Do ponto A ao ponto B: como desenvolver a gestão da minha ONG?

13 de outubro de 2022

Este conteúdo foi produzido por Daiany França

Está vendo a imagem abaixo? 


Antes de explicá-la, vale a pena mencionar que a paisagem de fundo é uma foto do “Lion's Head”, montanha famosa da Cidade do Cabo, na África do Sul. Fiz a trilha desse pico, íngreme, por duas vezes em 2018. Foi lá que comecei a refletir sobre o que vou compartilhar logo mais.

Não raro, líderes de ONGs entram em contato dizendo ser muito legal tudo o que eu falo aqui ou nas minhas redes sociais, mas na prática, a teoria é outra.


Tudo bem, entendo de onde isso vem. Mas peço aqui licença para contar a minha visão de mudança para uma organização, como ela pode ir do ponto A ao B, ganhando eficiência em gestão.


Essa visão foi construída, sobretudo, a partir da minha vivência (direta e indireta) em programas de fortalecimento institucional de ONGs, selos e prêmios nacionais e internacionais, como Melhores ONGs, Selo Doar, Falcons University (Gerando Falcões), Programa VOA, Selo Phomenta, Young Leaders of the Americas Initiative (YLAI) e 92Y Ford Fellowship. Para fundamentá-la, recorri à literatura de “desenvolvimento de capacidades” e de “desenvolvimento de maturidade organizacional”. Já tive a oportunidade de aplicá-la em cerca de 45 organizações, cujos resultados e impactos foram verificados. Em 2021, ao participar da atualização da certificação internacional da Phomenta, pude aprofundar ainda mais meus conhecimentos e validar algumas percepções. Agora, vamos lá?


A imagem da montanha descreve um caminho evolutivo de melhoria caracterizado por cinco estágios de maturidade, 1, 2, 3, 4, 5, onde 1 é “completamente insatisfatório” e 5 “completamente satisfatório” (ver quadro abaixo). Os esforços em cada nível são coordenados de forma que as melhorias fornecem uma condição de progredir para o estágio seguinte.


Ou seja, no “estágio 1”, do ponto de vista da gestão, a ONG é menos madura e, reconhecendo isso, trabalha para avança para o “estágio 2”, depois do 2 para o 3 e assim por diante (a relação não é necessariamente linear, mas estou colocando dessa maneira para melhor compreensão).


Nesse sentido, para ir de um estágio a outro, a ONG tem como opção criar um Plano de Ação, que pode ser construído a partir de um autodiagnóstico, cujo resultado fornece um mapa para a melhoria contínua da organização, identificando deficiências e orientando melhorias em etapas lógicas e incrementais.



Acessar Autodiagnóstico

O uso eficaz do autodiagnóstico (ou de um diagnóstico dirigido) permite que a organização introduza melhorias no estágio em que se encontra, criando uma base para os estágios posteriores e permitindo que melhore continuamente os próprios resultados organizacionais.


No caso desse
autodiagnóstico, a ONG pode se autoperceber em 40 critérios - os critérios da Certificação Phomenta. Eles estão divididos em cinco pilares. Pode acontecer de em alguns pilares a ONG ir melhor que em outros, natural, mas para que ela avance do estágio 1 ao 5 com segurança e sustentabilidade, é necessário um equilíbrio entre todos os pilares.


Qual a situação da sua ONG hoje?


Alavancas de mudança


Ao entrar em contato com os programas da Phomenta e/ou com os conteúdos do Portal do Impacto, uma ONG tem acesso a um conjunto de soluções e ferramentas que podem ser entendidas como “alavancas de mudança”. Essas alavancas apontam para um conjunto de boas práticas, que, quando implementadas pela organização, as ajudam a progredir no seu estágio de maturidade.


Na física, alavancas são objetos simples capazes de multiplicar a força que é aplicada a um corpo ou outro objeto, quando apoiadas em um ponto fixo.

O princípio central de funcionamento das alavancas é de antes de Cristo, mais precisamente do século III a.C., e foi criado por Arquimedes. O matemático, físico e inventor grego chegou a dizer: “Dê-me um ponto de apoio e uma alavanca que moverei o mundo”. Isso tem tudo a ver com a Phomenta e o Portal do Impacto, que se colocam no mundo como esse ponto de apoio às ONGs.



Acessar Ferramentas


Dito isso, e voltando a olhar para a primeira imagem, qual seria o estágio de maturidade da sua ONG? 1, 2, 3, 4 ou 5?


Por quê?


Para concluir, veja o quadro abaixo, se localize e tente se inspirar nas boas práticas relacionadas.

Estágios de Maturidade Comportamento dominante Boas práticas relacionadas
1 - Completamente insatisfatório A ONG está totalmente desorganizada e com problemas críticos em todos os pilares. Análise e compreensão da organização e do seu contexto. Acessar link
2 - Insatisfatório As áreas de gestão funcionam de forma precária, os processos são inexistentes, desfasados ou mal estruturados. Adoção de procedimentos e boas práticas de gestão. Acessar link
3 - Na média As áreas de gestão até apresentam uma certa organização, mas a falta de algumas informações e a carência de alguns processos e controles causam um desalinhamento organizacional. Implementação de medidas corretivas e novas ferramentas para obter resultados cada vez mais satisfatórios. Acessar link
4 - Satisfatório As áreas de gestão apresentam, de modo geral, processos e atividades bem definidas e estruturadas, com ações devidamente acompanhadas e uma busca contínua por melhoria Intensificação de uma gestão vigilante e comprometida com a melhoria contínua. Acessar link
5 - Totalmente Satisfatório As áreas de gestão apresentam um alto nível de organização, muito acima da média geral, com controle e processos sofisticados. As organizações nesse nível têm uma aprendizagem mais ágil e dinâmica. O compromisso com a melhoria contínua da organização é uma prática otimizada pelo time e faz parte da cultura organizacional. Acessar link




P.S. Aqui sou eu no topo do Lion’s Head. Cansada e feliz! =D





Daiany França Saldanha é responsável pelo editorial do Portal do Impacto.


