendizagem, tomada de decisão e ação.


  • Na realidade, as organizações do Terceiro Setor não precisam “medir” impacto. Ultimamente, as organizações sociais dos EUA e do Reino Unido estavam se sentindo asfixiadas pela compulsão em medir impacto, usando a metodologia strictu sensu. Porém, se considerarmos que o impacto é decorrência da qualidade da teoria da mudança (ou da estratégia causal) adotada e da qualidade da execução do projeto, basta que as organizações sociais se concentrem na avaliação da execução do projeto, e adotem boas teorias da mudança – já devidamente testadas pelos “especialistas da academia” e com o seu impacto social comprovado. 


  • A avaliação é uma ferramenta importante de gestão do projeto, e deve ser útil para orientar a condução do projeto. De modo algum, a avaliação de impacto pode ser percebida (apenas) como uma demanda que vem de fora do projeto, uma exigência que é imposta pelo financiador ou alguma instituição parceira. 


  • A avaliação deve ter o “tamanho” da organização, começar pequena e ir crescendo, de acordo com as perguntas avaliativas relevantes que forem surgindo, e o fôlego da organização. Deve se concentrar nos quatro pilares básicos: (1) mapear a teoria da mudança; (2) priorizar o que precisa ser acompanhado; (3) escolher o nível das evidências dos resultados e impactos; (4) selecionar as fontes dos dados e desenvolver as ferramentas (questionários, softwares, etc…). 


  • É a equipe executora quem deve coordenar a avaliação do projeto, pois é ela que está envolvida diretamente com o trabalho social. De modo algum, esse papel central pode ser delegado a avaliadores externos. 


Avaliação de impacto e as bases de dados do projeto 


Se esperamos que a avaliação de impacto seja de fato útil à organização e se transforme em uma ferramenta de gestão para ela, é fundamental que (pelo menos no início) a avaliação esteja baseada nas próprias bases de dados do projeto. Sugiro a leitura do Manual sobre planejamento e avaliação de projetos sociais que escrevi para as organizações do Terceiro Setor, com orientações e exemplos práticos de avaliação. 


Pode parecer uma orientação óbvia, mas raramente as organizações sociais têm esse sistema de informações atualizado e com fácil acesso /ou pesquisa aos dados. Mais para frente, se for de fato necessário, poderão ser encomendadas avaliações de impacto strictu sensu


Bases de dados para a gestão do projeto 


Considerando que um determinado projeto esteja baseado em uma tecnologia social (e que essa já tenha uma metodologia de implementação), para cada iniciativa na comunidade, pode ser criada uma planilha para acompanhamento das atividades com a especificação do cronograma, responsáveis e custos (do tipo previsto X realizado). 


Pode ser criada uma planilha com os produtos (outputs) do projeto, vindo nas linhas as iniciativas em cada comunidade, e nas colunas os indicadores relevantes selecionados para serem acompanhados. Assim, essa planilha conseguirá mostrar ao longo dos anos todas as entregas do projeto. 


Bases de dados para acompanhar os resultados 


Também é importante organizar a base de dados do projeto de modo a conter as informações relevantes acerca do acompanhamento dos resultados de todos os participantes do projeto. Nessas planilhas de resultados (outcomes e impacts), cada linha contempla um participante, e na coluna os indicadores relevantes selecionados para acompanhar passagem dele pelo projeto: como ele era antes de iniciar o projeto (Marco zero); como ele ficou logo ao final do projeto (Marco 1 / resultados imediatos); e como ele ficou algum tempo depois, e qual foi a causalidade atribuída (por ele) ao projeto (Marco 2 / impactos).


Ver o esboço de uma planilha desse tipo

A fonte dos dados para alimentar essas planilhas deve ser o próprio cadastro dos participantes e/ou também a aplicação de questionários junto aos participantes como um todo, ou a uma amostra deles. 


Para subsidiar a construção (operacionalização) dos indicadores relevantes de resultado, sugiro tomar como referência a teoria da mudança do projeto, e também a realização de entrevistas em profundidade com alguns (poucos) beneficiários do projeto, selecionados de modo intencional. 


CONCLUINDO, tanto para as organizações com e sem fins lucrativos, o importante não é somente medir impacto social, mas sobretudo ter um processo contínuo de avaliação de impacto e de correções de rota.  É esse processo abrangente de avaliação que se deveria exigir da organização filantrópica que quer se transformar em negócio de impacto social – pelo menos, em um primeiro momento. 



