Série Indicadores - Planejamento e Construção

4 de novembro de 2022

Este conteúdo foi produzido por Catherine Jimenez


Vamos relembrar?


No último artigo, destaquei a ferramenta comum entre as atuais metodologias para a mensuração de resultados: os indicadores.


Além disso, compreendemos que o uso de indicadores - em projetos sociais - não só apresentam números, como também, representam as transformações locais conquistadas.


Inclusive, este tipo de visão tem sido debatido em muitos eventos do terceiro setor. Algumas semanas atrás, participei do FiiS - Festival Internacional de Inovação Social, em São Paulo, onde especialistas trouxeram a necessidade das empresas financiadoras entenderem que seres humanos precisam ser vistos como seres humanos e não somente como números e metas. Levantando assim, a necessidade do nosso setor de apresentar metodologias específicas que representem todo o nosso trabalho e seu resultado.


E por falar em metodologias, no texto Série "Indicadores - Do Caos à Mensuração" - Apresentação, prometi que nesta série ensinaria um formato de desenvolvimento e controle de indicadores a partir de um fluxo que denominei como PCA (Planejamento, Construção e Acompanhamento), o qual é baseado no PDCA (Plan, Do, Check, Action), um método de gestão que contribui para o controle e melhoria contínua dos projetos de forma cíclica.


Hoje, focaremos nas etapas de: Planejamento e Construção. 


Reflexão inicial


Antes de aprofundarmos, vamos conversar sobre implementação de metodologias?


Tenho recebido dores de algumas organizações que alegam que a utilização de metodologias e padronizações não estão sendo efetivas. Em meio aos desabafos, percebo um padrão nas queixas, que incluem frases como: “a implementação nem sempre é bem aceita”, “não consigo ensinar a minha equipe”, “a metodologia não é 100% adaptável ao nosso cenário”, etc.


Meus amigos, uma novidade! Isso acontece com todos nós! 


E é por este motivo que gosto do conceito de “mosaico da gestão”.


O mosaico de gestão nada mais é do que você absorver o melhor de cada metodologia, escolher as ferramentas mais assertivas, adaptar para o seu contexto e, consequentemente, obter melhores resultados!


Este movimento acontece até mesmo no setor comercial. Acreditem, as empresas não conseguem implementar 100% do PMBok (guia Project Management Body of Knowledge é um conjunto de práticas na gestão de projetos organizado pelo Project Management Institute (PMI), sendo considerado a base do conhecimento sobre gestão de projetos por profissionais da área).


Neste artigo, apresentarei a vocês um mosaico, onde peguei o melhor do PDCA e do Project DPRO, Guia de Gerenciamento de Projetos para Profissionais de Desenvolvimento (saiba mais), para conseguirmos trabalhar com indicadores no dia a dia.


Não sofra, adapte e continue em constante desenvolvimento!


Introdução


Vamos lá! Abaixo apresento as duas primeiras etapas do PCA: planejamento e construção dos indicadores. 


Lembrando que este é um passo a passo para coordenadores e gestores que estão iniciando neste processo de desenvolvimento de um plano de monitoramento e avaliação (espero que seja um conteúdo que contribua com o sumiço do “monstro do monitoramento” da vida de vocês).


O Planejamento


Na etapa de planejamento, realizaremos uma análise do escopo do projeto. Para isso, recomendo que abram a teoria da mudança (TM). Caso vocês ainda não tenham, recomendo que verifiquem o artigo  da Luiza Campos aqui do Portal.


Ler agora: Por dentro da Teoria da Mudança


Na TM, você encontrará 4 níveis, sendo eles: Atividade, Resultado, Objetivo e Impacto. Os níveis de ATIVIDADE e RESULTADO fazem parte do MONITORAMENTO, enquanto o OBJETIVO e IMPACTO serão a AVALIAÇÃO:



Considerando estas informações, leia a teoria da mudança e siga as etapas abaixo para realizar o PLANEJAMENTO da construção dos indicadores:


  1. Olhando para a sua teoria da mudança, quais seriam as ações do projeto? (oficinas, distribuição de materiais, aulas teóricas, etc.).

