Governança de A a Z - As 10 responsabilidade do(a) Diretor(a) Executivo de uma ONG

24 de fevereiro de 2023

Este conteúdo foi produzido por Karen Lassner


Para que haja uma boa governança, uma ONG precisa de um Conselho de Administração ativo e de uma Direção Executiva dedicada. Agora, o que faz o Conselho de Administração comparado com a Direção Executiva? Um dos meus artigos recentes descreveu as 10 responsabilidades do conselho de administração de uma ONG. Neste artigo, gostaria de destacar as 10 responsabilidades do Diretor Executivo de uma ONG e assinalar as diferenças entre os dois.


A função do Diretor Executivo tem múltiplos enfoques. As seguintes dez responsabilidades do diretor executivo buscam demonstrar o alcance e a complexidade do papel de Diretor: 


1- Dedicar-se à missão e o propósito. 


O Diretor Executivo deve compreender e incorporar à fundo a missão e o propósito da organização e seus programas. O empenho do Diretor Executivo quanto à missão inspira e mobiliza as pessoas a trabalharem para que a missão seja concretizada. 


Uma das responsabilidades do Conselho, por sua vez, é definir a missão e a visão da organização. O Diretor Executivo, portanto,
trabalha para desenvolver essa missão


O Diretor Executivo fia-se na missão para planejar e tomar decisões sobre as prioridades da organização, a utilização dos recursos e a direção a tomar no futuro. 


Os Diretores Executivos também cuidam para que não haja nenhum “desvio da missão”. Isto ocorre quando as organizações começam a implementar atividades que não apoiam diretamente a missão, ou porque surgiram novas oportunidades de financiamento que não estão alinhadas com a missão.


2- Ser o líder da equipe e o gestor da organização. 


Liderar a equipe e gerir a organização constituem a essência das responsabilidades do Diretor Executivo. 


Enquanto o Conselho é responsável por contratar o Diretor Executivo e avaliar o desempenho deste, o Diretor Executivo é responsável por
contratar toda a equipe e administrar seu desempenho, além de procurar garantir que haja uma estrutura de gestão em funcionamento


Em geral, as responsabilidades de liderança e gestão do Diretor Executivo incluem:


  • Inspirar e motivar a equipe 
  • Promover uma cultura que reflita os valores da organização, estimule o bom desempenho e recompense a produtividade 
  • Criar uma estrutura de pessoal que apoie as metas, objetivos e prioridades da organização 
  • Garantir que os colaboradores tenham um ambiente de trabalho agradável e os suprimentos e o equipamentos necessários para fazer seu trabalho com eficiência 
  • Oferecer salários e benefícios que sejam atraentes e retenham profissionais qualificados 
  • Apoiar o crescimento e desenvolvimento da equipe 
  • Garantir a qualidade, eficácia e eficiência dos programas e serviços
  • Liderar pelo exemplo 


3- Exercer uma direção financeira responsável.


O Diretor Executivo é responsável pela
gestão financeira diária da organização dentro dos parâmetros estabelecidos pelo Conselho. Mesmo que a organização tenha um gestor financeiro e/ou contador, o Diretor Executivo deve poder explicar o orçamento da organização e interpretar suas demonstrações financeiras. Ele deve ainda entender as demonstrações financeiras da organização suficientemente bem para poder identificar inconsistências ou erros antes de serem apresentadas ao Conselho ou a outros de fora da organização. 


Os Diretores Executivos devem usar as informações financeiras da organização para a tomada de decisões, e precisam prestar particular atenção à
monitoria do fluxo de caixa da organização e à percepção das tendências de receitas e despesas ao longo do tempo. 


Os Diretores Executivos também necessitam se responsabilizar pela
gestão financeira dentro de uma visão de longo prazo. O desenvolvimento de reservas operacionais, a constituição de um fundo patrimonial (endowment, em inglês,) e a manutenção e operação de uma instalação são todas atividades que exigem um horizonte de planificação mais alongado. 


O Diretor Executivo
protege o património da organização contra fraudes ao monitorar o uso apropriado dos recursos e ao verificar a essencialidade das despesas. Ele deve também certificar-se de que a organização adota as políticas e procedimentos apropriados e que eles são seguidos. Ele também procura garantir que a organização tenha os controles financeiros internos, os seguros e as políticas de gestão de riscos que forem mais indicados, e que as recomendações feitas pelos auditores sejam implementadas.


