Até que ponto a organização precisa medir os seus impactos sociais?

18 de janeiro de 2024

O processo contínuo de avaliação das ações realizadas pelas organizações é um fator importante para entender de fato o impacto das OSCs nas comunidades onde atuam. Confira o artigo escrito por Maria Cecília Prates:

Suponha uma organização do Terceiro Setor, com um projeto social iniciado em 2020. Esse projeto já atendeu a 50 comunidades em situação de vulnerabilidade pelo Brasil afora. Está baseado em uma (premiada!) tecnologia social. Tem conseguido realizar parceria com empresas privadas em seus programas sociais nas comunidades, e também atraído vários voluntários. A equipe da organização considera que a maior conquista foi a efetiva melhoria da qualidade de vida das pessoas que vivem nesses locais, de uma pobreza sem igual. Já os moradores dessas comunidades dizem que as pessoas da organização são como “anjos vindos do céu”. 


Agora, três anos depois, a organização quer se transformar (de filantrópica) em negócio de impacto social. Para tal, dentre outros requisitos, ela está sendo cobrada para medir (tangibilizar) o impacto social do projeto. Como a organização deve fazer? E que tipo de medição deveria ser exigido dela? 


O que é avaliação de impacto 


Avaliar impacto é uma das dimensões da avaliação de resultados. Usando a linguagem do marco lógico, temos os resultados imediatos do projeto associados aos objetivos específicos (logo após a finalização do projeto), e os resultados de médio e/ou longo prazo, denominados impactos, que são associados aos objetivos finais do projeto e para os quais o projeto deve contribuir. 


Por exemplo, suponha um projeto social de qualificação digital de duração de 6 meses para jovens de uma determinada favela. Os resultados imediatos do projeto dizem respeito ao “quanto” de conhecimento os jovens adquiriram entre o momento inicial (Marco Zero) e o momento final do curso (Marco Um). Já os resultados de impacto dizem respeito à mudança / melhora havida no modo de inserção desses jovens no mercado de trabalho, de um a dois anos depois de eles terem finalizado o curso (Marco Dois), como consequência direta dos aprendizados que tiveram no curso. 


Então, avaliar impacto é verificar as mudanças ocorridas na vida dos beneficiários do projeto, no médio e/ou longo prazo, que foram causadas exclusivamente pelo projeto – e não por outros fatores atuando simultaneamente à ação do projeto (como mudanças provocadas por alterações em políticas de governo e/ou entrada/saída de empresas do território em questão e/ou mudanças no contexto familiar). 


Normalmente, a avaliação do impacto strictu sensu (ou medição do impacto) está baseada em pesquisa estatística experimental, de modo a conseguir isolar os efeitos do projeto de outros fatores intervenientes. Assim, por meio do uso de estatística, a pesquisa busca comparar, à semelhança de um experimento em laboratório, a evolução da situação do grupo do experimento (ou grupo dos participantes do projeto) com relação à evolução do grupo de controle (ou grupo dos não-participantes, que deve ser constituído por pessoas com características bastante semelhantes às do grupo do experimento, salvo a sua participação no projeto). 


A questão é que esse tipo de avaliação de impacto de base experimental exige procedimentos onerosos, complexos, demorados e que demandam a contratação de equipe especializada. Vem sendo utilizada, há vários anos, para quantificar os impactos, com certa precisão e confiabilidade, dos programas (grandes e também complexos) do setor público. 


Já para as organizações menores, com ou sem fins lucrativos, essas avaliações tradicionais de impacto (de base experimental) são raramente indicadas. Primeiro, porque elas não precisam desse tipo de avaliação, como argumentarei a seguir. E segundo, porque elas têm projetos menores, recursos (humanos e financeiros) limitados, e o tempo é curto. 


Nessas organizações, boas evidências do impacto podem ser obtidas de modo confiável, sem a necessidade de realizar pesquisa experimental. 


Avaliar impacto versus medir impacto 


A medição do impacto social estima a probabilidade de o projeto ter provocado a mudança desejada na vida de seus beneficiários com referência a determinados indicadores, considerando um dado intervalo de confiança e margem de erro. Já a avaliação do impacto vai muito além da medição propriamente do impacto, e incorpora os resultados apurados (e o levantamento deles) na gestão do dia a dia da organização e em suas tomadas de decisão. 


