Gestão de Pessoas e Bem-estar no Terceiro Setor - Diversidade, Inclusão e Atração 2/6

9 de março de 2023

Este conteúdo foi produzido por Sara Dias


Olá! Se você está chegando agora no Portal do Impacto e ainda não sabe que este texto é o n° 2, de uma série de 6, falando da relação do Bem-estar no Terceiro Setor e práticas da Gestão de Pessoas, clique no link abaixo e confira a introdução deste tema.

Acesse o aqui

Caso você ainda esteja aqui, vamos lá!


Como podemos tornar o Terceiro Setor mais diverso e inclusivo, melhorando assim, o bem-estar de seus agentes de mudança?


Para procurar respostas para esta questão fui ao encontro não só de pesquisas e livros, mas também de amigos que dividem comigo a extensa caminhada no setor da transformação social, pois, das longas conversas dos corredores e cafés, partimos de uma premissa: temos muito o que avançar nesta área, já que o setor da “ajuda ao próximo” ainda é muito desigual.


Se formos falar sobre Diversidade, que segundo a Associação Pacto de Promoção da Equidade Social refere-se “a diferenças de gênero, raça, orientação sexual, idade, habilidades, cultura, religião e outros aspectos que tornam as pessoas únicas”, já somos uma área pouco diversa.


Em relação ao gênero, as mulheres são as mais presentes no setor, com 65% dos cargos assalariados, de acordo com pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) de 2017, porém, como pontuado pelo artigo de Daiany França, para o Portal do Impacto em 2022:


“O terceiro setor é um microscópio da nossa sociedade, ou seja, também
apresenta disparidades salariais entre homens e mulheres; barreiras em relação à raça, etnia, gênero e sexualidade; discriminação em relação às mulheres que são do Norte ou Nordeste; mais obstáculos quando se trata das mulheres ascenderem a cargos de gestão e liderança; assédio e outras violências de gênero”.


Quando falamos de raça, a pesquisa do Ipea de 2019, afirma que pessoas brancas representavam 63% das pessoas empregadas em OSCs no Brasil, sendo complementado pelos dados do GIFE, de 2018, que mostram que somente 8% das organizações que responderam ao censo contam com negros em seus conselhos deliberativos. 


O livro “Cuidar de quem cuida", de Sophia Maggi Góes e equipe do Instituto ACP, mapeia grande parte desses dados, que ainda são poucos no país. Nele, a presença de indígenas, apontada pelo Pipe Social (2021), é de apenas 1%, e o número de pessoas com deficiências e LGBTQIA+, que atuam no campo social, ainda é desconhecido.



Ao observarmos como essa realidade se dá na prática, Alexandro Fernando da Silva,  Educador Social há mais de 20 anos, na cidade de Campinas-SP, sendo um homem negro, relata: "As barreiras [para quem é considerado dos grupos minorizados] começam no processo seletivo, com algumas perguntas, feitas pelos recrutadores de algumas ONGs, que chegam a ser ofensivas, como, por exemplo: características dos meus relacionamentos afetivos, se tenho filhos, se pago pensão, como vou me locomover para o trabalho e outras questões que não tem a ver com o que a vaga pede”.


Alexandro continua: “Falar sobre diversidade, no Terceiro Setor, é muito raso. Se fala muito, mas não é feito. Inclusive, em lugares que se trabalha com a garantia de direitos. A gente garante os direitos dos usuários do serviço, mas não tem quem garanta os nossos direitos. Sentimos nossos direitos sendo violados. Acreditam que ao contratar uma pessoa trans estão fazendo um super trabalho de diversidade e inclusão, mas elas estão sendo contratadas em subcargos.  Não há uma real inclusão, ela é virtual, pois não se cria uma estrutura para isso. Não há contratação de pessoas com vários tipos de deficiência. E o argumento de que não há recurso, é sempre uma carta na manga”.


O termo “Atração” corresponde a essa fase do processo seletivo. Significa que a organização deve atrair pessoas alinhadas à sua missão e com as competências necessárias para o cargo a ser preenchido. Neste momento, a equipe responsável por esta ação, deve estar preparada e qualificada para o perfil que desejam encontrar, e é aqui que o objetivo de inclusão começa.


