Canvas da Captação de Recursos

24 de novembro de 2022

Este conteúdo foi produzido por Daiany França


Certamente, você já ouviu a famosa frase do clássico Alice no País das Maravilhas: “Se você não sabe para onde ir, qualquer caminho serve”.


Essa é a mais pura verdade, mas trabalhar nesse “modo Alice” em nada ajuda a sua ONG a ser mais eficiente. Pois, para
ir do ponto A ao ponto B, é preciso planejamento.


E quando se trata de tornar
sua ONG mais sustentável, é imprescindível construir um plano de captação de recursos. Foi pensando nisso que elaborei esse Canvas da Captação de Recursos, um documento que, ao ser preenchido, funciona como um mapa, mostrando qual caminho sua organização deve seguir rumo à sustentabilidade econômica.


O Canvas da Captação de Recursos ilustra, de maneira simplificada, a lógica por trás da captação de recursos de uma ONG. Ele está dividido em oito blocos, que juntos formam uma espécie de Plano de Captação de Recursos. 


E que blocos são esses? Veja abaixo:


1️⃣ Declaração de impacto;

2️⃣ Custos e despesas da ONG;

3️⃣ Recursos disponíveis;

4️⃣ Principais fontes de receitas;

5️⃣ Objetivos e resultados-chave;

6️⃣ Atividades-chave;

7️⃣ Potenciais doadores;

8️⃣ Abordagem.

Pelo título, você deve compreender o que quer dizer a maioria desses blocos. Alguns desses assuntos, inclusive, já foram tratados em outros textos aqui no Portal do Impacto, a exemplo da Declaração de Impacto (ver aqui).


A seguir, vou explicar cada um dos blocos. A proposta é que conforme eu for apresentando cada parte, você vá construindo o canvas da sua organização. Combinado?


Baixar o Canvas da Captação

Bloco 1️⃣ - Declaração de impacto


Montar a
declaração de impacto da sua ONG é o primeiro exercício que você deve fazer.


Para começar, responda as quatro perguntas abaixo:


🔸 Qual problema a sua ONG está tentando resolver? 

🔸O que a ONG tem feito, e como tem feito, para resolver esse problema? 

🔸 Quais têm sido os resultados dessas ações? 

🔸 Como esses resultados alteram o contexto e a situação problemática?


Com as respostas em mãos, é hora de montar a declaração. 


Mas, antes, veja abaixo o exemplo de uma ONG fictícia:


Declaração de impacto da ONG Semiárido Vivo: 

A ONG Semiárido Vivo é uma organização fundada por educadores do semiárido pernambucano, comprometidos a desenvolver projetos de convivência com o semiárido – o que contribui para a diminuição do êxodo rural entre os jovens e para a criação de oportunidades de emprego e renda no campo. 


Agora é a sua vez: 

A [nome da ONG], [uma frase que melhor defina a sua organização], comprometida a [a principal atividade que vocês estão fazendo], o que contribui para [quais os principais resultados/impactos observados?]. 


Declaração de impacto feita? Ótimo!


Bloco 2️⃣ - Custos e despesas da ONG


Uma das boas práticas a serem adotadas pelas ONGs que desejam ficar mais próximas da sustentabilidade econômica deve ser:
entender as finanças da ONG e desenvolver o hábito de fazer previsões de receitas e custos.


Abaixo estão algumas perguntas para te ajudar a fazer a previsão dos custos e despesas da sua ONG:


🔸 Quanto a sua ONG precisa captar até o próximo mês? Por quê? 

🔸 Quanto a sua ONG precisa captar até o final do ano? Por quê? 

🔸 Quanto a sua ONG precisa captar para o próximo ano? Por quê? 


Perguntas respondidas? Excelente! Hora de adicionar os principais custos e despesas da ONG no canvas.


Bloco 3️⃣ - Recursos disponíveis


Muitos gestores e organizações esperam ter todos os recursos e as condições ideais para começar a captar de uma maneira mais organizada e contínua, mas isso não passa de uma ilusão.
Você nunca terá todas as condições ao seu favor!


