Turismo Sustentável: tendências e oportunidades para organizações sociais

16 de novembro de 2023

Por Leandra Santos


Através da própria experiência com a temática, o Insituto Bancorbrás trás dicas de como o turismo pode ser uma oportunidade para organizações sociais. Vale a pena conferir:

Quando falamos de turismo vem em mente férias, visitas em locais turísticos e culturais, eventos ou até mesmo realizar viagens de negócios, ou esportivas. Neste artigo, abordaremos como o turismo pode ser um importante aliado ao propósito de geração de impacto positivo na sociedade.


Entre os diversos benefícios proporcionados por meio do turismo, cabe destacar a contribuição direta à economia. Conforme divulgado pela Organização Mundial do Turismo - OMT, em 2019, foi registrado o recorde de 1,4 bilhão de viagens internacionais e a estimativa é que esse número chegue a 1,8 bilhão em 2030. Já os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, indicam que o turismo no Brasil contribui, diretamente, para cerca de 3,7% do PIB nacional e 3% do total de empregos no país.


Percebe-se o quanto o turismo é relevante na geração de renda e, consequentemente, no desenvolvimento social e econômico do país. Mas, é importante indicar que a exploração turística também pode desencadear impactos negativos como, por exemplo, a degradação do meio ambiente e a descaracterização da cultura do local visitado.


Diante de tantos desafios é necessário repensar o modelo de negócio e investir ainda mais na busca por meios mais sustentáveis, além disso, observou-se que devido à pandemia da COVID-19, houve o crescimento por parte dos turistas na procura de experiências que consideram esses aspectos, como o Turismo Sustentável, que abordaremos logo a seguir o conceito e os benefícios. 


O que é Turismo Sustentável? 


O Turismo Sustentável, também conhecido como turismo responsável ou eco consciente, é uma abordagem que busca minimizar os impactos negativos no meio ambiente, na cultura local e na economia, ao mesmo tempo, em que promove benefícios positivos para todas essas áreas. Segundo a OMT é o “turismo que considera plenamente seus atuais e futuros impactos econômicos, sociais e ambientais, abordando as necessidades dos visitantes, da indústria, do meio ambiente e das comunidades locais”.


Já o Conselho Global de Turismo Sustentável - GSTC complementa o conceito da OMT afirmando que:


“Turismo sustentável deve fazer uso otimizado dos recursos ambientais que constituem um elemento-chave no desenvolvimento do turismo, mantendo processos ecológicos essenciais e ajudando a conservar o patrimônio natural e a biodiversidade; respeitar a autenticidade sociocultural das comunidades anfitriãs; conservar seu patrimônio cultural, seus valores tradicionais e contribuir para a compreensão e tolerância interculturais; garantir operações econômicas viáveis e de longo prazo, fornecendo benefícios socioeconômicos a todas as partes interessadas que sejam distribuídas de maneira justa, incluindo oportunidades estáveis de geração de emprego, renda e serviços sociais para as comunidades anfitriãs, contribuindo para o alívio da pobreza”.


Abaixo, seguem os principais benefícios gerados por esse modelo:


  • Conservação Ambiental e o Respeito à Cultura: visa proteger a natureza e os ecossistemas. Envolve a minimização da poluição, a conservação da biodiversidade, o uso responsável de recursos naturais e a promoção de práticas amigas do ambiente. Outra premissa é a de respeitar e promover a cultura, tradições e patrimônio local, envolvendo as comunidades no planejamento e no benefício do turismo, em vez de explorá-las.
  • Benefícios Econômicos Equitativos: procura distribuir os benefícios econômicos de forma justa, contribuindo com o desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida das comunidades locais. Isso pode ser alcançado por meio da criação de empregos na região, do estímulo ao empreendedorismo local e do apoio a pequenos negócios.
  • Educação e Conscientização: os turistas e os envolvidos na cadeia produtiva do turismo são incentivados a adotar práticas sustentáveis e a compreender o impacto de suas ações, sendo a educação uma parte importante.
  • Planejamento e Gestão Responsável: os destinos turísticos são incentivados a realizar um planejamento adequado e a implementar regulamentações que promovam o turismo sustentável, entre eles: incluir limites à capacidade de visitação e diretrizes para o desenvolvimento de infraestrutura.