Sabe-se que a grande maioria das instituições, presentes no terceiro setor, não contam com um departamento específico de Gestão de Pessoas. Sophia Góes, explica: “Muitas organizações do campo social possuem dificuldades para estruturar processos e metodologias dedicados a esse cuidado, tanto por fatores culturais que as levam, por exemplo, a não considerarem o tema prioritário, quanto por desafios estruturais, tais como a restrição de recursos financeiros e humanos ou mesmo a falta de conhecimento sobre o tema”.


E realmente, se queremos ver alguma mudança no problema centenário de desigualdade social do nosso país e do mundo, a começar pela inclusão de pessoas em suas mais plurais diversidades no mercado de trabalho, isso precisa ser proposital e estratégico. Não dá para continuar esperando que isso mude “naturalmente”.


As práticas eficazes de promoção do bem-estar, precisam ser adaptadas aos valores e à visão das organizações sociais e, aplicadas a todas as suas esferas. Não dá para ser desfrutado apenas por uma classe de pessoas, composta muitas vezes pela diretoria da instituição. Se ainda não sabem como fazer, é necessário buscar informações qualificadas e se atualizar. 


O módulo 1 do “Guia de Gestão de Pessoas do Terceiro Setor”, apresentado no texto de introdução desta série (com link no início deste artigo), sugere uma sequência de ações possíveis para quem deseja começar, inclusive propondo outras referências de materiais.


Mas, só para lembrar, antes mesmo de sair contratando, com a melhor das intenções, pessoas para diversificar sua equipe, preste atenção nesses aspectos que podem vir antes:


- Busque e ofereça treinamento e educação sobre diversidade e inclusão

- Fomente um ambiente de trabalho inclusivo e acolhedor

- Fortaleça uma cultura de trabalho aberta a transformações

- Tome medidas para garantir igualdade de oportunidades e tratamento justo para todos os funcionários

- Estabeleça processos que possam ser desenvolvidos, avaliados e aprimorados continuamente


E por fim, se comprometa, em nível pessoal e organizacional, com a mudança. É necessário que repensemos os modelos pré-estabelecidos, e ainda reproduzidos em nossa sociedade, em nossa equipe, entre os nossos amigos, e que possamos contribuir efetivamente para a transformação desta realidade.


Para concretizar a urgência destas iniciativas, faça o “Teste do Pescoço”, criada originalmente pelo Geledés - Instituto da Mulher Negra, para discutir o preconceito racial, mas que pode ser aplicado a outros grupos minoritários: levante, mentalmente, seu pescoço e observe seu local de trabalho, seu organograma, seus voluntários e responda o quanto diverso ele está neste momento e o quanto ainda pode ficar.


Há uma reparação de injustiça social histórica que precisa ser feita e que o Terceiro Setor precisa fazer parte.



Sara Dias é Prof.ª Mestra em Artes da Cena pela UNICAMP e Instrutora de Yoga, atua como educadora social desde 2006 e atualmente desenvolve projetos relacionados ao bem-estar no terceiro setor. 