Comece com o que se tem!


Descreva todos os recursos já disponíveis na organização, os tangíveis e intangíveis: materiais, físicos, tecnológicos, pessoas, experiências, competências, dinheiro separado para a captação, etc.


Não subestime o pouco! Ele pode fazer uma grande diferença na captação de recursos da sua organização.


Bloco 4️⃣ Principais fontes de receitas


Neste texto, apresento sete fontes de receita para a sua ONG. Já neste, apresentei 14 estratégias de captação.

No exercício “Na Mosca!”, sugiro que você eleja no mínimo 3 e no máximo 5 estratégias para potencializar a captação de recursos da sua ONG. Você já escolheu?

Certifique-se que essas fontes e estratégias estão OK e as coloque no canvas.


Bloco 5️⃣ - Objetivos e resultados-chave


Essa parte do canvas é dedicada à inclusão das metas de captação de recursos.


Após eleger as estratégias de captação da sua ONG, escreva o nome dela, conforme os exemplos abaixo:


Exemplo 1: 📜 Editais

Exemplo 2: 🔄 Doações recorrentes


Agora,
crie um objetivo considerando cada estratégia. Objetivo, nesse caso, é aquilo que a ONG deseja alcançar, serve para levar a organização de um ponto A a um ponto B.


Veja a seguir alguns exemplos:

Objetivo 1: Participar mais de editais nacionais.

Objetivo 2: Aumentar a base de doadores recorrentes.


Lembre-se: ter objetivos é um pilar fundamental para a gestão da ONG. Se a sua organização não tem objetivos definidos, talvez seja uma boa hora para defini-los.


Seguindo com a definição das metas de captação da sua ONG, chegamos ao momento de elaborar os
resultados-chave. O resultado-chave é necessariamente quantitativo, ou seja, está atrelado a números, dados. É a parte verificável das metas, que faz com que a ONG identifique se o objetivo foi atingido ou não. Para cada objetivo, indicamos pelo menos 3 resultados-chave.


Exemplos:

Para o objetivo Participar mais de editais nacionais, temos os seguintes resultados-chave:


🎯 Resultado-chave 1: Mapear 30 editais nacionais que estejam de acordo com o propósito da organização.

🎯 Resultado-chave 2: Submeter projetos para 12 editais.

🎯 Resultado-chave 3: Aumentar a taxa de aprovação dos projetos em 10%, comparado ao ano anterior.


 É importante que os resultados-chave sejam SMART, sigla em inglês que quer dizer “específico (specific); mensurável (measurable); atingível (achievable); relevante (relevant); temporal (time bound)”.


Ou seja:


Específico (specific): foram bem definidos e todos podem entendê-los? 

Mensurável (measurable): consigo mensurar seu progresso?

Atingível (achievable): é realmente possível realizá-los? 

Relevante (relevant): são importantes para o propósito da ONG? 

Temporal (time based): há um prazo estabelecido para alcançá-los?

Leia também: Série Indicadores - Planejamento e Construção


Seguindo os exemplos, veja como ficou:

Repita os passos deste bloco para cada uma das estratégias de captação priorizadas pela sua organização. Sempre estabeleça o tempo e tenha em mente que será necessário criar um Plano de Ação para alcançar cada um dos resultados-chave. O trabalho não acaba com a definição das metas, pelo contrário, ele apenas se inicia.

Bloco 6️⃣ - Atividades-chave


Seguindo com o Canvas, agora escreva quais ações são necessárias para se alcançar cada resultado-chave estabelecido, ou seja, as metas. Cada ação deve ter um prazo e uma pessoa responsável.

Veja o exemplo:

Para o canvas, talvez você não precise ser tão detalhista, o mais importante agora é entender a lógica por trás de todo o planejamento.