Case Instituto Bancorbrás


Antes de indicarmos as oportunidades às organizações sociais, é importante relatarmos brevemente nossa experiência até aqui, porque estamos em processo constante de aprendizado e trocas de experiências. 


Quando nós, do Instituto Bancorbrás, uma Organização da Sociedade Civil-OSC que empreende ações sociais por meio de Investimento Social Privado, iniciamos os estudos de viabilidade de implementação de alguma iniciativa que pudesse nos aproximar do principal negócio da mantenedora, que é o turismo, também nos perguntamos como que esse modelo de negócio poderia unir o social e, consequentemente, a geração de diferencial competitivo para as empresas Bancorbrás. 


Após o brainstorming¹ com a equipe e, também, com as áreas de negócios das empresas Bancorbrás, a resposta encontrada foi o Turismo Sustentável, conforme conceito abordado no tópico acima podemos resumir que a comunidade é a protagonista no desenvolvimento de experiências² aos turistas, ou seja, a população local são os responsáveis pelo planejamento, execução e o gerenciamento das atividades turísticas, com o devido cuidado de preservar o meio ambiente e a cultura local. 


Nesses quase três anos, mergulhamos nesta agenda³ sustentável voltada ao Turismo. A primeira experimentação foi o lançamento de um edital diretivo para identificarmos quais eram as iniciativas já existentes junto às organizações parceiras, situadas em regiões turísticas do país, e a nossa surpresa foi que não recebemos nenhuma inscrição voltada a essa categoria e quando perguntamos o motivo nos indicaram a falta de conhecimento da temática.

Diante dos resultados alcançados, a próxima estratégia implementada foi o mapeamento no território nacional, para tanto, lançamos o banco de projetos para compreendermos na íntegra qual a relevância da iniciativa na comunidade em que se pretendia e/ou eram realizadas as ações de Turismo Sustentável, ou seja, sem qualquer interferência ou indicativo de critérios como previsto em um edital, por exemplo. Neste processo tivemos em média 16 propostas cadastradas e no funil de seleção contamos com 5 etapas: pré-análise das propostas, entrevistas com os proponentes, visitas in loco, análise de viabilidade de investimento das três finalistas e a seleção da proposta. Na etapa de visitas in loco estivemos nas regiões do Ceará, Bahia, São Paulo e Amazonas.


Entre as experiências marcantes neste período, tivemos a expedição Rio Negro, na floresta Amazônica-AM, no formato do Turismo de Base Comunitária - TBC. Esse formato envolve ativamente os membros da comunidade no planejamento, desenvolvimento e operação das atividades turísticas, desde a oferta de serviços de acomodação, guias turísticos, experiências culturais e outras atividades relacionadas ao turismo.


Foram 5 dias imersivos na comunidade de Acajatuba, em que tivemos a oportunidade de conhecer a culinária local, os atrativos culturais como o artesanato e a dança carimbó, mas, o principal, foi o de se conectar e trocar experiências, além de aprender com pessoas incríveis e inspiradoras daquela região. Em todo esse processo, conseguimos constatar o quanto o turismo de forma sustentável pode transformar positivamente a realidade de uma comunidade inteira. Conforme também afirmado pelo relato da Horenilde Gomes, proprietária da pousada Caboclo's Ecolodge, roteiro Expedição Amazônia Rio Negro (AM):  “Estamos com o nosso negócio bem divulgado, fomos fortalecidos e muito bem preparados. Já tive melhorias como o aumento da capacidade da pousada, que tem gerado renda para a comunidade. O nosso maior orgulho é falar de transformação, o mundo precisa desse fortalecimento sustentável.”


Após adquirirmos o nível de conhecimento necessário e de realizarmos uma análise criteriosa de viabilidade de investimento, o próximo passo foi a de firmarmos parceria com a proposta selecionada, a Vivalá, que é uma organização especialista em Turismo Sustentável em unidades de conservação ambiental para o TBC, TBC de Aventura e Volunturismo, em comunidades tradicionais4. Para conhecer mais dessa parceria acesse o link a seguir: https://unbouncepages.com/ib-vivala/.


