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Como e porque a sua ONG precisa ter um perfil no TikTok

set. 15, 2022

Este conteúdo foi produzido por Larissa Dutra

O TikTok surgiu em 2017 como um aplicativo para dublagem de músicas, de lá para cá o app mudou completamente e hoje já está presente nos celulares de mais de 1 bilhão de usuários por mês. 

Os vídeos curtos aproximam quem está vendo de quem produz, e por isso, durante o isolamento social provocado pela pandemia, ele foi o app mais baixado do mundo. 

A importância foi tanto que apps tidos como rivais acabaram se adaptando aos vídeos curtos, como é o caso do reels no Instagram. 


E como era de se esperar, além do entretenimento, o Tik Tok também virou um meio de comunicação de empresas, instituições, marcas e influenciadores. É um captador de atenção e consequentemente de recursos. 

Por isso, essa também é uma plataforma incrível para você mostrar o que a sua ONG faz, aproximar quem se interessa pela sua causa e atrair não só captação de recursos, como voluntários e possibilidades diversas. Comunicação é a chave para atrair oportunidades. 


Qual é a relevância do TikTok?


Se engana quem acha que o TikTok é apenas para a geração Z, que é um mundo jovem sem usuários mais velhos e que portanto, pode ser uma rede social descartada. 


O Tik Tok transformou notícias, tutoriais e até causas sociais em vídeos de 30 segundos. Existem nichos que aparecem para determinados perfis de acordo com os seus interesses e engajamento. Ou seja, quem gosta de vídeos de animais sempre vai cair em mais vídeos de animais, incluindo de ONGs que mostram o seu dia a dia de resgate e até mesmo, faz campanhas em seus perfis. 


Um exemplo de como o engajamento para causas sociais funciona na plataforma é que em agosto de 2021 a cantora Marisa Monte lançou uma música chamada A Língua dos Animais, e atrelou a ela uma campanha de incentivo à adoção. A hashtag #adotecommarisa viralizou em poucos dias. 


Um pouco antes disso, em 2020, o TikTok já tinha se proposto a um projeto em prol da causa animal juntamente com o Instituto Luisa Mell. Nesse projeto a plataforma fez uma arrecadação de fundos que envolvia o uso de hashtags e de um filtro do famoso vira-lata caramelo. 


E como era de se esperar, a campanha foi um sucesso que extrapolou as barreiras da rede e chegou nas suas concorrentes. E isso pontuando apenas como a plataforma é relevante em uma causa tão sensível quanto a animal.


Mas o TikTok pode ser uma ferramenta importante de aproximação para qualquer organização, de qualquer causa social. 


TikTok para empresas e organizações: estratégia de marketing e captação de recursos 


Quem tem um perfil no Instagram ou no Facebook já percebeu que existe um pedaço dessas plataformas voltado especialmente para o marketing. É possível fazer impulsionamento de postagens, vender produtos e serviços por meio delas. 


Muitas organizações já entenderam o quanto é importante ter um perfil atuante nas redes sociais. Além de chegar próximo do público usuário do serviço disponibilizado pela ONG, ela também aproxima quem pode se voluntariar e ajuda na captação de recursos. 


Ter uma rede social que mostra o dia a dia e que tem seriedade na comunicação, também dá segurança para quem deseja doar. Afinal de contas, quem nunca procurou um perfil de marca no Instagram para saber se ela era confiável? 


É por isso que é tão fundamental ter uma comunicação e uma estratégia de marketing para os perfis de redes sociais. O quanto antes a organização se propor a isso, mais rápido ela obtém os resultados desejados. 


O TikTok também entrou nas estratégias de marketing das empresas. É possível impulsionar posts, usar hashtags para chegar ao público alvo e desenvolver um amplo trabalho de comunicação transparente na plataforma. 


O TikTok também tem se mostrado próximo a diversidade e temas sociais, com programas exclusivos para alguns nichos. Em novembro, por conta do dia da consciência negra, a plataforma vai impulsionar contas de criadores de conteúdo, empresas e organizações de pessoas negras.

Você pode saber como participar aqui

TikTok Para o Bem


O TikTok tem um programa especial para organizações sem fins lucrativos, é o TikTok for Good. Ele é descrito pela plataforma como um meio de inspirar e incentivar jovens a ter um impacto positivo no meio ambiente e nas pessoas ao redor. 