Como gestor(a), é fundamental que você perceba o que funciona e o que não funciona para a sua ONG. Todas as ferramentas utilizadas até aqui são apenas sugestões, você pode usar todas elas, parte delas ou criar as suas próprias ferramentas.

Bloco 7️⃣ - Potenciais doadores


Para esta parte do canvas, liste as pessoas, organizações, empresas, etc. que possam doar para a sua ONG ou pessoas que possam te conectar com potenciais doadores.

Não é necessário colocar no canvas, mas é indispensável que junto aos nomes dos potenciais doadores, você sinalize o contato, quem é a pessoa que será contactada e qual o cargo dela, principalmente no caso de empresas, governos e demais organizações.


Exemplo:



POTENCIAIS DOADORES

Potencial doador Quem será contactado Cargo Contato
Governo do Estado do Pernambuco Juliana Antunes Secretária-adjunta de educação (81) 99999.9999
Dr. Arruda Dr. Arruda Médico proprietário da clínica (81) 99999.9999

No canvas por ficar só assim:

Bloco 8️⃣ - Abordagem


Chegamos à última parte do canvas, onde vamos definir os canais e a mensagem de abordagem!


Para ajudar no preenchimento, separamos algumas reflexões a seguir:


🔸 Como o potencial doador será abordado? Por meio de contato presencial, telefonema, envio de e-mail, SMS, WhatsApp, envio de projeto pelos correios?

🔸 Quem da ONG entrará em contato?

🔸 O que deve ser apresentado ou solicitado?


Montamos um arquivo para que você possa utilizar no controle dos contatos de potenciais doadores, você pode acessar clicando no botão abaixo:


Baixar Planilha de Abordagem

A abordagem é um excelente momento para usar a declaração de impacto. Use e impacte!


Atenção: a abordagem deve ser feita tanto para apresentar a organização ou um projeto, bem como solicitar uma doação, mas também deve ser utilizada para agradecer! Recebeu uma doação? Agradeça, agradeça e agradeça. Fidelize seu doador.


E aí, o que achou do Canvas da Captação de Recursos?


Depois de concluir o seu, manda para gente uma foto ou print? Se preferir, você pode postar nas redes sociais e marcar a
@phomenta.



Até a próxima!




Daiany França Saldanha. Cearense inquieta, empreendedora por natureza, professora e profissional da saúde por formação, pesquisadora, escrevedeira, eterna aprendiz e ativista das Organizações da Sociedade Civil (OSCs/ONGs). 