4- Liderar e gerir o processo de captação de recursos


A diferença das responsabilidades de captação de recursos entre o Conselho e o Diretor Executivo varia de uma organização à outra. No entanto, uma coisa é certa: o Diretor Executivo deve se envolver profundamente nos esforços de captação de recursos. Ele é uma das pessoas mais importantes para
estabelecer e manter as relações com doadores individuais e empresas e para garantir um envolvimento efetivo do Conselho nas atividades de captação de recursos. 


O envolvimento substancial do Diretor Executivo com a captação de recursos tem a ver com o fato de que
os investidores institucionais tomam geralmente suas decisões de financiamento baseados em sua confiança na liderança do Diretor Executivo. Os financiadores também desejam ter contacto com a pessoa que tem o conhecimento mais amplo sobre a organização e querem ouvir do Diretor Executivo, em primeira mão, sobre os desafios e os novos programas da organização. 


5- Obedecer às mais elevadas normas éticas, garantir a responsabilização e prestação de contas financeira e programática (accountability) e cumprir a lei. 


O Diretor Executivo é responsável por
garantir que a organização cumpra com todos os requisitos reguladores e legais. Por exemplo, supervisionar a equipe (ou consultores) que prepara os documentos governamentais exigidos, implementa as políticas de recursos humanos, verifica se as contribuições sobre os salários foram pagas e retidas na fonte, segue os controles internos e prepara relatórios anuais, entre outras tarefas exigidas para uma organização bem administrada. 


Apesar de ser o Conselho o responsável por garantir a conduta ética e o cumprimento do dever da responsabilização e prestação de contas financeiras e programáticas (
accountability), é o Diretor Executivo que instrui o Conselho nessas áreas. 


O Conselho e o Diretor Executivo devem
elaborar políticas por escrito que esclareçam o que são comportamentos inaceitáveis e ofereçam ferramentas ou recursos a usar quando surgem os problemas, sendo ele, ainda, responsável por cumprir todas essas políticas. 


Os valores e o comportamento do Diretor Executivo dão o tom para toda a organização
. Como o Diretor Executivo funciona sem nenhum outro supervisor além do próprio Conselho e um reduzido sistema de pesos e contrapesos, o Conselho é responsável por garantir o comportamento ético e responsável do Diretor Executivo. 


6- Engajar o Conselho no planejamento e liderar a implementação. 


O
planejamento da ONG é uma das mais importantes responsabilidades de governança compartilhadas pelo Conselho e o Diretor Executivo. Isto envolve ocasionalmente reexaminar a visão e a missão da organização à luz das mudanças nos ambientes externo e interno, desenvolver estratégias para o futuro, garantir que os programas e atividades da organização estejam alinhados com a visão e, finalmente, entender as implicações financeiras do plano. 


O papel do Diretor Executivo no planejamento inclui: 



  • Reconhecer a necessidade do planejamento. 
  • Decidir de que forma o Conselho irá participar. 
  • Fazer do planejamento uma prioridade e distribuir os recursos adequadamente. 
  • Identificar as decisões que precisam de ser tomadas pelo Conselho. 
  • Implementar e monitorar os planos. 


7- Desenvolver a liderança futura. 


O Diretor Executivo é responsável por
desenvolver a liderança futura da organização. Para fazer isso, ele deve recrutar e contratar pessoas com o potencial para assumir posições de maior responsabilidade de gestão e liderança dentro da organização. Ele ou ela deve também se preocupar em oferecer salários competitivos de modo a atrair indivíduos de talento. Ele também necessita delegar responsabilidades para que os outros possam desenvolver suas habilidades de liderança e gestão. 


8- Expandir as relações externas e promover a organização e suas causas. 


O Diretor Executivo é o
principal porta-voz e representante da organização. Os líderes do Conselho e outros membros da equipe de nível sênior também representam a organização, mas é o Diretor Executivo quem tem mais visibilidade. Dado o papel do Diretor Executivo como o rosto público da organização, ele ou ela deve ter boas habilidades de comunicação e contacto social. 

9- Garantir a qualidade e eficácia dos programas. 


O monitoramento da qualidade e da eficácia da organização e de seus programas é quase totalmente a responsabilidade do Diretor Executivo, geralmente assistido por sua equipe e por consultores independentes. A maioria dos Conselhos não tem o conhecimento especializado para avaliar integralmente os resultados alcançados e o impacto dos programas ou das organizações e, por isso, necessitam do apoio do Diretor Executivo. 


10- Apoiar o Conselho de Administração. 