As ONGs podem se beneficiar de 3 maneiras com esse programa, a primeira é tendo um gerenciamento de contas amplo, disponível apenas para perfis comerciais, a segunda é tendo acesso às análises avançadas que ajudam a entender como chegar no público-alvo e a terceira que é a promoção de hashtags. O TikTok promove a hashtag da sua ONG sem custos, isso é como um impulsionamento de postagem no Instagram.


Esses serviços combinados fazem com que a organização consiga aumentar a audiência das suas redes sociais, consequentemente ganhando mais visibilidade e aumentando a conscientização sobre sua causa.


Saiba mais aqui

O que deve aparecer no TikTok de uma ONG?


A produção de conteúdo para as redes sociais sempre é um desafio para as organizações, principalmente porque é muito raro que exista um setor específico para comunicação. 


No entanto, esse tipo de conteúdo pode ser inserido em qualquer rotina. Mostrar o dia a dia da organização pode ser uma das tarefas do dia. Enquanto a organização faz uma atividade com os atendidos, quem está a frente pode falar um pouco sobre em um vídeo curto para o TikTok. 


Entrar nas famosas trends pode ser um passo seguinte. É preciso começar, mais do que planejar. Ação é o que manda nas redes sociais. 


Inclua o dia a dia, atividades, envolva os voluntários nas redes sociais para que essa tarefa fique mais distribuída. A causa deve aparecer nas atividades desenvolvidas na rotina da ONG. E quando a vergonha bater é fundamental lembrar do porquê da existência da organização e pensar que todas as ações são para o bem maior. 


Como criar conteúdo de ONG no TikTok?


Para te ajudar a começar o seu perfil no TikTok, vamos deixar aqui alguns exemplos simples, que podem ser seguidos para as postagens da rede: 


Primeiro:

Grave pequenos vídeos para os stories com a chegada dos voluntários, organização das atividades e elas acontecendo. 


Baixe esse conteúdo e depois cole-o em ordem cronológica no próprio app do TikTok. Publique com uma legenda explicativa. 


Assim você otimiza e alimenta duas redes sociais ao mesmo tempo. 


Segundo: 

Sempre grave pequenos vídeos quando algum evento especial vai acontecer, explicando o que ele é, quando acontece, convidando quem se interessar e mostrando o decorrer dele. 


Terceiro:

Conte a história da organização, mostre a origem, a ideia, o porquê da existência dela em fotos antigas e conversas com quem está nela desde o começo. 


O pulo do gato é entender que os vídeos são feitos para mostrar a organização por dentro, aproximar o público do dia a dia. Faça de uma forma intimista e tudo vai acontecer naturalmente. 


Por fim, fique de olho aqui no Portal do Impacto. Vamos trazer mais informações sobre redes sociais, inclusive o TikTok e todas as possibilidades para ONGs. 