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Inicialmente, vamos entender melhor o que são métricas? Métricas são números e dados que as redes sociais fornecem para mostrar o desempenho das publicações feitas por você ou pela sua ONG. Quando você publica algo no Facebook ou Instagram, essas redes sociais mostram quantas pessoas visualizaram, curtiram, comentaram ou compartilharam seu conteúdo. Saber interpretar essas informações é muito importante porque ajuda a sua OSC a entender o que está dando certo e o que pode melhorar na comunicação com o público. Ao entender melhor essas informações, você pode criar conteúdos que alcançam mais pessoas e ajudam sua organização a ter um impacto maior. Quais são as métricas mais importantes? Entender as principais métricas pode parecer difícil no começo, mas conhecendo cada uma delas fica muito mais fácil saber se sua comunicação está indo bem. Cada uma dessas métricas traz informações cruciais que ajudam a entender o comportamento do seu público e como melhorar as publicações da sua organização. Desvendando as siglas e abreviações das métricas CTR (Click Through Rate): porcentagem de pessoas que clicaram em um link após visualizá-lo. CPM (Custo por Mil Impressões): quanto custa mostrar seu conteúdo para mil pessoas. CPC (Custo por Clique): quanto você paga por cada clique no seu conteúdo. CPA (Custo por Aquisição): custo médio para que uma pessoa realize uma ação específica, como fazer uma doação. ROI (Return on Investment): retorno financeiro obtido em relação ao dinheiro investido em publicidade ou campanhas. KPI (Indicador-Chave de Desempenho): métricas específicas escolhidas para medir o sucesso das suas ações. Alcance e Impressões O alcance é o número de pessoas diferentes que viram sua publicação pelo menos uma vez. Quanto maior o alcance, mais pessoas diferentes foram alcançadas pelo seu conteúdo. Já as impressões mostram quantas vezes sua publicação apareceu nas telas das pessoas, contando inclusive aquelas que viram mais de uma vez (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Engajamento Engajamento é uma das métricas mais importantes porque mostra como as pessoas estão interagindo com seu conteúdo. Essas interações incluem curtidas, comentários, compartilhamentos e salvamentos. Um alto engajamento significa que as pessoas realmente gostaram do seu conteúdo e tiveram vontade de interagir com ele. Quanto mais engajamento, melhor você está se comunicando com o seu público (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Cliques Cliques mostram quantas pessoas clicaram no seu conteúdo ou nos links que você compartilhou. Essa métrica é especialmente importante quando você quer direcionar as pessoas para seu site ou para alguma ação específica, como um evento ou uma campanha de doação (COSTA, 2020). Crescimento de seguidores Essa métrica mostra quantas pessoas novas começaram a seguir sua ONG depois de ver suas publicações. Um crescimento constante de seguidores significa que você está conseguindo chamar a atenção e conquistar novas pessoas para sua causa (COSTA, 2020). Mas afinal, como essas métricas se relacionam? É muito importante não olhar apenas para uma métrica isoladamente. Por exemplo, se muitas pessoas veem sua publicação (alto alcance), mas poucas interagem com ela (baixo engajamento), pode ser que o conteúdo não esteja interessante o suficiente. Para entender se sua estratégia está funcionando, você precisa analisar diferentes métricas juntas, como alcance, engajamento e cliques. Isso ajuda a ter uma visão mais completa do desempenho das publicações (GOMES, 2018). Tipos de análises que você pode fazer Para usar bem as métricas, você pode fazer vários tipos diferentes de análises. Cada tipo serve para algo específico e ajuda você a entender melhor o desempenho das suas redes sociais, mostrando caminhos para melhorar sua comunicação. Análise simples A análise simples é a mais básica e mostra diretamente quantas pessoas viram ou interagiram com seu conteúdo (RECUERO, 2014). Comparação A análise comparativa é quando você compara resultados de diferentes publicações ou períodos. Por exemplo, você pode comparar o desempenho das publicações deste mês com as do mês passado para entender o que funcionou melhor e planejar conteúdos futuros (RECUERO, 2014). Previsão A análise preditiva usa dados antigos para tentar prever resultados futuros (RECUERO, 2014). Um exemplo é que se sabemos que entre novembro e dezembro há um aumento nas curtidas em posts relacionados a doações, construir conteúdo que fale sobre isso antecipadamente é uma forma de “prever” a procura