Gestão financeira para OSCs durante a pandemia

19 de maio de 2020

Queremos apresentar para vocês algumas ideias para rever o orçamento, que está sofrendo muitos impactos por conta do novo coronavírus. Este artigo foi escrito com base no Webinar - Revisão de Orçamento, apresentado no dia 15 de Abril de 2020, por Marcus Moura, Diretor Financeiro e de Operações da Phomenta.

O que é um orçamento e como eu lido com essa situação na crise?

O objetivo é trazer algumas ideias, pois não conhecemos a realidade do financeiro e do caixa de cada instituição, por isso gostaríamos de indicar algumas ferramentas que podem ajudar a trabalhar nesse ponto tão crucial, como a saúde financeira da sua ONG, e um momento tão delicado como o atual. 
Em um momento como esse é comum se sentir paralisado: 

O que eu faço agora? 
Como eu lido com toda essa situação?

A ideia é sair da inércia e começar a agir, uma ação rápida é imprescindível para o sucesso financeiro da sua instituição agora, tentar juntar a equipe, diretoria, trazer ideias e aqui temos o passo a passo para que você comece a reagir.
“O orçamento é uma projeção”

Não faz muito tempo que fizemos um orçamento em 2019 para 2020. Temos algumas premissas, prevemos um cenário econômico, do governo, inflação, analisamos o histórico e desenvolvemos um orçamento para os próximos meses e para o próximo ano. 

As estimativas do futuro, como exemplo: ano passado conseguimos arrecadar X, gastamos Y, prevemos que ano que vem teremos mais atendimentos que este ano, por isso minha despesa deve aumentar. Olhamos como foi o ano, o quanto gastamos e estimamos o que vai acontecer no futuro, projetamos quais serão os gastos fixos, se minha equipe vai aumentar ou não, o que temos previsto para entrada e etc.

Começando essa projeção em janeiro, quando chegamos em março, o cenário mudou e bastante. As premissas mudaram, algumas foram e são: trabalhar em casa, suspender os atendimentos, mudar o foco para atender talvez a alimentação e higiene das pessoas. As estimativas de futuro estão incertas, imaginávamos algo mais estável, e isso não aconteceu.

Temos que rever o que já foi feito, mas o histórico não vai ajudar 100%, ao menos não neste momento, onde tantas coisas mudaram, até a forma de atendimento. Por isso, a importância de revisar o orçamento. 

O que aconteceu com as receitas?
As ONGs têm relatado que houve um decréscimo na maioria das doações concedidas para as organizações nesse momento. Se ainda não caiu, vai cair, pois o desemprego está subindo, jornadas de trabalho caindo pela metade e os salários também, o que impacta nas doações físicas. As empresas também estão diminuindo a parcela que contribuem. 

Em São Paulo, onde existe a nota fiscal paulista, em que se pode doar o crédito da Nota Fiscal para ONGs, se o consumo cai, isso gera um impacto importante. Além disso, alguns recursos de parcerias públicas podem ser afetados. Conversamos com algumas e felizmente nem todos os setores públicos estão interrompendo os repasses, mas alguns podem cancelar repasses, e isso também seria um grande impacto de renda.

Caso você tenha dúvidas sobre os Incentivos Fiscais, recomendamos a conversa que fizemos com o Thiago Alvim, da Nexo investimento Social. Você pode pode assistir este papo abaixo, ou pelo link: https://youtu.be/fWkitMXh3YM. 

As ONGs que geram receita por meio de vendas de produtos e serviços foram seriamente impactadas. Afinal, os eventos estão suspensos, os bazares fechados, não tem como fazer ações para aumentar a receita e nem captar alguns recursos. Aquelas instituições que geram renda com as locações de espaços para eventos de terceiros, auditório ou espaço para cursos também teve uma queda nessa demanda. Vimos uma previsão de que antes de Dezembro o mercado de eventos não terá retornado, e como ficará essa renda?

Para entender alguns aspectos legais que podem interferir na captação de recursos e de gestão de renda, recomendamos o Webinar com advogados, em questões jurídicas e contratuais, abaixo você pode ver na íntegra, ou acessar pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=sG5viorc-oU.