Até o momento, por meio da parceria, foram criados 9 destinos em comunidades tradicionais nas regiões de Kariri-Xocó - SE, Juatinga - RJ, Chapada Diamantina-BA, Jalapão-TO, Foz do Iguaçu-PR, Chapada dos Guimarães-MT, Petar e Tenodé Porã-SP. Para viabilizar a idealização de novos destinos, é necessário realizar visitas técnicas que envolvem pesquisas naturais, logísticas e comerciais para avaliar o potencial da região. Além disso, é feito o mapeamento dos atores locais5, a fim de criar experiências e oferecer roteiros seguros aos turistas, mobilizando toda a cadeia produtiva. Em outubro, embarcamos para o Rio de Janeiro para realizar uma visita técnica à Ilha Grande-RJ, considerada a maior ilha do estado e a sexta maior ilha marítima do Brasil.

No período de três dias fizemos a travessia trekking6   com quase 40 km em meio a Mata Atlântica e também na costa litorânea. A região já possui um volume considerável de turistas e a intenção com a implementação do TBC de Aventura é que as pessoas possam ter a oportunidade de imergir na comunidade caiçara7 da região.


Por meio dessa iniciativa com a Vivalá, em média, mais de 2.000 pessoas de comunidades tradicionais serão beneficiadas com o desenvolvimento social e econômico dessas localidades. Para o ano de 2024, temos como propósito dar ainda mais visibilidade a essas comunidades e que elas sejam cada vez mais protagonistas.

Turismo como oportunidade para as organizações sociais


Diante de tudo que compartilhamos até aqui, pode estar se perguntando: tá, mas e como essa iniciativa pode ser uma oportunidade para as ações desenvolvidas nas organizações sociais? De antemão, indicamos que são inúmeras possibilidades e abaixo, seguem algumas para inspiração: 


  • Parcerias com o trade turístico: podem estabelecer parcerias com empresas do ramo do turismo, como hotéis, companhias aéreas, agências de viagens, restaurantes e atrações turísticas. Essas parcerias podem envolver doações, descontos em serviços ou colaborações em campanhas de responsabilidade social corporativa.
  • Sensibilização: o turismo pode ser usado como uma plataforma para aumentar a conscientização sobre questões sociais. Por exemplo, as organizações podem realizar passeios temáticos que abordam questões específicas, como conservação ambiental, justiça social ou direitos humanos. Isso ajudará na disseminação de uma consciência sobre as causas e a promoção de ações para fazer a diferença na organização ou comunidade atendida.
  • Voluntariado e engajamento comunitário: o volunturismo permite que pessoas se envolvam em projetos sociais enquanto viajam. Organizações sociais podem coordenar oportunidades de voluntariado em destinos turísticos, permitindo que os viajantes contribuam com seu tempo e habilidades para causas locais.
  • Programas de treinamento e capacitação: o turismo pode ser usado para fornecer treinamento e capacitação a comunidades locais, ajudando-as a desenvolver habilidades que lhes permitam participar do setor do turismo, gerar renda e na contribuição para a profissionalização da comunidade local.
  • Promoção do turismo sustentável: desempenhar o papel de promotores aos turistas da região das práticas sustentáveis, como a importância da conservação dos recursos naturais e o respeito às culturas locais.


Parcerias com iniciativas de turismo sustentável: iniciativas que se dedicam ao turismo sustentável podem colaborar com organizações sociais para desenvolver roteiros de viagem que apoiem causas específicas, tais como: visitas a projetos sociais, comunidades locais e ações de conservação.


O turismo, quando bem integrado com iniciativas sociais, pode ser uma fonte valiosa de recursos e uma maneira efetiva de geração de impacto positivo na sociedade. Então, já tinham pensado nessa possibilidade? Vamos inovar?



¹ Brainstorming:  técnica utilizada para a geração e o debate de ideias, com objetivo de criar soluções para um desafio ou obter insights no desenvolvimento de algo novo. A palavra, traduzida do inglês, significa “tempestade de ideias”.

² Experiências turísticas: busca proporcionar ao turista momentos marcantes e únicos durante a viagem, através de ofertas inovadoras, diferenciadas e inesquecíveis.

