Como decidir em cada contexto: modelos de decisão

13 de março de 2025

Este é o último artigo da série “Decisões no Terceiro Setor”. Após discutir sobre as decisões no Terceiro Setor e apresentar um modelo para estruturar as decisões, chegou a hora de apresentar diferentes modelos para a etapa de decisão.

Quem nunca se deparou com uma situação na qual o grupo não conseguia chegar a uma decisão. Horas e horas de discussões intermináveis que não chegam a um consenso, ou seja, não há uma alternativa em que todos concordam. O que fazer? Abrir votação? O presidente ou diretor executivo decide?


As decisões coletivas ou em grupo trazem desafios particulares e não existe uma única forma de decidir e nem uma melhor. Para cada contexto, um modelo pode ser o mais apropriado. Quem sabe até uma combinação de modelos. Abaixo há uma lista não exaustiva de alguns modelos que a sua organização pode adotar para uma tomada de decisão assertiva.


Decisão quantitativa


Cada alternativa é avaliada conforme critérios pré-estabelecidos. Notas são atribuídas para cada critério e alternativa, sendo a escolha baseada na alternativa com maior pontuação. É possível atribuir pesos diferentes para cada critério e até utilizar técnicas mais avançadas para os pesos como Análise Multicriterial.


Quando pode fazer sentido?

Quando há múltiplas alternativas e critérios bem definidos para avaliação.


Exemplos: 

  • Alocação de recursos (pessoas, dinheiro) em projetos;
  • Escolha de quais projetos a ONG continuará executando no ano seguinte;
  • Avaliação de qual área priorizar para proteção contra incêndios.


Esse modelo facilita escolhas complexas, tornando a decisão assertiva e mais objetiva ao comparar múltiplas alternativas e critérios ponderados.


Votação


Após a definição das opções ou alternativas, cada pessoa do grupo vota em uma opção. A escolha final pode seguir diferentes metodologias:


  • Simples: a opção com a maioria dos votos, 50%+1;
  • Qualificada: a opção com mais do que ⅔ ou ¾ dos votos;
  • Mais votada: a opção com mais votos, independentemente da representatividade;
  • Dois turnos: duas rodadas de votação, permitindo que as pessoas alterem o voto inicial.


Quando pode fazer sentido?

Decisões rápidas em grupos grandes e para grupos que valorizam a democracia e a representatividade.


Exemplos: 

  • Escolha de um local e data para a próxima reunião;
  • Escolha de um slogan para a organização.


 A votação é uma forma democrática que torna as decisões rápidas e representativas em grupos de diferentes tamanhos.


Consenso


Todos os participantes precisam concordar com uma das alternativas. É um modelo que favorece o comprometimento, porém, para grupos maiores ou muito divergentes, pode se tornar um processo lento.


Uma variação é o consenso modificado, no qual, na ausência de consenso, a decisão segue para votação.


Quando pode fazer sentido?

Decisões que impactam valores, missão ou princípios fundamentais da organização e em contextos que o alinhamento é essencial para a execução.


Exemplos

  • Seguir ou não com a parceria com uma empresa;
  • Mudanças no código de ética da organização.


A busca por uma decisão assertiva em consenso auxilia no fortalecimento do comprometimento coletivo, apesar de demandar mais tempo em grupos numerosos ou com opiniões muito distintas. 


Consentimento


A decisão apresentada por uma pessoa (ou grupo) ao coletivo é aprovada desde que não haja objeções válidas (a partir de critérios definidos pelo grupo, por exemplo, que não causam um grande mal para o funcionamento da organização). O modelo busca promover a agilidade ao permitir que decisões sejam ajustadas no futuro, caso necessário.


Quando pode fazer sentido?

Decisões operacionais ou táticas que não apresentam grandes riscos (algumas organizações também adotam para decisões estratégicas) e decisões em que a organização busca agilidade e distribuição do poder decisório.


Exemplos: 

  • Modelo de organização do depósito proposto pela pessoa responsável;
  • Alteração na estrutura do relatório de atividades;
  • Processo de reembolso estabelecido pela pessoa responsável pelos pagamentos.


Esse modelo busca agilizar o processo decisório e distribuir poder, ajustando possíveis desacordos conforme os mesmos surgirem. 


Sorteio


A opção é escolhida aleatoriamente entre as alternativas.


Quando pode fazer sentido?

Organizações que buscam maior justiça e imparcialidade nas decisões ou quando não é possível definir critérios objetivos.


Exemplos:

  • Sorteio de 20 vagas para os inscritos no projeto social da ONG;
  • Sorteio das cidades que receberão um projeto piloto.


O sorteio  promove imparcialidade ao escolher de forma aleatória, o que é bom quando faltam critérios objetivos ou se busca isonomia na decisão.


Hierárquico


Uma pessoa com autoridade, devido à sua posição ou
expertise, decide.


Quando pode fazer sentido?

Decisões que exigem maior rapidez e/ou com impacto limitado.


Exemplos:

  • Um especialista seleciona a área mais propícia para iniciar um projeto de recuperação de solo;
  • A liderança define as prioridades na compra de materiais.


Esse modelo centraliza a decisão em quem possui autoridade ou especialização técnica no assunto/área de atuação, agilizando o processo e dando uma carga maior de responsabilidade ao decisor. 


Delphi (bônus)


Técnica estruturada de tomada de decisão que utiliza consultas anônimas a um grupo de especialistas, realizadas em múltiplas rodadas. Após cada rodada, um facilitador compartilha o feedback agregado, permitindo que os participantes revisem suas opiniões até que seja alcançado um consenso ou convergência.


Quando pode fazer sentido?

Decisões complexas e estratégicas que exigem insights especializados e/ou se busca uma independência de opiniões.


Exemplos:

  • Escolha do foco de atuação de uma ONG em um novo território, consultando beneficiários e especialistas;
  • Consultar especialistas para definir as competências do currículo de um programa nacional.


Ou seja, a técnica Delphi busca promover decisões por meio de rodadas anônimas entre especialistas, facilitando o consenso entre eles. 


Conclusão


Os diferentes modelos de tomada de decisão apresentados ao longo do artigo podem ser adaptados e combinados de acordo com as necessidades específicas de cada ONG. Isso permite não apenas alcançar decisões mais eficazes, mas também aumentar o impacto social que cada organização gera.   

                   

Assim encerramos a série de artigos sobre decisões no Terceiro Setor, oferecendo uma visão prática sobre metodologias e modelos que podem apoiar você, empreendedor social, na facilitação de processos coletivos de decisão.


Leia o primeiro artigo da série aqui: Decisões no Terceiro Setor: como ONGs equilibram impacto e sustentabilidade


E o segundo aqui: Tomada de decisões: como decidir melhor?


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Rodrigo Cavalcante atua conectando e fortalecendo ONGs, financiadores e empresas para gerar impacto social. Com experiência em aceleração de organizações, desenvolvimento de produtos e criação de plataformas como o Portal do Impacto, liderou a expansão da Phomenta, alcançando mais de 500 ONGs apoiadas e 12.000 empreendedores sociais. Foi finalista do Valuable Young Leaders, é host do Podcast do Impacto e já facilitou mais de 100 workshops sobre inovação e gestão no Terceiro Setor. 


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A boa gestão age diretamente sobre cada uma delas para transformar desafios em oportunidades: Na conversa do tipo “O que aconteceu?”, os participantes focam em quem está certo ou errado, partindo de suposições que levam ao ciclo de acusações e impedem a solução. Conforme o autor: “quando algo desagradável acontece, o foco da conversa gira em torno de quem está certo, quem está errado, quem disse o quê, quem deve assumir a responsabilidade e assim por diante. Passamos a discutir quase todos os detalhes.”. Exemplo de conflito – Projeto atrasado e disputa de culpa: ao desenhar a festa junina da organização, ficou faltando definir quem compraria e arrecadaria as prendas das barracas, gerando muito estresse no dia da festa. Logo, membros começaram a atribuir culpa uns aos outros: “Foi o time das coordenadoras”; “Não, foram vocês que não passaram direitos”; “Não me envolvam, eu fiz minha parte”. 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Essa interpretação precipitada de “más intenções” gera tensão e impede que ambos discutam a real necessidade de melhoria de conteúdo. Por fim, quando falamos da Conversa da Identidade: é quando uma conversa difícil ameaça a auto-identidade de alguém (questões como "sou competente?", "sou uma boa pessoa?"), e as pessoas podem reagir defensivamente. A boa gestão auxilia a fundamentar a identidade dos colaboradores, focando no valor próprio e na capacidade de examinar-se objetivamente e admitir falhas sem medo. Além disso, a gestão eficaz desiste de tentar controlar as reações dos outros, focando em influenciar e adaptar a própria autopercepção. Exemplo de conflito – Avaliação de desempenho e abalo de autoestima: durante uma avaliação de desempenho, é comum um superior dizer: “seu desempenho no trabalho é tão ruim; você acha que pode competir pela promoção?”. 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Inicialmente, vamos entender melhor o que são métricas? Métricas são números e dados que as redes sociais fornecem para mostrar o desempenho das publicações feitas por você ou pela sua ONG. Quando você publica algo no Facebook ou Instagram, essas redes sociais mostram quantas pessoas visualizaram, curtiram, comentaram ou compartilharam seu conteúdo. Saber interpretar essas informações é muito importante porque ajuda a sua OSC a entender o que está dando certo e o que pode melhorar na comunicação com o público. Ao entender melhor essas informações, você pode criar conteúdos que alcançam mais pessoas e ajudam sua organização a ter um impacto maior. Quais são as métricas mais importantes? Entender as principais métricas pode parecer difícil no começo, mas conhecendo cada uma delas fica muito mais fácil saber se sua comunicação está indo bem. Cada uma dessas métricas traz informações cruciais que ajudam a entender o comportamento do seu público e como melhorar as publicações da sua organização. Desvendando as siglas e abreviações das métricas CTR (Click Through Rate): porcentagem de pessoas que clicaram em um link após visualizá-lo. CPM (Custo por Mil Impressões): quanto custa mostrar seu conteúdo para mil pessoas. CPC (Custo por Clique): quanto você paga por cada clique no seu conteúdo. CPA (Custo por Aquisição): custo médio para que uma pessoa realize uma ação específica, como fazer uma doação. ROI (Return on Investment): retorno financeiro obtido em relação ao dinheiro investido em publicidade ou campanhas. KPI (Indicador-Chave de Desempenho): métricas específicas escolhidas para medir o sucesso das suas ações. Alcance e Impressões O alcance é o número de pessoas diferentes que viram sua publicação pelo menos uma vez. Quanto maior o alcance, mais pessoas diferentes foram alcançadas pelo seu conteúdo. Já as impressões mostram quantas vezes sua publicação apareceu nas telas das pessoas, contando inclusive aquelas que viram mais de uma vez (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Engajamento Engajamento é uma das métricas mais importantes porque mostra como as pessoas estão interagindo com seu conteúdo. Essas interações incluem curtidas, comentários, compartilhamentos e salvamentos. Um alto engajamento significa que as pessoas realmente gostaram do seu conteúdo e tiveram vontade de interagir com ele. Quanto mais engajamento, melhor você está se comunicando com o seu público (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Cliques Cliques mostram quantas pessoas clicaram no seu conteúdo ou nos links que você compartilhou. Essa métrica é especialmente importante quando você quer direcionar as pessoas para seu site ou para alguma ação específica, como um evento ou uma campanha de doação (COSTA, 2020). Crescimento de seguidores Essa métrica mostra quantas pessoas novas começaram a seguir sua ONG depois de ver suas publicações. Um crescimento constante de seguidores significa que você está conseguindo chamar a atenção e conquistar novas pessoas para sua causa (COSTA, 2020). Mas afinal, como essas métricas se relacionam? É muito importante não olhar apenas para uma métrica isoladamente. Por exemplo, se muitas pessoas veem sua publicação (alto alcance), mas poucas interagem com ela (baixo engajamento), pode ser que o conteúdo não esteja interessante o suficiente. Para entender se sua estratégia está funcionando, você precisa analisar diferentes métricas juntas, como alcance, engajamento e cliques. Isso ajuda a ter uma visão mais completa do desempenho das publicações (GOMES, 2018). Tipos de análises que você pode fazer Para usar bem as métricas, você pode fazer vários tipos diferentes de análises. Cada tipo serve para algo específico e ajuda você a entender melhor o desempenho das suas redes sociais, mostrando caminhos para melhorar sua comunicação. Análise simples A análise simples é a mais básica e mostra diretamente quantas pessoas viram ou interagiram com seu conteúdo (RECUERO, 2014). Comparação A análise comparativa é quando você compara resultados de diferentes publicações ou períodos. Por exemplo, você pode comparar o desempenho das publicações deste mês com as do mês passado para entender o que funcionou melhor e planejar conteúdos futuros (RECUERO, 2014). Previsão A análise preditiva usa dados antigos para tentar prever resultados futuros (RECUERO, 2014). Um exemplo é que se sabemos que entre novembro e dezembro há um aumento nas curtidas em posts relacionados a doações, construir conteúdo que fale sobre isso antecipadamente é uma forma de “prever” a procura e antecipar-se ao aumento de demanda. Redes sociais Analisar as redes sociais significa entender como as pessoas interagem umas com as outras no seu perfil ou página. Você pode descobrir quem são os principais seguidores, quais conteúdos são mais compartilhados e como essas conexões ajudam a espalhar sua mensagem para mais pessoas (GOMES, 2018). O que ter cuidado ao analisar os números? Ao analisar as métricas, você precisa levar em conta fatores externos que podem influenciar os resultados. Datas especiais, feriados ou eventos importantes podem aumentar ou diminuir a interação com suas publicações (as chamadas datas sazonais). Por isso, sempre olhe com cuidado e verifique se os dados são realmente representativos do desempenho geral (KAHNEMAN, 2012), todo o contexto deve ser levado em conta. Cuidado com erros ao analisar Existem alguns erros comuns ao analisar as métricas. Um deles é o viés de confirmação, que acontece quando você só presta atenção nos números que reforçam o que você já acredita. Outro erro é o viés de recência, que acontece quando você só leva em conta os resultados mais recentes, esquecendo resultados passados (KAHNEMAN, 2012). Como já dito. Recomendações O conteúdo do artigo foi baseado no conhecimento da autora e com referências de base científica. Caso você deseje ampliar o conhecimento acerca da temática, recomenda-se a leitura das fontes a seguir: COSTA, Felipe. Aplicação estratégica de métricas digitais. Panorama, Goiânia, v. 9, n. 2, p. 45-60, 2020. FERREIRA, Mariana; OLIVEIRA, Ana. Produção textual e interações sociais em plataformas digitais. Revista Comunicando, Lisboa, v. 5, n. 1, p. 10-23, 2015. GOMES, André. Dinâmicas de interações nas redes sociais digitais. Salvador: UFBA, 2018. KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2014. 
Por Maria Cecília Prates 4 de abril de 2025
Uma boa pergunta é sempre um motivo para reflexão. Como a pergunta que me foi feita uma certa vez pela diretora de uma ONG: “ na sua opinião, o que caracteriza um bom processo de Monitoramento & Avaliação (M&A) de projetos sociais? ” Ela me pediu para responder em poucas palavras.  Tomando por base o referencial da Teoria da Mudança ou do Marco Lógico , somos tentados a dar a resposta tradicional: um bom M & A é aquele que nos permite verificar se o que foi planejado, tanto em termos de processo e resultado, está ocorrendo e/ou ocorreu de fato. E, com isto, nos permite fazer as correções de rota necessárias, tanto “durante” quanto “depois” da iniciativa social. Mas, um bom M & A deve ir além, de modo a evitar o sério risco de cair na armadilha do planejamento . A ´ armadilha do planejamento ` é quando o plano inicial é visto como a situação ideal a ser atingida. Decorrem, daí, as definições para sucesso e fracasso. Sucesso é quando são alcançadas boa parte das metas previamente traçadas; já o fracasso é quando boa parte delas não são alcançadas. E se o plano inicial não se mostrar correto, mesmo tendo sido construído de forma participativa, com objetivos claros, bons indicadores e análise consistente do contexto social? Ou ainda, se com o desenrolar da intervenção, aquele plano for se tornando inadequado frente às novas circunstâncias que forem surgindo? Aliás, situação bem plausível, tendo em vista a realidade tão dinâmica em que vivemos atualmente. O plano não pode acabar funcionando como uma camisa de força para o projeto. Me fez lembrar a frase dita pelo ex-presidente americano Dwight Eisenhower, quando comandou o ´Dia D` da Segunda Guerra Mundial, “ Antes da batalha, o planejamento é tudo. Assim que começa o tiroteio, planos são inúteis ”. O ponto central é que planejar é fundamental, mas não podemos ficar prisioneiros do plano. Então, voltando aqui à pergunta inicial: O que caracteriza um bom processo de Monitoramento & Avaliação? Em poucas palavras: Um bom processo de M&A é aquele que serve como uma bússola para guiar os gestores do projeto. Sem dúvida, o pressuposto é o de que o planejamento tenha sido bem-feito, e há clareza de onde se quer chegar. E por que a comparação com a bússola? O processo de monitoramento e avaliação deve funcionar como uma bússola (para guiar o avião) no sentido de ser útil para orientar os gestores de uma dada intervenção se eles estão indo na direção correta. Então, o M & A vai indicar se estamos fazendo / fizemos a coisa certa, da maneira certa, de modo a potencializar os resultados pretendidos, tendo em vista os recursos disponíveis (financeiros, humanos, experiências, aprendizados e parcerias). O interessante da bússola é justamente a sua capacidade em ir se adaptando ao percurso, até chegarmos ao destino final. Tal como a bússola, também um bom Monitoramento & Avaliação deve ser percebido como um processo dinâmico, e não como um sistema estático de indicadores, não raras vezes com a exigência de métodos complexos para a sua estimativa.
Por Pollyana Bonvecchi 27 de março de 2025
Recentemente, montei uma estrutura para conduzir um processo seletivo de voluntárias aqui na Phomenta. Algumas pessoas me perguntaram por que eu estava desenvolvendo etapas que deixariam o processo mais complexo e se eu não tinha receio de que as pessoas desistissem devido à complexidade. Vou compartilhar o que respondi, explicar a importância dessa estrutura e como conseguimos atrair e manter perto de nós as pessoas que realmente querem contribuir. Por que desenhar um processo seletivo estruturado para voluntárias? Desenhar um processo seletivo com etapas claras e bem definidas é essencial para assegurar que as candidatas se comprometam verdadeiramente com cada fase e reflitam se o voluntariado faz sentido para elas. Esse tipo de processo não é apenas uma forma de selecionar os melhores talentos, mas também de verificar se aquelas que se juntam a nós compartilham dos nossos valores e estão alinhadas com o nosso propósito. Um processo seletivo mais detalhado permite identificar quem está realmente disposta a se envolver e quem está apenas explorando uma oportunidade. Divulgação da vaga Para começar, definimos claramente os papéis e responsabilidades, além do tempo de dedicação esperado para as voluntárias. Tudo isso foi explicitado na divulgação da vaga, para que, desde o início, as expectativas estivessem claras para as interessadas. Primeira etapa - triagem de candidatas Após receber as inscrições, realizamos uma triagem criteriosa, avaliando as competências e habilidades das candidatas. Selecionamos aquelas que mais se alinhavam com o perfil que buscávamos e enviamos um e-mail informando sobre as próximas etapas do processo. Segunda etapa - entrega e dinâmica de grupo Nesta etapa, solicitamos uma tarefa prática e informamos que haveria uma dinâmica em grupo. Esse momento foi crucial para observar o comprometimento das candidatas e, como esperado, algumas pessoas desistiram. Isso, no entanto, deixou apenas aquelas que estavam realmente interessadas em seguir adiante e que tinham um verdadeiro desejo de contribuir. Terceira etapa - Seleção final Com base nas etapas anteriores, escolhemos as candidatas que melhor atenderam aos critérios e que demonstraram maior afinidade com a cultura da Phomenta. Em seguida, comunicamos as selecionadas e agendamos da integração para integrar aquelas que iriam começar conosco. Integração A integração na Phomenta é muito mais do que uma simples introdução. É o momento propositivo para apresentarmos o propósito da nossa organização e garantir que todas estejam na mesma sintonia, super motivadas a alcançar os nossos objetivos. Quando nossas voluntárias entendem o impacto social que o seu trabalho pode gerar, o engajamento cresce e o compromisso fica mais forte. Assim como toda nova integrante de um time, as voluntárias precisam mergulhar na nossa cultura organizacional. A integração é uma oportunidade para elas se familiarizarem com características fundamentais da nossa cultura dentro da Phomenta: como nos comunicamos, como trabalhamos, e quais comportamentos valorizamos. Isso facilita a adaptação e ajuda as voluntárias a se sentirem parte do nosso grupo desde o primeiro dia! Durante a integração, é essencial esclarecer o que esperamos de cada uma, desde funções e responsabilidades específicas até o impacto que seu trabalho terá. Essa clareza evita confusões e permite que as voluntárias saibam exatamente como podem brilhar e fazer a diferença. Uma integração bem-planejada faz toda a diferença! Ela aumenta o comprometimento das voluntárias e ajuda a reduzir a rotatividade. Quando elas se sentem acolhidas, bem-informadas e preparadas, é muito provável que continuem engajadas e contribuam com a gente por um bom tempo. Além disso, a integração é a chance perfeita para construir conexões genuínas entre voluntárias e phomenters. Ela cria aquele sentimento gostoso de comunidade e pertencimento, que é essencial para manter a motivação em alta. E tem mais: durante a integração, incentivamos as voluntárias a darem seu feedback sobre a experiência. Isso nos ajuda a fazer ajustes e melhorias, garantindo que todas se sintam apoiadas e que nossa abordagem esteja sempre alinhada com as expectativas. A seguir alguns comentários sobre o processo:
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