Os 3 maiores Impactos no orçamento - Receita, Caixa e Despesas.

Abaixo, temos uma análise de alguns cenários de impacto no orçamento durante a quarentena, feita com base e uma ONG fictícia, apenas para ilustrar algumas hipóteses.

O que acontece se eu demoro pra reagir com queda acentuada de receitas?

O cenário que analisamos hipoteticamente, em janeiro, tinha previsto e aí chegou o início da quarentena, as receitas caíram significamente, perdendo-se um terço da sua receita. 

Muitas receitas que estavam planejadas para o momento terão que ser repensadas e adaptadas. Temos que lembrar que a receita está fora da organização, é um elemento que como gestor podemos influenciar mas não temos controle, o doador pode parar de doar a qualquer momento, não é uma decisão nossa. Até o poder público pode ter algum problema e não conseguir cumprir com os prazos. Não é uma decisão do gestor, devemos sempre lembrar disso.

O que podemos controlar são as despesas, nesse caso hipotético, essa ONG tentou ao máximo não cortar nenhuma despesa, manter o mesmo padrão, e o que acontece nesse caso é que, em maio, o caixa cai drasticamente, e algumas despesas não tem como ser pagas, independentemente das receitas. Se precisar de empréstimo você acaba criando uma dívida importante.

E se eu reagir rápido, ainda que com um pouco de atraso?
Em um cenário que a receita cai rápido e, apesar de um atraso, a reação também é rápida, em julho já é possível equalizar. Mesmo a receita voltando para um patamar menor, eu já aprendi a viver com menos dinheiro. Por isso, a ideia aqui é mostrar o quão importante é reagir de forma rápida, para não deixar a receita cair cada vez mais. 
Em um cenário em que as receitas caem mais lentamente, pode ser prejudicial, já que pode gerar uma falsa sensação de alívio. Se mantiver as mesmas despesas, em maio, e não rever o seu orçamento, como mostra este outro cenário, em julho, o caixa pode cair abaixo de zero, pode significar não conseguir dar continuidade com o trabalho da sua ONG.

A intenção aqui não é criar pânico, e sim entender que é preciso reagir rápido, rever o orçamento e nos prepararmos para manter o caixa acima de 0, o maior período de tempo que conseguirmos. Ainda que no futuro exista um retorno à “normalidade”, recomendamos que não tenha uma previsão de que as receitas voltem ao mesmo patamar que era antes, por conta de tudo isso que conversamos até aqui.

 

Agora alguns pontos de atenção: 


As 03 possíveis fases que teremos nessa crise:



  1. Responder: No cenário de curto prazo, é importante focar em ações rápidas para responder à crise, pensando em como otimizar o caixa. Esse momento poderá ter diferentes durações dependendo da realidade de cada instituição.
  2. Recuperar: Após a resposta, será importante ser eficiente nas ações tomadas e ser o mais produtivo possível com os mesmos ou até menos recursos.
  3. Retomar e Sustentar: Por último, será importante ver como foi o movimento da sua organização e pensar em como inovar com o novo cenário da economia nacional e global.



03 atitudes necessárias para entender a vida financeira da sua ONG:



  1. Tempo de caixa: Importante fazer o cálculo do tempo de caixa, um cálculo simples para ver o pior cenário: se não entrar mais nenhum dinheiro, quantos meses a organização consegue se sustentar. Tempo de caixa = (caixa atual + recebíveis) / gastos por mês.
  2. Análise do número: Para diminuir os danos, será necessário aumentar o caixa atual ou cortar alguns gastos por mês.
  3. Cenários de caixa: Importante criar uma planilha com pelo menos 3 cenários - otimista, normal e pessimista - para analisar uma possível previsão do futuro da organização.