³ Agenda 2030: é um compromisso assumido por todos os países que compuseram a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, em 2015 – os 193 Estados-membros da ONU, incluindo o Brasil – e tornou-se a principal referência na formulação e implementação de políticas públicas para governos em todo o mundo.

4Comunidades tradicionais: são grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica. Os mais conhecidos são: indígenas, quilombolas e ribeirinhos.

5Atores locais: são os agentes sociais e econômicos, indivíduos e instituições, que realizam ou desempenham atividades, ou, então, mantém relações num determinado território.

6Trekking: é uma caminhada mais longa, que pressupõe pernoite no meio natural, na maioria das vezes, acampando. Considerado um  nível mais avançado,que  exige mais esforço físico, habilidades, orientação pessoal e superação.

7Caiçara:  comunidades em que, em sua maioria, vivem em pequenas vilas onde praticam a pesca, a agricultura e o artesanato de acordo com suas necessidades, dos estados de São Paulo, Paraná e sul do Rio de Janeiro.


Referências



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O Movimento Bem Maior (MBM) acaba de disponibilizar o Case Institucional do Futuro Bem Maior, publicação que reúne dados, aprendizados e histórias de impacto das três primeiras edições do programa, realizado desde 2019 em parceria com o Instituto Phi e o Instituto Phomenta. Criado para fortalecer iniciativas sociais em territórios com alto índice de vulnerabilidade social, o Futuro Bem Maior já apoiou 166 organizações de 72 municípios com recursos flexíveis, capacitação e acompanhamento técnico. O case traz uma análise dos efeitos do programa em três níveis: nas organizações apoiadas, público atendido e comunidades. Entre os principais achados, destaca-se que 77% das organizações relataram fortalecimento da autoestima institucional; 73,8% aprimoraram suas capacidades técnicas; 76,1% melhoraram o atendimento ao público; 83,5% conseguiram dar continuidade aos projetos após o ciclo de apoio; 80% ganharam visibilidade em suas comunidades. “Confiar em quem vive os desafios de perto muda tudo. Nosso compromisso é impulsionar quem já transforma a realidade nas pontas. Este case mostra que a confiança, aliada a investimento estratégico, gera resultados reais e duradouros”, afirma Carola Matarazzo, diretora executiva do MBM. A publicação reforça a abordagem do MBM ao apostar em uma filantropia baseada em confiança, que descentraliza recursos e fortalece organizações sociais como motor de transformação social. O documento está disponível gratuitamente. Clique no botão abaixo para ter acesso! 
Por Maria Cecília Prates 14 de julho de 2025
Em projetos sociais os resultados estão quase sempre associados a resultados intangíveis, subjetivos e abstratos, como por exemplo: crianças saudáveis, adolescentes com autoconfiança, autoestima de idosos, jovens capacitados para o mercado de trabalho, comunidade engajada, famílias ajustadas, empreendedores bem-sucedidos, e por aí vai… Alcançar esses resultados intermediários são etapas necessárias e imprescindíveis que vão contribuir para o alcance do impacto final pretendido de transformação na vida das pessoas atendidas. O problema é que até hoje no Brasil ainda não se tem clareza metodológica sobre como medir esses conceitos tão amplamente adotados na área social, que seja confiável e capaz de captar (ser sensível a) os avanços conseguidos . Então, se não há essa clareza – e aqui me refiro sobretudo à grande maioria das organizações do terceiro setor – como conseguir PLANEJAR bem os projetos sociais? Ou seja, como explicitar O QUE queremos mudar? E como saber depois se o que fizemos conseguiu, de fato, chegar AONDE queríamos, ou seja, AVALIAR se as iniciativas conduzidas foram válidas, eficazes e eficientes? Medição compartilhada: uma prática que deveria ganhar força no Brasil No Reino Unido e EUA desde 2003 – No Reino Unido vêm sendo envidados esforços por organizações think-tanks (como a New Philanthropy Capital – NPC , ou a Triangle /Outcomes Star ) e nos Estados Unidos ( FSG) para construírem sistemas de indicadores “de prateleira” (do inglês, off-the-shelf tools ) que possam ser compartilhados por organizações do terceiro setor ( charities or NGOs – Non-Governmaental Organisations ). No