Há hoje uma consciência de que as organizações sociais (sobretudo as dos países desenvolvidos) vinham medindo demais, e avaliando de menos. Ou seja, muito preocupadas no esmero com os métodos de medição de impacto, elas estavam se esquecendo de fazer da avaliação de impacto uma ferramenta para orientar a condução dos seus projetos sociais. 


Aspectos a serem desenvolvidos na avaliação de impacto 


Destaco, a seguir, alguns aspectos que têm sido apontados por algumas organizações do Terceiro Setor no Reino Unido e nos Estados Unidos sobre como deveria ser a avaliação do impacto social. Chamo a atenção para o paralelo grande nos desafios avaliativos tanto lá como cá, no Brasil. 


  • Avaliação pressupõe aprendizagem. Não bastar apenas medir. Avaliação é um processo sistemático e intencional de coleta e análise de dados (qualitativos e quantitativos) para produzir informações para a aprendizagem, tomada de decisão e ação.


  • Na realidade, as organizações do Terceiro Setor não precisam “medir” impacto. Ultimamente, as organizações sociais dos EUA e do Reino Unido estavam se sentindo asfixiadas pela compulsão em medir impacto, usando a metodologia strictu sensu. Porém, se considerarmos que o impacto é decorrência da qualidade da teoria da mudança (ou da estratégia causal) adotada e da qualidade da execução do projeto, basta que as organizações sociais se concentrem na avaliação da execução do projeto, e adotem boas teorias da mudança – já devidamente testadas pelos “especialistas da academia” e com o seu impacto social comprovado. 


  • A avaliação é uma ferramenta importante de gestão do projeto, e deve ser útil para orientar a condução do projeto. De modo algum, a avaliação de impacto pode ser percebida (apenas) como uma demanda que vem de fora do projeto, uma exigência que é imposta pelo financiador ou alguma instituição parceira. 


  • A avaliação deve ter o “tamanho” da organização, começar pequena e ir crescendo, de acordo com as perguntas avaliativas relevantes que forem surgindo, e o fôlego da organização. Deve se concentrar nos quatro pilares básicos: (1) mapear a teoria da mudança; (2) priorizar o que precisa ser acompanhado; (3) escolher o nível das evidências dos resultados e impactos; (4) selecionar as fontes dos dados e desenvolver as ferramentas (questionários, softwares, etc…). 


  • É a equipe executora quem deve coordenar a avaliação do projeto, pois é ela que está envolvida diretamente com o trabalho social. De modo algum, esse papel central pode ser delegado a avaliadores externos. 


Avaliação de impacto e as bases de dados do projeto 


Se esperamos que a avaliação de impacto seja de fato útil à organização e se transforme em uma ferramenta de gestão para ela, é fundamental que (pelo menos no início) a avaliação esteja baseada nas próprias bases de dados do projeto. Sugiro a leitura do Manual sobre planejamento e avaliação de projetos sociais que escrevi para as organizações do Terceiro Setor, com orientações e exemplos práticos de avaliação. 


Pode parecer uma orientação óbvia, mas raramente as organizações sociais têm esse sistema de informações atualizado e com fácil acesso /ou pesquisa aos dados. Mais para frente, se for de fato necessário, poderão ser encomendadas avaliações de impacto strictu sensu


Bases de dados para a gestão do projeto 


Considerando que um determinado projeto esteja baseado em uma tecnologia social (e que essa já tenha uma metodologia de implementação), para cada iniciativa na comunidade, pode ser criada uma planilha para acompanhamento das atividades com a especificação do cronograma, responsáveis e custos (do tipo previsto X realizado). 


Pode ser criada uma planilha com os produtos (outputs) do projeto, vindo nas linhas as iniciativas em cada comunidade, e nas colunas os indicadores relevantes selecionados para serem acompanhados. Assim, essa planilha conseguirá mostrar ao longo dos anos todas as entregas do projeto. 