Os Conselhos são responsáveis pela sua própria organização. Mas o Conselho não pode fazer seu trabalho sem o apoio do Diretor Executivo. 


Para apoiar o Conselho, o Diretor Executivo deve: 


  • Executar as tarefas administrativas do Conselho 
  • Demonstrar consideração e respeito pelos membros do Conselho e facilitar a interação nas relações do Conselho. 
  • Fornecer informações úteis e relevantes ao Conselho. 


Próximos passos


Espero que tenha ajudado a esclarecer as responsabilidades do Diretor Executivo de uma ONG e as diferenças entre essas e as responsabilidades do Conselho de Administração. Então, quais os próximos passos?


  1. Se você é Diretor Executivo ou Presidente do Conselho de uma ONG: revise a descrição do trabalho do Diretor Executivo e certifique-se de que contemple as 10 responsabilidades. 
  2. Se você é Diretor Executivo ou Presidente do Conselho de uma ONG e não existe uma descrição do trabalho do Diretor Executivo: prepare a descrição de trabalho do Diretor Executivo com base nas 10 responsabilidades acima. 


Continue a me seguir aqui no Portal do Impacto e no
Instagram  e no LinkedIn para aprender mais sobre como fortalecer a governança da sua organização. 


Se quiser tirar uma dúvida, pode entrar em contato comigo por e-mail:
lassner.karen@gmail.com


Até o mês que vem!


Fonte: Moyers, Richard L.
The Nonprofit Executive Director´s Ten Basic Responsibilities. Washington, DC: BoardSource, 2006




Karen Lassner é mestre em saúde pública e estudos latinoamericanos pela Universidade da Califórnia, Los Angeles. Estadounidense, há mais de 35 anos dedica-se a fortalecer a governança e liderança de organizações dos setores público e sem fins lucrativos. É membro dos conselhos da BrazilFoundation, Abraço Campeão e MIUSA.

 