03 Prioridades:


  1. Priorização: Importante mapear as despesas da sua organização, colocar importâncias numéricas para decidir o que priorizar.
  2. Planilha de priorização: No webinar mostramos uma planilha que pode ser tomada como exemplo para o entendimento dessa priorização.
  3. Cuidados: Cuidado com os cortes que podem trazer impactos a curto prazo, por exemplo: demitir boa parte do time agora terá gastos trabalhistas? O que impactaria no caixa atual?



03 Ideias finais:



  1. Produtividade: Aumentar a produtividade com os recursos disponíveis. Será que não vale à pena 2 pessoas se esforçarem para fazerem o trabalho de 4 pessoas ao invés de cortá-las?
  2. Comitê de crise: Criação de um comitê de crise, com pessoas de diferentes áreas, para analisarem corriqueiramente os impactos da crise em tempo real.
  3. Revisão orçamentária:

Como o cenário é muito incerto, é importante criar a prática de revisar o orçamento da organização de 30 em 30 dias.




Além de todas as dicas, também disponibilizamos os materiais utilizados durante o webinar, clique nos botões abaixo:


Apresentação do Webinar Planilha de Revisão de Orçamento

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Últimas publicações

Por Movimento Bem Maior 29 de julho de 2025
O Movimento Bem Maior (MBM) acaba de disponibilizar o Case Institucional do Futuro Bem Maior, publicação que reúne dados, aprendizados e histórias de impacto das três primeiras edições do programa, realizado desde 2019 em parceria com o Instituto Phi e o Instituto Phomenta. Criado para fortalecer iniciativas sociais em territórios com alto índice de vulnerabilidade social, o Futuro Bem Maior já apoiou 166 organizações de 72 municípios com recursos flexíveis, capacitação e acompanhamento técnico. O case traz uma análise dos efeitos do programa em três níveis: nas organizações apoiadas, público atendido e comunidades. Entre os principais achados, destaca-se que 77% das organizações relataram fortalecimento da autoestima institucional; 73,8% aprimoraram suas capacidades técnicas; 76,1% melhoraram o atendimento ao público; 83,5% conseguiram dar continuidade aos projetos após o ciclo de apoio; 80% ganharam visibilidade em suas comunidades. “Confiar em quem vive os desafios de perto muda tudo. Nosso compromisso é impulsionar quem já transforma a realidade nas pontas. Este case mostra que a confiança, aliada a investimento estratégico, gera resultados reais e duradouros”, afirma Carola Matarazzo, diretora executiva do MBM. A publicação reforça a abordagem do MBM ao apostar em uma filantropia baseada em confiança, que descentraliza recursos e fortalece organizações sociais como motor de transformação social. O documento está disponível gratuitamente. Clique no botão abaixo para ter acesso! 
Por Maria Cecília Prates 14 de julho de 2025
Em projetos sociais os resultados estão quase sempre associados a resultados intangíveis, subjetivos e abstratos, como por exemplo: crianças saudáveis, adolescentes com autoconfiança, autoestima de idosos, jovens capacitados para o mercado de trabalho, comunidade engajada, famílias ajustadas, empreendedores bem-sucedidos, e por aí vai… Alcançar esses resultados intermediários são etapas necessárias e imprescindíveis que vão contribuir para o alcance do impacto final pretendido de transformação na vida das pessoas atendidas. O problema é que até hoje no Brasil ainda não se tem clareza metodológica sobre como medir esses conceitos tão amplamente adotados na área social, que seja confiável e capaz de captar (ser sensível a) os avanços conseguidos . Então, se não há essa clareza – e aqui me refiro sobretudo à grande maioria das organizações do terceiro setor – como conseguir PLANEJAR bem os projetos sociais? Ou seja, como explicitar O QUE queremos mudar? E como saber depois se o que fizemos conseguiu, de fato, chegar AONDE queríamos, ou seja, AVALIAR se as iniciativas conduzidas foram válidas, eficazes e eficientes? Medição compartilhada: uma prática que deveria ganhar força no Brasil No Reino Unido e EUA desde 2003 – No Reino Unido vêm sendo envidados esforços por organizações think-tanks (como a New