Bases de dados para acompanhar os resultados 


Também é importante organizar a base de dados do projeto de modo a conter as informações relevantes acerca do acompanhamento dos resultados de todos os participantes do projeto. Nessas planilhas de resultados (outcomes e impacts), cada linha contempla um participante, e na coluna os indicadores relevantes selecionados para acompanhar passagem dele pelo projeto: como ele era antes de iniciar o projeto (Marco zero); como ele ficou logo ao final do projeto (Marco 1 / resultados imediatos); e como ele ficou algum tempo depois, e qual foi a causalidade atribuída (por ele) ao projeto (Marco 2 / impactos).


Ver o esboço de uma planilha desse tipo

A fonte dos dados para alimentar essas planilhas deve ser o próprio cadastro dos participantes e/ou também a aplicação de questionários junto aos participantes como um todo, ou a uma amostra deles. 


Para subsidiar a construção (operacionalização) dos indicadores relevantes de resultado, sugiro tomar como referência a teoria da mudança do projeto, e também a realização de entrevistas em profundidade com alguns (poucos) beneficiários do projeto, selecionados de modo intencional. 


CONCLUINDO, tanto para as organizações com e sem fins lucrativos, o importante não é somente medir impacto social, mas sobretudo ter um processo contínuo de avaliação de impacto e de correções de rota.  É esse processo abrangente de avaliação que se deveria exigir da organização filantrópica que quer se transformar em negócio de impacto social – pelo menos, em um primeiro momento. 



Para saber mais:

A gestão integrada de dados é realmente importante para sua organização?

Painel de Visualização de Dados (dashboard): Apoio do ChatGPT para construção de visualizações

Painel de Visualização de Dados (dashboard): Fortalecendo a organização com o Google Looker - Parte 1.

Painel de Visualização de Dados (dashboard): Narrando o Impacto Social Positivo - Parte 2

A gestão integrada de dados é realmente importante para sua organização?


Uma mulher com cabelo escuro está sorrindo em círculo

Maria Cecília Prates é economista e mestre em economia pela UFMG, e doutora em administração pela FGV /Ebape. Pesquisadora na FGV / IBRE na área social por muitos anos, e depois tem feito monitorias, consultorias, pesquisas em avaliação de projetos sociais e RSC. Site: www.estrategiasocial.com.br 