Para saber mais:

A gestão integrada de dados é realmente importante para sua organização?

Painel de Visualização de Dados (dashboard): Apoio do ChatGPT para construção de visualizações

Painel de Visualização de Dados (dashboard): Fortalecendo a organização com o Google Looker - Parte 1.

Painel de Visualização de Dados (dashboard): Narrando o Impacto Social Positivo - Parte 2

A gestão integrada de dados é realmente importante para sua organização?


Uma mulher com cabelo escuro está sorrindo em círculo

Maria Cecília Prates é economista e mestre em economia pela UFMG, e doutora em administração pela FGV /Ebape. Pesquisadora na FGV / IBRE na área social por muitos anos, e depois tem feito monitorias, consultorias, pesquisas em avaliação de projetos sociais e RSC. Site: www.estrategiasocial.com.br 


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Últimas publicações

Por Movimento Bem Maior 29 de julho de 2025
O Movimento Bem Maior (MBM) acaba de disponibilizar o Case Institucional do Futuro Bem Maior, publicação que reúne dados, aprendizados e histórias de impacto das três primeiras edições do programa, realizado desde 2019 em parceria com o Instituto Phi e o Instituto Phomenta. Criado para fortalecer iniciativas sociais em territórios com alto índice de vulnerabilidade social, o Futuro Bem Maior já apoiou 166 organizações de 72 municípios com recursos flexíveis, capacitação e acompanhamento técnico. O case traz uma análise dos efeitos do programa em três níveis: nas organizações apoiadas, público atendido e comunidades. Entre os principais achados, destaca-se que 77% das organizações relataram fortalecimento da autoestima institucional; 73,8% aprimoraram suas capacidades técnicas; 76,1% melhoraram o atendimento ao público; 83,5% conseguiram dar continuidade aos projetos após o ciclo de apoio; 80% ganharam visibilidade em suas comunidades. “Confiar em quem vive os desafios de perto muda tudo. Nosso compromisso é impulsionar quem já transforma a realidade nas pontas. Este case mostra que a confiança, aliada a investimento estratégico, gera resultados reais e duradouros”, afirma Carola Matarazzo, diretora executiva do MBM. A publicação reforça a abordagem do MBM ao apostar em uma filantropia baseada em confiança, que descentraliza recursos e fortalece organizações sociais como motor de transformação social. O documento está disponível gratuitamente. Clique no botão abaixo para ter acesso! 
Por Maria Cecília Prates 14 de julho de 2025
Em projetos sociais os resultados estão quase sempre associados a resultados intangíveis, subjetivos e abstratos, como por exemplo: crianças saudáveis, adolescentes com autoconfiança, autoestima de idosos, jovens capacitados para o mercado de trabalho, comunidade engajada, famílias ajustadas, empreendedores bem-sucedidos, e por aí vai… Alcançar esses resultados intermediários são etapas necessárias e imprescindíveis que vão contribuir para o alcance do impacto final pretendido de transformação na vida das pessoas atendidas. O problema é que até hoje no Brasil ainda não se tem clareza metodológica sobre como medir esses conceitos tão amplamente adotados na área social, que seja confiável e capaz de captar (ser sensível a) os avanços conseguidos . Então, se não há essa clareza – e aqui me refiro sobretudo à grande maioria das organizações do terceiro setor – como conseguir PLANEJAR bem os projetos sociais? Ou seja, como explicitar O QUE queremos mudar? E como saber depois se o que fizemos conseguiu, de fato, chegar AONDE queríamos, ou seja, AVALIAR se as iniciativas conduzidas foram válidas, eficazes e eficientes? Medição compartilhada: uma prática que deveria ganhar força no Brasil No Reino Unido e EUA desde 2003 – No Reino Unido vêm sendo envidados esforços por organizações think-tanks (como a New Philanthropy Capital – NPC , ou a Triangle /Outcomes Star ) e nos Estados Unidos ( FSG) para construírem sistemas de indicadores “de prateleira” (do inglês, off-the-shelf tools ) que possam ser compartilhados por organizações do terceiro setor ( charities or NGOs – Non-Governmaental Organisations ). No Reino Unido, organizações sociais trabalhando em uma mesma área-fim (por exemplo, educação de adolescentes em situação de vulnerabilidade) foram se unindo, capitaneadas por alguma organização think-tank como a NPC, para desenvolverem um sistema comum de avaliação de resultados. Nesse sentido, os conceitos abstratos relacionados a objetivos de