Projetos sociais de educação transformam vidas e comunidades: um pouco de inspiração para fortalecer iniciativas educacionais no terceiro setor

29 de julho de 2022

Este conteúdo foi produzido por Partilha


No meu primeiro texto para o Portal do Impacto em 2022 eu disse que gostaria de compartilhar com as organizações sociais que nos acompanham aqui sobre a potência da educação como agente de transformação individual, coletiva e social e o quanto precisamos nos reconhecer nesse lugar de educadores, uma vez que buscamos essa transformação e que ofertamos diversas oportunidades de desenvolvimento. Meu objetivo é, ao partilhar vivências, inspirações, conteúdos e dicas, apoiar o fortalecimento dos projetos sociais de educação e as possibilidades de conexão com os diversos atores das comunidades nas quais as organizações que trabalham com educação atuam.


Feita essa introdução e o convite para que você conheça um pouco mais dessa minha defesa sobre a indissociabilidade entre Educação e Desenvolvimento Social lendo o texto publicado aqui em maio, vamos ao tema de agora: compartilhar projetos sociais de educação diversificados que promovem transformação. Ao longo da minha trajetória na educação social, eu pude conhecer e trabalhar em diversos projetos e escolhi três para nos ajudar nessa reflexão que estou propondo.


Vou começar por uma das minhas grandes inspirações como educadora e gestora de projetos sociais: Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento, o CPCD. Declaradamente uma instituição de aprendizagem, eles atuam há mais de 3 décadas empoderando pessoas e comunidades para transformar suas realidades a partir da educação popular e da cultura. Um de seus projetos mais antigos é o Ser Criança, que nasceu da crença de que “se faz educação até debaixo de um pé de manga”.


Realizando atividades complementares às escolares, como, por exemplo, jogos, atividades artísticas, plantar, cozinhar, comer, conversar, criar, pintar, dançar - entre muitas outras -, o projeto atua contra o fracasso escolar, ou seja, a favor do desenvolvimento. As ações são realizadas não só no espaço da organização, porque a perspectiva é que todos os espaços comunitários são espaços de aprendizagem e todos são educadores e educandos. 


Em 2015 eu tive o prazer de conhecer o projeto de perto em Araçuaí (MG) e ele foi apresentado pelas crianças. É impossível não perceber o quanto elas, além de melhorarem os índices escolares, desenvolvem habilidades e competências para a vida e, principalmente, são empoderadas da cidade, das questões sociais e de um senso de potência para transformar a realidade.


Assim como a cultura, o esporte também é potencialmente educativo. Em 2018 conheci uma instituição que chamou minha atenção não só pela excelência na gestão, mas por sua proposta educacional a partir do tênis. Tudo no espaço do WimBelemDon lembra esporte, vida, fluxo, organização, disciplina, capricho, dedicação e acolhimento.


Com foco em promover inclusão social a partir do esporte e da educação, a instituição oferece uma série de atividades, embasados em uma concepção de ser humano integral. Para eles, o desenvolvimento tem 09 eixos: cognitivo, criativo, ecológico, emocional, espiritual, ético, físico, multicultural e social; e é a partir deles que as atividades são pensadas para o público atendido. Localizado em uma região de extrema vulnerabilidade social em Porto Alegre (RS), a instituição valoriza “o capricho” em todos os materiais, na infraestrutura, na alimentação e nas ações desenvolvidas, além de convidar atletas de “renome” para diversos eventos, dando à comunidade a certeza de que é possível transformar a realidade com oportunidades de educação e inclusão social. Pessoalmente, fiquei encantada com as histórias de transformação que conheci (e ainda acompanho) e com o quanto a defesa pelo desenvolvimento integral é clara e feita com uma competência técnica inspiradora.


E para finalizar, vou compartilhar um pouco de um dos projetos sociais para os quais presto assessoria e também sou educadora: Programa Talentos de Futuro, do Instituto Algar, de Uberlândia (MG). O Instituto Algar é um instituto empresarial que atua nas áreas de Educação, Esporte, Cultura e Voluntariado desde 2002.
Inicialmente desenvolvia programas e projetos educacionais em parceria com escolas públicas e nos últimos anos tem ampliado essa atuação também para as organizações sociais. Dentre seus programas educacionais, o Talentos de Futuro é voltado para adolescentes e jovens e tem como recorte o desenvolvimento de habilidades e competências para a vida e para o mercado de trabalho.


Sabemos que o investimento em educação para a adolescência e a juventude ainda é baixo diante da quantidade de desafios que essa faixa etária enfrenta. Um deles, sem dúvida, é a inserção e a permanência no mercado de trabalho e que, por muitas vezes, leva esse público para o trabalho informal e para a criminalidade.

Contribuir com a empregabilidade - além do desenvolvimento psicossocial e cognitivo - dessa, que é a faixa etária que mais sofre com o desemprego no país e, ainda, estimular o desenvolvimento continuado é, sem dúvidas, colaborar não só com o desenvolvimento dos participantes, mas de suas famílias e da comunidade. Fazer esse trabalho tendo as organizações sociais como multiplicadoras da metodologia, faz com que oportunidades de formação e desenvolvimento gratuitas e de qualidade cheguem a lugares que, dificilmente, chegariam por outros caminhos.


Há seis anos atuando nesse programa, diversas histórias de superação, desenvolvimento e transformação me veem à cabeça para citar e reforçar aqui a minha crença na potência da educação fora da escola: autoestima, amadurecimento, empoderamento, protagonismo, renda, esperança, relacionamentos saudáveis - são algumas das palavras que ouço dos jovens e de suas famílias. Além disso, é preciso destacar também o fortalecimento institucional e da rede de organizações que são parceiras desse trabalho.


