Siga-Nos!


Assine a nossa

newsletter

Por onde começo a estruturar a comunicação da minha ONG?

jun. 24, 2020

Provavelmente em alguma vez na vida você já chegou a pensar que fazer a comunicação é fácil, que escrever é fácil, que falar com o público é fácil. Ainda mais nos dias de hoje: vou abrir uma conta no Instagram e pronto. Começo a postar um monte de foto de gente feliz e ações bonitas e magicamente todos virão até mim e entenderão tanto o que eu quero dizer quanto o que eu preciso deles.
Lendo ou escrevendo assim é meio óbvio saber que isso não é a realidade. Mas de verdade, no dia a dia, para quem é leigo na área ou ansioso em fazer a coisa acontecer (como eu), instintivamente age como se tudo fosse fácil mesmo e, no fim, não colhe nada de resultado. E o pior, só se estressa!

Na Phomenta, não foi diferente. Desde o início nós focamos em fazer os nossos programas e projetos pelos quais somos apaixonados e deixamos totalmente de lado a comunicação. Em alguns momentos, agimos como se tudo fosse fácil de resolver e diversas vezes nos pegávamos na nossa própria armadilha: de colher poucos resultados por não ter investido em um planejamento estratégico de comunicação.

O lado bom é que sempre estamos aprendendo e a minha intenção aqui é dividir um pouco com vocês, como leiga na área, o que temos visto para estruturar uma área de comunicação do zero.

Eu já vi que podemos fazer algo simples, algo estratégico e algo complexo. Mas tudo vai depender do resultado que você quer atingir e o quanto está disposto a investir de tempo e/ou dinheiro.

Bom, vamos lá. Este texto é baseado em uma conversa com um grande amigo expert da área, que já trabalhou tanto em emissoras de rádio como em empresas multinacionais de consultoria.

Base zero

“A estratégia da comunicação precisa refletir a estratégia da organização”.

Ou seja, planejamento estratégico é a base do trabalho. É preciso ter clara a missão e o que a organização quer atingir de maneira geral. Mas para não entrarmos em outro tema, creio que as perguntas abaixo podem te ajudar a estruturar uma base da estratégia de comunicação:

  • Quem você quer atingir? Quem é seu público? O que ele quer saber que ainda não sabe?
  • Em quais canais este público está? Como ele gosta de receber conteúdos (vídeos, artigos, whatsapp)? 
  • O que você precisa comunicar?
  • Qual é a minha intenção com a comunicação? Qual o resultado esperado?

Quer tornar o processo mais sofisticado e assertivo?
Assuma suas respostas acima como hipóteses e busque conversar com seu público ou faça testes para verificar se suas respostas são um “achismo” ou se são verdade. Teste e valide sempre!
Quer dicas de como fazer isso? Este texto não é roteiro para esse assunto, mas pode te ajudar a elaborar um roteiro de perguntas para seu potencial público, para aprimorar seus conteúdos.

Ah! Conteúdos não são só artigos

Às vezes, a gente esquece que conteúdo pode ser consumido em diversos formatos: um post de redes sociais, um story falado, um artigo, uma entrevista, uma live, um podcast, um vídeo no YouTube. Então, quando falamos em produzir conteúdos, não se trata apenas de textos gigantes e difíceis!

Conteúdo X Informação
Eu sei que as Organizações Sociais possuem muitas atividades e eventos que são bacanas de mostrar para voluntários, as famílias, os doadores, o conselho e os seguidores da causa. Essas publicações são muito importantes, mas talvez só publicar essas fotos não engaje novas pessoas. Talvez seja legal apenas para quem já conhece ou participa da instituição. Mas se sua intenção é atrair novas pessoas, comece a testar a publicar um pouco sobre a sua causa, explicar os termos técnicos, o porquê das atividades. Por exemplo: o seu público sabe o que é contra turno escolar? O que é fortalecimento de vínculos? Para cada pergunta dá para fazer bons conteúdos!