Contato: saradias.ds@gmail.com


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Por Maria Cecília Prates 14 de julho de 2025
Em projetos sociais os resultados estão quase sempre associados a resultados intangíveis, subjetivos e abstratos, como por exemplo: crianças saudáveis, adolescentes com autoconfiança, autoestima de idosos, jovens capacitados para o mercado de trabalho, comunidade engajada, famílias ajustadas, empreendedores bem-sucedidos, e por aí vai… Alcançar esses resultados intermediários são etapas necessárias e imprescindíveis que vão contribuir para o alcance do impacto final pretendido de transformação na vida das pessoas atendidas. O problema é que até hoje no Brasil ainda não se tem clareza metodológica sobre como medir esses conceitos tão amplamente adotados na área social, que seja confiável e capaz de captar (ser sensível a) os avanços conseguidos . Então, se não há essa clareza – e aqui me refiro sobretudo à grande maioria das organizações do terceiro setor – como conseguir PLANEJAR bem os projetos sociais? Ou seja, como explicitar O QUE queremos mudar? E como saber depois se o que fizemos conseguiu, de fato, chegar AONDE queríamos, ou seja, AVALIAR se as iniciativas conduzidas foram válidas, eficazes e eficientes? Medição compartilhada: uma prática que deveria ganhar força no Brasil No Reino Unido e EUA desde 2003 – No Reino Unido vêm sendo envidados esforços por organizações think-tanks (como a New Philanthropy Capital – NPC , ou a Triangle /Outcomes Star ) e nos Estados Unidos ( FSG) para construírem sistemas de indicadores “de prateleira” (do inglês, off-the-shelf tools ) que possam ser compartilhados por organizações do terceiro setor ( charities or NGOs – Non-Governmaental Organisations ). No Reino Unido, organizações sociais trabalhando em uma mesma área-fim (por exemplo, educação de adolescentes em situação de vulnerabilidade) foram se unindo, capitaneadas por alguma organização think-tank como a NPC, para desenvolverem um sistema comum de avaliação de resultados. Nesse sentido, os conceitos abstratos relacionados a objetivos de resultados (por exemplo: autoestima), adotados por organizações trabalhando com públicos semelhantes, foram sendo operacionalizados nos mesmos indicadores ou escalas. Feita a operacionalização dos conceitos, as demais ferramentas para medição também começaram a ser desenvolvidas em comum, através do apoio de uma equipe especializada, tais como a construção dos questionários, a estratégia para a sua aplicação, o sistema de base de dados (que pode ser online ) e o referencial para análise dos dados coletados. No Brasil, no período em que atuei (2011 – 2016) no Programa da POS (Parceria com Organizações Sociais) da Fundação Dom Cabral – FDC (hoje denominado Pilaris ), quis começar a difundir essa ideia das ferramentas de prateleira ( Avaliação de projetos sociais no terceiro setor: uma agenda em construção , seção IV), mas percebi que o terreno precisava antes ser melhor trabalhado. Por isso, no Manual que desenvolvi para apoiar o trabalho com as organizações participantes do Programa (Manual de Planejamento e Avaliação de Projetos Sociais para Organizações Sociais) , comecei a incluir alguns instrumentos que pudessem funcionar como “ferramentas de prateleira”. Esses instrumentos vinham de três fontes: conceitos abstratos que já tinham sido traduzidos para a prática e validados; experiências de monitoramento com algumas dessas organizações; ou ainda, foram criados durante as avaliações de projetos sociais que conduzi. Para ilustrar melhor a ideia, aqui estão alguns exemplos de instrumentos incluídos no Manual: Conceito: autoestima (escala de Rosenberg), pág. 40-42 do Manual Conceito: impulsividade de adolescentes (escala de Barrat), p.66 Conceito: ser cuidadoso com o meio-ambiente / Avaliação de projeto de apicultura (pág. 67-68) Conceito: bem-estar de crianças e adolescentes, entre 11-16 anos (NPC), Pág. 197-205 Marco lógico: projeto de qualificação digital, Instituto Ramacrisna (pág. 207-210) Questionário: Preparação de jovens (16-18 anos) para inserção no mercado de trabalho, Associação Projeto Providência (pág. 226 – 230) A intenção de compartilhar esses instrumentos no Manual foi oferecer inspiração e facilitar o trabalho de planejamento e avaliação em organizações que atuam com projetos sociais semelhantes, ajudando, assim, a “queimar etapas” e avançar com mais agilidade nesse processo. Medição compartilhada: o caso da ferramenta Outcomes Star Como surgiu? Outcomes Star (traduzido ao pé da letra: Estrela de Resultados) é uma ferramenta para medir e apoiar as mudanças / resultados, que foi criada e