  2. Escreva estas ações determinando as informações que você necessita em relação a elas.


Exemplo:

Na teoria da mudança podemos ter: “Realização de encontros com as famílias sobre a temática de sustentabilidade e realização de oficinas, na mesma temática, com jovens do ensino médio”

Como iremos escrever:


  1. Quantidade de oficinas aplicadas;
  2. Quantidade de materiais distribuídos aos estudantes;
  3. Quantidade de jovens cadastrados nas oficinas;
  4. Quantidade de encontros com os familiares.


3. Subindo para o nível de resultados, iremos compreender quais informações devemos obter para comprovar que as ações foram efetivas:


Exemplo:


  1. Quantos certificados foram emitidos
  2. Nível de satisfação dos estudantes perante cada oficina e materiais
  3. Nível de satisfação dos familiares em relação à rodas e materiais
  4. % de pessoas presentes em relação às cadastradas 


A partir daqui, entramos para o grupo de AVALIAÇÃO e seguiremos na mesma linha, contudo, precisaremos realizar uma análise um pouco mais profunda. Por exemplo:

Caso o seu objetivo, com base em nosso case, seja “Aumentar o número de famílias que passaram a praticar a reciclagem na comunidade X na Zona Leste de SP e se tornaram multiplicadoras do tema sustentabilidade”, você precisará escrever, quais informações você considera como essenciais para a comprovação deste objetivo. Exemplo:


a. Quantidade de famílias que passaram a realizar reciclagem em suas casas.

b. Quantidade de jovens que hoje participam do grupo de multiplicadores do conhecimento verde pelo projeto.

c. % de pais que hoje apoiam os filhos em ações de reciclagem.

d. % de família que passaram a ganhar um dinheiro extra realizando reciclagem. 


Já ao nível de IMPACTO, precisamos, primeiramente, lembrar que é algo MUITO maior, algo que sozinho a organização não conquistará. Desta forma, olhando para o impacto planejado em sua teoria da mudança, quais informações precisamos ter para comprovar que contribuímos com o impacto?

Continuando o nosso case, considere que o nosso impacto seja “Contribuir com o aumento da conscientização ambiental na zona leste de SP”

Para realizar esta comprovação, você poderia obter informações como:


a. % de família que passaram a realizar não só a reciclagem como outras ações dentro de casa que contribuem com a temática ambiental. Exemplo: economia de água, de luz, etc.

b. % de jovens que seguem sendo multiplicadores verdes no projeto e construíram hábitos em suas comunidades.

c. % de lixo gerado em relação ao ano de implementação do projeto x atualmente (que será alguns anos após).

d. Número de novas ações que a comunidade tem realizado para além do que foi proposto no projeto. 


Ao fechar esta etapa, você saberá, de forma clara, quais informações você precisará obter e estará apto para a construção dos indicadores.

A Construção


Agora que você já identificou quais serão os pontos dos projetos que serão monitorados e avaliados, precisamos aprender a CONSTRUIR um indicador, e muito provavelmente você já ouviu falar dos indicadores SMART. 


O indicador SMART é COMPLETO, ele apresentará todas as informações necessárias para uma futura pesquisa. Gosto de pensar que o acrônimo SMART é um check list para nunca esquecermos o que precisa ter no indicador. Veja a imagem da MEREO que explica o que é cada área:



Note que podemos dividir o SMART em 2 categorias: Temático x Numérico.

No temático, temos que o indicador precisa ser: específico (falar sobre algo específico) e relevante (é algo de fato relevante para a minha pesquisa?)

No numérico falamos sobre ser: mensurável (apresenta algum número ou % sobre o que você está avaliando?), alcançável (a meta colocada faz sentido com o cenário atual para ser batida?) e temporal (quando ela deverá ser alcançada?).

Geralmente, quando vemos as metodologias atuais de construção de indicador, nós construímos a teoria da mudança e logo já passamos para o desenvolvimento dos indicadores. Desta forma, o que apresento na etapa de PLANEJAMENTO do PCA, geralmente, é algo que os coordenadores e gerentes fazem mentalmente, contudo, quem está começando acaba se perdendo, sendo assim, o nosso planejamento vem como um NORTE para quem está iniciando nesta vida de uso do plano de monitoramento e avaliação.


Com isso, como uniremos o planejamento e a construção?