Mas e se for para montar um time? O que a comunicação engloba?
A comunicação é um amplo guarda-chuva, que abriga diversas áreas. Dificilmente, você encontrará uma única pessoa que saiba executar tudo! O lado positivo das instituições é que podemos contar com voluntários e montar um time completo!
Abaixo, cito alguns pilares da comunicação que vão do modo simples ao sofisticado:

Comunicação “modo simples”
  • Comunicação institucional básica: ter claro nos canais de comunicação a missão, atividades que executa, informar o público dos acontecimentos, ter uma identidade visual, um canal de contato.
  • Posicionamento digital 1: Estar nas redes sociais. Se for com uma comunicação clara, de forma consistente e com conteúdo de interesse ao público, melhor ainda!
  • Eventos: hoje em dia, lives no Instagram e YouTube também são eventos e devem ser planejados e cuidados de forma parecida do presencial. Você está encarando dessa forma?

2. Comunicação “modo estratégico”
  • Elaboração de conteúdos estratégicos: sabendo quem é o público, estruturar uma trilha de conteúdos ou linha editorial com temas que vão chamar a atenção e, consequentemente, destacar sua organização.
  • Posicionamento digital 2: usar o SEO (Search Engine Optimization - otimização para mecanismos de busca) e anúncios para melhorar o posicionamento digital e rankeamento nas buscas da internet. Você já colocou o nome da sua ONG no Google e viu em que posição ela aparece como sugestão? Ou deixou o autocompletar para ver como sua organização está relacionada nas buscas?
  • Comunicação interna: divulgação interna dos objetivos, da estratégia e dos acontecimentos da organização, ou seja, comunicação para funcionários, beneficiários, conselho, diretoria, etc. Aqui vale ressaltar que esse tipo de comunicação é super importante para ajudar o time a se manter motivado e focado nos objetivos!

3. Comunicação “modo sofisticado”
  • Relações públicas e imprensa: contato com jornalistas e mídia, elaboração de releases que vão entrar na pauta do veículo de comunicação se fizer sentido para ele (pode ter alterações do material original).
  • Pesquisa e marketing: fazer pesquisas, analisar dados e produzir conteúdos que fidelizem ou convertam o seu público em alguma ação.
  • Conteúdo patrocinado: espaço pago em um veículo de comunicação (artigo ou post da forma original, sem mudanças).
  • Posicionamento de marca e tom de voz: de acordo com o estudo do perfil do seu público e da sua cultura, há um cuidado e uma estratégia na comunicação de como sua organização quer ser vista e reconhecida.
Sei que é bastante coisa e sei que tem muito mais para aprofundar. Mas ao reler este texto para poder concluí-lo, minha sugestão mesmo é a atenção à estratégia e sempre se perguntar o porquê de estar fazendo cada publicação. É ter uma posição de comunicação ativa e não passiva (só postando coisas que surgem do nada). É fazer tudo pensado e com regularidade. Encarar sua comunicação como um laboratório, em que você tem hipóteses e pode testar a todo momento, com base nos resultados obtidos. Ou então como diria um conselheiro nosso: foco na estratégia, disciplina e execução!

Boa sorte!