Philanthropy Capital – NPC , ou a Triangle /Outcomes Star ) e nos Estados Unidos ( FSG) para construírem sistemas de indicadores “de prateleira” (do inglês, off-the-shelf tools ) que possam ser compartilhados por organizações do terceiro setor ( charities or NGOs – Non-Governmaental Organisations ). No Reino Unido, organizações sociais trabalhando em uma mesma área-fim (por exemplo, educação de adolescentes em situação de vulnerabilidade) foram se unindo, capitaneadas por alguma organização think-tank como a NPC, para desenvolverem um sistema comum de avaliação de resultados. Nesse sentido, os conceitos abstratos relacionados a objetivos de resultados (por exemplo: autoestima), adotados por organizações trabalhando com públicos semelhantes, foram sendo operacionalizados nos mesmos indicadores ou escalas. Feita a operacionalização dos conceitos, as demais ferramentas para medição também começaram a ser desenvolvidas em comum, através do apoio de uma equipe especializada, tais como a construção dos questionários, a estratégia para a sua aplicação, o sistema de base de dados (que pode ser online ) e o referencial para análise dos dados coletados. No Brasil, no período em que atuei (2011 – 2016) no Programa da POS (Parceria com Organizações Sociais) da Fundação Dom Cabral – FDC (hoje denominado Pilaris ), quis começar a difundir essa ideia das ferramentas de prateleira ( Avaliação de projetos sociais no terceiro setor: uma agenda em construção , seção IV), mas percebi que o terreno precisava antes ser melhor trabalhado. Por isso, no Manual que desenvolvi para apoiar o trabalho com as organizações participantes do Programa (Manual de Planejamento e Avaliação de Projetos Sociais para Organizações Sociais) , comecei a incluir alguns instrumentos que pudessem funcionar como “ferramentas de prateleira”. Esses instrumentos vinham de três fontes: conceitos abstratos que já tinham sido traduzidos para a prática e validados; experiências de monitoramento com algumas dessas organizações; ou ainda, foram criados durante as avaliações de projetos sociais que conduzi. Para ilustrar melhor a ideia, aqui estão alguns exemplos de instrumentos incluídos no Manual: Conceito: autoestima (escala de Rosenberg), pág. 40-42 do Manual Conceito: impulsividade de adolescentes (escala de Barrat), p.66 Conceito: ser cuidadoso com o meio-ambiente / Avaliação de projeto de apicultura (pág. 67-68) Conceito: bem-estar de crianças e adolescentes, entre 11-16 anos (NPC), Pág. 197-205 Marco lógico: projeto de qualificação digital, Instituto Ramacrisna (pág. 207-210) Questionário: Preparação de jovens (16-18 anos) para inserção no mercado de trabalho, Associação Projeto Providência (pág. 226 – 230) A intenção de compartilhar esses instrumentos no Manual foi oferecer inspiração e facilitar o trabalho de planejamento e avaliação em organizações que atuam com projetos sociais semelhantes, ajudando, assim, a “queimar etapas” e avançar com mais agilidade nesse processo. Medição compartilhada: o caso da ferramenta Outcomes Star Como surgiu? Outcomes Star (traduzido ao pé da letra: Estrela de Resultados) é uma ferramenta para medir e apoiar as mudanças / resultados, que foi criada e desenvolvida pela Triangle Consulting Social Enterprise do Reino Unido . A Triangle, fundada em 2003, se define como “ uma empresa inovadora, guiada por uma missão social que é a de apoiar os provedores de serviços sociais a transformarem vidas de pessoas vivendo em situação de vulnerabilidade social, traumas, deficiências ou doenças, por meio da criação e o uso correto de ferramentas que engajem e promovam abordagem facilitadoras ”. A primeira versão do Outcomes Star começou como uma demanda (em 2003) da St Mungo`s, uma organização social voltada para o atendimento de moradores de rua, que queria avaliar os resultados do seu trabalho. A ferramenta acabou ganhando tração a partir da constatação de sua aplicabilidade também junto a outras organizações do Reino Unido que atendiam moradores de rua. Foi quando a Triangle , então, avançou naquele protótipo inicial, por meio do desenvolvimento da chamada “jornada da mudança” (do inglês, the