Reino Unido, organizações sociais trabalhando em uma mesma área-fim (por exemplo, educação de adolescentes em situação de vulnerabilidade) foram se unindo, capitaneadas por alguma organização think-tank como a NPC, para desenvolverem um sistema comum de avaliação de resultados. Nesse sentido, os conceitos abstratos relacionados a objetivos de resultados (por exemplo: autoestima), adotados por organizações trabalhando com públicos semelhantes, foram sendo operacionalizados nos mesmos indicadores ou escalas. Feita a operacionalização dos conceitos, as demais ferramentas para medição também começaram a ser desenvolvidas em comum, através do apoio de uma equipe especializada, tais como a construção dos questionários, a estratégia para a sua aplicação, o sistema de base de dados (que pode ser online ) e o referencial para análise dos dados coletados. No Brasil, no período em que atuei (2011 – 2016) no Programa da POS (Parceria com Organizações Sociais) da Fundação Dom Cabral – FDC (hoje denominado Pilaris ), quis começar a difundir essa ideia das ferramentas de prateleira ( Avaliação de projetos sociais no terceiro setor: uma agenda em construção , seção IV), mas percebi que o terreno precisava antes ser melhor trabalhado. Por isso, no Manual que desenvolvi para apoiar o trabalho com as organizações participantes do Programa (Manual de Planejamento e Avaliação de Projetos Sociais para Organizações Sociais) , comecei a incluir alguns instrumentos que pudessem funcionar como “ferramentas de prateleira”. Esses instrumentos vinham de três fontes: conceitos abstratos que já tinham sido traduzidos para a prática e validados; experiências de monitoramento com algumas dessas organizações; ou ainda, foram criados durante as avaliações de projetos sociais que conduzi. Para ilustrar melhor a ideia, aqui estão alguns exemplos de instrumentos incluídos no Manual: Conceito: autoestima (escala de Rosenberg), pág. 40-42 do Manual Conceito: impulsividade de adolescentes (escala de Barrat), p.66 Conceito: ser cuidadoso com o meio-ambiente / Avaliação de projeto de apicultura (pág. 67-68) Conceito: bem-estar de crianças e adolescentes, entre 11-16 anos (NPC), Pág. 197-205 Marco lógico: projeto de qualificação digital, Instituto Ramacrisna (pág. 207-210) Questionário: Preparação de jovens (16-18 anos) para inserção no mercado de trabalho, Associação Projeto Providência (pág. 226 – 230) A intenção de compartilhar esses instrumentos no Manual foi oferecer inspiração e facilitar o trabalho de planejamento e avaliação em organizações que atuam com projetos sociais semelhantes, ajudando, assim, a “queimar etapas” e avançar com mais agilidade nesse processo. Medição compartilhada: o caso da ferramenta Outcomes Star Como surgiu? Outcomes Star (traduzido ao pé da letra: Estrela de Resultados) é uma ferramenta para medir e apoiar as mudanças / resultados, que foi criada e desenvolvida pela Triangle Consulting Social Enterprise do Reino Unido . A Triangle, fundada em 2003, se define como “ uma empresa inovadora, guiada por uma missão social que é a de apoiar os provedores de serviços sociais a transformarem vidas de pessoas vivendo em situação de vulnerabilidade social, traumas, deficiências ou doenças, por meio da criação e o uso correto de ferramentas que engajem e promovam abordagem facilitadoras ”. A primeira versão do Outcomes Star começou como uma demanda (em 2003) da St Mungo`s, uma organização social voltada para o atendimento de moradores de rua, que queria avaliar os resultados do seu trabalho. A ferramenta acabou ganhando tração a partir da constatação de sua aplicabilidade também junto a outras organizações do Reino Unido que atendiam moradores de rua. Foi quando a Triangle , então, avançou naquele protótipo inicial, por meio do desenvolvimento da chamada “jornada da mudança” (do inglês, the Journey of change ), das escalas de medição adequadas tanto para os usuários dos serviços (ou clientes) como para os provedores do serviço (ou colaboradores dessas organizações executoras), e do Guia com as orientações para a implementação do instrumento. Assim, em dezembro de 2016 surgia a primeira versão da Outcomes Star , com o foco em moradores de rua. O que é a ferramenta? Conforme explicado no site , cada versão da Outcomes Star compreende um conjunto de escalas apresentadas