desenvolvida pela Triangle Consulting Social Enterprise do Reino Unido . A Triangle, fundada em 2003, se define como “ uma empresa inovadora, guiada por uma missão social que é a de apoiar os provedores de serviços sociais a transformarem vidas de pessoas vivendo em situação de vulnerabilidade social, traumas, deficiências ou doenças, por meio da criação e o uso correto de ferramentas que engajem e promovam abordagem facilitadoras ”. A primeira versão do Outcomes Star começou como uma demanda (em 2003) da St Mungo`s, uma organização social voltada para o atendimento de moradores de rua, que queria avaliar os resultados do seu trabalho. A ferramenta acabou ganhando tração a partir da constatação de sua aplicabilidade também junto a outras organizações do Reino Unido que atendiam moradores de rua. 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Uma boa gestão de conflitos transforma positivamente o ambiente organizacional ao aplicar princípios de comunicação eficaz. Neste artigo, abordaremos o livro “Conversas Difíceis: Como Discutir o Que Mais Importa”, resultado de 15 anos de pesquisa do Projeto de Negociação de Harvard, que oferece ferramentas para gerenciar relacionamentos e solucionar conflitos em diversas situações. Queremos te ajudar a organizar seus pensamentos antes de começar uma conversa difícil assim como o livro sugere. O primeiro passo é entender os três tipos de conversa. Ao final, sugerimos práticas a serem seguidas. Boa leitura! As Três Conversas Centrais e a Ação da Boa Gestão O livro revela que toda conversa difícil é composta por três "conversas" subjacentes: a Conversa "O que aconteceu?", a Conversa das Emoções e a Conversa da Identidade. A boa gestão age diretamente sobre cada uma delas para transformar desafios em oportunidades: Na conversa do tipo “O que aconteceu?”, os participantes focam em quem está certo ou errado, partindo de suposições que levam ao ciclo de acusações e impedem a solução. Conforme o autor: “quando algo desagradável acontece, o foco da conversa gira em torno de quem está certo, quem está errado, quem disse o quê, quem deve assumir a responsabilidade e assim por diante. Passamos a discutir quase todos os detalhes.”. Exemplo de conflito – Projeto atrasado e disputa de culpa: ao desenhar a festa junina da organização, ficou faltando definir quem compraria e arrecadaria as prendas das barracas, gerando muito estresse no dia da festa. Logo, membros começaram a atribuir culpa uns aos outros: “Foi o time das coordenadoras”; “Não, foram vocês que não passaram direitos”; “Não me envolvam, eu fiz minha parte”. 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Guia prático que ensina como estruturar uma página de captação de doações para ONGs: mensagem clara, métricas de impacto, transparência financeira e CTA que converte. Saiba mais!
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Inicialmente, vamos entender melhor o que são métricas? Métricas são números e dados que as redes sociais fornecem para mostrar o desempenho das publicações feitas por você ou pela sua ONG. Quando você publica algo no Facebook ou Instagram, essas redes sociais mostram quantas pessoas visualizaram, curtiram, comentaram ou compartilharam seu conteúdo. Saber interpretar essas informações é muito importante porque ajuda a sua OSC a entender o que está dando certo e o que pode melhorar na comunicação com o público. Ao entender melhor essas informações, você pode criar conteúdos que alcançam mais pessoas e ajudam sua organização a ter um impacto maior. Quais são as métricas mais importantes? Entender as principais métricas pode parecer difícil no começo, mas conhecendo cada uma delas fica muito mais fácil saber se sua comunicação está indo bem. Cada uma dessas métricas traz informações cruciais que ajudam a entender o comportamento do seu público e como melhorar as publicações da sua organização. Desvendando as siglas e abreviações das métricas CTR (Click Through Rate): porcentagem de pessoas que clicaram em um link após visualizá-lo. CPM (Custo por Mil Impressões): quanto custa mostrar seu conteúdo para mil pessoas. CPC (Custo por Clique): quanto você paga por cada clique no seu conteúdo. CPA (Custo por Aquisição): custo médio para que uma pessoa realize uma ação específica, como fazer uma doação. ROI (Return on Investment): retorno financeiro obtido em relação ao dinheiro investido em publicidade ou campanhas. KPI (Indicador-Chave de Desempenho): métricas específicas escolhidas para medir o sucesso das suas ações. Alcance e Impressões O alcance é o número de pessoas diferentes que viram sua publicação pelo menos uma vez. Quanto maior o alcance, mais