Inscreva-se na nossa Newsletter

Últimas publicações

Uma mulher negra se alongando em um tapete de yoga no gramado
Por Sara Dias 25 abr., 2024
Saiba como o conceito de autocuidado nasceu numa perspectiva individual na área da saúde e se transformou na área social como prática de cuidado coletivo.
Uma pessoa usando a calculadora e escrevendo em um papel
Por Maria Cecília Prates Rodrigues 18 abr., 2024
Na Harvard Business Review (HBR) de jan-fev de 2019, fui atraída pelo título de um dos artigos sobre uma maneira para se calcular o valor dos investimentos de impacto, com base em evidências . Comecei a ler o texto entusiasmada pela possibilidade de encontrar uma contribuição pragmática no campo da avaliação social, mas confesso que fiquei decepcionada. O trabalho foi escrito por sócios e gestores da Rise Fund (um fundo de US$2 bilhões para investimentos de impacto) e da Bridgespan Group (uma consultoria global para impacto social). A partir da experiência deles, propõem uma metodologia para estimar o retorno financeiro do investimento social e ambiental. Batizaram a “nova” métrica por IMM ( Impact Multiple of Money) , porque, com base nela, se tornaria possível prever o múltiplo em benefício social e ambiental que seria gerado a partir de $ 1 investido – assim, se o IMM for 5X (5 vezes), significa que cada $1 investido vai gerar $5 em benefícios. Rise Fund só investe em projeto quando o IMM dele for no mínimo de 2,5X. A intenção dos autores é que, a partir da comparação dos valores de IMM estimados, se consiga dar mais rigor ao processo de seleção dos investimentos sociais, como já é usual no mundo dos negócios, através do uso de metodologias financeiras amplamente aceitas. Com isso, segundo eles, se poderia avançar sobremaneira na análise dos investimentos de impacto, que ainda se encontra atualmente, em grande medida, baseada na “adivinhação”, em informações restritas a processo, ou em intenções de comprometimento. Os seis passos do método proposto (IMM) Avaliar a relevância e a escala do projeto, para se decidir sobre se vale a pena (ou não) o esforço de aplicar o método, pois “estimar o IMM não é tarefa trivial”. Então, segundo os autores, o projeto a ser avaliado deve ter um propósito e escala potencialmente relevantes, o que não quer dizer número grande de pessoas beneficiadas. Há projetos com um pequeno número previsto de beneficiados, porém com grande potencial de transformação, que podem ser muito mais relevantes do que outros com grande número de beneficiados. Estimar os resultados sociais ou ambientais esperados. Nessa etapa é importante verificar se os resultados previstos são atingíveis e mensuráveis. “Felizmente” hoje os investidores já podem contar com muitas pesquisas nas Ciências Sociais (as evidências) que lhes permitem estimar o potencial do impacto social da empresa ou organização. E tal se deve ao movimento sobre “ o que funciona ” dos programas sociais, que propiciou um grande impulso ao desenvolvimento da “indústria de medição de resultados sociais” nessa última década. Estimar o valor econômico desses resultados para a sociedade. Para traduzir os resultados identificados (acima) em termos monetários, é preciso também recorrer a um “estudo-âncora” robusto (ou a evidências ou referências já existentes) e, na ausência desse, à orientação de um especialista da área. A escolha do estudo-âncora deve levar em conta o rigor da estimação dos resultados (preferência por pesquisa experimental, ao invés de pesquisa observacional ou estudo de caso), contexto similar ao do projeto em questão, e/ou o estudo deve ser o mais recente possível. Ajustar o risco advindo do uso de estudos-âncora. Embora os autores considerem ser satisfatório o uso de estudos-âncora (ou das evidências) já existentes para preverem a monetização dos resultados sociais e ambientais, eles admitem o risco de aplicarem tais achados não diretamente associados às oportunidades do investimento em questão. Propõem, então, que seja incluída nos cálculos a estimativa do risco, baseada em uma escala de probabilidade de 0 a 100%, definida segundo 6 categorias, que são: qualidade do estudo-âncora, pressupostos adotados, contexto, grupo de renda, similaridade do produto ou serviço, e a possibilidade do uso previsto (para o produto/serviço social) não se verificar. Estimar o valor terminal do investimento. No caso de determinados tipos de projetos sociais e/ou ambientais, pode fazer sentido incluir também na estimativa do valor monetário do impacto o período depois que o projeto ou investimento social tiver finalizado. Calcular o retorno social por cada dólar investido. Finalmente é calculado o valor do IMM. Assim, segundo os autores, “ em um mundo em que os CEOs estão cada vez mais falando em lucro e propósito, o IMM oferece uma metodologia rigorosa para se avançar na arte de alocação do capital para gerar benefício social ”. Pois quanto maior o valor do IMM estimado, maior o potencial de impacto do investimento social e/ou ambiental, permitindo a comparabilidade entre projetos de natureza distinta, como é comum no campo social. Por que a decepção com o método IMM? 1.IMM não é um método inovador