de modo amigável e acessível em formato de uma estrela (figura), em que cada escala (ou cada ponta da estrela) representa uma dimensão relevante do resultado pretendido. Cada escala é explicitada em estágios (que podem ser 5 ou 10), sendo cada estágio cuidadosamente definido, de modo a caracterizar cada uma das etapas necessárias para promover a mudança sustentável na vida das pessoas atendidas. A ideia é que a ferramenta seja aplicada pela equipe da organização com cada usuário do serviço, desse modo permitindo visualizar e analisar com clareza a “ jornada da mudança ”: onde se está no percurso, os resultados alcançados (e os não alcançados), e as evidências do que precisa ser trabalhado.
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Uma boa gestão de conflitos transforma positivamente o ambiente organizacional ao aplicar princípios de comunicação eficaz. Neste artigo, abordaremos o livro “Conversas Difíceis: Como Discutir o Que Mais Importa”, resultado de 15 anos de pesquisa do Projeto de Negociação de Harvard, que oferece ferramentas para gerenciar relacionamentos e solucionar conflitos em diversas situações. Queremos te ajudar a organizar seus pensamentos antes de começar uma conversa difícil assim como o livro sugere. O primeiro passo é entender os três tipos de conversa. Ao final, sugerimos práticas a serem seguidas. Boa leitura! As Três Conversas Centrais e a Ação da Boa Gestão O livro revela que toda conversa difícil é composta por três "conversas" subjacentes: a Conversa "O que aconteceu?", a Conversa das Emoções e a Conversa da Identidade. A boa gestão age diretamente sobre cada uma delas para transformar desafios em oportunidades: Na conversa do tipo “O que aconteceu?”, os participantes focam em quem está certo ou errado, partindo de suposições que levam ao ciclo de acusações e impedem a solução. Conforme o autor: “quando algo desagradável acontece, o foco da conversa gira em torno de quem está certo, quem está errado, quem disse o quê, quem deve assumir a responsabilidade e assim por diante. Passamos a discutir quase todos os detalhes.”. Exemplo de conflito – Projeto atrasado e disputa de culpa: ao desenhar a festa junina da organização, ficou faltando definir quem compraria e arrecadaria as prendas das barracas, gerando muito estresse no dia da festa. Logo, membros começaram a atribuir culpa uns aos outros: “Foi o time das coordenadoras”; “Não, foram vocês que não passaram direitos”; “Não me envolvam, eu fiz minha parte”. Esse cenário ilustra como a suposição de que “a culpa é sempre do outro” gera impasse, pois cada parte adota a mentalidade “eu estou certo, você está errado”. Já quando falamos no tipo das Conversa das Emoções : as emoções negativas, se não forem gerenciadas, podem transformar uma conversa em confronto, pois a adrenalina liberada pode "deixar o cérebro em branco". Uma boa gestão ajuda a conhecer e expressar sentimentos adequadamente, e a mudar a percepção para alterar a maneira como os sentimentos são experimentados. Isso alivia a ansiedade e permite foco na resolução do problema. Exemplo de conflito – Projeto atrasado e disputa de culpa: imagine que um gestor solicite a um colaborador que faça ajustes em um relatório até o final do dia. O funcionário pode entender esse pedido como “falta de confiança na minha competência” e reagir com irritação ou resistência, mesmo que a intenção do gestor não seja punir, mas sim assegurar a qualidade. Essa interpretação precipitada de “más intenções” gera tensão e impede que ambos discutam a real necessidade de melhoria de conteúdo. Por fim, quando falamos da Conversa da Identidade: é quando uma conversa difícil ameaça a auto-identidade de alguém (questões como "sou competente?", "sou uma boa pessoa?"), e as pessoas podem reagir defensivamente. A boa gestão auxilia a fundamentar a identidade dos colaboradores, focando no valor próprio e na capacidade de examinar-se objetivamente e admitir falhas sem medo. Além disso, a gestão eficaz desiste de tentar controlar as reações dos outros, focando em influenciar e adaptar a própria autopercepção. Exemplo de conflito – Avaliação de desempenho e abalo de autoestima: durante uma avaliação de desempenho, é comum um superior dizer: “seu desempenho no trabalho é tão ruim; você acha que pode competir pela promoção?”. 