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A boa gestão age diretamente sobre cada uma delas para transformar desafios em oportunidades: Na conversa do tipo “O que aconteceu?”, os participantes focam em quem está certo ou errado, partindo de suposições que levam ao ciclo de acusações e impedem a solução. Conforme o autor: “quando algo desagradável acontece, o foco da conversa gira em torno de quem está certo, quem está errado, quem disse o quê, quem deve assumir a responsabilidade e assim por diante. Passamos a discutir quase todos os detalhes.”. Exemplo de conflito – Projeto atrasado e disputa de culpa: ao desenhar a festa junina da organização, ficou faltando definir quem compraria e arrecadaria as prendas das barracas, gerando muito estresse no dia da festa. Logo, membros começaram a atribuir culpa uns aos outros: “Foi o time das coordenadoras”; “Não, foram vocês que não passaram direitos”; “Não me envolvam, eu fiz minha parte”. 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Inicialmente, vamos entender melhor o que são métricas? Métricas são números e dados que as redes sociais fornecem para mostrar o desempenho das publicações feitas por você ou pela sua ONG. Quando você publica algo no Facebook ou Instagram, essas redes sociais mostram quantas pessoas visualizaram, curtiram, comentaram ou compartilharam seu conteúdo. Saber interpretar essas informações é muito importante porque ajuda a sua OSC a entender o que está dando certo e o que pode melhorar na comunicação com o público. Ao entender melhor essas informações, você pode criar conteúdos que alcançam mais pessoas e ajudam sua organização a ter um impacto maior. Quais são as métricas mais importantes? Entender as principais métricas pode parecer difícil no começo, mas conhecendo cada uma delas fica muito mais fácil saber se sua comunicação está indo bem. Cada uma dessas métricas traz informações cruciais que ajudam a entender o comportamento do seu público e como melhorar as publicações da sua organização. Desvendando as siglas e abreviações das métricas CTR (Click Through Rate): porcentagem de pessoas que clicaram em um link após visualizá-lo. CPM (Custo por Mil Impressões): quanto custa mostrar seu conteúdo para mil pessoas. CPC (Custo por Clique): quanto você paga por cada clique no seu conteúdo. CPA (Custo por Aquisição): custo médio para que uma pessoa realize uma ação específica, como fazer uma doação. ROI (Return on Investment): retorno financeiro obtido em relação ao dinheiro investido em publicidade ou campanhas. KPI (Indicador-Chave de Desempenho): métricas específicas escolhidas para medir o sucesso das suas ações. Alcance e Impressões O alcance é o número de pessoas diferentes que viram sua publicação pelo menos uma vez. Quanto maior o alcance, mais pessoas diferentes foram alcançadas pelo seu conteúdo. Já as impressões mostram quantas vezes sua publicação apareceu nas telas das pessoas, contando inclusive aquelas que viram mais de uma vez (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Engajamento Engajamento é uma das métricas mais importantes porque mostra como as pessoas estão interagindo com seu conteúdo. Essas interações incluem curtidas, comentários, compartilhamentos e salvamentos. Um alto engajamento significa que as pessoas realmente gostaram do seu conteúdo e tiveram vontade de interagir com ele. Quanto mais engajamento, melhor você está se comunicando com o seu público (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Cliques Cliques mostram quantas pessoas clicaram no seu conteúdo ou nos links que você compartilhou. Essa métrica é especialmente importante quando você quer direcionar as pessoas para seu site ou para alguma ação específica, como um evento ou uma campanha de doação (COSTA, 2020). Crescimento de seguidores Essa métrica mostra quantas pessoas novas começaram a seguir sua ONG depois de ver suas publicações. Um crescimento constante de seguidores significa que você está conseguindo chamar a atenção e conquistar novas pessoas para sua causa (COSTA, 2020). Mas afinal, como essas métricas se relacionam? É muito importante não olhar apenas para uma métrica isoladamente. Por exemplo, se muitas pessoas veem sua publicação (alto alcance), mas poucas interagem com ela (baixo engajamento), pode ser que o conteúdo não esteja interessante o suficiente. Para entender se sua estratégia está funcionando, você precisa analisar diferentes métricas juntas, como alcance, engajamento e cliques. Isso ajuda a ter uma visão mais completa do desempenho das publicações (GOMES, 2018). Tipos de análises que você pode fazer Para usar bem as métricas, você pode fazer vários tipos diferentes de análises. Cada tipo serve para algo específico e ajuda você a entender melhor o desempenho das suas redes sociais, mostrando caminhos para melhorar sua comunicação. Análise simples A análise simples é a mais básica e mostra diretamente quantas pessoas viram