Essas três experiências que compartilhei aqui são inspirações diárias para mim e espero que sejam para vocês também. E, principalmente, convido todas as pessoas que estão lendo este texto a olharem para suas próprias atuações educacionais no terceiro setor e reconhecerem essa potência. É urgente fortalecermos nossas iniciativas educacionais que, não raras vezes, são oportunidades únicas para nossos educandos. E, não raras vezes, também são ações efetivas de transformação comunitária.



Ana Carolina Ferreira, apaixonada por educação e terceiro setor, graduada em Letras, especialista em Gestão de Projetos e graduanda em Psicologia. Fundadora da Partilha, dedica-se ao desenvolvimento de pessoas, empresas e instituições sociais, assessorando programas educacionais. 


Contato: anacarolina@partilha.udi.br


Inscreva-se na nossa Newsletter

Últimas publicações

Por Maria Cecilia Prates 28 de outubro de 2025
Nem tudo que é medido gera impacto real. Este artigo reflete sobre os riscos da obsessão por métricas no Terceiro Setor e como o foco excessivo em números pode distorcer o verdadeiro propósito social das organizações.
Por Rosana Meneses 16 de outubro de 2025
Entre metas, editais e sobrecarga, muitas gestoras do Terceiro Setor vivem o desafio de fazer tudo sozinhas. Neste relato,você verá lições práticas sobre como equilibrar a gestão de projetos e a captação de recursos sem perder a saúde, nem o propósito.
Por Fernando Porto 13 de outubro de 2025
Aprenda como usar o storytelling para engajar e inspirar. Descubra como ONGs podem criar narrativas autênticas que despertam empatia, fortalecem vínculos e mobilizam doadores.
Por Kamilly Oliveira 7 de outubro de 2025
Descubra como definir a missão e a visão da sua organização de forma prática e inspiradora. Um exercício essencial para alinhar propósito, estratégia e impacto social.
Por Ci Freitas 30 de setembro de 2025
O que realmente é turismo regenerativo? Vá além do sustentável e aprenda a sobre turismo sustentável e regeneração. Confira o artigo.
Por Instituto Phomenta 17 de setembro de 2025
Segundo o Governo Federal, para cada R$ 1 aplicado em projetos culturais, até R$ 1,60 volta para a economia. Esse movimento gera emprego e renda, amplia o acesso à arte e à educação e cria novas oportunidades de desenvolvimento. Apesar desse potencial, muitas organizações culturais atuam com orçamentos reduzidos e equipe limitada. Um levantamento da Iniciativa Pipa e do Instituto Nu aponta que 31% das organizações periféricas de cultura e educação têm orçamento anual de até R$ 5 mil, e 58% funcionam de forma totalmente voluntária, sem equipe remunerada. São iniciativas que já promovem impacto real, mas enfrentam dificuldades para acessar leis de incentivo, conquistar patrocínios e participar de editais. Porém, com apoio direcionado, podem fortalecer sua atuação e alcançar mais pessoas. Fortalecimento e oportunidade de crescimento O Programa de Aceleração Cultural é uma iniciativa do Instituto Phomenta, em parceria com o Ministério da Cultura e patrocínio do Grupo Ultra e suas unidades de negócio: Ultragaz, Ultracargo, ICONIC, Ultra e Instituto Ultra e Ipiranga. A proposta é apoiar organizações que atuam com cultura e educação, oferecendo formações e acompanhamento para melhorar a gestão, ampliar as estratégias de captação e facilitar o acesso a Leis de Incentivo à Cultura. O programa é gratuito, online, acessível para pessoas com deficiência e acontecerá no 2º semestre de 2025, com 40 horas de duração entre encontros ao vivo, atividades práticas e mentorias individuais. Além do conteúdo, as organizações participantes receberão bolsa auxílio de até R$ 2.000, como incentivo para participação ativa. Quem pode participar Organizações localizadas em São Paulo (SP), Campinas (SP), Santos (SP) e Duque de Caxias (RJ) que: Tenham pelo menos 1 ano de existência e CNPJ ativo Desenvolvam atividades culturais com caráter educativo, como oficinas, cursos, programas de formação, acompanhamento pedagógico e ações culturais que visem ensino e transformação social Possuam canais de comunicação ativos (site e/ou redes sociais) Não promovam partidos políticos, religiões específicas, violência ou criminalidade Será necessário comprovar experiência mínima de 1 ano em ações culturais educativas durante a etapa de envio de documentos. O que será oferecido O Programa de Aceleração Cultural inclui mentorias personalizadas, formações em gestão, sustentabilidade financeira e captação de recursos, apoio para acessar Leis de Incentivo à Cultura e rodas de conversa para troca de experiências entre organizações participantes. Como incentivo à participação, cada organização poderá receber até R$ 2.000 em bolsa auxílio, considerando presença mínima de 75% nos módulos e participação nas atividades previstas. Por que participar Esta é uma oportunidade para fortalecer a atuação, ampliar a visibilidade e criar condições para que projetos culturais educativos se mantenham e cresçam. Além do conteúdo prático, o incentivo financeiro ajuda a garantir a presença de quem já enfrenta restrições orçamentárias. E a rede formada entre as organizações participantes favorece trocas e colaborações que podem gerar impacto duradouro. Como participar As inscrições para o processo seletivo estão abertas até 01 de outubro de 2025. Após o cadastro, haverá uma sessão explicativa para apresentar o programa e tirar dúvidas, seguida do envio de documentação para análise. As organizações aprovadas participarão dos dois módulos e das mentorias individuais. Mais informações sobre o Programa de Aceleração Cultural estão disponíveis no botão abaixo!
mostrar mais

Participe do nosso grupo no WhatsApp para receber nossos conteúdos em primeira mão

Entrar para o grupo