Por Pollyana Bonvecchi 04 abr., 2024
Você já ouviu falar em autogestão? Compreende seu funcionamento? É surpreendente a forma com que o cenário global passa por mudanças, exigindo, portanto, adaptações nos âmbitos ambientais, administrativos e organizacionais. Diante disso, é anti produtivo permanecer com mentalidades ancoradas no século passado e almejar inovação, sendo que este paradigma se aplica também à governança organizacional. Neste sentido, como nós, do terceiro setor, então, podemos adotar metodologias e mecanismos, gerando impacto de uma forma mais inovadora e transparente? Siga conosco e leia o conteúdo na íntegra!  Gestão tradicional e autogestão: entenda as diferenças chave! Na gestão tradicional, é comum que as preocupações dos colaboradores sejam encaminhadas aos superiores ou a chefia imediata, para que as repassem a níveis mais elevados de comando. Desse modo, tal processo resulta em tomadas de decisões centralizadas no topo da hierarquia, desconectadas das realidades das bases. Em contrapartida, a autogestão propõe a descentralização das responsabilidades organizacionais. Ou seja, isso significa que os indivíduos ou equipes têm maior autonomia para gerenciar suas tarefas, projetos e até mesmo definir suas diretrizes de trabalho. Sob a perspectiva sociocrática, holocrática, ou nos moldes da organização orgânica (O²) , a estrutura se fundamenta em círculos e papéis, onde cada indivíduo detém autoridade para deliberar sobre assuntos relacionados ao seu papel ou ao propósito do círculo que faz parte. Neste contexto, os colaboradores identificam discrepâncias entre a situação atual e a ideal, denominadas "tensões". Tais tensões são compartilhadas nos círculos, que desenvolvem estratégias para sua resolução. Dessa forma, os círculos se alinham e se complementam, formando uma estrutura organizacional dinâmica, saudável e segura. O poder não é dado às pessoas ou cargos, mas aos papéis e círculos (via “O que é autogestão”, Sociocracia Brasil no YouTube).
foto preto em branco, pessoa com uma xícara branca na mão olhando para a tela do computador
Por Instituto Phomenta 01 abr., 2024
O Google Ad Grants oferece o valor de US$ 10 mil por mês em anúncios para ONGs e é tema do guia desenvolvido pela BC Marketing
Por Sara Dias 21 mar., 2024
Praticar atividades físicas, investir em hobbies, conversar com amigos ou buscar ajuda terapêutica. Esses são apenas alguns dos exemplos que se enquadram no que podemos chamar de “estratégias para se atravessar um período de estresse ou momento difícil”, mais conhecido como Coping . O termo inglês Coping , traduzido para o português como Estratégias de Enfrentamento em saúde mental, é uma teoria que estuda o estresse psicológico e as diversas formas com que uma pessoa pode avaliar e agir frente a uma situação estressora, a fim de minimizar, controlar ou tolerar seus efeitos a curto e médio prazo. Criado e desenvolvido pelos psicólogos americanos Richard Lazarus e Suzan Folkman, na década de 1980, o coping tem como características a tomada de decisão consciente e intencional, orientada para o futuro, que leva em consideração aspectos individuais como traços de personalidade, e aspectos temporais como seus objetivos, resultados almejados, e preocupações, durante o período estressante. De acordo com o pesquisador brasileiro Ewerton Naves Dias, Ph.D em Psicologia pela Universidade do Porto, no Coping , consideramos o estresse como algo contextual, “o que significa que se trata de um processo de relação entre a pessoa e o ambiente e que se transforma ao longo do tempo. Desse modo, ele é definido como uma situação avaliada pelo indivíduo como significativa e com demandas que excedem seus recursos para lidar com o respectivo evento”. Diferente dos mecanismos de defesa, que acontecem de forma inconsciente, as estratégias de enfrentamento utilizam-se da percepção da pessoa frente ao evento estressor, desencadeando pensamentos avaliativos sobre suas ferramentas internas e externas e o controle ou não da situação, a fim de escolher sua forma de lidar com a situação. Categorias ou possibilidades de enfrentamento Apesar de Lazarus e Folkman definirem as duas principais categorias de enfrentamento, podemos encontrar na literatura algumas variações dessas estratégias, sendo as mais comuns: 1) Enfrentamento com foco no problema: Quando acredita-se que é possível alterar aspectos do ambiente, diminuindo ou