ou interagiram com seu conteúdo (RECUERO, 2014). Comparação A análise comparativa é quando você compara resultados de diferentes publicações ou períodos. Por exemplo, você pode comparar o desempenho das publicações deste mês com as do mês passado para entender o que funcionou melhor e planejar conteúdos futuros (RECUERO, 2014). Previsão A análise preditiva usa dados antigos para tentar prever resultados futuros (RECUERO, 2014). Um exemplo é que se sabemos que entre novembro e dezembro há um aumento nas curtidas em posts relacionados a doações, construir conteúdo que fale sobre isso antecipadamente é uma forma de “prever” a procura e antecipar-se ao aumento de demanda. Redes sociais Analisar as redes sociais significa entender como as pessoas interagem umas com as outras no seu perfil ou página. Você pode descobrir quem são os principais seguidores, quais conteúdos são mais compartilhados e como essas conexões ajudam a espalhar sua mensagem para mais pessoas (GOMES, 2018). O que ter cuidado ao analisar os números? Ao analisar as métricas, você precisa levar em conta fatores externos que podem influenciar os resultados. Datas especiais, feriados ou eventos importantes podem aumentar ou diminuir a interação com suas publicações (as chamadas datas sazonais). Por isso, sempre olhe com cuidado e verifique se os dados são realmente representativos do desempenho geral (KAHNEMAN, 2012), todo o contexto deve ser levado em conta. Cuidado com erros ao analisar Existem alguns erros comuns ao analisar as métricas. Um deles é o viés de confirmação, que acontece quando você só presta atenção nos números que reforçam o que você já acredita. Outro erro é o viés de recência, que acontece quando você só leva em conta os resultados mais recentes, esquecendo resultados passados (KAHNEMAN, 2012). Como já dito. Recomendações O conteúdo do artigo foi baseado no conhecimento da autora e com referências de base científica. Caso você deseje ampliar o conhecimento acerca da temática, recomenda-se a leitura das fontes a seguir: COSTA, Felipe. Aplicação estratégica de métricas digitais. Panorama, Goiânia, v. 9, n. 2, p. 45-60, 2020. FERREIRA, Mariana; OLIVEIRA, Ana. Produção textual e interações sociais em plataformas digitais. Revista Comunicando, Lisboa, v. 5, n. 1, p. 10-23, 2015. GOMES, André. Dinâmicas de interações nas redes sociais digitais. Salvador: UFBA, 2018. KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2014. 
Por Maria Cecília Prates 4 de abril de 2025
Uma boa pergunta é sempre um motivo para reflexão. Como a pergunta que me foi feita uma certa vez pela diretora de uma ONG: “ na sua opinião, o que caracteriza um bom processo de Monitoramento & Avaliação (M&A) de projetos sociais? ” Ela me pediu para responder em poucas palavras.  Tomando por base o referencial da Teoria da Mudança ou do Marco Lógico , somos tentados a dar a resposta tradicional: um bom M & A é aquele que nos permite verificar se o que foi planejado, tanto em termos de processo e resultado, está ocorrendo e/ou ocorreu de fato. E, com isto, nos permite fazer as correções de rota necessárias, tanto “durante” quanto “depois” da iniciativa social. Mas, um bom M & A deve ir além, de modo a evitar o sério risco de cair na armadilha do planejamento . A ´ armadilha do planejamento ` é quando o plano inicial é visto como a situação ideal a ser atingida. Decorrem, daí, as definições para sucesso e fracasso. Sucesso é quando são alcançadas boa parte das metas previamente traçadas; já o fracasso é quando boa parte delas não são alcançadas. E se o plano inicial não se mostrar correto, mesmo tendo sido construído de forma participativa, com objetivos claros, bons indicadores e análise consistente do contexto social? Ou ainda, se com o desenrolar da intervenção, aquele plano for se tornando inadequado frente às novas circunstâncias que forem surgindo? Aliás, situação bem plausível, tendo em vista a realidade tão dinâmica em que vivemos atualmente. O plano não pode acabar funcionando como uma camisa de força para o projeto. Me fez lembrar a frase dita pelo ex-presidente americano Dwight Eisenhower, quando comandou o ´Dia D` da Segunda Guerra Mundial, “ Antes da batalha, o planejamento é tudo. Assim que começa o tiroteio, planos são inúteis ”. O ponto central é que planejar é fundamental, mas não podemos ficar prisioneiros do plano. Então, voltando aqui à pergunta inicial: O que caracteriza um bom processo de Monitoramento & Avaliação? Em poucas palavras: Um bom processo de M&A é aquele que serve como uma bússola para guiar os gestores do projeto. Sem dúvida, o pressuposto é o de que o planejamento tenha sido bem-feito, e há clareza de onde se quer chegar. E por que a comparação com a bússola? O processo de monitoramento e avaliação deve funcionar como uma bússola (para guiar o avião) no sentido de ser útil para orientar os gestores de uma dada intervenção se eles estão indo na direção correta. Então, o M & A vai indicar se estamos fazendo / fizemos a coisa certa, da maneira certa, de modo a potencializar os resultados pretendidos, tendo em vista os recursos disponíveis (financeiros, humanos, experiências, aprendizados e parcerias). O interessante da bússola é justamente a sua capacidade em ir se adaptando ao percurso, até chegarmos ao destino final. Tal como a bússola, também um bom Monitoramento & Avaliação deve ser percebido como um processo dinâmico, e não como um sistema estático de indicadores, não raras vezes com a exigência de métodos complexos para a sua estimativa.