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O Movimento Bem Maior (MBM) acaba de disponibilizar o Case Institucional do Futuro Bem Maior, publicação que reúne dados, aprendizados e histórias de impacto das três primeiras edições do programa, realizado desde 2019 em parceria com o Instituto Phi e o Instituto Phomenta. Criado para fortalecer iniciativas sociais em territórios com alto índice de vulnerabilidade social, o Futuro Bem Maior já apoiou 166 organizações de 72 municípios com recursos flexíveis, capacitação e acompanhamento técnico. O case traz uma análise dos efeitos do programa em três níveis: nas organizações apoiadas, público atendido e comunidades. Entre os principais achados, destaca-se que 77% das organizações relataram fortalecimento da autoestima institucional; 73,8% aprimoraram suas capacidades técnicas; 76,1% melhoraram o atendimento ao público; 83,5% conseguiram dar continuidade aos projetos após o ciclo de apoio; 80% ganharam visibilidade em suas comunidades. “Confiar em quem vive os desafios de perto muda tudo. Nosso compromisso é impulsionar quem já transforma a realidade nas pontas. Este case mostra que a confiança, aliada a investimento estratégico, gera resultados reais e duradouros”, afirma Carola Matarazzo, diretora executiva do MBM. A publicação reforça a abordagem do MBM ao apostar em uma filantropia baseada em confiança, que descentraliza recursos e fortalece organizações sociais como motor de transformação social. O documento está disponível gratuitamente. Clique no botão abaixo para ter acesso! 
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E como saber depois se o que fizemos conseguiu, de fato, chegar AONDE queríamos, ou seja, AVALIAR se as iniciativas conduzidas foram válidas, eficazes e eficientes? Medição compartilhada: uma prática que deveria ganhar força no Brasil No Reino Unido e EUA desde 2003 – No Reino Unido vêm sendo envidados esforços por organizações think-tanks (como a New Philanthropy Capital – NPC , ou a Triangle /Outcomes Star ) e nos Estados Unidos ( FSG) para construírem sistemas de indicadores “de prateleira” (do inglês, off-the-shelf tools ) que possam ser compartilhados por organizações do terceiro setor ( charities or NGOs – Non-Governmaental Organisations ). No Reino Unido, organizações sociais trabalhando em uma mesma área-fim (por exemplo, educação de adolescentes em situação de vulnerabilidade) foram se unindo, capitaneadas por alguma organização think-tank como a NPC, para desenvolverem um sistema comum de avaliação de resultados. 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Uma boa gestão de conflitos transforma positivamente o ambiente organizacional ao aplicar princípios de comunicação eficaz. Neste artigo, abordaremos o livro “Conversas Difíceis: Como Discutir o Que Mais Importa”, resultado de 15 anos de pesquisa do Projeto de Negociação de Harvard, que oferece ferramentas para gerenciar relacionamentos e solucionar conflitos em diversas situações. Queremos te ajudar a organizar seus pensamentos antes de começar uma conversa difícil assim como o livro sugere. O primeiro passo é entender os três tipos de conversa. Ao final, sugerimos práticas a serem seguidas. Boa leitura! As Três Conversas Centrais e a Ação da Boa Gestão O livro revela que toda conversa difícil é composta por três "conversas" subjacentes: a Conversa "O que aconteceu?", a Conversa das Emoções e a Conversa da Identidade. A boa gestão age diretamente sobre cada uma delas para transformar desafios em oportunidades: Na conversa do tipo “O que aconteceu?”, os participantes focam em quem está certo ou errado, partindo de suposições que levam ao ciclo de acusações e impedem a solução. Conforme o autor: “quando algo desagradável acontece, o foco da conversa gira em torno de quem está certo, quem está errado, quem disse o quê, quem deve assumir a responsabilidade e assim por diante. Passamos a discutir quase todos os detalhes.”. Exemplo de conflito – Projeto atrasado e disputa de culpa: ao desenhar a festa junina da organização, ficou faltando definir quem compraria e arrecadaria as prendas das barracas, gerando muito estresse no dia da festa. Logo, membros começaram a atribuir culpa uns aos outros: “Foi o time das coordenadoras”; “Não, foram vocês que não passaram direitos”; “Não me envolvam, eu fiz minha parte”. 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Ao promover a compreensão mútua, o compartilhamento de responsabilidades e a resolução construtiva de conflitos, a gestão não apenas soluciona problemas de forma mais eficaz, mas também fortalece mais as equipes, aumenta a produtividade e cultiva uma cultura de confiança e resiliência. Dessa forma, as conversas difíceis se tornam oportunidades para aprendizado e crescimento, em vez de fontes de conflito e estagnação. Gostou do conteúdo? A Phomenta está realizando um mapeamento e quer saber como o terceiro setor está gerindo pessoas e conflitos em suas organizações. Compartilhe sua experiência e contribua com este estudo acessando: [link] Artigo realizado com apoio da ferramenta de IA Notebooklm e do livro Conversas difíceis - Douglas Stone, Bruce Patton e Sheila Heen 
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Guia prático que ensina como estruturar uma página de captação de doações para ONGs: mensagem clara, métricas de impacto, transparência financeira e CTA que converte. Saiba mais!
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Apoiar ONGs pequenas é uma escolha política e estratégica para ampliar o impacto social no Brasil. Entenda como essa decisão se conecta ao fortalecimento do terceiro setor, à transformação de territórios e à mudança de perspectiva no investimento social.