e antecipar-se ao aumento de demanda. Redes sociais Analisar as redes sociais significa entender como as pessoas interagem umas com as outras no seu perfil ou página. Você pode descobrir quem são os principais seguidores, quais conteúdos são mais compartilhados e como essas conexões ajudam a espalhar sua mensagem para mais pessoas (GOMES, 2018). O que ter cuidado ao analisar os números? Ao analisar as métricas, você precisa levar em conta fatores externos que podem influenciar os resultados. Datas especiais, feriados ou eventos importantes podem aumentar ou diminuir a interação com suas publicações (as chamadas datas sazonais). Por isso, sempre olhe com cuidado e verifique se os dados são realmente representativos do desempenho geral (KAHNEMAN, 2012), todo o contexto deve ser levado em conta. Cuidado com erros ao analisar Existem alguns erros comuns ao analisar as métricas. Um deles é o viés de confirmação, que acontece quando você só presta atenção nos números que reforçam o que você já acredita. Outro erro é o viés de recência, que acontece quando você só leva em conta os resultados mais recentes, esquecendo resultados passados (KAHNEMAN, 2012). Como já dito. Recomendações O conteúdo do artigo foi baseado no conhecimento da autora e com referências de base científica. Caso você deseje ampliar o conhecimento acerca da temática, recomenda-se a leitura das fontes a seguir: COSTA, Felipe. Aplicação estratégica de métricas digitais. Panorama, Goiânia, v. 9, n. 2, p. 45-60, 2020. FERREIRA, Mariana; OLIVEIRA, Ana. Produção textual e interações sociais em plataformas digitais. Revista Comunicando, Lisboa, v. 5, n. 1, p. 10-23, 2015. GOMES, André. Dinâmicas de interações nas redes sociais digitais. Salvador: UFBA, 2018. KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2014. 
Por Maria Cecília Prates 4 de abril de 2025
Uma boa pergunta é sempre um motivo para reflexão. Como a pergunta que me foi feita uma certa vez pela diretora de uma ONG: “ na sua opinião, o que caracteriza um bom processo de Monitoramento & Avaliação (M&A) de projetos sociais? ” Ela me pediu para responder em poucas palavras.  Tomando por base o referencial da Teoria da Mudança ou do Marco Lógico , somos tentados a dar a resposta tradicional: um bom M & A é aquele que nos permite verificar se o que foi planejado, tanto em termos de processo e resultado, está ocorrendo e/ou ocorreu de fato. E, com isto, nos permite fazer as correções de rota necessárias, tanto “durante” quanto “depois” da iniciativa social. Mas, um bom M & A deve ir além, de modo a evitar o sério risco de cair na armadilha do planejamento . A ´ armadilha do planejamento ` é quando o plano inicial é visto como a situação ideal a ser atingida. Decorrem, daí, as definições para sucesso e fracasso. Sucesso é quando são alcançadas boa parte das metas previamente traçadas; já o fracasso é quando boa parte delas não são alcançadas. E se o plano inicial não se mostrar correto, mesmo tendo sido construído de forma participativa, com objetivos claros, bons indicadores e análise consistente do contexto social? Ou ainda, se com o desenrolar da intervenção, aquele plano for se tornando inadequado frente às novas circunstâncias que forem surgindo? Aliás, situação bem plausível, tendo em vista a realidade tão dinâmica em que vivemos atualmente. O plano não pode acabar funcionando como uma camisa de força para o projeto. Me fez lembrar a frase dita pelo ex-presidente americano Dwight Eisenhower, quando comandou o ´Dia D` da Segunda Guerra Mundial, “ Antes da batalha, o planejamento é tudo. Assim que começa o tiroteio, planos são inúteis ”. O ponto central é que planejar é fundamental, mas não podemos ficar prisioneiros do plano. Então, voltando aqui à pergunta inicial: O que caracteriza um bom processo de Monitoramento & Avaliação? Em poucas palavras: Um bom processo de M&A é aquele que serve como uma bússola para guiar os gestores do projeto. Sem dúvida, o pressuposto é o de que o planejamento tenha sido bem-feito, e há clareza de onde se quer chegar. E por que a comparação com a bússola? O processo de monitoramento e avaliação deve funcionar como uma bússola (para guiar o avião) no sentido de ser útil para orientar os gestores de uma dada intervenção se eles estão indo na direção correta. Então, o M & A vai indicar se estamos fazendo / fizemos a coisa certa, da maneira certa, de modo a potencializar os resultados pretendidos, tendo em vista os recursos disponíveis (financeiros, humanos, experiências, aprendizados e parcerias). O interessante da bússola é justamente a sua capacidade em ir se adaptando ao percurso, até chegarmos ao destino final. Tal como a bússola, também um bom Monitoramento & Avaliação deve ser percebido como um processo dinâmico, e não como um sistema estático de indicadores, não raras vezes com a exigência de métodos complexos para a sua estimativa.