Journey of change ), das escalas de medição adequadas tanto para os usuários dos serviços (ou clientes) como para os provedores do serviço (ou colaboradores dessas organizações executoras), e do Guia com as orientações para a implementação do instrumento. Assim, em dezembro de 2016 surgia a primeira versão da Outcomes Star , com o foco em moradores de rua. O que é a ferramenta? Conforme explicado no site , cada versão da Outcomes Star compreende um conjunto de escalas apresentadas de modo amigável e acessível em formato de uma estrela (figura), em que cada escala (ou cada ponta da estrela) representa uma dimensão relevante do resultado pretendido. Cada escala é explicitada em estágios (que podem ser 5 ou 10), sendo cada estágio cuidadosamente definido, de modo a caracterizar cada uma das etapas necessárias para promover a mudança sustentável na vida das pessoas atendidas. A ideia é que a ferramenta seja aplicada pela equipe da organização com cada usuário do serviço, desse modo permitindo visualizar e analisar com clareza a “ jornada da mudança ”: onde se está no percurso, os resultados alcançados (e os não alcançados), e as evidências do que precisa ser trabalhado.
Por Mariana Mangieri e Beatriz Camelo 13 de junho de 2025
Uma boa gestão de conflitos transforma positivamente o ambiente organizacional ao aplicar princípios de comunicação eficaz. Neste artigo, abordaremos o livro “Conversas Difíceis: Como Discutir o Que Mais Importa”, resultado de 15 anos de pesquisa do Projeto de Negociação de Harvard, que oferece ferramentas para gerenciar relacionamentos e solucionar conflitos em diversas situações. Queremos te ajudar a organizar seus pensamentos antes de começar uma conversa difícil assim como o livro sugere. O primeiro passo é entender os três tipos de conversa. Ao final, sugerimos práticas a serem seguidas. Boa leitura! As Três Conversas Centrais e a Ação da Boa Gestão O livro revela que toda conversa difícil é composta por três "conversas" subjacentes: a Conversa "O que aconteceu?", a Conversa das Emoções e a Conversa da Identidade. A boa gestão age diretamente sobre cada uma delas para transformar desafios em oportunidades: Na conversa do tipo “O que aconteceu?”, os participantes focam em quem está certo ou errado, partindo de suposições que levam ao ciclo de acusações e impedem a solução. Conforme o autor: “quando algo desagradável acontece, o foco da conversa gira em torno de quem está certo, quem está errado, quem disse o quê, quem deve assumir a responsabilidade e assim por diante. Passamos a discutir quase todos os detalhes.”. Exemplo de conflito – Projeto atrasado e disputa de culpa: ao desenhar a festa junina da organização, ficou faltando definir quem compraria e arrecadaria as prendas das barracas, gerando muito estresse no dia da festa. Logo, membros começaram a atribuir culpa uns aos outros: “Foi o time das coordenadoras”; “Não, foram vocês que não passaram direitos”; “Não me envolvam, eu fiz minha parte”. Esse cenário ilustra como a suposição de que “a culpa é sempre do outro” gera impasse, pois cada parte adota a mentalidade “eu estou certo, você está errado”. Já quando falamos no tipo das Conversa das Emoções : as emoções negativas, se não forem gerenciadas, podem transformar uma conversa em confronto, pois a adrenalina liberada pode "deixar o cérebro em branco". Uma boa gestão ajuda a conhecer e expressar sentimentos adequadamente, e a mudar a percepção para alterar a maneira como os sentimentos são experimentados. Isso alivia a ansiedade e permite foco na resolução do problema. Exemplo de conflito – Projeto atrasado e disputa de culpa: imagine que um gestor solicite a um colaborador que faça ajustes em um relatório até o final do dia. O funcionário pode entender esse pedido como “falta de confiança na minha competência” e reagir com irritação ou resistência, mesmo que a intenção do gestor não seja punir, mas sim assegurar a qualidade. 