A pergunta que gostaríamos de fazer para você hoje é: você já ouviu falar de investimento social privado?
Muitas vezes, a gente se depara com essas palavras por aí, lemos em algum texto, encontramos em algum site, mas até onde você já foi atrás para entender mais o que essas palavras significam? E como você pode utilizá-las em favor da sua organização?
Vamos supor que nesse momento você faz parte de uma ONG* e está buscando novos parceiros e diferentes formas de captar recursos para executar suas atividades. Você se depara com diversas formas de receber apoio de Associações*, Fundações* e Institutos Empresariais*, como: doações de materiais, editais para inscrever os projetos da organização, oportunidades de capacitação, voluntariado e uma dessas possibilidades é o Investimento Social Privado - uma forma de apoio e parceria a longo prazo com uma organização privada.
O Investimento Social Privado (ISP) é um repasse financeiro de uma organização privada - como empresas, fundações e institutos - para projetos que visem a transformação da sociedade nas mais diversas vertentes.
Na prática, o ISP se diferencia das ações assistencialistas (ações isoladas ou momentâneas de assistência), pois há uma maior preocupação com o planejamento, monitoramento, processo de avaliação e impacto das ações realizadas.
Além disso, os institutos e fundações que trabalham com esse tipo de ação, quase sempre buscam organizações que estão alinhadas com seus negócios (causas, atividades, localidade).
A Phomenta atua com educação em gestão e inovação para empreendedoras e empreendedores do 3º setor, dentre as frentes de atuação de 2021, tivemos a Jornada de Inovação Social.
Ela consistia em uma jornada com foco em projetos específicos das organizações participantes para o fomento de geração de receita. No final do processo, uma organização recebeu um investimento para colocar em prática a ação.
Por que isso foi um Investimento Social Privado? Porque a ONG mapeou a melhor forma de utilizar o capital financeiro, preestabeleceu indicadores de impacto e há um acompanhamento dos resultados durante todo o ano de 2022.
A utilização do ISP é interessante pois gera uma aproximação entre a organização e o investidor, facilitando as trocas, aproximando as duas partes e deixando um caminho mais aberto para novos projetos.
Não existe uma receita pronta para isso, mas deixamos uma sugestão de possíveis caminhos que podem ajudar nesta busca:
A cada 2 anos, o GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas) divulga um Censo com dados sobre o Investimento Social Privado através de uma detalhada análise sobre o capital financeiro.
O relatório contém mais de 200 páginas que podem ser acessadas gratuitamente pelo site. Conhecer sobre este tipo de investimento no Brasil, poderá auxiliar em novas conversas com as partes interessadas de cada organização e em planejamentos estratégicos de atuais e futuros projetos. Pensando nisso, traremos a seguir alguns destaques e reflexões sobre o material.
84% dos Institutos, Fundações e Fundos Filantrópicos Familiares foram criados a partir dos anos 2000, sendo que quase metade (46%) deles surgiu após 2010, o que confirma a percepção de crescimento dessas organizações no campo do investimento social privado na última década.
64% dos investidores sociais repassaram recursos financeiros para ONGs, mobilizando um total de R$2,16 bilhões. Sendo que 42% deste valor foi apoiado por Institutos, Fundações e Fundos Filantrópicos Empresariais.
Como discutimos acima, existem diversas formas de captar recursos para a manutenção das atividades e é preciso uma análise do que faz mais sentido para cada organização, sejam doações de pessoas físicas, bazares (caso queira saber mais sobre este ponto, acesse o e-book) ou até o Investimento Social Privado.
Essa forma de investimento tem crescido nos últimos anos, como mostramos acima, e pode ser interessante para se aproximar de empresas alinhadas ao propósito da sua OSC e firmar parcerias de longo prazo.
Recomendamos que leiam também o artigo “Como montar propostas comerciais para empresas” para a organização se preparar cada vez mais para novas oportunidades e parcerias. Boa leitura!
Bruno Faloppa
Dominic Biffi
Referências:
Censo Gife 2020 - https://sinapse.gife.org.br/download/censo-gife-2020
Manual do Terceiro Setor-
https://www.abong.org.br/final/download/manualdoterceirosetor.pdf
Definições:
*ONG:
Organização da Sociedade Civil (OSC) ou Organização Não Governamental (ONG): Os dois nomes são utilizados para denominar o mesmo grupo, organizações formadas para atuar em cima dos problemas complexos da sociedade.
*Terceiro Setor: muitas vezes, entende-se o Terceiro Setor como iniciativas que não são relacionadas ao Governo (Primeiro Setor) e não visam o lucro do mercado (Segundo Setor). Porém, essa definição apenas mostra o que ele não seria, sendo que, na realidade, é essencial entendermos o que o mesmo representa:
“Conjunto de organizações privadas, sem fins lucrativos, que visam atuar em objetivos públicos e sociais em busca da melhoria contínua da sociedade, mesmo não sendo parte do governo público.”
*Instituto Empresarial: organizações sem fins lucrativos criadas e mantidas por uma empresa ou seus acionistas.
*Associação: união de pessoas, que se organizam para um determinado fim.
*Fundação:
organização de um patrimônio (conjunto de bens) destinado a um objetivo determinado.
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O Portal do Impacto tem o objetivo de compartilhar conteúdos gratuitos para as Organizações da Sociedade Civil (OSCs ou ONGs) e seus empreendedores nos temas de gestão, captação de recursos, tecnologia, comunicação e outros temas relevantes para o Terceiro Setor.
As opiniões manifestadas nos conteúdos de terceiros apresentados neste portal são de exclusividade das pessoas que as manifestaram, não responsabilizando a Phomenta. Todo o conteúdo é orientativo e tende a ser prático, mas recomendamos a procura de especialistas locais para implementação de ações, considerando a realidade da OSC.