resultados (por exemplo: autoestima), adotados por organizações trabalhando com públicos semelhantes, foram sendo operacionalizados nos mesmos indicadores ou escalas. Feita a operacionalização dos conceitos, as demais ferramentas para medição também começaram a ser desenvolvidas em comum, através do apoio de uma equipe especializada, tais como a construção dos questionários, a estratégia para a sua aplicação, o sistema de base de dados (que pode ser online ) e o referencial para análise dos dados coletados. No Brasil, no período em que atuei (2011 – 2016) no Programa da POS (Parceria com Organizações Sociais) da Fundação Dom Cabral – FDC (hoje denominado Pilaris ), quis começar a difundir essa ideia das ferramentas de prateleira ( Avaliação de projetos sociais no terceiro setor: uma agenda em construção , seção IV), mas percebi que o terreno precisava antes ser melhor trabalhado. Por isso, no Manual que desenvolvi para apoiar o trabalho com as organizações participantes do Programa (Manual de Planejamento e Avaliação de Projetos Sociais para Organizações Sociais) , comecei a incluir alguns instrumentos que pudessem funcionar como “ferramentas de prateleira”. Esses instrumentos vinham de três fontes: conceitos abstratos que já tinham sido traduzidos para a prática e validados; experiências de monitoramento com algumas dessas organizações; ou ainda, foram criados durante as avaliações de projetos sociais que conduzi. Para ilustrar melhor a ideia, aqui estão alguns exemplos de instrumentos incluídos no Manual: Conceito: autoestima (escala de Rosenberg), pág. 40-42 do Manual Conceito: impulsividade de adolescentes (escala de Barrat), p.66 Conceito: ser cuidadoso com o meio-ambiente / Avaliação de projeto de apicultura (pág. 67-68) Conceito: bem-estar de crianças e adolescentes, entre 11-16 anos (NPC), Pág. 197-205 Marco lógico: projeto de qualificação digital, Instituto Ramacrisna (pág. 207-210) Questionário: Preparação de jovens (16-18 anos) para inserção no mercado de trabalho, Associação Projeto Providência (pág. 226 – 230) A intenção de compartilhar esses instrumentos no Manual foi oferecer inspiração e facilitar o trabalho de planejamento e avaliação em organizações que atuam com projetos sociais semelhantes, ajudando, assim, a “queimar etapas” e avançar com mais agilidade nesse processo. Medição compartilhada: o caso da ferramenta Outcomes Star Como surgiu? Outcomes Star (traduzido ao pé da letra: Estrela de Resultados) é uma ferramenta para medir e apoiar as mudanças / resultados, que foi criada e desenvolvida pela Triangle Consulting Social Enterprise do Reino Unido . A Triangle, fundada em 2003, se define como “ uma empresa inovadora, guiada por uma missão social que é a de apoiar os provedores de serviços sociais a transformarem vidas de pessoas vivendo em situação de vulnerabilidade social, traumas, deficiências ou doenças, por meio da criação e o uso correto de ferramentas que engajem e promovam abordagem facilitadoras ”. A primeira versão do Outcomes Star começou como uma demanda (em 2003) da St Mungo`s, uma organização social voltada para o atendimento de moradores de rua, que queria avaliar os resultados do seu trabalho. A ferramenta acabou ganhando tração a partir da constatação de sua aplicabilidade também junto a outras organizações do Reino Unido que atendiam moradores de rua. Foi quando a Triangle , então, avançou naquele protótipo inicial, por meio do desenvolvimento da chamada “jornada da mudança” (do inglês, the Journey of change ), das escalas de medição adequadas tanto para os usuários dos serviços (ou clientes) como para os provedores do serviço (ou colaboradores dessas organizações executoras), e do Guia com as orientações para a implementação do instrumento. Assim, em dezembro de 2016 surgia a primeira versão da Outcomes Star , com o foco em moradores de rua. O que é a ferramenta? Conforme explicado no site , cada versão da Outcomes Star compreende um conjunto de escalas apresentadas de modo amigável e acessível em formato de uma estrela (figura), em que cada escala (ou cada ponta da estrela) representa uma dimensão relevante do resultado pretendido. Cada escala é explicitada em estágios (que podem ser 5 ou 10), sendo cada estágio cuidadosamente definido, de modo a caracterizar cada uma das etapas necessárias para promover a mudança sustentável na vida das pessoas atendidas. A ideia é que a ferramenta seja aplicada pela equipe da organização com cada usuário do serviço, desse modo permitindo visualizar e analisar com clareza a “ jornada da mudança ”: onde se está no percurso, os resultados alcançados (e os não alcançados), e as evidências do que precisa ser trabalhado.
