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O que Anitta e empreendedores sociais têm em comum?

set. 01, 2022

Este conteúdo foi produzido por Daiany França

Apesar de eu ser fã de Anitta há cerca de 10 anos, desde o Show das Poderosas, não encare este texto como um flagrante de uma fã apaixonada. Porque é mais que isso.


Comecei a prestar atenção na “Anitta empreendedora” em 2018, após assistir sua
palestra no Brazil Conference, evento organizado pelos alunos brasileiros da Universidade de Harvard e do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Como empreendedora e estudante do assunto, minha reação ao ouvi-la naquele 6 de abril de 2018 foi um grande “UAU!”.


De lá pra cá, o mundo se abriu para a “Girl from Rio”. Vieram parcerias musicais incríveis, uma delas com ninguém menos que Madonna, contratos com grandes marcas como Nubank, Skol e Burger King, com quem chegou a fazer uma campanha global no VMA de 2021, performance no festival Coachella, um dos maiores do mundo, e apresentação no programa de tv estadunidense “The Tonight Show”, do aclamado Jimmy Fallon. Ela colocou "Envolver" no top 1 global do Spotify, até que, no último domingo (28/08), com clipe do mesmo hit, se tornou a
primeira brasileira a ganhar um prêmio do Video Music Awards (VMA), um dos mais importantes da música mundial.


Isso para citar as conquistas e feitos mais recentes e expressivos da Anitta, que no LinkedIn pode ser encontrada como Anitta Larissa Machado (na certidão, Anitta se chama Larissa de Macedo Machado).


E o que a Anitta tem a ver com empreendedores sociais?


Indo além do tino empresarial da Anitta, que muitas matérias exploram, e eu concordo, separei quatro pontos, mais intra e interpessoais, que percebo em comum entre a Anitta e nós, empreendedoras sociais.


O primeiro deles, é o fato de
Anitta ser sonhadora e acreditar em si própria. Imagina quantas vezes ela já deve ter ouvido que não canta bem, não tem talento ou que só sabe rebolar a bunda?! Inúmeras, a perder a conta. Agora imagina quantas vezes alguém quis te diminuir, te fazer desistir, dizendo coisas como “trabalhar com o social não dá dinheiro” ou que isso não é pra você?! Mas, independente do que dizem, você segue sonhando e realizando, assim como Anitta.


Outro ponto que destaco, é que
Anitta tem construído parcerias sólidas. Para citar uma das mais bonitas, com J Balvin, cantor colombiano, Anitta já fez diversas parcerias musicais e, ao que tudo indica, ele foi uma das pessoas que mais contribuiu para que ela construísse sua carreira internacional. Como já falei aqui, muitas vezes nos sentimos sozinhas no dia a dia da ONG, sobrecarregadas mesmo, mas também é comum termos pelo menos uma pessoa de muita confiança, em quem podemos confiar e se sentir acolhidas, principalmente nos momentos mais difíceis. Anitta sempre demonstra seu amor e gratidão ao J Balvin nas redes sociais, e aqui fica um lembrete: será que estamos valorizando e agradecendo as nossas “parcerias” (braços direitos) o suficiente?


E
se a Anitta recebe generosidade da vida, é porque ela também é generosa. A mídia, sempre em busca de um bafafá, não costuma dar destaque a esse lado (humano) de “Larissa”, mas pesquisando da maneira certa, não será difícil encontrar as diversas maneiras em que ela foi generosa com outros colegas do mundo artístico e com a própria família. Talvez, os casos mais famosos sejam da cantora de funk Jojô Toddynho e do fenômeno Juliette, que ela orientou, colocou sua equipe à disposição e até deu abrigo. Ainda tem o episódio do meio-irmão Felipe, que Anitta descobriu em 2019, quando ele já tinha 31 anos. Fruto de uma relação do “Painitto”, antes dele se relacionar com a “Mamacita”, como são conhecidos os pais da “dona do Brasil” (haha desculpa, eu só me excedi um pouco), ao descobri-lo, ela não hesitou e o acolheu com todo afeto na sua família e convivência. Em relação às empreendedoras sociais, estou para conhecer gente mais generosa, e não tenho dúvidas que, caso tivéssemos os mesmos recursos que Anitta tem, ajudaríamos e apoiaríamos ainda mais pessoas.