Larissa Dutra é jornalista da Phomenta 


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De acordo com o pesquisador brasileiro Ewerton Naves Dias, Ph.D em Psicologia pela Universidade do Porto, no Coping , consideramos o estresse como algo contextual, “o que significa que se trata de um processo de relação entre a pessoa e o ambiente e que se transforma ao longo do tempo. Desse modo, ele é definido como uma situação avaliada pelo indivíduo como significativa e com demandas que excedem seus recursos para lidar com o respectivo evento”. Diferente dos mecanismos de defesa, que acontecem de forma inconsciente, as estratégias de enfrentamento utilizam-se da percepção da pessoa frente ao evento estressor, desencadeando pensamentos avaliativos sobre suas ferramentas internas e externas e o controle ou não da situação, a fim de escolher sua forma de lidar com a situação. Categorias ou possibilidades de enfrentamento Apesar de Lazarus e Folkman definirem as duas principais categorias de enfrentamento, podemos encontrar na literatura algumas variações dessas estratégias, sendo as mais comuns: 1) Enfrentamento com foco no problema: Quando acredita-se que é possível alterar aspectos do ambiente, diminuindo ou eliminando os fatores de estresse e atuando de forma ativa. Alguns exemplos de ações, baseadas no contexto organizacional do Terceiro Setor, são: Análise crítica e detalhada do problema gerador de estresse Conversas individuais com pessoas que estão diretamente envolvidas na situação Conversas em grupo ou equipe, caso seja uma questão que influencie o bem-estar de várias pessoas Planejamento e criação de resoluções coletivas de enfrentamento ao problema Busca de apoio externo de especialistas 2) Enfrentamento com foco na emoção: Baseado na crença de que o ambiente é pouco alterável ou imutável, o indivíduo busca recursos para lidar com os sentimentos derivados do estresse, de forma a prolongar sua permanência na situação até que as circunstâncias mudem. Este é um tipo de enfrentamento moderado e pode ser realizado com: Fortalecimento de técnicas de autocontrole emocional Busca de apoio social (inclusive de colegas de equipe) ou psicológico para a descoberta de novas possibilidades de enfrentamento Investimento em hobbies ou atividades de lazer que minimizem os sentimentos negativos e promovam distração Desenvolvimento de práticas espirituais ou religiosas 3) Enfrentamento evitativo: Esta estratégia considerada passiva, também fundamentada na crença de que não há controle sobre as circunstâncias, engloba o afastamento, fuga, esquiva ou desligamento mental do problema. Aqui a pessoa escolhe evitar o conflito, lidar com os sintomas do estresse e economizar energia emocional. Qual estratégia usar? Os estudos que avaliam a predominância e a eficácia da utilização de cada tipo de coping divergem de acordo com o público pesquisado, considerando, no entanto, a variabilidade dos diferentes tipos de personalidade. Por exemplo: Uma análise feita com trabalhadores de CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) em Campinas (ZANATTA, 2019), verificou que a estratégia mais utilizada pelos profissionais destes espaços foi a de resolução de problemas, onde há a elaboração de planos de ação e alternativas com o objetivo de resolução da situação. Pesquisas realizadas com profissionais da saúde que trabalham em hospitais e analisadas pela Profª Drª Liliana Antoniolli (2022), afirmam que o coping mais utilizado pelas entrevistadas eram os baseados no enfrentamento com foco na emoção, onde empregavam um esforço cognitivo para ressignificar as experiências laborais “controlando emoções, como tristeza, medo e estresse, que emergem devido a situação conflitante”. Observa-se que a tendência de utilização de cada estratégia está positivamente ligada à experiência e idade dos profissionais, sendo que, quanto maiores mais o profissional tenderia a utilizar o enfrentamento com o foco no problema, enquanto os mais jovens tendem a escolher com mais frequência o afastamento (ou evitação) do estressor, por meio de um isolamento autoimposto. Outra proposta de estratégias de coping defendida pelo pesquisador Caryl Rubust (1988), da Vrije Universiteit em Amsterdã , Holanda , destacou outras quatro alternativas de enfrentamento, relacionadas ao ambiente de trabalho, que ele chamou de EVLN (Exit/Voice/Loyalty/Neglect), traduzido para o português como: saída, voz, lealdade e negligência. Nelas, o indivíduo escolheria: Saída: Sair do trabalho e encontrar um emprego melhor Voz: Tentar melhorar a situação conflitante com a sua voz Lealdade: Ser motivadas a apoiar ativamente a organização, ignorando seus incômodos Negligência: Concentrar-se em seus interesses não relacionados ao trabalho e "negligenciar" sua situação de trabalho insatisfatória De acordo com Lazarus e Folkman, as Estratégias de Enfrentamento ainda podem ser Adaptativas ou Desadaptativas, ou seja, quando as estratégias utilizadas são saudáveis e conseguem minimizar os sentimentos desagradáveis e desmotivadores são consideradas positivas/adaptativas. Em contraponto, quando não são saudáveis (recorrer a um vício como o cigarro, drogas ou bebidas alcoólicas, por exemplo) a estratégia é considerada negativa/desadaptativa. Como o Terceiro Setor tem