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Ouvir com atenção e expressar pensamentos claramente: estabelecer uma comunicação de mão dupla, onde o gestor pratica a escuta ativa para entender a perspectiva do outro e expressa suas próprias ideias de forma concisa e compreensível. Reformular a conversa quando ela chega a um impasse: ter a habilidade de trazer a discussão de volta ao foco quando ela se desvia ou estagna, garantindo que o problema seja resolvido. Isso exige a capacidade de "romper padrões de pensamento enraizados", ou seja, conseguir mediar e interferir nas falas para voltar ao objetivo inicial da conversa O Impacto Positivo Geral da Boa Gestão Ao aplicar esses princípios, uma boa gestão de conflitos transforma o ambiente organizacional. A capacidade de gerenciar bem os relacionamentos em diferentes situações, seja pessoal, profissional ou em negociações, é ampliada. Ao promover a compreensão mútua, o compartilhamento de responsabilidades e a resolução construtiva de conflitos, a gestão não apenas soluciona problemas de forma mais eficaz, mas também fortalece mais as equipes, aumenta a produtividade e cultiva uma cultura de confiança e resiliência. Dessa forma, as conversas difíceis se tornam oportunidades para aprendizado e crescimento, em vez de fontes de conflito e estagnação. Gostou do conteúdo? A Phomenta está realizando um mapeamento e quer saber como o terceiro setor está gerindo pessoas e conflitos em suas organizações. Compartilhe sua experiência e contribua com este estudo acessando: [link] Artigo realizado com apoio da ferramenta de IA Notebooklm e do livro Conversas difíceis - Douglas Stone, Bruce Patton e Sheila Heen 
Por Pâmela Lima 2 de junho de 2025
Guia prático que ensina como estruturar uma página de captação de doações para ONGs: mensagem clara, métricas de impacto, transparência financeira e CTA que converte. Saiba mais!
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Apoiar ONGs pequenas é uma escolha política e estratégica para ampliar o impacto social no Brasil. Entenda como essa decisão se conecta ao fortalecimento do terceiro setor, à transformação de territórios e à mudança de perspectiva no investimento social.
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Inicialmente, vamos entender melhor o que são métricas? Métricas são números e dados que as redes sociais fornecem para mostrar o desempenho das publicações feitas por você ou pela sua ONG. Quando você publica algo no Facebook ou Instagram, essas redes sociais mostram quantas pessoas visualizaram, curtiram, comentaram ou compartilharam seu conteúdo. Saber interpretar essas informações é muito importante porque ajuda a sua OSC a entender o que está dando certo e o que pode melhorar na comunicação com o público. Ao entender melhor essas informações, você pode criar conteúdos que alcançam mais pessoas e ajudam sua organização a ter um impacto maior. Quais são as métricas mais importantes? Entender as principais métricas pode parecer difícil no começo, mas conhecendo cada uma delas fica muito mais fácil saber se sua comunicação está indo bem. Cada uma dessas métricas traz informações cruciais que ajudam a entender o comportamento do seu público e como melhorar as publicações da sua organização. Desvendando as siglas e abreviações das métricas CTR (Click Through Rate): porcentagem de pessoas que clicaram em um link após visualizá-lo. CPM (Custo por Mil Impressões): quanto custa mostrar seu conteúdo para mil pessoas. CPC (Custo por Clique): quanto você paga por cada clique no seu conteúdo. CPA (Custo por Aquisição): custo médio para que uma pessoa realize uma ação específica, como fazer uma doação. ROI (Return on Investment): retorno financeiro obtido em relação ao dinheiro investido em publicidade ou campanhas. KPI (Indicador-Chave de Desempenho): métricas específicas escolhidas para medir o sucesso das suas ações. Alcance e Impressões O alcance é o número de pessoas diferentes que viram sua publicação pelo menos uma vez. Quanto maior o alcance, mais pessoas diferentes foram alcançadas pelo seu conteúdo. Já as impressões mostram quantas vezes sua publicação apareceu nas telas das pessoas, contando inclusive aquelas que viram mais de uma vez (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Engajamento Engajamento é uma das métricas mais importantes porque mostra