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Um bom material de prospecção vai ajudar a diversificar suas fontes de financiamento

jun. 15, 2023

Este conteúdo foi produzido por Daiane Dutra

Uma apresentação institucional é uma ferramenta fundamental para conduzir uma boa mesa de negociação com financiadores e/ou investidores sociais, além de ser um ótimo exercício para criar o roteiro do seu pitch. 


O pitch é uma apresentação curta e objetiva de uma ideia, produto, projeto ou serviço, que tem o objetivo de conquistar a atenção e o interesse de potenciais investidores, parceiros ou clientes. Ela é capaz de transmitir a imagem e os valores de uma organização a potenciais investidores e parceiros. 


Quando se trata de uma organização da sociedade civil, a apresentação se torna ainda mais crucial, pois é preciso transmitir não só a sua proposta de projeto que você quer captar recursos, mas também a sua relevância e impacto social. Uma boa apresentação institucional é capaz de despertar o interesse e a confiança dos financiadores/investidores, gerando oportunidades de captação de recursos e parcerias que podem contribuir de maneira relevante para a sua sustentabilidade financeira. 


Nesse sentido, é fundamental que a organização saiba se comunicar para gerar conexões verdadeiras quanto às suas intenções e o seu potencial de impacto, além de apresentar com transparência suas práticas e resultados.


Conseguir marcar uma reunião com financiadores/investidores em potencial é uma grande oportunidade para qualquer organização. É a chance de dar o primeiro passo para uma parceria estratégica que vai render muitos frutos para sua organização, mas também de exercitar a escuta sobre como aquela sua ideia, projeto ou organização pode gerar engajamento com esse público.


Para aquelas ONGs que ainda não possuem este material, essa é a hora de colocar a mão na massa e elaborar uma apresentação bonita, consistente, com palavras-chave destacadas numa linguagem bem direta e objetiva.


E aqui, quero frisar que uma boa apresentação não se resume a responder perguntas básicas como "quem somos" e "o que fazemos", pois ela vai além na busca para gerar emoção e conexão com a pessoa que está do outro lado. 


É importante despertar a curiosidade, a empatia e o engajamento desde o início da apresentação. Uma apresentação que emociona é capaz de deixar uma marca duradoura na memória e criar uma conexão forte com a causa ou organização que está sendo apresentada. 


Por isso, é importante que a apresentação tenha uma narrativa envolvente, com histórias inspiradoras, números alcançados e exemplos concretos do impacto positivo que a organização está gerando no mundo.

 

Para ajudar, deixo aqui 5 passos que eu utilizo para criar as apresentações para as organizações na minha Consultoria:


  1. Conheça o seu público-alvo: quem são seus financiadores ou investidores? Quais suas palavras-chaves? É importante responder essas perguntas para que possa adaptar o conteúdo e a abordagem que você vai utilizar.
  2. Use uma linguagem simples e objetiva e imagens fortes: uma boa apresentação institucional deve ter poucas palavras e muitas imagens impactantes. Evite jargões e termos técnicos, que podem confundir e afastar, mas use o máximo de fotos reais de pessoas para ilustrar o material e mesclar com lindas fotos abstratas gratuitas de banco de imagem (eu uso bastante o Unsplash e o Canva);
  3. Conte uma história: uma história envolvente e inspiradora pode ajudar a conectar emocionalmente. Use exemplos concretos do impacto positivo que a organização está gerando para ilustrar a sua proposta, você pode fazer isso usando vídeos curtos ou usando aspas de uma pessoa que foi impactada pela sua organização;
  4. Apresente resultados concretos: mostre números e estatísticas que comprovem a eficácia e a relevância do trabalho da organização. Isso pode gerar credibilidade e confiança aos ouvintes. Dê destaque para os números.
  5. O layout é importante para encantar: hoje temos os templates do Canva que já trazem centenas de opções gratuitas, mas se você puder investir, super indico a versão paga que disponibiliza outras ferramentas para incrementar a sua apresentação. Ter uma identidade unificada também é importante para mostrar a profissionalização da sua entidade. Trazer para a apresentação a linguagem que você já usa nas redes sociais e em outros materiais vai ajudar também. 
  6. Demonstre seu reconhecimento: mostrar autoridade é também uma parte importante de uma boa apresentação institucional. Isso envolve apresentar experiência, capacidade de gestão e conhecimento profundo sobre o assunto, apresentando prêmios, outros projetos desenvolvidos, publicações na mídia etc. Quando o público percebe que a organização tem conhecimento e experiência na área em que atua, isso pode gerar confiança e credibilidade para que se inicie uma boa e duradoura parceria.


Que tal começar por aí?


Em resumo: este documento pode ser feito diretamente no PowerPoint (na nuvem ou não) ou utilizando os recursos do Canva como já falamos anteriormente. Independente da ferramenta, o importante é contar histórias, através de elementos de storytelling e roteirizar o que você quer levar de mensagem na reunião. Dê visibilidade ao que as suas ações podem solucionar, suas entregas e bons resultados, histórias inspiracionais e ainda parceiros e clientes que já apostaram na sua solução e se uniram à sua causa.


Quando esses passos são seguidos e combinados de forma estratégica, é possível criar uma apresentação que pode ser o seu grande diferencial para alcançar o sucesso na sua mesa de negociação.


Criatividade, proatividade e uma pitada de mão na massa é tudo que você precisa. 


Vamos de mãos dadas!



Daiane Dultra


Mobilizadora de recursos com mais de 15 anos de experiência na área, já liderou projetos de impacto nos temas de equidade de gênero, resiliência climática e desenvolvimento. Possui uma consultoria focada em sustentabilidade financeira para ONGs e um projeto de democratização do conhecimento sobre captação nas redes sociais e YouTube, disponível em daianedultra.com.


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De acordo com o pesquisador brasileiro Ewerton Naves Dias, Ph.D em Psicologia pela Universidade do Porto, no Coping , consideramos o estresse como algo contextual, “o que significa que se trata de um processo de relação entre a pessoa e o ambiente e que se transforma ao longo do tempo. Desse modo, ele é definido como uma situação avaliada pelo indivíduo como significativa e com demandas que excedem seus recursos para lidar com o respectivo evento”. Diferente dos mecanismos de defesa, que acontecem de forma inconsciente, as estratégias de enfrentamento utilizam-se da percepção da pessoa frente ao evento estressor, desencadeando pensamentos avaliativos sobre suas ferramentas internas e externas e o controle ou não da situação, a fim de escolher sua forma de lidar com a situação. Categorias ou possibilidades de enfrentamento Apesar de Lazarus e Folkman definirem as duas principais categorias de enfrentamento, podemos encontrar na literatura algumas variações dessas estratégias, sendo as mais comuns: 1) Enfrentamento com foco no problema: Quando acredita-se que é possível alterar aspectos do ambiente, diminuindo ou eliminando os fatores de estresse e atuando de forma ativa. Alguns exemplos de ações, baseadas no contexto organizacional do Terceiro Setor, são: Análise crítica e detalhada do problema gerador de estresse Conversas individuais com pessoas que estão diretamente envolvidas na situação Conversas em grupo ou equipe, caso seja uma questão que influencie o bem-estar de várias pessoas Planejamento e criação de resoluções coletivas de enfrentamento ao problema Busca de apoio externo de especialistas 2) Enfrentamento com foco na emoção: Baseado na crença de que o ambiente é pouco alterável ou imutável, o indivíduo busca recursos para lidar com os sentimentos derivados do estresse, de forma a prolongar sua permanência na situação até que as circunstâncias mudem. Este é um tipo de enfrentamento moderado e pode ser realizado com: Fortalecimento de técnicas de autocontrole emocional Busca de apoio social (inclusive de colegas de equipe) ou psicológico para a descoberta de novas possibilidades de enfrentamento Investimento em hobbies ou atividades de lazer que minimizem os sentimentos negativos e promovam distração Desenvolvimento de práticas espirituais ou religiosas 3) Enfrentamento evitativo: Esta estratégia considerada passiva, também fundamentada na crença de que não há controle sobre as circunstâncias, engloba o afastamento, fuga, esquiva ou desligamento mental do problema. Aqui a pessoa escolhe evitar o conflito, lidar com os sintomas do estresse e economizar energia emocional. Qual estratégia usar? Os estudos que avaliam a predominância e a eficácia da utilização de cada tipo de coping divergem de acordo com o público pesquisado, considerando, no entanto, a variabilidade dos diferentes tipos de personalidade. Por exemplo: Uma análise feita com trabalhadores de CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) em Campinas (ZANATTA, 2019), verificou que a estratégia mais utilizada pelos profissionais destes espaços foi a de resolução de problemas, onde há a elaboração de planos de ação e alternativas com o objetivo de resolução da situação. Pesquisas realizadas com profissionais da saúde que trabalham em hospitais e analisadas pela Profª Drª Liliana Antoniolli (2022), afirmam que o coping mais utilizado pelas entrevistadas eram os baseados no enfrentamento com foco na emoção, onde empregavam um esforço cognitivo para ressignificar as experiências laborais “controlando emoções, como tristeza, medo e estresse, que emergem devido a situação conflitante”. Observa-se que a tendência de utilização de cada estratégia está positivamente ligada à experiência e idade dos profissionais, sendo que, quanto maiores mais o profissional tenderia a utilizar o enfrentamento com o foco no problema, enquanto os mais jovens tendem a escolher com mais frequência o afastamento (ou evitação) do estressor, por meio de um isolamento autoimposto. Outra proposta de estratégias de coping defendida pelo pesquisador Caryl Rubust (1988), da Vrije Universiteit em Amsterdã , Holanda , destacou outras quatro alternativas de enfrentamento, relacionadas ao ambiente de trabalho, que ele chamou de EVLN (Exit/Voice/Loyalty/Neglect), traduzido para o português como: saída, voz, lealdade e negligência. Nelas, o indivíduo escolheria: Saída: Sair do trabalho e encontrar um emprego melhor Voz: Tentar melhorar a situação conflitante com a sua voz Lealdade: Ser motivadas a apoiar ativamente a organização, ignorando seus incômodos Negligência: Concentrar-se em seus interesses não relacionados ao trabalho e "negligenciar" sua situação de trabalho insatisfatória De acordo com Lazarus e Folkman, as Estratégias de Enfrentamento ainda podem ser Adaptativas ou Desadaptativas, ou seja, quando as estratégias utilizadas são saudáveis e conseguem minimizar os sentimentos desagradáveis e desmotivadores são consideradas positivas/adaptativas. Em contraponto, quando não são saudáveis (recorrer a um vício como o cigarro, drogas ou bebidas alcoólicas, por exemplo) a estratégia é considerada negativa/desadaptativa. Como o Terceiro Setor tem lidado com os sintomas de estresse? Na “Pesquisa - A Saúde Mental e o Bem-Estar dos profissionais do Terceiro Setor ”, publicada pela Phomenta, em 2023, foram utilizados alguns questionamentos quanto às estratégias que as pessoas entrevistadas usavam para lidar com os sintomas de estresse oriundos do trabalho nas organizações sociais brasileiras, e encontramos nos resultados que: 69% relataram realizar atividades físicas 66% procuraram ajuda profissional de psicólogos, psiquiatras ou outros tipos de terapias alternativas 20% fazem uso regular de medicamentos calmantes e/ou ansiolíticos Percebemos com esses dados, que a maior parte das estratégias utilizadas pelos respondentes da pesquisa são do enfrentamento com foco na emoção, o que pode amenizar temporariamente a angústia e a desmotivação de quem passa por estresse de forma recorrente, mas que a médio prazo acaba gerando a saída deste colaborador, o que podemos observar nas altas taxas de rotatividade do setor. As Profª Drª Mary Sandra Carlotto e Sheila Gonçalves Câmara da Universidade Luterana do Brasil - ULBRA/Canoas, em suas pesquisas na área da educação, concordam com a constatação de que as estratégias de coping focadas no problema são estratégias adaptativas (positivas) que auxiliam os profissionais a enfrentar os problemas que surgem em seu ambiente organizacional. Elas também acrescentam que esse estilo de enfrentamento pode levar a um aumento dos níveis de realização profissional. Apesar de várias organizações sociais no Brasil relatarem, na Pesquisa da Phomenta (2023), que já estão implementando ações para amenizar os sintomas de estresse de seus colaboradores, como apoio psicológico, momentos de confraternização e lazer, formações e palestras, dentre outras, e estarem discutindo temáticas relacionadas à saúde mental e ao bem-estar, as mesmas ações precisam de coerência prática para realmente efetivar uma melhora da saúde coletiva. A publicação ressalta: “[...] é crucial que a organização não apenas introduza tais medidas, mas também promova mudanças que abordem os causadores de estresse, como o excesso de demanda e prazos apertados. A saúde mental não é apenas sobre discutir ou promover a conscientização, é também sobre criar um ambiente de trabalho sustentável onde os trabalhadores se sintam apoiados em suas rotinas diárias. Quando a liderança trabalha horas excessivas e perpetua um senso de urgência, por exemplo, isso pode enviar uma mensagem contraditória à equipe, sugerindo que, apesar das iniciativas de bem-estar, a cultura de trabalho exaustivo ainda prevalece”. Autoavaliação Como enfatizado no início do texto, o coping tem como característica principal a escolha consciente de sua reação frente ao estresse, o que nos leva a crer que para ser feita da forma mais eficaz, deve ser percebida, avaliada e monitorada com o passar do tempo. Dessa forma, faça agora uma autoavaliação de quais têm sido suas escolhas frente aos desafios do dia-a-dia, principalmente relacionados ao trabalho no Terceiro Setor. Avalie também quais têm sido as formas de enfrentamento utilizadas pelas pessoas em sua equipe ou em sua organização, para que se certifiquem de que por meio do apoio mútuo possam criar formas de lidar com o estresse enfrentando o problema. Referências Antoniolli, Liliana; Vega, Edwing Alberto Urrea Vega; Haack, Pâmela; Duarte, Andrey Godoy; Macedo, Andréia Barcellos Teixeira; Souza, Sônia Beatriz Cócaro de; Coping dos profissionais da enfermagem: revisão integrativa de literatura. Open Science Research - ISBN 978-65-5360-055-3 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org - Vol. 1 - Ano 2022 CARLOTTO, Mary Sandra; CÂMARA, Sheila Gonçalves. Síndrome de Burnout e estratégias de enfrentamento em professores de escolas públicas e privadas. Psicologia da Educação, vol. 26, n. 1, p. 29-46, 2008. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-69752008000100003 . Acesso em: 08 mar. 2023. DIAS, Ewerton Naves; PAIS-RIBEIRO, José Luís. O modelo de coping de Folkman e Lazarus: aspectos históricos e conceituais. Rev. Psicol. Saúde, Campo Grande , v. 11, n. 2, p. 55-66, ago. 2019 . Disponível em < http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2177-093X2019000200005&lng=pt&nrm=iso >. acessos em 10 mar. 2024. http://dx.doi.org/10.20435/pssa.v11i2.642. Lazarus, R., & Folkman, S. (1984). Stress appraisal and coping. New York: Springer. PHOMENTA. Pesquisa: A saúde mental e o bem-estar dos trabalhadores do terceiro setor. Campinas: SP. 2023. Disponível em: https://www.phomenta.com.br/pesquisa-saude-mental-e-bem-estar RUSBULT, C. E.; FARREL, D.; ROGERS, G. e MAINOUS III, A. G. (1988), «Impact of exchange variables on exit, voice, loyalty and neglect: an integrative model of responses to declining satisfaction». Academy of Management Journal, vol. 31(3), pp. 599-627. Zanatta AB, Lucca SR, Sobral RC, Stephan C, Bandini M. Estresse e coping entre trabalhadores de centros de atenção psicossocial do interior do estado de São Paulo. Rev Bras Med Trab.2019;17(1) DOI:10.5327/Z1679443520190300:83-89 Coping: estratégias para enfrentar períodos estressantes ou Coping: mais saúde mental em períodos estressantes ou Coping, estratégias de saúde mental em períodos estressantes
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