Rodrigo Cavalcante: Diretor-executivo do Instituto Phomenta. Formado em Engenharia, já apoiou diretamente mais de 100 ONGs em sua trajetória no Terceiro Setor. Foi reconhecido como Empreendedor do Ano EY e é membro da rede de líderes da Fundação Lemann.
Reserva de emergência para ONGs: por que e como criar a sua

Uma prática importante, porém ainda pouco comum entre as ONGs, é a criação de uma reserva de emergência.
Essa reserva tem o papel fundamental de proteger a organização diante de cenários adversos nos quais a receita da organização diminui drasticamente. Nesses casos, a reserva ajuda a manter a operação sem a necessidade de cortar custos ou desligar funcionários, o que impactaria toda a operação. Em situações mais críticas, como desastres naturais, a reserva também permite que a organização responda rapidamente e apoie a comunidade onde atua.
Não foram poucos os casos que presenciei atuando e apoiando ONGs em que organizações quase fecharam as portas por falta de um colchão financeiro. Situações que ocorreram porque o maior financiador da organização decidiu não continuar apoiando e sem avisar previamente, ou casos em que o governo atrasou em mais de 3 meses o valor referente ao termo de colaboração com a organização.
Qual deve ser o tamanho da reserva de emergência?
Não há uma resposta única, mas um bom ponto de partida é fazer as seguintes perguntas:
- Se o meu principal financiador deixasse de apoiar hoje, qual seria o impacto financeiro para a organização?
- Em quantos meses a organização consegue se reinventar e buscar alternativas como as do cenário acima?
Geralmente, o montante da reserva de emergência será definido em número de meses que a organização possui em relação ao seu custo mensal de operações, ou seja, a organização possuir recursos financeiros que permitam manter salários, aluguel, contas e despesas essenciais durante esse período. As respostas às duas perguntas ajudarão a organização a definir um valor que faça sentido para o seu contexto.
Mas como referência, a boa prática de outras organizações e até de outros setores vai dizer algo em torno de três meses. No entanto, esse prazo pode variar conforme o modelo de sustentabilidade da ONG. Por exemplo, algumas estratégias de captação de recursos, como editais ou patrocínios privados, podem levar mais de 12 meses entre a submissão da proposta e o recebimento efetivo dos recursos. Por isso, considerar uma reserva entre seis e 12 meses de despesas pode trazer mais segurança e estabilidade.
Onde deixar o recurso da reserva de emergência?
A reserva não deve ficar parada na conta-corrente da organização, pois perde valor com o tempo por causa da inflação. O ideal é buscar aplicações que atendam esses critérios:
- Rendimento próximo a 100% do CDI
- Baixíssimo risco
- Alta liquidez, ou seja, os recursos podem ser resgatados a qualquer momento
Exemplos incluem CDBs de liquidez diária, fundos DI, Tesouro SELIC e poupança. O mais importante é garantir que o recurso esteja disponível quando necessário, sem perdas.
Resumindo, ter uma reserva de emergência é um sinal de maturidade financeira da ONG.
A reserva protege a missão da organização e permite atravessar tempestades sem comprometer o impacto social.
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