eliminando os fatores de estresse e atuando de forma ativa. Alguns exemplos de ações, baseadas no contexto organizacional do Terceiro Setor, são: Análise crítica e detalhada do problema gerador de estresse Conversas individuais com pessoas que estão diretamente envolvidas na situação Conversas em grupo ou equipe, caso seja uma questão que influencie o bem-estar de várias pessoas Planejamento e criação de resoluções coletivas de enfrentamento ao problema Busca de apoio externo de especialistas 2) Enfrentamento com foco na emoção: Baseado na crença de que o ambiente é pouco alterável ou imutável, o indivíduo busca recursos para lidar com os sentimentos derivados do estresse, de forma a prolongar sua permanência na situação até que as circunstâncias mudem. Este é um tipo de enfrentamento moderado e pode ser realizado com: Fortalecimento de técnicas de autocontrole emocional Busca de apoio social (inclusive de colegas de equipe) ou psicológico para a descoberta de novas possibilidades de enfrentamento Investimento em hobbies ou atividades de lazer que minimizem os sentimentos negativos e promovam distração Desenvolvimento de práticas espirituais ou religiosas 3) Enfrentamento evitativo: Esta estratégia considerada passiva, também fundamentada na crença de que não há controle sobre as circunstâncias, engloba o afastamento, fuga, esquiva ou desligamento mental do problema. Aqui a pessoa escolhe evitar o conflito, lidar com os sintomas do estresse e economizar energia emocional. Qual estratégia usar? Os estudos que avaliam a predominância e a eficácia da utilização de cada tipo de coping divergem de acordo com o público pesquisado, considerando, no entanto, a variabilidade dos diferentes tipos de personalidade. Por exemplo: Uma análise feita com trabalhadores de CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) em Campinas (ZANATTA, 2019), verificou que a estratégia mais utilizada pelos profissionais destes espaços foi a de resolução de problemas, onde há a elaboração de planos de ação e alternativas com o objetivo de resolução da situação. Pesquisas realizadas com profissionais da saúde que trabalham em hospitais e analisadas pela Profª Drª Liliana Antoniolli (2022), afirmam que o coping mais utilizado pelas entrevistadas eram os baseados no enfrentamento com foco na emoção, onde empregavam um esforço cognitivo para ressignificar as experiências laborais “controlando emoções, como tristeza, medo e estresse, que emergem devido a situação conflitante”. Observa-se que a tendência de utilização de cada estratégia está positivamente ligada à experiência e idade dos profissionais, sendo que, quanto maiores mais o profissional tenderia a utilizar o enfrentamento com o foco no problema, enquanto os mais jovens tendem a escolher com mais frequência o afastamento (ou evitação) do estressor, por meio de um isolamento autoimposto. Outra proposta de estratégias de coping defendida pelo pesquisador Caryl Rubust (1988), da Vrije Universiteit em Amsterdã , Holanda , destacou outras quatro alternativas de enfrentamento, relacionadas ao ambiente de trabalho, que ele chamou de EVLN (Exit/Voice/Loyalty/Neglect), traduzido para o português como: saída, voz, lealdade e negligência. Nelas, o indivíduo escolheria: Saída: Sair do trabalho e encontrar um emprego melhor Voz: Tentar melhorar a situação conflitante com a sua voz Lealdade: Ser motivadas a apoiar ativamente a organização, ignorando seus incômodos Negligência: Concentrar-se em seus interesses não relacionados ao trabalho e "negligenciar" sua situação de trabalho insatisfatória De acordo com Lazarus e Folkman, as Estratégias de Enfrentamento ainda podem ser Adaptativas ou Desadaptativas, ou seja, quando as estratégias utilizadas são saudáveis e conseguem minimizar os sentimentos desagradáveis e desmotivadores são consideradas positivas/adaptativas. Em contraponto, quando não são saudáveis (recorrer a um vício como o cigarro, drogas ou bebidas alcoólicas, por exemplo) a estratégia é considerada negativa/desadaptativa. Como o Terceiro Setor tem lidado com os sintomas de estresse? Na “Pesquisa - A Saúde Mental e o Bem-Estar dos profissionais do Terceiro Setor ”, publicada pela Phomenta, em 2023, foram utilizados alguns questionamentos quanto às estratégias que as pessoas entrevistadas usavam para lidar com os sintomas de estresse oriundos do trabalho nas organizações sociais brasileiras, e encontramos nos resultados que: 69% relataram realizar atividades físicas 66% procuraram ajuda profissional de psicólogos, psiquiatras ou outros tipos de terapias alternativas 20% fazem uso regular de medicamentos calmantes e/ou ansiolíticos Percebemos com esses dados, que a maior parte das estratégias utilizadas pelos respondentes da pesquisa são do enfrentamento com foco na emoção, o