Por Mariana Mangieri e Beatriz Camelo 13 de junho de 2025
Uma boa gestão de conflitos transforma positivamente o ambiente organizacional ao aplicar princípios de comunicação eficaz. Neste artigo, abordaremos o livro “Conversas Difíceis: Como Discutir o Que Mais Importa”, resultado de 15 anos de pesquisa do Projeto de Negociação de Harvard, que oferece ferramentas para gerenciar relacionamentos e solucionar conflitos em diversas situações. Queremos te ajudar a organizar seus pensamentos antes de começar uma conversa difícil assim como o livro sugere. O primeiro passo é entender os três tipos de conversa. Ao final, sugerimos práticas a serem seguidas. Boa leitura! As Três Conversas Centrais e a Ação da Boa Gestão O livro revela que toda conversa difícil é composta por três "conversas" subjacentes: a Conversa "O que aconteceu?", a Conversa das Emoções e a Conversa da Identidade. A boa gestão age diretamente sobre cada uma delas para transformar desafios em oportunidades: Na conversa do tipo “O que aconteceu?”, os participantes focam em quem está certo ou errado, partindo de suposições que levam ao ciclo de acusações e impedem a solução. Conforme o autor: “quando algo desagradável acontece, o foco da conversa gira em torno de quem está certo, quem está errado, quem disse o quê, quem deve assumir a responsabilidade e assim por diante. Passamos a discutir quase todos os detalhes.”. Exemplo de conflito – Projeto atrasado e disputa de culpa: ao desenhar a festa junina da organização, ficou faltando definir quem compraria e arrecadaria as prendas das barracas, gerando muito estresse no dia da festa. Logo, membros começaram a atribuir culpa uns aos outros: “Foi o time das coordenadoras”; “Não, foram vocês que não passaram direitos”; “Não me envolvam, eu fiz minha parte”. Esse cenário ilustra como a suposição de que “a culpa é sempre do outro” gera impasse, pois cada parte adota a mentalidade “eu estou certo, você está errado”. Já quando falamos no tipo das Conversa das Emoções : as emoções negativas, se não forem gerenciadas, podem transformar uma conversa em confronto, pois a adrenalina liberada pode "deixar o cérebro em branco". Uma boa gestão ajuda a conhecer e expressar sentimentos adequadamente, e a mudar a percepção para alterar a maneira como os sentimentos são experimentados. Isso alivia a ansiedade e permite foco na resolução do problema. Exemplo de conflito – Projeto atrasado e disputa de culpa: imagine que um gestor solicite a um colaborador que faça ajustes em um relatório até o final do dia. O funcionário pode entender esse pedido como “falta de confiança na minha competência” e reagir com irritação ou resistência, mesmo que a intenção do gestor não seja punir, mas sim assegurar a qualidade. Essa interpretação precipitada de “más intenções” gera tensão e impede que ambos discutam a real necessidade de melhoria de conteúdo. Por fim, quando falamos da Conversa da Identidade: é quando uma conversa difícil ameaça a auto-identidade de alguém (questões como "sou competente?", "sou uma boa pessoa?"), e as pessoas podem reagir defensivamente. A boa gestão auxilia a fundamentar a identidade dos colaboradores, focando no valor próprio e na capacidade de examinar-se objetivamente e admitir falhas sem medo. Além disso, a gestão eficaz desiste de tentar controlar as reações dos outros, focando em influenciar e adaptar a própria autopercepção. Exemplo de conflito – Avaliação de desempenho e abalo de autoestima: durante uma avaliação de desempenho, é comum um superior dizer: “seu desempenho no trabalho é tão ruim; você acha que pode competir pela promoção?”