Por fim,
Anitta tem orgulho das suas origens, sempre que pode, ela menciona Honório Gurgel, bairro do Rio de Janeiro onde nasceu, o funk, gênero musical que lhe deu fama, e, agora que está no exterior, o Brasil. Empreendedoras sociais também falam com muito orgulho de onde vieram, o que (e quem) elas representam. E isso é fundamental, pois lhes dá identidade, poder e energia para continuar essa aventura que é empreender em ONGs no Brasil.


E aí, o que achou deste texto? Tem alguma sugestão de assunto? Escreva para
portaldoimpacto@phomenta.com.br.




Daiany França Saldanha é responsável pelo editorial do Portal do Impacto.


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De acordo com o pesquisador brasileiro Ewerton Naves Dias, Ph.D em Psicologia pela Universidade do Porto, no Coping , consideramos o estresse como algo contextual, “o que significa que se trata de um processo de relação entre a pessoa e o ambiente e que se transforma ao longo do tempo. Desse modo, ele é definido como uma situação avaliada pelo indivíduo como significativa e com demandas que excedem seus recursos para lidar com o respectivo evento”. Diferente dos mecanismos de defesa, que acontecem de forma inconsciente, as estratégias de enfrentamento utilizam-se da percepção da pessoa frente ao evento estressor, desencadeando pensamentos avaliativos sobre suas ferramentas internas e externas e o controle ou não da situação, a fim de escolher sua forma de lidar com a situação. Categorias ou possibilidades de enfrentamento Apesar de Lazarus e Folkman definirem as duas principais categorias de enfrentamento, podemos encontrar na literatura algumas variações dessas estratégias, sendo as mais comuns: 1) Enfrentamento com foco no problema: Quando acredita-se que é possível alterar aspectos do ambiente, diminuindo ou eliminando os fatores de estresse e atuando de forma ativa. Alguns exemplos de ações, baseadas no contexto organizacional do Terceiro Setor, são: Análise crítica e detalhada do problema gerador de estresse Conversas individuais com pessoas que estão diretamente envolvidas na situação Conversas em grupo ou equipe, caso seja uma questão que influencie o bem-estar de várias pessoas Planejamento e criação de resoluções coletivas de enfrentamento ao problema Busca de apoio externo de especialistas 2) Enfrentamento com foco na emoção: Baseado na crença de que o ambiente é pouco alterável ou imutável, o indivíduo busca recursos para lidar com os sentimentos derivados do estresse, de forma a prolongar sua permanência na situação até que as circunstâncias mudem. Este é um tipo de enfrentamento moderado e pode ser realizado com: Fortalecimento de técnicas de autocontrole emocional Busca de apoio social (inclusive de colegas de equipe) ou psicológico para a descoberta de novas possibilidades de enfrentamento Investimento em hobbies ou atividades de lazer que minimizem os sentimentos negativos e promovam distração Desenvolvimento de práticas espirituais ou religiosas 3) Enfrentamento evitativo: Esta estratégia considerada passiva, também fundamentada na crença de que não há controle sobre as circunstâncias, engloba o afastamento, fuga, esquiva ou desligamento mental do problema. Aqui a pessoa escolhe evitar o conflito, lidar com os sintomas do estresse e economizar energia emocional. Qual estratégia usar? Os estudos que avaliam a predominância e a eficácia da utilização de cada tipo de coping divergem de acordo com o público pesquisado, considerando, no entanto, a variabilidade dos diferentes tipos de personalidade. Por exemplo: Uma análise feita com trabalhadores de CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) em Campinas (ZANATTA, 2019), verificou que a estratégia mais utilizada