pessoas diferentes foram alcançadas pelo seu conteúdo. Já as impressões mostram quantas vezes sua publicação apareceu nas telas das pessoas, contando inclusive aquelas que viram mais de uma vez (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Engajamento Engajamento é uma das métricas mais importantes porque mostra como as pessoas estão interagindo com seu conteúdo. Essas interações incluem curtidas, comentários, compartilhamentos e salvamentos. Um alto engajamento significa que as pessoas realmente gostaram do seu conteúdo e tiveram vontade de interagir com ele. Quanto mais engajamento, melhor você está se comunicando com o seu público (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Cliques Cliques mostram quantas pessoas clicaram no seu conteúdo ou nos links que você compartilhou. Essa métrica é especialmente importante quando você quer direcionar as pessoas para seu site ou para alguma ação específica, como um evento ou uma campanha de doação (COSTA, 2020). Crescimento de seguidores Essa métrica mostra quantas pessoas novas começaram a seguir sua ONG depois de ver suas publicações. Um crescimento constante de seguidores significa que você está conseguindo chamar a atenção e conquistar novas pessoas para sua causa (COSTA, 2020). Mas afinal, como essas métricas se relacionam? É muito importante não olhar apenas para uma métrica isoladamente. Por exemplo, se muitas pessoas veem sua publicação (alto alcance), mas poucas interagem com ela (baixo engajamento), pode ser que o conteúdo não esteja interessante o suficiente. Para entender se sua estratégia está funcionando, você precisa analisar diferentes métricas juntas, como alcance, engajamento e cliques. Isso ajuda a ter uma visão mais completa do desempenho das publicações (GOMES, 2018). Tipos de análises que você pode fazer Para usar bem as métricas, você pode fazer vários tipos diferentes de análises. Cada tipo serve para algo específico e ajuda você a entender melhor o desempenho das suas redes sociais, mostrando caminhos para melhorar sua comunicação. Análise simples A análise simples é a mais básica e mostra diretamente quantas pessoas viram ou interagiram com seu conteúdo (RECUERO, 2014). Comparação A análise comparativa é quando você compara resultados de diferentes publicações ou períodos. Por exemplo, você pode comparar o desempenho das publicações deste mês com as do mês passado para entender o que funcionou melhor e planejar conteúdos futuros (RECUERO, 2014). Previsão A análise preditiva usa dados antigos para tentar prever resultados futuros (RECUERO, 2014). Um exemplo é que se sabemos que entre novembro e dezembro há um aumento nas curtidas em posts relacionados a doações, construir conteúdo que fale sobre isso antecipadamente é uma forma de “prever” a procura e antecipar-se ao aumento de demanda. Redes sociais Analisar as redes sociais significa entender como as pessoas interagem umas com as outras no seu perfil ou página. Você pode descobrir quem são os principais seguidores, quais conteúdos são mais compartilhados e como essas conexões ajudam a espalhar sua mensagem para mais pessoas (GOMES, 2018). O que ter cuidado ao analisar os números? Ao analisar as métricas, você precisa levar em conta fatores externos que podem influenciar os resultados. Datas especiais, feriados ou eventos importantes podem aumentar ou diminuir a interação com suas publicações (as chamadas datas sazonais). Por isso, sempre olhe com cuidado e verifique se os dados são realmente representativos do desempenho geral (KAHNEMAN, 2012), todo o contexto deve ser levado em conta. Cuidado com erros ao analisar Existem alguns erros comuns ao analisar as métricas. Um deles é o viés de confirmação, que acontece quando você só presta atenção nos números que reforçam o que você já acredita. Outro erro é o viés de recência, que acontece quando você só leva em conta os resultados mais recentes, esquecendo resultados passados (KAHNEMAN, 2012). Como já dito. Recomendações O conteúdo do artigo foi baseado no conhecimento da autora e com referências de base científica. Caso você deseje ampliar o conhecimento acerca da temática, recomenda-se a leitura das fontes a seguir: COSTA, Felipe. Aplicação estratégica de métricas digitais. Panorama, Goiânia, v. 9, n. 2, p. 45-60, 2020. FERREIRA, Mariana; OLIVEIRA, Ana. Produção textual e interações sociais em plataformas digitais. Revista Comunicando, Lisboa, v. 5, n. 1, p. 10-23, 2015. GOMES, André. Dinâmicas de interações nas redes sociais digitais. Salvador: UFBA, 2018. KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2014. 
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