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Ouvir com atenção e expressar pensamentos claramente: estabelecer uma comunicação de mão dupla, onde o gestor pratica a escuta ativa para entender a perspectiva do outro e expressa suas próprias ideias de forma concisa e compreensível. Reformular a conversa quando ela chega a um impasse: ter a habilidade de trazer a discussão de volta ao foco quando ela se desvia ou estagna, garantindo que o problema seja resolvido. Isso exige a capacidade de "romper padrões de pensamento enraizados", ou seja, conseguir mediar e interferir nas falas para voltar ao objetivo inicial da conversa O Impacto Positivo Geral da Boa Gestão Ao aplicar esses princípios, uma boa gestão de conflitos transforma o ambiente organizacional. A capacidade de gerenciar bem os relacionamentos em diferentes situações, seja pessoal, profissional ou em negociações, é ampliada. Ao promover a compreensão mútua, o compartilhamento de responsabilidades e a resolução construtiva de conflitos, a gestão não apenas soluciona problemas de forma mais eficaz, mas também fortalece mais as equipes, aumenta a produtividade e cultiva uma cultura de confiança e resiliência. Dessa forma, as conversas difíceis se tornam oportunidades para aprendizado e crescimento, em vez de fontes de conflito e estagnação. Gostou do conteúdo? A Phomenta está realizando um mapeamento e quer saber como o terceiro setor está gerindo pessoas e conflitos em suas organizações. Compartilhe sua experiência e contribua com este estudo acessando: [link] Artigo realizado com apoio da ferramenta de IA Notebooklm e do livro Conversas difíceis - Douglas Stone, Bruce Patton e Sheila Heen 
Por Pâmela Lima 2 de junho de 2025
Guia prático que ensina como estruturar uma página de captação de doações para ONGs: mensagem clara, métricas de impacto, transparência financeira e CTA que converte. Saiba mais!
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Apoiar ONGs pequenas é uma escolha política e estratégica para ampliar o impacto social no Brasil. Entenda como essa decisão se conecta ao fortalecimento do terceiro setor, à transformação de territórios e à mudança de perspectiva no investimento social.
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Inicialmente, vamos entender melhor o que são métricas? Métricas são números e dados que as redes sociais fornecem para mostrar o desempenho das publicações feitas por você ou pela sua ONG. Quando você publica algo no Facebook ou Instagram, essas redes sociais mostram quantas pessoas visualizaram, curtiram, comentaram ou compartilharam seu conteúdo. Saber interpretar essas informações é muito importante porque ajuda a sua OSC a entender o que está dando certo e o que pode melhorar na comunicação com o público. Ao entender melhor essas informações, você pode criar conteúdos que alcançam mais pessoas e ajudam sua organização a ter um impacto maior. Quais são as métricas mais importantes? Entender as principais métricas pode parecer difícil no começo, mas conhecendo cada uma delas fica muito mais fácil saber se sua comunicação está indo bem. Cada uma dessas métricas traz informações cruciais que ajudam a entender o comportamento do seu público e como melhorar as publicações da sua organização. Desvendando as siglas e abreviações das métricas CTR (Click Through Rate): porcentagem de pessoas que clicaram em um link após visualizá-lo. CPM (Custo por Mil Impressões): quanto custa mostrar seu conteúdo para mil pessoas. CPC (Custo por Clique): quanto você paga por cada clique no seu conteúdo. CPA (Custo por Aquisição): custo médio para que uma pessoa realize uma ação específica, como fazer uma doação. ROI (Return on Investment): retorno financeiro obtido em relação ao dinheiro investido em publicidade ou campanhas. KPI (Indicador-Chave de Desempenho): métricas específicas escolhidas para medir o sucesso das suas ações. Alcance e Impressões O alcance é o número de pessoas diferentes que viram sua publicação pelo menos uma vez. Quanto maior o alcance, mais pessoas diferentes foram alcançadas pelo seu conteúdo. Já as impressões mostram quantas vezes sua publicação apareceu nas telas das pessoas, contando inclusive aquelas que viram mais de uma vez (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Engajamento Engajamento é uma das métricas mais importantes porque