pelos profissionais destes espaços foi a de resolução de problemas, onde há a elaboração de planos de ação e alternativas com o objetivo de resolução da situação. Pesquisas realizadas com profissionais da saúde que trabalham em hospitais e analisadas pela Profª Drª Liliana Antoniolli (2022), afirmam que o coping mais utilizado pelas entrevistadas eram os baseados no enfrentamento com foco na emoção, onde empregavam um esforço cognitivo para ressignificar as experiências laborais “controlando emoções, como tristeza, medo e estresse, que emergem devido a situação conflitante”. Observa-se que a tendência de utilização de cada estratégia está positivamente ligada à experiência e idade dos profissionais, sendo que, quanto maiores mais o profissional tenderia a utilizar o enfrentamento com o foco no problema, enquanto os mais jovens tendem a escolher com mais frequência o afastamento (ou evitação) do estressor, por meio de um isolamento autoimposto. Outra proposta de estratégias de coping defendida pelo pesquisador Caryl Rubust (1988), da Vrije Universiteit em Amsterdã , Holanda , destacou outras quatro alternativas de enfrentamento, relacionadas ao ambiente de trabalho, que ele chamou de EVLN (Exit/Voice/Loyalty/Neglect), traduzido para o português como: saída, voz, lealdade e negligência. Nelas, o indivíduo escolheria: Saída: Sair do trabalho e encontrar um emprego melhor Voz: Tentar melhorar a situação conflitante com a sua voz Lealdade: Ser motivadas a apoiar ativamente a organização, ignorando seus incômodos Negligência: Concentrar-se em seus interesses não relacionados ao trabalho e "negligenciar" sua situação de trabalho insatisfatória De acordo com Lazarus e Folkman, as Estratégias de Enfrentamento ainda podem ser Adaptativas ou Desadaptativas, ou seja, quando as estratégias utilizadas são saudáveis e conseguem minimizar os sentimentos desagradáveis e desmotivadores são consideradas positivas/adaptativas. Em contraponto, quando não são saudáveis (recorrer a um vício como o cigarro, drogas ou bebidas alcoólicas, por exemplo) a estratégia é considerada negativa/desadaptativa. Como o Terceiro Setor tem lidado com os sintomas de estresse? Na “Pesquisa - A Saúde Mental e o Bem-Estar dos profissionais do Terceiro Setor ”, publicada pela Phomenta, em 2023, foram utilizados alguns questionamentos quanto às estratégias que as pessoas entrevistadas usavam para lidar com os sintomas de estresse oriundos do trabalho nas organizações sociais brasileiras, e encontramos nos resultados que: 69% relataram realizar atividades físicas 66% procuraram ajuda profissional de psicólogos, psiquiatras ou outros tipos de terapias alternativas 20% fazem uso regular de medicamentos calmantes e/ou ansiolíticos Percebemos com esses dados, que a maior parte das estratégias utilizadas pelos respondentes da pesquisa são do enfrentamento com foco na emoção, o que pode amenizar temporariamente a angústia e a desmotivação de quem passa por estresse de forma recorrente, mas que a médio prazo acaba gerando a saída deste colaborador, o que podemos observar nas altas taxas de rotatividade do setor. As Profª Drª Mary Sandra Carlotto e Sheila Gonçalves Câmara da Universidade Luterana do Brasil - ULBRA/Canoas, em suas pesquisas na área da educação, concordam com a constatação de que as estratégias de coping focadas no problema são estratégias adaptativas (positivas) que auxiliam os profissionais a enfrentar os problemas que surgem em seu ambiente organizacional. Elas também acrescentam que esse estilo de enfrentamento pode levar a um aumento dos níveis de realização profissional. Apesar de várias organizações sociais no Brasil relatarem, na Pesquisa da Phomenta (2023), que já estão implementando ações para