1. Resgate as informações que você anotou de cada nível. Exemplo: Ao nível de atividades nós tínhamos:

a. Quantidade de oficinas aplicadas.

b. Quantidade de materiais distribuídos aos estudantes.

c. Quantidade de jovens cadastrados nas oficinas.

d. Quantidade de encontros com os familiares.


Você irá olhar para esta anotação, realizará um check list do SMART e incluirá as informações que faltam. Veja:

a. Número de oficinas de sustentabilidade aplicados aos jovens de ensino médio até o final dos 8 meses de projeto. 

b. Número de kits de estudo entregues aos estudantes do ensino médio até maio de 2022. 

c. Número de estudantes cadastrados e aptos para participarem do projeto até o fim do ciclo de inscrições. 

d. Número de rodas de conversa realizados com os familiares até o final dos 8 meses de projeto.


Note que nós já sabíamos o que precisamos obter, contudo, era necessário completar estas informações para que ele ficasse mais claro, tornando-se um INDICADOR SMART.

Este movimento deverá ser realizado com todos os níveis seguintes: Resultado, Objetivo e Impacto. Abaixo deixo 1 exemplo de cada nível:

Resultado:


a. Quantos certificados foram emitidos
- Número de certificados emitidos para os estudantes de ensino médio até o final dos 8 meses de projeto.


Objetivo:


b. Quantidade de jovens que hoje participam do grupo de multiplicadores do conhecimento verde pelo projeto
- Número de jovens que fazem parte do grupo de multiplicadores verdes construído pelo projeto e que seguem disseminando o conhecimento após 1 ano de projeto implementado.


Impacto:


c. Número de novas ações que a comunidade tem realizado para além do que foi proposto no projeto.
- Número de novas ações de sustentabilidade identificadas na comunidade x da Zona Leste consideradas frutos do projeto e lideradas por ex-participantes após 2 anos de projeto implementado.


Para facilitar este processo, deixarei para download um canvas para realizarem a construção dos indicadores e um check list das características de um indicador SMART!


Baixar Canvas Indicadores


No próximo artigo, retomaremos este tema e iremos para a última etapa: ACOMPANHAMENTO!





Coordenadora de Projetos Sociais, formada em Gestão Ambiental pela USP, MBA em Comunicação e Marketing pela USP, Certificada em Project Dpro e Gestora e Mentora na GPS Social. 