Por Pollyana Bonvecchi 27 de março de 2025
Recentemente, montei uma estrutura para conduzir um processo seletivo de voluntárias aqui na Phomenta. Algumas pessoas me perguntaram por que eu estava desenvolvendo etapas que deixariam o processo mais complexo e se eu não tinha receio de que as pessoas desistissem devido à complexidade. Vou compartilhar o que respondi, explicar a importância dessa estrutura e como conseguimos atrair e manter perto de nós as pessoas que realmente querem contribuir. Por que desenhar um processo seletivo estruturado para voluntárias? Desenhar um processo seletivo com etapas claras e bem definidas é essencial para assegurar que as candidatas se comprometam verdadeiramente com cada fase e reflitam se o voluntariado faz sentido para elas. Esse tipo de processo não é apenas uma forma de selecionar os melhores talentos, mas também de verificar se aquelas que se juntam a nós compartilham dos nossos valores e estão alinhadas com o nosso propósito. Um processo seletivo mais detalhado permite identificar quem está realmente disposta a se envolver e quem está apenas explorando uma oportunidade. Divulgação da vaga Para começar, definimos claramente os papéis e responsabilidades, além do tempo de dedicação esperado para as voluntárias. Tudo isso foi explicitado na divulgação da vaga, para que, desde o início, as expectativas estivessem claras para as interessadas. Primeira etapa - triagem de candidatas Após receber as inscrições, realizamos uma triagem criteriosa, avaliando as competências e habilidades das candidatas. Selecionamos aquelas que mais se alinhavam com o perfil que buscávamos e enviamos um e-mail informando sobre as próximas etapas do processo. Segunda etapa - entrega e dinâmica de grupo Nesta etapa, solicitamos uma tarefa prática e informamos que haveria uma dinâmica em grupo. Esse momento foi crucial para observar o comprometimento das candidatas e, como esperado, algumas pessoas desistiram. Isso, no entanto, deixou apenas aquelas que estavam realmente interessadas em seguir adiante e que tinham um verdadeiro desejo de contribuir. Terceira etapa - Seleção final Com base nas etapas anteriores, escolhemos as candidatas que melhor atenderam aos critérios e que demonstraram maior afinidade com a cultura da Phomenta. Em seguida, comunicamos as selecionadas e agendamos da integração para integrar aquelas que iriam começar conosco. Integração A integração na Phomenta é muito mais do que uma simples introdução. É o momento propositivo para apresentarmos o propósito da nossa organização e garantir que todas estejam na mesma sintonia, super motivadas a alcançar os nossos objetivos. Quando nossas voluntárias entendem o impacto social que o seu trabalho pode gerar, o engajamento cresce e o compromisso fica mais forte. Assim como toda nova integrante de um time, as voluntárias precisam mergulhar na nossa cultura organizacional. A integração é uma oportunidade para elas se familiarizarem com características fundamentais da nossa cultura dentro da Phomenta: como nos comunicamos, como trabalhamos, e quais comportamentos valorizamos. Isso facilita a adaptação e ajuda as voluntárias a se sentirem parte do nosso grupo desde o primeiro dia! Durante a integração, é essencial esclarecer o que esperamos de cada uma, desde funções e responsabilidades específicas até o impacto que seu trabalho terá. Essa clareza evita confusões e permite que as voluntárias saibam exatamente como podem brilhar e fazer a diferença. Uma integração bem-planejada faz toda a diferença! Ela aumenta o comprometimento das voluntárias e ajuda a reduzir a rotatividade. Quando elas se sentem acolhidas, bem-informadas e preparadas, é muito provável que continuem engajadas e contribuam com a gente por um bom tempo. Além disso, a integração é a chance perfeita para construir conexões genuínas entre voluntárias e phomenters. Ela cria aquele sentimento gostoso de comunidade e pertencimento, que é essencial para manter a motivação em alta. E tem mais: durante a integração, incentivamos as voluntárias a darem seu feedback sobre a experiência. Isso nos ajuda a fazer ajustes e melhorias, garantindo que todas se sintam apoiadas e que nossa abordagem esteja sempre alinhada com as expectativas. A seguir alguns comentários sobre o processo:
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