lidado com os sintomas de estresse? Na “Pesquisa - A Saúde Mental e o Bem-Estar dos profissionais do Terceiro Setor ”, publicada pela Phomenta, em 2023, foram utilizados alguns questionamentos quanto às estratégias que as pessoas entrevistadas usavam para lidar com os sintomas de estresse oriundos do trabalho nas organizações sociais brasileiras, e encontramos nos resultados que: 69% relataram realizar atividades físicas 66% procuraram ajuda profissional de psicólogos, psiquiatras ou outros tipos de terapias alternativas 20% fazem uso regular de medicamentos calmantes e/ou ansiolíticos Percebemos com esses dados, que a maior parte das estratégias utilizadas pelos respondentes da pesquisa são do enfrentamento com foco na emoção, o que pode amenizar temporariamente a angústia e a desmotivação de quem passa por estresse de forma recorrente, mas que a médio prazo acaba gerando a saída deste colaborador, o que podemos observar nas altas taxas de rotatividade do setor. As Profª Drª Mary Sandra Carlotto e Sheila Gonçalves Câmara da Universidade Luterana do Brasil - ULBRA/Canoas, em suas pesquisas na área da educação, concordam com a constatação de que as estratégias de coping focadas no problema são estratégias adaptativas (positivas) que auxiliam os profissionais a enfrentar os problemas que surgem em seu ambiente organizacional. Elas também acrescentam que esse estilo de enfrentamento pode levar a um aumento dos níveis de realização profissional. Apesar de várias organizações sociais no Brasil relatarem, na Pesquisa da Phomenta (2023), que já estão implementando ações para amenizar os sintomas de estresse de seus colaboradores, como apoio psicológico, momentos de confraternização e lazer, formações e palestras, dentre outras, e estarem discutindo temáticas relacionadas à saúde mental e ao bem-estar, as mesmas ações precisam de coerência prática para realmente efetivar uma melhora da saúde coletiva. A publicação ressalta: “[...] é crucial que a organização não apenas introduza tais medidas, mas também promova mudanças que abordem os causadores de estresse, como o excesso de demanda e prazos apertados. A saúde mental não é apenas sobre discutir ou promover a conscientização, é também sobre criar um ambiente de trabalho sustentável onde os trabalhadores se sintam apoiados em suas rotinas diárias. Quando a liderança trabalha horas excessivas e perpetua um senso de urgência, por exemplo, isso pode enviar uma mensagem contraditória à equipe, sugerindo que, apesar das iniciativas de bem-estar, a cultura de trabalho exaustivo ainda prevalece”. Autoavaliação Como enfatizado no início do texto, o coping tem como característica principal a escolha consciente de sua reação frente ao estresse, o que nos leva a crer que para ser feita da forma mais eficaz, deve ser percebida, avaliada e monitorada com o passar do tempo. Dessa forma, faça agora uma autoavaliação de quais têm sido suas escolhas frente aos desafios do dia-a-dia, principalmente relacionados ao trabalho no Terceiro Setor. Avalie também quais têm sido as formas de enfrentamento utilizadas pelas pessoas em sua equipe ou em sua organização, para que se certifiquem de que por meio do apoio mútuo possam criar formas de lidar com o estresse enfrentando o problema. Referências Antoniolli, Liliana; Vega, Edwing Alberto Urrea Vega; Haack, Pâmela; Duarte, Andrey Godoy; Macedo, Andréia Barcellos Teixeira; Souza, Sônia Beatriz Cócaro de; Coping dos profissionais da enfermagem: revisão integrativa de literatura. Open Science Research - ISBN 978-65-5360-055-3 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org - Vol. 1 - Ano 2022 CARLOTTO, Mary Sandra; CÂMARA, Sheila Gonçalves. Síndrome de Burnout e estratégias de enfrentamento em professores de escolas públicas e privadas. Psicologia da Educação, vol. 26, n. 1, p. 29-46, 2008. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-69752008000100003 . Acesso em: 08 mar. 2023. DIAS, Ewerton Naves; PAIS-RIBEIRO, José Luís. O modelo de coping de Folkman e Lazarus: aspectos históricos e conceituais. Rev. Psicol. Saúde, Campo Grande , v. 11, n. 2, p. 55-66, ago. 2019 . Disponível em < http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2177-093X2019000200005&lng=pt&nrm=iso >. acessos em 10 mar. 2024. http://dx.doi.org/10.20435/pssa.v11i2.642. Lazarus, R., & Folkman, S. (1984). Stress appraisal and coping. New York: Springer. PHOMENTA. Pesquisa: A saúde mental e o bem-estar dos trabalhadores do terceiro setor. Campinas: SP. 2023. Disponível em: https://www.phomenta.com.br/pesquisa-saude-mental-e-bem-estar RUSBULT, C. E.; FARREL, D.; ROGERS, G. e MAINOUS III, A. G. (1988), «Impact of exchange variables on exit, voice, loyalty and neglect: an integrative model of responses to declining satisfaction». Academy of Management Journal, vol. 31(3), pp. 599-627. Zanatta AB, Lucca SR, Sobral RC, Stephan C, Bandini M. Estresse e coping entre trabalhadores de centros de atenção psicossocial do interior do estado de São Paulo. Rev Bras Med Trab.2019;17(1) DOI:10.5327/Z1679443520190300:83-89 Coping: estratégias para enfrentar períodos estressantes ou Coping: mais saúde mental em períodos estressantes ou Coping, estratégias de saúde mental em períodos estressantes
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