mostra como as pessoas estão interagindo com seu conteúdo. Essas interações incluem curtidas, comentários, compartilhamentos e salvamentos. Um alto engajamento significa que as pessoas realmente gostaram do seu conteúdo e tiveram vontade de interagir com ele. Quanto mais engajamento, melhor você está se comunicando com o seu público (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Cliques Cliques mostram quantas pessoas clicaram no seu conteúdo ou nos links que você compartilhou. Essa métrica é especialmente importante quando você quer direcionar as pessoas para seu site ou para alguma ação específica, como um evento ou uma campanha de doação (COSTA, 2020). Crescimento de seguidores Essa métrica mostra quantas pessoas novas começaram a seguir sua ONG depois de ver suas publicações. Um crescimento constante de seguidores significa que você está conseguindo chamar a atenção e conquistar novas pessoas para sua causa (COSTA, 2020). Mas afinal, como essas métricas se relacionam? É muito importante não olhar apenas para uma métrica isoladamente. Por exemplo, se muitas pessoas veem sua publicação (alto alcance), mas poucas interagem com ela (baixo engajamento), pode ser que o conteúdo não esteja interessante o suficiente. Para entender se sua estratégia está funcionando, você precisa analisar diferentes métricas juntas, como alcance, engajamento e cliques. Isso ajuda a ter uma visão mais completa do desempenho das publicações (GOMES, 2018). Tipos de análises que você pode fazer Para usar bem as métricas, você pode fazer vários tipos diferentes de análises. Cada tipo serve para algo específico e ajuda você a entender melhor o desempenho das suas redes sociais, mostrando caminhos para melhorar sua comunicação. Análise simples A análise simples é a mais básica e mostra diretamente quantas pessoas viram ou interagiram com seu conteúdo (RECUERO, 2014). Comparação A análise comparativa é quando você compara resultados de diferentes publicações ou períodos. Por exemplo, você pode comparar o desempenho das publicações deste mês com as do mês passado para entender o que funcionou melhor e planejar conteúdos futuros (RECUERO, 2014). Previsão A análise preditiva usa dados antigos para tentar prever resultados futuros (RECUERO, 2014). Um exemplo é que se sabemos que entre novembro e dezembro há um aumento nas curtidas em posts relacionados a doações, construir conteúdo que fale sobre isso antecipadamente é uma forma de “prever” a procura e antecipar-se ao aumento de demanda. Redes sociais Analisar as redes sociais significa entender como as pessoas interagem umas com as outras no seu perfil ou página. Você pode descobrir quem são os principais seguidores, quais conteúdos são mais compartilhados e como essas conexões ajudam a espalhar sua mensagem para mais pessoas (GOMES, 2018). O que ter cuidado ao analisar os números? Ao analisar as métricas, você precisa levar em conta fatores externos que podem influenciar os resultados. Datas especiais, feriados ou eventos importantes podem aumentar ou diminuir a interação com suas publicações (as chamadas datas sazonais). Por isso, sempre olhe com cuidado e verifique se os dados são realmente representativos do desempenho geral (KAHNEMAN, 2012), todo o contexto deve ser levado em conta. Cuidado com erros ao analisar Existem alguns erros comuns ao analisar as métricas. Um deles é o viés de confirmação, que acontece quando você só presta atenção nos números que reforçam o que você já acredita. Outro erro é o viés de recência, que acontece quando você só leva em conta os resultados mais recentes, esquecendo resultados passados (KAHNEMAN, 2012). Como já dito. Recomendações O conteúdo do artigo foi baseado no conhecimento da autora e com referências de base científica. Caso você deseje ampliar o conhecimento acerca da temática, recomenda-se a leitura das fontes a seguir: COSTA, Felipe. Aplicação estratégica de métricas digitais. Panorama, Goiânia, v. 9, n. 2, p. 45-60, 2020. FERREIRA, Mariana; OLIVEIRA, Ana. Produção textual e interações sociais em plataformas digitais. Revista Comunicando, Lisboa, v. 5, n. 1, p. 10-23, 2015. GOMES, André. Dinâmicas de interações nas redes sociais digitais. Salvador: UFBA, 2018. KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2014. 
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