Contato: catherinejimenez.jz@gmail.com


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Últimas publicações

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O Movimento Bem Maior (MBM) acaba de disponibilizar o Case Institucional do Futuro Bem Maior, publicação que reúne dados, aprendizados e histórias de impacto das três primeiras edições do programa, realizado desde 2019 em parceria com o Instituto Phi e o Instituto Phomenta. Criado para fortalecer iniciativas sociais em territórios com alto índice de vulnerabilidade social, o Futuro Bem Maior já apoiou 166 organizações de 72 municípios com recursos flexíveis, capacitação e acompanhamento técnico. O case traz uma análise dos efeitos do programa em três níveis: nas organizações apoiadas, público atendido e comunidades. Entre os principais achados, destaca-se que 77% das organizações relataram fortalecimento da autoestima institucional; 73,8% aprimoraram suas capacidades técnicas; 76,1% melhoraram o atendimento ao público; 83,5% conseguiram dar continuidade aos projetos após o ciclo de apoio; 80% ganharam visibilidade em suas comunidades. “Confiar em quem vive os desafios de perto muda tudo. Nosso compromisso é impulsionar quem já transforma a realidade nas pontas. Este case mostra que a confiança, aliada a investimento estratégico, gera resultados reais e duradouros”, afirma Carola Matarazzo, diretora executiva do MBM. A publicação reforça a abordagem do MBM ao apostar em uma filantropia baseada em confiança, que descentraliza recursos e fortalece organizações sociais como motor de transformação social. O documento está disponível gratuitamente. Clique no botão abaixo para ter acesso! 
Por Maria Cecília Prates 14 de julho de 2025
Em projetos sociais os resultados estão quase sempre associados a resultados intangíveis, subjetivos e abstratos, como por exemplo: crianças saudáveis, adolescentes com autoconfiança, autoestima de idosos, jovens capacitados para o mercado de trabalho, comunidade engajada, famílias ajustadas, empreendedores bem-sucedidos, e por aí vai… Alcançar esses resultados intermediários são etapas necessárias e imprescindíveis que vão contribuir para o alcance do impacto final pretendido de transformação na vida das pessoas atendidas. O problema é que até hoje no Brasil ainda não se tem clareza metodológica sobre como medir esses conceitos tão amplamente adotados na área social, que seja confiável e capaz de captar (ser sensível a) os avanços conseguidos . Então, se não há essa clareza – e aqui me refiro sobretudo à grande maioria das organizações do terceiro setor – como conseguir PLANEJAR bem os projetos sociais? Ou seja, como explicitar O QUE queremos mudar? E como saber depois se o que fizemos conseguiu, de fato, chegar AONDE queríamos, ou seja, AVALIAR se as iniciativas conduzidas foram válidas, eficazes e eficientes? Medição compartilhada: uma prática que deveria ganhar força no Brasil No Reino Unido e EUA desde 2003 – No Reino Unido vêm sendo envidados esforços por organizações think-tanks (como a New Philanthropy Capital – NPC , ou a Triangle /Outcomes Star ) e nos Estados Unidos ( FSG) para construírem sistemas de indicadores “de prateleira” (do inglês, off-the-shelf tools ) que possam ser compartilhados por organizações do terceiro setor ( charities or NGOs – Non-Governmaental Organisations ). No Reino Unido, organizações sociais trabalhando em uma mesma área-fim (por exemplo, educação de adolescentes em situação de vulnerabilidade) foram se unindo, capitaneadas por alguma organização think-tank como a NPC, para desenvolverem um sistema comum de avaliação de resultados. Nesse sentido, os conceitos abstratos relacionados a objetivos de resultados (por exemplo: autoestima), adotados por organizações trabalhando com públicos semelhantes, foram sendo operacionalizados nos mesmos indicadores ou escalas. Feita a operacionalização dos conceitos, as demais ferramentas para medição também começaram a ser desenvolvidas em comum, através do apoio de uma equipe especializada, tais como a construção dos questionários, a estratégia para a sua aplicação, o sistema de base de dados (que pode ser online ) e o referencial para análise dos dados coletados. No Brasil, no período em que atuei (2011 – 2016) no Programa da POS (Parceria com Organizações Sociais) da Fundação Dom Cabral – FDC (hoje denominado Pilaris ), quis começar a difundir essa ideia das ferramentas de prateleira ( Avaliação de projetos sociais no terceiro setor: uma agenda em construção , seção IV), mas percebi que o terreno precisava antes ser melhor trabalhado. Por isso, no Manual que desenvolvi para apoiar o trabalho com as organizações participantes do Programa (Manual de Planejamento e Avaliação de Projetos Sociais para Organizações Sociais) , comecei a incluir alguns instrumentos que pudessem funcionar como “ferramentas