. Ao ouvir isso, o colaborador sente sua autoestima ameaçada e parte para uma reação defensiva (“Vou provar que sou competente”), gerando um impasse. Ao invés de entrar nesse ciclo, o texto sugere que o profissional reflita sobre a crítica, aceite falhas e mantenha a “identidade fundamentada” para permitir um diálogo construtivo. Passos Práticos para uma Gestão de Conversas Eficaz Além de abordar as três conversas, o livro oferece passos práticos que uma boa gestão pode seguir para lidar com conversas difíceis de forma mais eficaz: Esclarecer o propósito da conversa: antes de iniciar, o gestor deve ter clareza sobre o objetivo. Para isso, pergunte-se "o que eu preciso?" e "qual é meu objetivo?", assim é mais fácil manter a conversa no rumo certo e evitar desvios. Começar com uma abertura neutra: abordar a questão imparcialmente, como um observador ajuda a reduzir a defensividade e abrir caminho para um diálogo mais construtivo. Ouvir com atenção e expressar pensamentos claramente: estabelecer uma comunicação de mão dupla, onde o gestor pratica a escuta ativa para entender a perspectiva do outro e expressa suas próprias ideias de forma concisa e compreensível. Reformular a conversa quando ela chega a um impasse: ter a habilidade de trazer a discussão de volta ao foco quando ela se desvia ou estagna, garantindo que o problema seja resolvido. Isso exige a capacidade de "romper padrões de pensamento enraizados", ou seja, conseguir mediar e interferir nas falas para voltar ao objetivo inicial da conversa O Impacto Positivo Geral da Boa Gestão Ao aplicar esses princípios, uma boa gestão de conflitos transforma o ambiente organizacional. A capacidade de gerenciar bem os relacionamentos em diferentes situações, seja pessoal, profissional ou em negociações, é ampliada. Ao promover a compreensão mútua, o compartilhamento de responsabilidades e a resolução construtiva de conflitos, a gestão não apenas soluciona problemas de forma mais eficaz, mas também fortalece mais as equipes, aumenta a produtividade e cultiva uma cultura de confiança e resiliência. Dessa forma, as conversas difíceis se tornam oportunidades para aprendizado e crescimento, em vez de fontes de conflito e estagnação. Gostou do conteúdo? A Phomenta está realizando um mapeamento e quer saber como o terceiro setor está gerindo pessoas e conflitos em suas organizações. Compartilhe sua experiência e contribua com este estudo acessando: [link] Artigo realizado com apoio da ferramenta de IA Notebooklm e do livro Conversas difíceis - Douglas Stone, Bruce Patton e Sheila Heen 
Por Pâmela Lima 2 de junho de 2025
Guia prático que ensina como estruturar uma página de captação de doações para ONGs: mensagem clara, métricas de impacto, transparência financeira e CTA que converte. Saiba mais!
Por Instituto Phomenta 13 de maio de 2025
Apoiar ONGs pequenas é uma escolha política e estratégica para ampliar o impacto social no Brasil. Entenda como essa decisão se conecta ao fortalecimento do terceiro setor, à transformação de territórios e à mudança de perspectiva no investimento social.
Por Pamela Lima 10 de abril de 2025
Inicialmente, vamos entender melhor o que são métricas? Métricas são números e dados que as redes sociais fornecem para mostrar o desempenho das publicações feitas por você ou pela sua ONG. Quando você publica algo no Facebook ou Instagram, essas redes sociais mostram quantas pessoas visualizaram, curtiram, comentaram ou compartilharam seu conteúdo. Saber interpretar essas informações é muito importante porque ajuda a sua OSC a entender o que está dando certo e o que pode melhorar na comunicação com o público. Ao entender melhor essas informações, você pode criar conteúdos que alcançam mais pessoas e ajudam sua organização a ter um impacto maior. Quais são as métricas mais importantes? Entender as principais métricas pode parecer difícil no começo, mas conhecendo cada uma delas fica muito mais fácil saber se sua comunicação está indo bem. Cada uma dessas métricas traz informações cruciais que ajudam a entender o comportamento do seu público e como melhorar as publicações da sua organização. Desvendando as siglas e abreviações das métricas CTR (Click Through Rate): porcentagem de pessoas que clicaram em um link após visualizá-lo. CPM (Custo por Mil Impressões): quanto custa mostrar seu conteúdo para mil pessoas. CPC (Custo por Clique): quanto você paga por cada clique no seu conteúdo. CPA (Custo por Aquisição): custo médio para que uma pessoa realize uma ação específica, como fazer uma doação. ROI (Return on Investment): retorno financeiro obtido em relação ao dinheiro investido em publicidade ou campanhas. KPI (Indicador-Chave de Desempenho): métricas específicas escolhidas para medir o sucesso das suas ações. Alcance e Impressões O alcance é o número de pessoas diferentes que viram sua publicação pelo menos uma vez. Quanto maior o alcance, mais pessoas diferentes foram alcançadas pelo seu conteúdo. Já as impressões mostram quantas vezes sua publicação apareceu nas telas das pessoas, contando inclusive aquelas que viram mais de uma vez (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Engajamento Engajamento é uma das métricas mais importantes porque mostra como as pessoas estão interagindo com seu conteúdo. Essas interações incluem curtidas, comentários, compartilhamentos e salvamentos. Um alto engajamento significa que as pessoas realmente gostaram do seu conteúdo e tiveram vontade de interagir com ele. Quanto mais engajamento, melhor você está se comunicando com o seu público (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Cliques Cliques mostram quantas pessoas clicaram no seu conteúdo ou nos links que você compartilhou. Essa métrica é especialmente importante quando você quer direcionar as pessoas para seu site ou para alguma ação específica, como um evento ou uma campanha de doação (COSTA, 2020). Crescimento de seguidores Essa métrica mostra quantas pessoas novas começaram a seguir sua ONG depois de ver suas publicações. Um crescimento constante de seguidores significa que você está conseguindo chamar a atenção e conquistar novas pessoas para sua causa (COSTA, 2020). Mas afinal, como essas métricas se relacionam? É muito importante não olhar apenas para uma métrica isoladamente. Por exemplo, se muitas pessoas veem sua publicação (alto alcance), mas poucas interagem com ela (baixo engajamento), pode ser que o conteúdo não esteja interessante o suficiente. Para entender se sua estratégia está funcionando, você precisa analisar diferentes métricas juntas, como alcance, engajamento e cliques. Isso ajuda a ter uma visão mais completa do desempenho das publicações (GOMES, 2018). Tipos de análises que você pode fazer Para usar bem as métricas, você pode fazer vários tipos diferentes de análises. Cada tipo serve para algo específico e ajuda você a entender melhor o desempenho das suas redes sociais, mostrando caminhos para melhorar sua comunicação. Análise simples A análise simples é a mais básica e mostra diretamente quantas pessoas viram ou interagiram com seu conteúdo (RECUERO, 2014). Comparação A análise comparativa é quando você compara resultados de diferentes publicações ou períodos. Por exemplo, você pode comparar o desempenho das publicações deste mês com as do mês passado para entender o que funcionou melhor e planejar conteúdos futuros (RECUERO, 2014). Previsão A análise preditiva usa dados antigos para tentar prever resultados futuros (RECUERO, 2014). Um exemplo é que se sabemos que entre novembro e dezembro há um aumento nas curtidas em posts relacionados a doações, construir conteúdo que fale sobre isso antecipadamente é uma forma de “prever” a procura e antecipar-se ao aumento de demanda. Redes sociais Analisar as redes sociais significa entender como as pessoas interagem umas com as outras no seu perfil ou página. Você pode descobrir quem são os principais seguidores, quais conteúdos são mais compartilhados e como essas conexões ajudam a espalhar sua mensagem para mais pessoas (GOMES, 2018). O que ter cuidado ao analisar os números? Ao analisar as métricas, você precisa levar em conta fatores externos que podem influenciar os resultados. Datas especiais, feriados ou eventos importantes podem aumentar ou diminuir a interação com suas publicações (as chamadas datas sazonais). Por isso, sempre olhe com cuidado e verifique se os dados são realmente representativos do desempenho geral (KAHNEMAN, 2012), todo o contexto deve ser levado em conta. Cuidado com erros ao analisar Existem alguns erros comuns ao analisar as métricas. Um deles é o viés de confirmação, que acontece quando você só presta atenção nos números que reforçam o que você já acredita. Outro erro é o viés de recência, que acontece quando você só leva em conta os resultados mais recentes, esquecendo resultados passados (KAHNEMAN, 2012). Como já dito. Recomendações O conteúdo do artigo foi baseado no conhecimento da autora e com referências de base científica. Caso você deseje ampliar o conhecimento acerca da temática, recomenda-se a leitura das fontes a seguir: COSTA, Felipe. Aplicação estratégica de métricas digitais. Panorama, Goiânia, v. 9, n. 2, p. 45-60, 2020. FERREIRA, Mariana; OLIVEIRA, Ana. Produção textual e interações sociais em plataformas digitais. Revista Comunicando, Lisboa, v. 5, n. 1, p. 10-23, 2015. GOMES, André. Dinâmicas de interações nas redes sociais digitais. Salvador: UFBA, 2018. KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2014. 
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