que pode amenizar temporariamente a angústia e a desmotivação de quem passa por estresse de forma recorrente, mas que a médio prazo acaba gerando a saída deste colaborador, o que podemos observar nas altas taxas de rotatividade do setor. As Profª Drª Mary Sandra Carlotto e Sheila Gonçalves Câmara da Universidade Luterana do Brasil - ULBRA/Canoas, em suas pesquisas na área da educação, concordam com a constatação de que as estratégias de coping focadas no problema são estratégias adaptativas (positivas) que auxiliam os profissionais a enfrentar os problemas que surgem em seu ambiente organizacional. Elas também acrescentam que esse estilo de enfrentamento pode levar a um aumento dos níveis de realização profissional. Apesar de várias organizações sociais no Brasil relatarem, na Pesquisa da Phomenta (2023), que já estão implementando ações para amenizar os sintomas de estresse de seus colaboradores, como apoio psicológico, momentos de confraternização e lazer, formações e palestras, dentre outras, e estarem discutindo temáticas relacionadas à saúde mental e ao bem-estar, as mesmas ações precisam de coerência prática para realmente efetivar uma melhora da saúde coletiva. A publicação ressalta: “[...] é crucial que a organização não apenas introduza tais medidas, mas também promova mudanças que abordem os causadores de estresse, como o excesso de demanda e prazos apertados. A saúde mental não é apenas sobre discutir ou promover a conscientização, é também sobre criar um ambiente de trabalho sustentável onde os trabalhadores se sintam apoiados em suas rotinas diárias. Quando a liderança trabalha horas excessivas e perpetua um senso de urgência, por exemplo, isso pode enviar uma mensagem contraditória à equipe, sugerindo que, apesar das iniciativas de bem-estar, a cultura de trabalho exaustivo ainda prevalece”. Autoavaliação Como enfatizado no início do texto, o coping tem como característica principal a escolha consciente de sua reação frente ao estresse, o que nos leva a crer que para ser feita da forma mais eficaz, deve ser percebida, avaliada e monitorada com o passar do tempo. Dessa forma, faça agora uma autoavaliação de quais têm sido suas escolhas frente aos desafios do dia-a-dia, principalmente relacionados ao trabalho no Terceiro Setor. Avalie também quais têm sido as formas de enfrentamento utilizadas pelas pessoas em sua equipe ou em sua organização, para que se certifiquem de que por meio do apoio mútuo possam criar formas de lidar com o estresse enfrentando o problema. Referências Antoniolli, Liliana; Vega, Edwing Alberto Urrea Vega; Haack, Pâmela; Duarte, Andrey Godoy; Macedo, Andréia Barcellos Teixeira; Souza, Sônia Beatriz Cócaro de; Coping dos profissionais da enfermagem: revisão integrativa de literatura. Open Science Research - ISBN 978-65-5360-055-3 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org - Vol. 1 - Ano 2022 CARLOTTO, Mary Sandra; CÂMARA, Sheila Gonçalves. Síndrome de Burnout e estratégias de enfrentamento em professores de escolas públicas e privadas. Psicologia da Educação, vol. 26, n. 1, p. 29-46, 2008. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-69752008000100003 . Acesso em: 08 mar. 2023. DIAS, Ewerton Naves; PAIS-RIBEIRO, José Luís. O modelo de coping de Folkman e Lazarus: aspectos históricos e conceituais. Rev. Psicol. Saúde, Campo Grande , v. 11, n. 2, p. 55-66, ago. 2019 . Disponível em < http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2177-093X2019000200005&lng=pt&nrm=iso >. acessos em 10 mar. 2024. http://dx.doi.org/10.20435/pssa.v11i2.642. Lazarus, R., & Folkman, S. (1984). Stress appraisal and coping. New York: Springer. PHOMENTA. Pesquisa: A saúde mental e o bem-estar dos trabalhadores do terceiro setor. Campinas: SP. 2023. Disponível em: https://www.phomenta.com.br/pesquisa-saude-mental-e-bem-estar RUSBULT, C. E.; FARREL, D.; ROGERS, G. e MAINOUS III, A. G. (1988), «Impact of exchange variables on exit, voice, loyalty and neglect: an integrative model of responses to declining satisfaction». Academy of Management Journal, vol. 31(3), pp. 599-627. Zanatta AB, Lucca SR, Sobral RC, Stephan C, Bandini M. Estresse e coping entre trabalhadores de centros de atenção psicossocial do interior do estado de São Paulo. Rev Bras Med Trab.2019;17(1) DOI:10.5327/Z1679443520190300:83-89 Coping: estratégias para enfrentar períodos estressantes ou Coping: mais saúde mental em períodos estressantes ou Coping, estratégias de saúde mental em períodos estressantes
Por Maria Cecília Prates   14 mar., 2024
Avaliação de impacto serve para todos os casos? Confira as situações onde a avaliação não se aplica e como resolver essa questão.
mostrar mais

Participe do nosso grupo no WhatsApp para receber nossos conteúdos em primeira mão

Entrar para o grupo
Share by: