Captação de recursos com indivíduos - Parte 2/3

24 de novembro de 2022

Este conteúdo foi produzido por Pedro Sá


Olá, pessoal. Ansiosos pela parte 2? 


Neste artigo vou aprofundar com vocês as abordagens mais conhecidas no processo de captação de recursos com indivíduos.  A ideia neste artigo, basicamente, será explicar cada uma delas, com seus prós e contras. 


Vamos começar pelo
Telemarketing!


Essa estratégia tem um potencial de captação muito bom, dependendo da
estrutura de atendimento (sistema de gestão de ligações, gestão de dados, processo de atendimento e de contato com doador), da transparência da organização e do time de atendimento ao doador


Na abordagem via telefone, a organização tem que ter o contato do doador. E como captar esse contato? Aqui deixo algumas dicas para você captar esses leads:


  • Por meio de listas de interesse preenchidas via formulários de sites da instituição, também conhecidas como landing Pages (tipo aquela em que você preenche nome, telefone e e-mail para ter direito a acesso a algum material da instituição, ferramentas ou vídeos);
  • Por meio de uma doação pontual que um doador fez e deixou o telefone para contato;
  • Numa lista de presença de algum evento ou ação que a organização promoveu e que o potencial doador deixou seu contato;
  • Indicação de outros doadores da organização, na perspectiva da corrente do bem mesmo, onde cada doador da base indica um novo doador, entre outros.


Uma vez com sua lista de contatos em mãos, para usufruir dessa abordagem é interessante que a organização tenha um
processo de contato com o doador bem desenhado, onde o atendente saiba apresentar brevemente a organização, seus projetos, seu impacto e como o potencial doador pode fazer parte desse processo. Isso demanda treinamento, clareza de objetivos e uma boa habilidade de comunicação/ persuasão por parte do time de atendimento ao doador.


Os prós dessa abordagem é que você consegue com um grande volume de ligações e uma fraseologia bem desenhada, converter e manter muitos doadores na base da instituição, o do contra é que demanda treinamento e reciclagem recorrente, além dos custos de energia e telefone poderem aumentar e onerar as despesas e caso o processo de abordagem não seja bem desenhado, pode ser um tiro no pé e afastar doadores.


Face to face


Essa abordagem é o famoso cara a cara. Quando o mobilizador gasta
muita sola de sapato e muita saliva para converter novos doadores. Ela é uma das mais comuns, pois os mobilizadores da OSC têm que estar literalmente batendo na porta do potencial doador, seja em eventos sociais, abordagem nas ruas e restaurantes ou até mesmo porta-a-porta em residências. Muitas organizações, desde as pequenas, a nível de bairro ou município até as grandes como por exemplo a WWF e o Greenpeace optam por essa abordagem, sempre em locais bem movimentados, onde se aumenta as chances de captar um novo doador para sua causa.


Eu particularmente já atuei com esse tipo de captação de doador quando fui voluntário na minha adolescência de uma associação que prestava atendimento e apoio a pessoas em situação de rua. Costumávamos juntar um grupo de jovens para cobrir duas ou três ruas de um bairro e sempre íamos em um domingo pela manhã. Vestíamos nossas camisetas do projeto, separávamos cada um suas sacolas e partimos para pedir doações, no caso em específico, de roupas, brinquedos e alimentos não perecíveis que pudéssemos reverter em atendimento aos nossos beneficiários. Haviam dias bons e outros nem tanto, mas nunca voltávamos com as sacolas de doação vazia.


E esse é um dos prós: sempre conseguimos algo, além de sempre estarmos divulgando a organização em cada casa que batíamos, pois deixávamos um panfleto informativo sobre a OSC e a causa. O contra é que você precisa de voluntários ou colaboradores que se dediquem verdadeiramente à causa e que não tenham vergonha de pedir em nome da causa e da organização, além de disposição para o trabalho.


Eventos


Essa abordagem é a mais utilizada entre as OSCs que têm uma certa capacidade de organização e planejamento de eventos, desde os pequenos como uma apresentação cultural na rua da organização ou uma feijoada beneficente, até um mega festival beneficente com direito a comes e bebes, show musical e transmissão ao vivo.


Ela demanda planejamento, plano de comunicação e estratégia de captação junto ao doador antes, durante e depois do evento. Dependendo do tamanho do evento, pode-se ter bons retornos, e esse é um dos prós. Reforço de marca da OSC ao organizar um evento, reconhecimento e divulgação do trabalho da mesma, conquistar novos clientes, promover networking e engajar a equipe da organização também fazem parte do lado positivo dessa abordagem. 


O negativo de uma abordagem por meio de evento é que se ele for mal planejado, não tiver uma boa programação ou se o local escolhido for de difícil acesso, o que deveria ser uma grande experiência, pode se tornar um acumulado de problemas e acabar manchando a imagem da OSC.


Por isso vale a pena investir no preparo e na execução dos
eventos propostos. Ter um checklist do que precisa ser executado, ter como será a disposição dos equipamentos e pessoas é essencial nesse tipo de abordagem.


Mala direta


Em teoria, a mala direta se traduz num envelope ou pacote físico que é enviado aos potenciais doadores com objetivo de informar sobre novidades e lançamentos ou de convencer os leitores a aderir a algum produto ou doação ofertada.


Existem vários tipos de malas diretas, no artigo da Rock Content que fala sobre
Mala Direta você pode conferir os modelos que mais se adequam a realidade do que você deseja comunicar. De toda forma, o que você precisa saber é que hoje a mala direta, dentre as ferramentas de conversão de leads, só fica atrás das redes sociais e e-mail no quesito retorno sobre investimento.


Além disso é algo que pode ser um diferencial da sua organização em relação às outras. Quantas organizações você conhece que enviar para seus potenciais doadores uma carta personalizada apresentando sua causa? Mais ainda, em um mundo em que as informações circulam velozmente nas mãos por meio de telas, a mala direta faz com que a pessoa pare o que está fazendo para pelo menos ter uma noção do que se trata aquela comunicação que ela recebeu.


Os contras, como o próprio artigo da Rock Content aponta são as dificuldades de segmentar o público, pode ocorrer de ser descartada imediatamente, tem um custo de planejamento e fabricação alto a depender do conteúdo elaborado e não tem como saber da precisão da abordagem tanto quanto temos hoje com as abordagens digitais.


Aplicativos / WhatsApp


A pesquisa da Morning Consult, citada no texto do nosso portal “WhatsApp como ferramenta de captação de recursos para o Terceiro Setor”, aponta que mais de 80% dos pequenos negócios investigados alegaram que a utilização do WhatsApp Business ajudou na comunicação com seus clientes e tiveram crescimento em suas vendas.


Hoje o WhatsApp é o aplicativo de comunicação que povoa os celulares de mais de 120 milhões de brasileiros, e com uma ferramenta desta magnitude, fica impossível uma organização não pensar em utilizá-la para benefício próprio.


Todo esse acesso transforma ele numa ferramenta ideal para se aproximar e manter o relacionamento com seu doador. O perfil mais recomendado dessa abordagem é utilizando o WhatsApp Business, que conta com várias ferramentas comerciais como, por exemplo,
catálogo onde você pode indicar categorias de doações ou vendas de produtos sociais, ele fornece um cartão de vista mais profissional, onde você consegue configurar dados de endereço, horários de funcionamento, projetos e linhas de atuação, criar QRCode e links curtos para acesso rápido, além de personalizar um chat para dúvidas e informações sobre sua OSC. Outra função bacana é a função de etiqueta, que você pode rotular contatos, que facilita bastante a gestão de informações usando essa ferramenta.


O ponto negativo dessa abordagem é quando o mobilizador de recursos usa
estratégias erradas de comunicação na hora de abordar os leads (que no marketing é aquela pessoa que você quer trazer para sua organização para ser um novo doador) como mensagens frequentes ou não saber se comunicar de forma mais criativa e clara. Outro ponto negativo é a não-geração de métricas que contribuam para a efetiva análise dos gestores para uma tomada de decisão, fornecendo apenas métricas mais básicas como quantidade de mensagens enviadas, entregues, lidas e recebidas.


Outro ponto importante é que a organização deve ter meios de receber essas doações (boleto, pix, links de pagamento, Ted ou doc, cobrança recorrente no cartão, motoboy pra buscar a doação, etc), senão de nada adiantará fazer o esforço de trazer doadores para sua OSC.


Apresentada essas abordagens, quais você acredita que tem uma sinergia melhor com sua organização? Reflita quais meios e qual a maturidade da sua organização para entender quais abordagens podem favorecer seu processo de captação de recursos. Em breve teremos nosso último texto. Conto com vocês até lá.



Referências:


Como as organizações do Terceiro Setor podem maximizar as técnicas e os resultados através de uma das principais ferramentas de captação de recursos “não carimbados”.


Organização de eventos: Entenda como planejar e analisar os resultados


Mala direta: quais os tipos e como investir nessa estratégia


WhatsApp como ferramenta de captação de recursos para o Terceiro Setor


Vantagens e desvantagens do WhatsApp para empresas: ele é realmente a melhor opção?




Pedro Sá é graduado em Gestão Desportiva e de Lazer pelo Instituto Federal do Ceará (IFCE), possui uma história no setor social desde os 15 anos e, como profissional, já atuou na administração pública e privada; hoje atua como consultor independente em gestão de projetos de impacto e captação de recursos. 


Contato: prolazerconsult@gmail.com



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O Movimento Bem Maior (MBM) acaba de disponibilizar o Case Institucional do Futuro Bem Maior, publicação que reúne dados, aprendizados e histórias de impacto das três primeiras edições do programa, realizado desde 2019 em parceria com o Instituto Phi e o Instituto Phomenta. Criado para fortalecer iniciativas sociais em territórios com alto índice de vulnerabilidade social, o Futuro Bem Maior já apoiou 166 organizações de 72 municípios com recursos flexíveis, capacitação e acompanhamento técnico. O case traz uma análise dos efeitos do programa em três níveis: nas organizações apoiadas, público atendido e comunidades. Entre os principais achados, destaca-se que 77% das organizações relataram fortalecimento da autoestima institucional; 73,8% aprimoraram suas capacidades técnicas; 76,1% melhoraram o atendimento ao público; 83,5% conseguiram dar continuidade aos projetos após o ciclo de apoio; 80% ganharam visibilidade em suas comunidades. “Confiar em quem vive os desafios de perto muda tudo. Nosso compromisso é impulsionar quem já transforma a realidade nas pontas. Este case mostra que a confiança, aliada a investimento estratégico, gera resultados reais e duradouros”, afirma Carola Matarazzo, diretora executiva do MBM. A publicação reforça a abordagem do MBM ao apostar em uma filantropia baseada em confiança, que descentraliza recursos e fortalece organizações sociais como motor de transformação social. O documento está disponível gratuitamente. Clique no botão abaixo para ter acesso! 
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Em projetos sociais os resultados estão quase sempre associados a resultados intangíveis, subjetivos e abstratos, como por exemplo: crianças saudáveis, adolescentes com autoconfiança, autoestima de idosos, jovens capacitados para o mercado de trabalho, comunidade engajada, famílias ajustadas, empreendedores bem-sucedidos, e por aí vai… Alcançar esses resultados intermediários são etapas necessárias e imprescindíveis que vão contribuir para o alcance do impacto final pretendido de transformação na vida das pessoas atendidas. O problema é que até hoje no Brasil ainda não se tem clareza metodológica sobre como medir esses conceitos tão amplamente adotados na área social, que seja confiável e capaz de captar (ser sensível a) os avanços conseguidos . Então, se não há essa clareza – e aqui me refiro sobretudo à grande maioria das organizações do terceiro setor – como conseguir PLANEJAR bem os projetos sociais? Ou seja, como explicitar O QUE queremos mudar? E como saber depois se o que fizemos conseguiu, de fato, chegar AONDE queríamos, ou seja, AVALIAR se as iniciativas conduzidas foram válidas, eficazes e eficientes? Medição compartilhada: uma prática que deveria ganhar força no Brasil No Reino Unido e EUA desde 2003 – No Reino Unido vêm sendo envidados esforços por organizações think-tanks (como a New Philanthropy Capital – NPC , ou a Triangle /Outcomes Star ) e nos Estados Unidos ( FSG) para construírem sistemas de indicadores “de prateleira” (do inglês, off-the-shelf tools ) que possam ser compartilhados por organizações do terceiro setor ( charities or NGOs – Non-Governmaental Organisations ). No Reino Unido, organizações sociais trabalhando em uma mesma área-fim (por exemplo, educação de adolescentes em situação de vulnerabilidade) foram se unindo, capitaneadas por alguma organização think-tank como a NPC, para desenvolverem um sistema comum de avaliação de resultados. Nesse sentido, os conceitos abstratos relacionados a objetivos de resultados (por exemplo: autoestima), adotados por organizações trabalhando com públicos semelhantes, foram sendo operacionalizados nos mesmos indicadores ou escalas. Feita a operacionalização dos conceitos, as demais ferramentas para medição também começaram a ser desenvolvidas em comum, através do apoio de uma equipe especializada, tais como a construção dos questionários, a estratégia para a sua aplicação, o sistema de base de dados (que pode ser online ) e o referencial para análise dos dados coletados. No Brasil, no período em que atuei (2011 – 2016) no Programa da POS (Parceria com Organizações Sociais) da Fundação Dom Cabral – FDC (hoje denominado Pilaris ), quis começar a difundir essa ideia das ferramentas de prateleira ( Avaliação de projetos sociais no terceiro setor: uma agenda em construção , seção IV), mas percebi que o terreno precisava antes ser melhor trabalhado. Por isso, no Manual que desenvolvi para apoiar o trabalho com as organizações participantes do Programa (Manual de Planejamento e Avaliação de Projetos Sociais para Organizações Sociais) , comecei a incluir alguns instrumentos que pudessem funcionar como “ferramentas de prateleira”. Esses instrumentos vinham de três fontes: conceitos abstratos que já tinham sido traduzidos para a prática e validados; experiências de monitoramento com algumas dessas organizações; ou ainda, foram criados durante as avaliações de projetos sociais que conduzi. Para ilustrar melhor a ideia, aqui estão alguns exemplos de instrumentos incluídos no Manual: Conceito: autoestima (escala de Rosenberg), pág. 40-42 do Manual Conceito: impulsividade de adolescentes (escala de Barrat), p.66 Conceito: ser cuidadoso com o meio-ambiente / Avaliação de projeto de apicultura (pág. 67-68) Conceito: bem-estar de crianças e adolescentes, entre 11-16 anos (NPC), Pág. 197-205 Marco lógico: projeto de qualificação digital, Instituto Ramacrisna (pág. 207-210) Questionário: Preparação de jovens (16-18 anos) para inserção no mercado de trabalho, Associação Projeto Providência (pág. 226 – 230) A intenção de compartilhar esses instrumentos no Manual foi oferecer inspiração e facilitar o trabalho de planejamento e avaliação em organizações que atuam com projetos sociais semelhantes, ajudando, assim, a “queimar etapas” e avançar com mais agilidade nesse processo. Medição compartilhada: o caso da ferramenta Outcomes Star Como surgiu? Outcomes Star (traduzido ao pé da letra: Estrela de Resultados) é uma ferramenta para medir e apoiar as mudanças / resultados, que foi criada e desenvolvida pela Triangle Consulting Social Enterprise do Reino Unido . A Triangle, fundada em 2003, se define como “ uma empresa inovadora, guiada por uma missão social que é a de apoiar os provedores de serviços sociais a transformarem vidas de pessoas vivendo em situação de vulnerabilidade social, traumas, deficiências ou doenças, por meio da criação e o uso correto de ferramentas que engajem e promovam abordagem facilitadoras ”. A primeira versão do Outcomes Star começou como uma demanda (em 2003) da St Mungo`s, uma organização social voltada para o atendimento de moradores de rua, que queria avaliar os resultados do seu trabalho. A ferramenta acabou ganhando tração a partir da constatação de sua aplicabilidade também junto a outras organizações do Reino Unido que atendiam moradores de rua. Foi quando a Triangle , então, avançou naquele protótipo inicial, por meio do desenvolvimento da chamada “jornada da mudança” (do inglês, the Journey of change ), das escalas de medição adequadas tanto para os usuários dos serviços (ou clientes) como para os provedores do serviço (ou colaboradores dessas organizações executoras), e do Guia com as orientações para a implementação do instrumento. Assim, em dezembro de 2016 surgia a primeira versão da Outcomes Star , com o foco em moradores de rua. O que é a ferramenta? Conforme explicado no site , cada versão da Outcomes Star compreende um conjunto de escalas apresentadas de modo amigável e acessível em formato de uma estrela (figura), em que cada escala (ou cada ponta da estrela) representa uma dimensão relevante do resultado pretendido. Cada escala é explicitada em estágios (que podem ser 5 ou 10), sendo cada estágio cuidadosamente definido, de modo a caracterizar cada uma das etapas necessárias para promover a mudança sustentável na vida das pessoas atendidas. A ideia é que a ferramenta seja aplicada pela equipe da organização com cada usuário do serviço, desse modo permitindo visualizar e analisar com clareza a “ jornada da mudança ”: onde se está no percurso, os resultados alcançados (e os não alcançados), e as evidências do que precisa ser trabalhado.
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Uma boa gestão de conflitos transforma positivamente o ambiente organizacional ao aplicar princípios de comunicação eficaz. Neste artigo, abordaremos o livro “Conversas Difíceis: Como Discutir o Que Mais Importa”, resultado de 15 anos de pesquisa do Projeto de Negociação de Harvard, que oferece ferramentas para gerenciar relacionamentos e solucionar conflitos em diversas situações. Queremos te ajudar a organizar seus pensamentos antes de começar uma conversa difícil assim como o livro sugere. O primeiro passo é entender os três tipos de conversa. Ao final, sugerimos práticas a serem seguidas. Boa leitura! As Três Conversas Centrais e a Ação da Boa Gestão O livro revela que toda conversa difícil é composta por três "conversas" subjacentes: a Conversa "O que aconteceu?", a Conversa das Emoções e a Conversa da Identidade. A boa gestão age diretamente sobre cada uma delas para transformar desafios em oportunidades: Na conversa do tipo “O que aconteceu?”, os participantes focam em quem está certo ou errado, partindo de suposições que levam ao ciclo de acusações e impedem a solução. Conforme o autor: “quando algo desagradável acontece, o foco da conversa gira em torno de quem está certo, quem está errado, quem disse o quê, quem deve assumir a responsabilidade e assim por diante. Passamos a discutir quase todos os detalhes.”. Exemplo de conflito – Projeto atrasado e disputa de culpa: ao desenhar a festa junina da organização, ficou faltando definir quem compraria e arrecadaria as prendas das barracas, gerando muito estresse no dia da festa. Logo, membros começaram a atribuir culpa uns aos outros: “Foi o time das coordenadoras”; “Não, foram vocês que não passaram direitos”; “Não me envolvam, eu fiz minha parte”. Esse cenário ilustra como a suposição de que “a culpa é sempre do outro” gera impasse, pois cada parte adota a mentalidade “eu estou certo, você está errado”. Já quando falamos no tipo das Conversa das Emoções : as emoções negativas, se não forem gerenciadas, podem transformar uma conversa em confronto, pois a adrenalina liberada pode "deixar o cérebro em branco". Uma boa gestão ajuda a conhecer e expressar sentimentos adequadamente, e a mudar a percepção para alterar a maneira como os sentimentos são experimentados. Isso alivia a ansiedade e permite foco na resolução do problema. Exemplo de conflito – Projeto atrasado e disputa de culpa: imagine que um gestor solicite a um colaborador que faça ajustes em um relatório até o final do dia. O funcionário pode entender esse pedido como “falta de confiança na minha competência” e reagir com irritação ou resistência, mesmo que a intenção do gestor não seja punir, mas sim assegurar a qualidade. Essa interpretação precipitada de “más intenções” gera tensão e impede que ambos discutam a real necessidade de melhoria de conteúdo. Por fim, quando falamos da Conversa da Identidade: é quando uma conversa difícil ameaça a auto-identidade de alguém (questões como "sou competente?", "sou uma boa pessoa?"), e as pessoas podem reagir defensivamente. A boa gestão auxilia a fundamentar a identidade dos colaboradores, focando no valor próprio e na capacidade de examinar-se objetivamente e admitir falhas sem medo. Além disso, a gestão eficaz desiste de tentar controlar as reações dos outros, focando em influenciar e adaptar a própria autopercepção. Exemplo de conflito – Avaliação de desempenho e abalo de autoestima: durante uma avaliação de desempenho, é comum um superior dizer: “seu desempenho no trabalho é tão ruim; você acha que pode competir pela promoção?”. Ao ouvir isso, o colaborador sente sua autoestima ameaçada e parte para uma reação defensiva (“Vou provar que sou competente”), gerando um impasse. Ao invés de entrar nesse ciclo, o texto sugere que o profissional reflita sobre a crítica, aceite falhas e mantenha a “identidade fundamentada” para permitir um diálogo construtivo. Passos Práticos para uma Gestão de Conversas Eficaz Além de abordar as três conversas, o livro oferece passos práticos que uma boa gestão pode seguir para lidar com conversas difíceis de forma mais eficaz: Esclarecer o propósito da conversa: antes de iniciar, o gestor deve ter clareza sobre o objetivo. Para isso, pergunte-se "o que eu preciso?" e "qual é meu objetivo?", assim é mais fácil manter a conversa no rumo certo e evitar desvios. Começar com uma abertura neutra: abordar a questão imparcialmente, como um observador ajuda a reduzir a defensividade e abrir caminho para um diálogo mais construtivo. Ouvir com atenção e expressar pensamentos claramente: estabelecer uma comunicação de mão dupla, onde o gestor pratica a escuta ativa para entender a perspectiva do outro e expressa suas próprias ideias de forma concisa e compreensível. Reformular a conversa quando ela chega a um impasse: ter a habilidade de trazer a discussão de volta ao foco quando ela se desvia ou estagna, garantindo que o problema seja resolvido. Isso exige a capacidade de "romper padrões de pensamento enraizados", ou seja, conseguir mediar e interferir nas falas para voltar ao objetivo inicial da conversa O Impacto Positivo Geral da Boa Gestão Ao aplicar esses princípios, uma boa gestão de conflitos transforma o ambiente organizacional. A capacidade de gerenciar bem os relacionamentos em diferentes situações, seja pessoal, profissional ou em negociações, é ampliada. Ao promover a compreensão mútua, o compartilhamento de responsabilidades e a resolução construtiva de conflitos, a gestão não apenas soluciona problemas de forma mais eficaz, mas também fortalece mais as equipes, aumenta a produtividade e cultiva uma cultura de confiança e resiliência. Dessa forma, as conversas difíceis se tornam oportunidades para aprendizado e crescimento, em vez de fontes de conflito e estagnação. Gostou do conteúdo? A Phomenta está realizando um mapeamento e quer saber como o terceiro setor está gerindo pessoas e conflitos em suas organizações. Compartilhe sua experiência e contribua com este estudo acessando: [link] Artigo realizado com apoio da ferramenta de IA Notebooklm e do livro Conversas difíceis - Douglas Stone, Bruce Patton e Sheila Heen 
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Guia prático que ensina como estruturar uma página de captação de doações para ONGs: mensagem clara, métricas de impacto, transparência financeira e CTA que converte. Saiba mais!
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Apoiar ONGs pequenas é uma escolha política e estratégica para ampliar o impacto social no Brasil. Entenda como essa decisão se conecta ao fortalecimento do terceiro setor, à transformação de territórios e à mudança de perspectiva no investimento social.
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Inicialmente, vamos entender melhor o que são métricas? Métricas são números e dados que as redes sociais fornecem para mostrar o desempenho das publicações feitas por você ou pela sua ONG. Quando você publica algo no Facebook ou Instagram, essas redes sociais mostram quantas pessoas visualizaram, curtiram, comentaram ou compartilharam seu conteúdo. Saber interpretar essas informações é muito importante porque ajuda a sua OSC a entender o que está dando certo e o que pode melhorar na comunicação com o público. Ao entender melhor essas informações, você pode criar conteúdos que alcançam mais pessoas e ajudam sua organização a ter um impacto maior. Quais são as métricas mais importantes? Entender as principais métricas pode parecer difícil no começo, mas conhecendo cada uma delas fica muito mais fácil saber se sua comunicação está indo bem. Cada uma dessas métricas traz informações cruciais que ajudam a entender o comportamento do seu público e como melhorar as publicações da sua organização. Desvendando as siglas e abreviações das métricas CTR (Click Through Rate): porcentagem de pessoas que clicaram em um link após visualizá-lo. CPM (Custo por Mil Impressões): quanto custa mostrar seu conteúdo para mil pessoas. CPC (Custo por Clique): quanto você paga por cada clique no seu conteúdo. CPA (Custo por Aquisição): custo médio para que uma pessoa realize uma ação específica, como fazer uma doação. ROI (Return on Investment): retorno financeiro obtido em relação ao dinheiro investido em publicidade ou campanhas. KPI (Indicador-Chave de Desempenho): métricas específicas escolhidas para medir o sucesso das suas ações. Alcance e Impressões O alcance é o número de pessoas diferentes que viram sua publicação pelo menos uma vez. Quanto maior o alcance, mais pessoas diferentes foram alcançadas pelo seu conteúdo. Já as impressões mostram quantas vezes sua publicação apareceu nas telas das pessoas, contando inclusive aquelas que viram mais de