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Inicialmente, vamos entender melhor o que são métricas? Métricas são números e dados que as redes sociais fornecem para mostrar o desempenho das publicações feitas por você ou pela sua ONG. Quando você publica algo no Facebook ou Instagram, essas redes sociais mostram quantas pessoas visualizaram, curtiram, comentaram ou compartilharam seu conteúdo. Saber interpretar essas informações é muito importante porque ajuda a sua OSC a entender o que está dando certo e o que pode melhorar na comunicação com o público. Ao entender melhor essas informações, você pode criar conteúdos que alcançam mais pessoas e ajudam sua organização a ter um impacto maior. Quais são as métricas mais importantes? Entender as principais métricas pode parecer difícil no começo, mas conhecendo cada uma delas fica muito mais fácil saber se sua comunicação está indo bem. Cada uma dessas métricas traz informações cruciais que ajudam a entender o comportamento do seu público e como melhorar as publicações da sua organização. Desvendando as siglas e abreviações das métricas CTR (Click Through Rate): porcentagem de pessoas que clicaram em um link após visualizá-lo. CPM (Custo por Mil Impressões): quanto custa mostrar seu conteúdo para mil pessoas. CPC (Custo por Clique): quanto você paga por cada clique no seu conteúdo. CPA (Custo por Aquisição): custo médio para que uma pessoa realize uma ação específica, como fazer uma doação. ROI (Return on Investment): retorno financeiro obtido em relação ao dinheiro investido em publicidade ou campanhas. KPI (Indicador-Chave de Desempenho): métricas específicas escolhidas para medir o sucesso das suas ações. Alcance e Impressões O alcance é o número de pessoas diferentes que viram sua publicação pelo menos uma vez. Quanto maior o alcance, mais pessoas diferentes foram alcançadas pelo seu conteúdo. Já as impressões mostram quantas vezes sua publicação apareceu nas telas das pessoas, contando inclusive aquelas que viram mais de uma vez (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Engajamento Engajamento é uma das métricas mais importantes porque mostra como as pessoas estão interagindo com seu conteúdo. Essas interações incluem curtidas, comentários, compartilhamentos e salvamentos. Um alto engajamento significa que as pessoas realmente gostaram do seu conteúdo e tiveram vontade de interagir com ele. Quanto mais engajamento, melhor você está se comunicando com o seu público (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Cliques Cliques mostram quantas pessoas clicaram no seu conteúdo ou nos links que você compartilhou. Essa métrica é especialmente importante quando você quer direcionar as pessoas para seu site ou para alguma ação específica, como um evento ou uma campanha de doação (COSTA, 2020). Crescimento de seguidores Essa métrica mostra quantas pessoas novas começaram a seguir sua ONG depois de ver suas publicações. Um crescimento constante de seguidores significa que você está conseguindo chamar a atenção e conquistar novas pessoas para sua causa (COSTA, 2020). Mas afinal, como essas métricas se relacionam? É muito importante não olhar apenas para uma métrica isoladamente. Por exemplo, se muitas pessoas veem sua publicação (alto alcance), mas poucas interagem com ela (baixo engajamento), pode ser que o conteúdo não esteja interessante o suficiente. Para entender se sua estratégia está funcionando, você precisa analisar diferentes métricas juntas, como alcance, engajamento e cliques. Isso ajuda a ter uma visão mais completa do desempenho das publicações (GOMES, 2018). Tipos de análises que você pode fazer Para usar bem as métricas, você pode fazer vários tipos diferentes de análises. Cada tipo serve para algo específico e ajuda você a entender melhor o desempenho das suas redes sociais, mostrando caminhos para melhorar sua comunicação. Análise simples A análise simples é a mais básica e mostra diretamente quantas pessoas viram ou interagiram com seu conteúdo (RECUERO, 2014). Comparação A análise comparativa é quando você compara resultados de diferentes publicações ou períodos. Por exemplo, você pode comparar o desempenho das publicações deste mês com as do mês passado para entender o que funcionou melhor e planejar conteúdos futuros (RECUERO, 2014). Previsão A análise preditiva usa dados antigos para tentar prever resultados futuros (RECUERO, 2014). Um exemplo é que se sabemos que entre novembro e dezembro há um aumento nas curtidas em posts relacionados a doações, construir conteúdo que fale sobre isso antecipadamente é uma forma de “prever” a procura e antecipar-se ao aumento de demanda. Redes sociais Analisar as redes sociais significa entender como as pessoas interagem umas com as outras no seu perfil ou página. Você pode descobrir quem são os principais seguidores, quais conteúdos são mais compartilhados e como essas conexões ajudam a espalhar sua mensagem para mais pessoas (GOMES, 2018). O que ter cuidado ao analisar os números? Ao analisar as métricas, você precisa levar em conta fatores externos que podem influenciar os resultados. Datas especiais, feriados ou eventos importantes podem aumentar ou diminuir a interação com suas publicações (as chamadas datas sazonais). Por isso, sempre olhe com cuidado e verifique se os dados são realmente representativos do desempenho geral (KAHNEMAN, 2012), todo o contexto deve ser levado em conta. Cuidado com erros ao analisar Existem alguns erros comuns ao analisar as métricas. Um deles é o viés de confirmação, que acontece quando você só presta atenção nos números que reforçam o que você já acredita. Outro erro é o viés de recência, que acontece quando você só leva em conta os resultados mais recentes, esquecendo resultados passados (KAHNEMAN, 2012). Como já dito. Recomendações O conteúdo do artigo foi baseado no conhecimento da autora e com referências de base científica. Caso você deseje ampliar o conhecimento acerca da temática, recomenda-se a leitura das fontes a seguir: COSTA, Felipe. Aplicação estratégica de métricas digitais. Panorama, Goiânia, v. 9, n. 2, p. 45-60, 2020. FERREIRA, Mariana; OLIVEIRA, Ana. Produção textual e interações sociais em plataformas digitais. Revista Comunicando, Lisboa, v. 5, n. 1, p. 10-23, 2015. GOMES, André. Dinâmicas de interações nas redes sociais digitais. Salvador: UFBA, 2018. KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2014. 
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