amenizar os sintomas de estresse de seus colaboradores, como apoio psicológico, momentos de confraternização e lazer, formações e palestras, dentre outras, e estarem discutindo temáticas relacionadas à saúde mental e ao bem-estar, as mesmas ações precisam de coerência prática para realmente efetivar uma melhora da saúde coletiva. A publicação ressalta: “[...] é crucial que a organização não apenas introduza tais medidas, mas também promova mudanças que abordem os causadores de estresse, como o excesso de demanda e prazos apertados. A saúde mental não é apenas sobre discutir ou promover a conscientização, é também sobre criar um ambiente de trabalho sustentável onde os trabalhadores se sintam apoiados em suas rotinas diárias. Quando a liderança trabalha horas excessivas e perpetua um senso de urgência, por exemplo, isso pode enviar uma mensagem contraditória à equipe, sugerindo que, apesar das iniciativas de bem-estar, a cultura de trabalho exaustivo ainda prevalece”. Autoavaliação Como enfatizado no início do texto, o coping tem como característica principal a escolha consciente de sua reação frente ao estresse, o que nos leva a crer que para ser feita da forma mais eficaz, deve ser percebida, avaliada e monitorada com o passar do tempo. Dessa forma, faça agora uma autoavaliação de quais têm sido suas escolhas frente aos desafios do dia-a-dia, principalmente relacionados ao trabalho no Terceiro Setor. Avalie também quais têm sido as formas de enfrentamento utilizadas pelas pessoas em sua equipe ou em sua organização, para que se certifiquem de que por meio do apoio mútuo possam criar formas de lidar com o estresse enfrentando o problema. Referências Antoniolli, Liliana; Vega, Edwing Alberto Urrea Vega; Haack, Pâmela; Duarte, Andrey Godoy; Macedo, Andréia Barcellos Teixeira; Souza, Sônia Beatriz Cócaro de; Coping dos profissionais da enfermagem: revisão integrativa de literatura. Open Science Research - ISBN 978-65-5360-055-3 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org - Vol. 1 - Ano 2022 CARLOTTO, Mary Sandra; CÂMARA, Sheila Gonçalves. Síndrome de Burnout e estratégias de enfrentamento em professores de escolas públicas e privadas. Psicologia da Educação, vol. 26, n. 1, p. 29-46, 2008. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-69752008000100003 . Acesso em: 08 mar. 2023. DIAS, Ewerton Naves; PAIS-RIBEIRO, José Luís. O modelo de coping de Folkman e Lazarus: aspectos históricos e conceituais. Rev. Psicol. Saúde, Campo Grande , v. 11, n. 2, p. 55-66, ago. 2019 . Disponível em < http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2177-093X2019000200005&lng=pt&nrm=iso >. acessos em 10 mar. 2024. http://dx.doi.org/10.20435/pssa.v11i2.642. Lazarus, R., & Folkman, S. (1984). Stress appraisal and coping. New York: Springer. PHOMENTA. Pesquisa: A saúde mental e o bem-estar dos trabalhadores do terceiro setor. Campinas: SP. 2023. Disponível em: https://www.phomenta.com.br/pesquisa-saude-mental-e-bem-estar RUSBULT, C. E.; FARREL, D.; ROGERS, G. e MAINOUS III, A. G. (1988), «Impact of exchange variables on exit, voice, loyalty and neglect: an integrative model of responses to declining satisfaction». Academy of Management Journal, vol. 31(3), pp. 599-627. Zanatta AB, Lucca SR, Sobral RC, Stephan C, Bandini M. Estresse e coping entre trabalhadores de centros de atenção psicossocial do interior do estado de São Paulo. Rev Bras Med Trab.2019;17(1) DOI:10.5327/Z1679443520190300:83-89 Coping: estratégias para enfrentar períodos estressantes ou Coping: mais saúde mental em períodos estressantes ou Coping, estratégias de saúde mental em períodos estressantes
Por Maria Cecília Prates   14 mar., 2024
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