de prateleira”. Esses instrumentos vinham de três fontes: conceitos abstratos que já tinham sido traduzidos para a prática e validados; experiências de monitoramento com algumas dessas organizações; ou ainda, foram criados durante as avaliações de projetos sociais que conduzi. Para ilustrar melhor a ideia, aqui estão alguns exemplos de instrumentos incluídos no Manual: Conceito: autoestima (escala de Rosenberg), pág. 40-42 do Manual Conceito: impulsividade de adolescentes (escala de Barrat), p.66 Conceito: ser cuidadoso com o meio-ambiente / Avaliação de projeto de apicultura (pág. 67-68) Conceito: bem-estar de crianças e adolescentes, entre 11-16 anos (NPC), Pág. 197-205 Marco lógico: projeto de qualificação digital, Instituto Ramacrisna (pág. 207-210) Questionário: Preparação de jovens (16-18 anos) para inserção no mercado de trabalho, Associação Projeto Providência (pág. 226 – 230) A intenção de compartilhar esses instrumentos no Manual foi oferecer inspiração e facilitar o trabalho de planejamento e avaliação em organizações que atuam com projetos sociais semelhantes, ajudando, assim, a “queimar etapas” e avançar com mais agilidade nesse processo. Medição compartilhada: o caso da ferramenta Outcomes Star Como surgiu? Outcomes Star (traduzido ao pé da letra: Estrela de Resultados) é uma ferramenta para medir e apoiar as mudanças / resultados, que foi criada e desenvolvida pela Triangle Consulting Social Enterprise do Reino Unido . A Triangle, fundada em 2003, se define como “ uma empresa inovadora, guiada por uma missão social que é a de apoiar os provedores de serviços sociais a transformarem vidas de pessoas vivendo em situação de vulnerabilidade social, traumas, deficiências ou doenças, por meio da criação e o uso correto de ferramentas que engajem e promovam abordagem facilitadoras ”. A primeira versão do Outcomes Star começou como uma demanda (em 2003) da St Mungo`s, uma organização social voltada para o atendimento de moradores de rua, que queria avaliar os resultados do seu trabalho. A ferramenta acabou ganhando tração a partir da constatação de sua aplicabilidade também junto a outras organizações do Reino Unido que atendiam moradores de rua. 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Por Mariana Mangieri e Beatriz Camelo 13 de junho de 2025
Uma boa gestão de conflitos transforma positivamente o ambiente organizacional ao aplicar princípios de comunicação eficaz. Neste artigo, abordaremos o livro “Conversas Difíceis: Como Discutir o Que Mais Importa”, resultado de 15 anos de pesquisa do Projeto de Negociação de Harvard, que oferece ferramentas para gerenciar relacionamentos e solucionar conflitos em diversas situações. Queremos te ajudar a organizar seus pensamentos antes de começar uma conversa difícil assim como o livro sugere. O primeiro passo é entender os três tipos de conversa. Ao final, sugerimos práticas a serem seguidas. Boa leitura! As Três Conversas Centrais e a Ação da Boa Gestão O livro revela que toda conversa difícil é composta por três "conversas" subjacentes: a Conversa "O que aconteceu?", a Conversa das Emoções e a Conversa da Identidade. A boa gestão age diretamente sobre cada uma delas para transformar desafios em oportunidades: Na conversa do tipo “O que aconteceu?”, os participantes focam em quem está certo ou errado, partindo de suposições que levam ao ciclo de acusações e impedem a solução. Conforme o autor: “quando algo desagradável acontece, o foco da conversa gira em torno de quem está certo, quem está errado, quem disse o quê, quem deve assumir a responsabilidade e assim por diante. Passamos a discutir quase todos os detalhes.”. Exemplo de conflito – Projeto atrasado e disputa de culpa: ao desenhar a festa junina da organização, ficou faltando definir quem compraria e arrecadaria as prendas das barracas, gerando muito estresse no dia da festa. Logo, membros começaram a atribuir culpa uns aos outros: “Foi o time das coordenadoras”; “Não, foram vocês que não passaram direitos”; “Não me envolvam, eu fiz minha parte”. Esse cenário ilustra como a suposição de que “a culpa é sempre do outro” gera impasse, pois cada parte adota a mentalidade “eu estou certo, você está errado”. Já quando falamos no tipo das Conversa das Emoções : as emoções negativas, se não forem gerenciadas, podem transformar uma conversa em confronto, pois a adrenalina liberada pode "deixar o cérebro em branco". Uma boa gestão ajuda a conhecer e expressar sentimentos adequadamente, e a mudar a percepção para alterar a maneira como os sentimentos são experimentados. Isso alivia a ansiedade e permite foco na resolução do problema. Exemplo de conflito – Projeto atrasado e disputa de culpa: imagine que um gestor solicite a um colaborador que faça ajustes em um relatório até o final do dia. O funcionário pode entender esse pedido como “falta de confiança na minha competência” e reagir com irritação ou resistência, mesmo que a intenção do gestor não seja punir, mas sim assegurar a qualidade. Essa interpretação precipitada de “más intenções” gera tensão e impede que ambos discutam a real necessidade de melhoria de conteúdo. Por fim, quando falamos da Conversa da Identidade: é quando uma conversa difícil ameaça a auto-identidade de alguém (questões como "sou competente?", "sou uma boa pessoa?"), e as pessoas podem reagir defensivamente. A boa gestão auxilia a fundamentar a identidade dos colaboradores, focando no valor próprio e na capacidade de examinar-se objetivamente e admitir falhas sem medo. Além disso, a gestão eficaz desiste de tentar controlar as reações dos outros, focando em influenciar e adaptar a própria autopercepção. Exemplo de conflito – Avaliação de desempenho e abalo de autoestima: durante uma avaliação de desempenho, é comum um superior dizer: “seu desempenho no trabalho é tão ruim; você acha que pode competir pela promoção?”. 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Ouvir com atenção e expressar pensamentos claramente: estabelecer uma comunicação de mão dupla, onde o gestor pratica a escuta ativa para entender a perspectiva do outro e expressa suas próprias ideias de forma concisa e compreensível. Reformular a conversa quando ela chega a um impasse: ter a habilidade de trazer a discussão de volta ao foco quando ela se desvia ou estagna, garantindo que o problema seja resolvido. Isso exige a capacidade de "romper padrões de pensamento enraizados", ou seja, conseguir mediar e interferir nas falas para voltar ao objetivo inicial da conversa O Impacto Positivo Geral da Boa Gestão Ao aplicar esses princípios, uma boa gestão de conflitos transforma o ambiente organizacional. A capacidade de gerenciar bem os relacionamentos em diferentes situações, seja pessoal, profissional ou em negociações, é ampliada. Ao promover a compreensão mútua, o compartilhamento de responsabilidades e a resolução construtiva de conflitos, a gestão não apenas soluciona problemas de forma mais eficaz, mas também fortalece mais as equipes, aumenta a produtividade e cultiva uma cultura de confiança e resiliência. Dessa forma, as conversas difíceis se tornam oportunidades para aprendizado e crescimento, em vez de fontes de conflito e estagnação. Gostou do conteúdo? A Phomenta está realizando um mapeamento e quer saber como o terceiro setor está gerindo pessoas e conflitos em suas organizações. Compartilhe sua experiência e contribua com este estudo acessando: [link] Artigo realizado com apoio da ferramenta de IA Notebooklm e do livro Conversas difíceis - Douglas Stone, Bruce Patton e Sheila Heen 
Por Pâmela Lima 2 de junho de 2025
Guia prático que ensina como estruturar uma página de captação de doações para ONGs: mensagem clara, métricas de impacto, transparência financeira e CTA que converte. Saiba mais!
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Apoiar ONGs pequenas é uma escolha política e estratégica para ampliar o impacto social no Brasil. Entenda como essa decisão se conecta ao fortalecimento do terceiro setor, à transformação de territórios e à mudança de perspectiva no investimento social.
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Inicialmente, vamos entender melhor o que são métricas? Métricas são números e dados que as redes sociais fornecem para mostrar o desempenho das publicações feitas por você ou pela sua ONG. Quando você publica algo no Facebook ou Instagram, essas redes sociais mostram quantas pessoas visualizaram, curtiram, comentaram ou compartilharam seu conteúdo. Saber interpretar essas informações é muito importante porque ajuda a sua OSC a entender o que está dando certo e o que pode melhorar na comunicação com o público. Ao entender melhor essas informações, você pode criar conteúdos que alcançam mais pessoas e ajudam sua organização a ter um impacto maior. Quais são as métricas mais importantes? Entender as principais métricas pode parecer difícil no começo, mas conhecendo cada uma delas fica muito mais fácil saber se sua comunicação está indo bem. Cada uma dessas métricas traz informações cruciais que ajudam a entender o comportamento do seu público e como melhorar as publicações da sua organização. Desvendando as siglas e abreviações das métricas CTR (Click Through Rate): porcentagem de pessoas que clicaram em um link após visualizá-lo. CPM (Custo por Mil Impressões): quanto custa mostrar seu conteúdo para mil pessoas. CPC (Custo por Clique): quanto você paga por cada clique no seu conteúdo. CPA (Custo por Aquisição): custo médio para que uma pessoa realize uma ação específica, como fazer uma doação. ROI (Return on Investment): retorno financeiro obtido em relação ao dinheiro investido em publicidade ou campanhas. KPI (Indicador-Chave de Desempenho): métricas específicas escolhidas para medir o sucesso das suas ações. Alcance e Impressões O alcance é o número de pessoas diferentes que viram sua publicação pelo menos uma vez. Quanto maior o alcance, mais pessoas diferentes foram alcançadas pelo seu conteúdo. Já as impressões mostram quantas vezes sua publicação apareceu nas telas das pessoas, contando inclusive aquelas que viram mais de uma vez (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Engajamento Engajamento é uma das métricas mais importantes porque mostra como as pessoas estão interagindo com seu conteúdo. Essas interações incluem curtidas, comentários, compartilhamentos e salvamentos. Um alto engajamento significa que as pessoas realmente gostaram do seu conteúdo e tiveram vontade de interagir com ele. Quanto mais engajamento, melhor você está se comunicando com o seu público (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Cliques Cliques mostram quantas pessoas clicaram no seu conteúdo ou nos links que você compartilhou. Essa métrica é especialmente importante quando você quer direcionar as pessoas para seu site ou para alguma ação específica, como um evento ou uma campanha de doação (COSTA, 2020). Crescimento de seguidores Essa métrica mostra quantas pessoas novas começaram a seguir sua ONG depois de ver suas publicações. Um crescimento constante de seguidores significa que você está conseguindo chamar a atenção e conquistar novas pessoas para sua causa (COSTA, 2020). Mas afinal, como essas métricas se relacionam? É muito importante não olhar apenas para uma métrica isoladamente. Por exemplo, se muitas pessoas veem sua publicação (alto alcance), mas poucas interagem com ela (baixo engajamento), pode ser que o conteúdo não esteja interessante o suficiente. Para entender se sua estratégia está funcionando, você precisa analisar diferentes métricas juntas, como alcance, engajamento e cliques. Isso ajuda a ter uma visão mais completa do desempenho das publicações (GOMES, 2018). Tipos de análises que você pode fazer Para usar bem as métricas, você pode fazer vários tipos diferentes de análises. Cada tipo serve para algo específico e ajuda você a entender melhor o desempenho das suas redes sociais, mostrando caminhos para melhorar sua comunicação. Análise simples A análise simples é a mais básica e mostra diretamente quantas pessoas viram ou interagiram com seu conteúdo (RECUERO, 2014). Comparação A análise comparativa é quando você compara resultados de diferentes publicações ou períodos. Por exemplo, você pode comparar o desempenho das publicações deste mês com as do mês passado para entender o que funcionou melhor e planejar conteúdos futuros (RECUERO, 2014). Previsão A análise preditiva usa dados antigos para tentar prever resultados futuros (RECUERO, 2014). Um exemplo é que se sabemos que entre novembro e dezembro há um aumento nas curtidas em posts relacionados a doações, construir conteúdo que fale sobre isso antecipadamente é uma forma de “prever” a procura e antecipar-se ao aumento de demanda. Redes sociais Analisar as redes sociais significa entender como as pessoas interagem umas com as outras no seu perfil ou página. Você pode descobrir quem são os principais seguidores, quais conteúdos são mais compartilhados e como essas conexões ajudam a espalhar sua mensagem para mais pessoas (GOMES, 2018). O que ter cuidado ao analisar os números? Ao analisar as métricas, você precisa levar em conta fatores externos que podem influenciar os resultados. Datas especiais, feriados ou eventos importantes podem aumentar ou diminuir a interação com suas publicações (as chamadas datas sazonais). Por isso, sempre olhe com cuidado e verifique se os dados são realmente representativos do desempenho geral (KAHNEMAN, 2012), todo o contexto deve ser levado em conta. Cuidado com erros ao analisar Existem alguns erros comuns ao analisar as métricas. Um deles é o viés de confirmação, que acontece quando você só presta atenção nos números que reforçam o que você já acredita. Outro erro é o viés de recência, que acontece quando você só leva em conta os resultados mais recentes, esquecendo resultados passados (KAHNEMAN, 2012). Como já dito. Recomendações O conteúdo do artigo foi baseado no conhecimento da autora e com referências de base científica. Caso você deseje ampliar o conhecimento acerca da temática, recomenda-se a leitura das fontes a seguir: COSTA, Felipe. Aplicação estratégica de métricas digitais. Panorama, Goiânia, v. 9, n. 2, p. 45-60, 2020. FERREIRA, Mariana; OLIVEIRA, Ana. Produção textual e interações sociais em plataformas digitais. Revista Comunicando, Lisboa, v. 5, n. 1, p. 10-23, 2015. GOMES, André. Dinâmicas de interações nas redes sociais digitais. Salvador: UFBA, 2018. KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2014. 
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