Inscreva-se na nossa Newsletter

Últimas publicações

Por Maria Cecilia Prates 28 de outubro de 2025
Nem tudo que é medido gera impacto real. Este artigo reflete sobre os riscos da obsessão por métricas no Terceiro Setor e como o foco excessivo em números pode distorcer o verdadeiro propósito social das organizações.
Por Rosana Meneses 16 de outubro de 2025
Entre metas, editais e sobrecarga, muitas gestoras do Terceiro Setor vivem o desafio de fazer tudo sozinhas. Neste relato,você verá lições práticas sobre como equilibrar a gestão de projetos e a captação de recursos sem perder a saúde, nem o propósito.
Por Fernando Porto 13 de outubro de 2025
Aprenda como usar o storytelling para engajar e inspirar. Descubra como ONGs podem criar narrativas autênticas que despertam empatia, fortalecem vínculos e mobilizam doadores.
Por Kamilly Oliveira 7 de outubro de 2025
Descubra como definir a missão e a visão da sua organização de forma prática e inspiradora. Um exercício essencial para alinhar propósito, estratégia e impacto social.
Por Ci Freitas 30 de setembro de 2025
O que realmente é turismo regenerativo? Vá além do sustentável e aprenda a sobre turismo sustentável e regeneração. Confira o artigo.
Por Instituto Phomenta 17 de setembro de 2025
Segundo o Governo Federal, para cada R$ 1 aplicado em projetos culturais, até R$ 1,60 volta para a economia. Esse movimento gera emprego e renda, amplia o acesso à arte e à educação e cria novas oportunidades de desenvolvimento. Apesar desse potencial, muitas organizações culturais atuam com orçamentos reduzidos e equipe limitada. Um levantamento da Iniciativa Pipa e do Instituto Nu aponta que 31% das organizações periféricas de cultura e educação têm orçamento anual de até R$ 5 mil, e 58% funcionam de forma totalmente voluntária, sem equipe remunerada. São iniciativas que já promovem impacto real, mas enfrentam dificuldades para acessar leis de incentivo, conquistar patrocínios e participar de editais. Porém, com apoio direcionado, podem fortalecer sua atuação e alcançar mais pessoas. Fortalecimento e oportunidade de crescimento O Programa de Aceleração Cultural é uma iniciativa do Instituto Phomenta, em parceria com o Ministério da Cultura e patrocínio do Grupo Ultra e suas unidades de negócio: Ultragaz, Ultracargo, ICONIC, Ultra e Instituto Ultra e Ipiranga. A proposta é apoiar organizações que atuam com cultura e educação, oferecendo formações e acompanhamento para melhorar a gestão, ampliar as estratégias de captação e facilitar o acesso a Leis de Incentivo à Cultura. O programa é gratuito, online, acessível para pessoas com deficiência e acontecerá no 2º semestre de 2025, com 40 horas de duração entre encontros ao vivo, atividades práticas e mentorias individuais. Além do conteúdo, as organizações participantes receberão bolsa auxílio de até R$ 2.000, como incentivo para participação ativa. Quem pode participar Organizações localizadas em São Paulo (SP), Campinas (SP), Santos (SP) e Duque de Caxias (RJ) que: Tenham pelo menos 1 ano de existência e CNPJ ativo Desenvolvam atividades culturais com caráter educativo, como oficinas, cursos, programas de formação, acompanhamento pedagógico e ações culturais que visem ensino e transformação social Possuam canais de comunicação ativos (site e/ou redes sociais) Não promovam partidos políticos, religiões específicas, violência ou criminalidade Será necessário comprovar experiência mínima de 1 ano em ações culturais educativas durante a etapa de envio de documentos. O que será oferecido O Programa de Aceleração Cultural inclui mentorias personalizadas, formações em gestão, sustentabilidade financeira e captação de recursos, apoio para acessar Leis de Incentivo à Cultura e rodas de conversa para troca de experiências entre organizações participantes. Como incentivo à participação, cada organização poderá receber até R$ 2.000 em bolsa auxílio, considerando presença mínima de 75% nos módulos e participação nas atividades previstas. Por que participar Esta é uma oportunidade para fortalecer a atuação, ampliar a visibilidade e criar condições para que projetos culturais educativos se mantenham e cresçam. Além do conteúdo prático, o incentivo financeiro ajuda a garantir a presença de quem já enfrenta restrições orçamentárias. E a rede formada entre as organizações participantes favorece trocas e colaborações que podem gerar impacto duradouro. Como participar As inscrições para o processo seletivo estão abertas até 01 de outubro de 2025. Após o cadastro, haverá uma sessão explicativa para apresentar o programa e tirar dúvidas, seguida do envio de documentação para análise. As organizações aprovadas participarão dos dois módulos e das mentorias individuais. Mais informações sobre o Programa de Aceleração Cultural estão disponíveis no botão abaixo!
mostrar mais

Participe do nosso grupo no WhatsApp para receber nossos conteúdos em primeira mão

Entrar para o grupo