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Recentemente, montei uma estrutura para conduzir um processo seletivo de voluntárias aqui na Phomenta. Algumas pessoas me perguntaram por que eu estava desenvolvendo etapas que deixariam o processo mais complexo e se eu não tinha receio de que as pessoas desistissem devido à complexidade. Vou compartilhar o que respondi, explicar a importância dessa estrutura e como conseguimos atrair e manter perto de nós as pessoas que realmente querem contribuir. Por que desenhar um processo seletivo estruturado para voluntárias? Desenhar um processo seletivo com etapas claras e bem definidas é essencial para assegurar que as candidatas se comprometam verdadeiramente com cada fase e reflitam se o voluntariado faz sentido para elas. Esse tipo de processo não é apenas uma forma de selecionar os melhores talentos, mas também de verificar se aquelas que se juntam a nós compartilham dos nossos valores e estão alinhadas com o nosso propósito. Um processo seletivo mais detalhado permite identificar quem está realmente disposta a se envolver e quem está apenas explorando uma oportunidade. Divulgação da vaga Para começar, definimos claramente os papéis e responsabilidades, além do tempo de dedicação esperado para as voluntárias. Tudo isso foi explicitado na divulgação da vaga, para que, desde o início, as expectativas estivessem claras para as interessadas. Primeira etapa - triagem de candidatas Após receber as inscrições, realizamos uma triagem criteriosa, avaliando as competências e habilidades das candidatas. Selecionamos aquelas que mais se alinhavam com o perfil que buscávamos e enviamos um e-mail informando sobre as próximas etapas do processo. Segunda etapa - entrega e dinâmica de grupo Nesta etapa, solicitamos uma tarefa prática e informamos que haveria uma dinâmica em grupo. Esse momento foi crucial para observar o comprometimento das candidatas e, como esperado, algumas pessoas desistiram. Isso, no entanto, deixou apenas aquelas que estavam realmente interessadas em seguir adiante e que tinham um verdadeiro desejo de contribuir. Terceira etapa - Seleção final Com base nas etapas anteriores, escolhemos as candidatas que melhor atenderam aos critérios e que demonstraram maior afinidade com a cultura da Phomenta. Em seguida, comunicamos as selecionadas e agendamos da integração para integrar aquelas que iriam começar conosco. Integração A integração na Phomenta é muito mais do que uma simples introdução. É o momento propositivo para apresentarmos o propósito da nossa organização e garantir que todas estejam na mesma sintonia, super motivadas a alcançar os nossos objetivos. Quando nossas voluntárias entendem o impacto social que o seu trabalho pode gerar, o engajamento cresce e o compromisso fica mais forte. Assim como toda nova integrante de um time, as voluntárias precisam mergulhar na nossa cultura organizacional. A integração é uma oportunidade para elas se familiarizarem com características fundamentais da nossa cultura dentro da Phomenta: como nos comunicamos, como trabalhamos, e quais comportamentos valorizamos. Isso facilita a adaptação e ajuda as voluntárias a se sentirem parte do nosso grupo desde o primeiro dia! Durante a integração, é essencial esclarecer o que esperamos de cada uma, desde funções e responsabilidades específicas até o impacto que seu trabalho terá. Essa clareza evita confusões e permite que as voluntárias saibam exatamente como podem brilhar e fazer a diferença. Uma integração bem-planejada faz toda a diferença! Ela aumenta o comprometimento das voluntárias e ajuda a reduzir a rotatividade. Quando elas se sentem acolhidas, bem-informadas e preparadas, é muito provável que continuem engajadas e contribuam com a gente por um bom tempo. Além disso, a integração é a chance perfeita para construir conexões genuínas entre voluntárias e phomenters. Ela cria aquele sentimento gostoso de comunidade e pertencimento, que é essencial para manter a motivação em alta. E tem mais: durante a integração, incentivamos as voluntárias a darem seu feedback sobre a experiência. Isso nos ajuda a fazer ajustes e melhorias, garantindo que todas se sintam apoiadas e que nossa abordagem esteja sempre alinhada com as expectativas. A seguir alguns comentários sobre o processo:
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