uma vez (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Engajamento Engajamento é uma das métricas mais importantes porque mostra como as pessoas estão interagindo com seu conteúdo. Essas interações incluem curtidas, comentários, compartilhamentos e salvamentos. Um alto engajamento significa que as pessoas realmente gostaram do seu conteúdo e tiveram vontade de interagir com ele. Quanto mais engajamento, melhor você está se comunicando com o seu público (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Cliques Cliques mostram quantas pessoas clicaram no seu conteúdo ou nos links que você compartilhou. Essa métrica é especialmente importante quando você quer direcionar as pessoas para seu site ou para alguma ação específica, como um evento ou uma campanha de doação (COSTA, 2020). Crescimento de seguidores Essa métrica mostra quantas pessoas novas começaram a seguir sua ONG depois de ver suas publicações. Um crescimento constante de seguidores significa que você está conseguindo chamar a atenção e conquistar novas pessoas para sua causa (COSTA, 2020). Mas afinal, como essas métricas se relacionam? É muito importante não olhar apenas para uma métrica isoladamente. Por exemplo, se muitas pessoas veem sua publicação (alto alcance), mas poucas interagem com ela (baixo engajamento), pode ser que o conteúdo não esteja interessante o suficiente. Para entender se sua estratégia está funcionando, você precisa analisar diferentes métricas juntas, como alcance, engajamento e cliques. Isso ajuda a ter uma visão mais completa do desempenho das publicações (GOMES, 2018). Tipos de análises que você pode fazer Para usar bem as métricas, você pode fazer vários tipos diferentes de análises. Cada tipo serve para algo específico e ajuda você a entender melhor o desempenho das suas redes sociais, mostrando caminhos para melhorar sua comunicação. Análise simples A análise simples é a mais básica e mostra diretamente quantas pessoas viram ou interagiram com seu conteúdo (RECUERO, 2014). Comparação A análise comparativa é quando você compara resultados de diferentes publicações ou períodos. Por exemplo, você pode comparar o desempenho das publicações deste mês com as do mês passado para entender o que funcionou melhor e planejar conteúdos futuros (RECUERO, 2014). Previsão A análise preditiva usa dados antigos para tentar prever resultados futuros (RECUERO, 2014). Um exemplo é que se sabemos que entre novembro e dezembro há um aumento nas curtidas em posts relacionados a doações, construir conteúdo que fale sobre isso antecipadamente é uma forma de “prever” a procura e antecipar-se ao aumento de demanda. Redes sociais Analisar as redes sociais significa entender como as pessoas interagem umas com as outras no seu perfil ou página. Você pode descobrir quem são os principais seguidores, quais conteúdos são mais compartilhados e como essas conexões ajudam a espalhar sua mensagem para mais pessoas (GOMES, 2018). O que ter cuidado ao analisar os números? Ao analisar as métricas, você precisa levar em conta fatores externos que podem influenciar os resultados. Datas especiais, feriados ou eventos importantes podem aumentar ou diminuir a interação com suas publicações (as chamadas datas sazonais). Por isso, sempre olhe com cuidado e verifique se os dados são realmente representativos do desempenho geral (KAHNEMAN, 2012), todo o contexto deve ser levado em conta. Cuidado com erros ao analisar Existem alguns erros comuns ao analisar as métricas. Um deles é o viés de confirmação, que acontece quando você só presta atenção nos números que reforçam o que você já acredita. Outro erro é o viés de recência, que acontece quando você só leva em conta os resultados mais recentes, esquecendo resultados passados (KAHNEMAN, 2012). Como já dito. Recomendações O conteúdo do artigo foi baseado no conhecimento da autora e com referências de base científica. Caso você deseje ampliar o conhecimento acerca da temática, recomenda-se a leitura das fontes a seguir: COSTA, Felipe. Aplicação estratégica de métricas digitais. Panorama, Goiânia, v. 9, n. 2, p. 45-60, 2020. FERREIRA, Mariana; OLIVEIRA, Ana. Produção textual e interações sociais em plataformas digitais. Revista Comunicando, Lisboa, v. 5, n. 1, p. 10-23, 2015. GOMES, André. Dinâmicas de interações nas redes sociais digitais. Salvador: UFBA, 2018. KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2014. 
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