como as pessoas estão interagindo com seu conteúdo. Essas interações incluem curtidas, comentários, compartilhamentos e salvamentos. Um alto engajamento significa que as pessoas realmente gostaram do seu conteúdo e tiveram vontade de interagir com ele. Quanto mais engajamento, melhor você está se comunicando com o seu público (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Cliques Cliques mostram quantas pessoas clicaram no seu conteúdo ou nos links que você compartilhou. Essa métrica é especialmente importante quando você quer direcionar as pessoas para seu site ou para alguma ação específica, como um evento ou uma campanha de doação (COSTA, 2020). Crescimento de seguidores Essa métrica mostra quantas pessoas novas começaram a seguir sua ONG depois de ver suas publicações. Um crescimento constante de seguidores significa que você está conseguindo chamar a atenção e conquistar novas pessoas para sua causa (COSTA, 2020). Mas afinal, como essas métricas se relacionam? É muito importante não olhar apenas para uma métrica isoladamente. Por exemplo, se muitas pessoas veem sua publicação (alto alcance), mas poucas interagem com ela (baixo engajamento), pode ser que o conteúdo não esteja interessante o suficiente. Para entender se sua estratégia está funcionando, você precisa analisar diferentes métricas juntas, como alcance, engajamento e cliques. Isso ajuda a ter uma visão mais completa do desempenho das publicações (GOMES, 2018). Tipos de análises que você pode fazer Para usar bem as métricas, você pode fazer vários tipos diferentes de análises. Cada tipo serve para algo específico e ajuda você a entender melhor o desempenho das suas redes sociais, mostrando caminhos para melhorar sua comunicação. Análise simples A análise simples é a mais básica e mostra diretamente quantas pessoas viram ou interagiram com seu conteúdo (RECUERO, 2014). Comparação A análise comparativa é quando você compara resultados de diferentes publicações ou períodos. Por exemplo, você pode comparar o desempenho das publicações deste mês com as do mês passado para entender o que funcionou melhor e planejar conteúdos futuros (RECUERO, 2014). Previsão A análise preditiva usa dados antigos para tentar prever resultados futuros (RECUERO, 2014). Um exemplo é que se sabemos que entre novembro e dezembro há um aumento nas curtidas em posts relacionados a doações, construir conteúdo que fale sobre isso antecipadamente é uma forma de “prever” a procura e antecipar-se ao aumento de demanda. Redes sociais Analisar as redes sociais significa entender como as pessoas interagem umas com as outras no seu perfil ou página. Você pode descobrir quem são os principais seguidores, quais conteúdos são mais compartilhados e como essas conexões ajudam a espalhar sua mensagem para mais pessoas (GOMES, 2018). O que ter cuidado ao analisar os números? Ao analisar as métricas, você precisa levar em conta fatores externos que podem influenciar os resultados. Datas especiais, feriados ou eventos importantes podem aumentar ou diminuir a interação com suas publicações (as chamadas datas sazonais). Por isso, sempre olhe com cuidado e verifique se os dados são realmente representativos do desempenho geral (KAHNEMAN, 2012), todo o contexto deve ser levado em conta. Cuidado com erros ao analisar Existem alguns erros comuns ao analisar as métricas. Um deles é o viés de confirmação, que acontece quando você só presta atenção nos números que reforçam o que você já acredita. Outro erro é o viés de recência, que acontece quando você só leva em conta os resultados mais recentes, esquecendo resultados passados (KAHNEMAN, 2012). Como já dito. Recomendações O conteúdo do artigo foi baseado no conhecimento da autora e com referências de base científica. Caso você deseje ampliar o conhecimento acerca da temática, recomenda-se a leitura das fontes a seguir: COSTA, Felipe. Aplicação estratégica de métricas digitais. Panorama, Goiânia, v. 9, n. 2, p. 45-60, 2020. FERREIRA, Mariana; OLIVEIRA, Ana. Produção textual e interações sociais em plataformas digitais. Revista Comunicando, Lisboa, v. 5, n. 1, p. 10-23, 2015. GOMES, André. Dinâmicas de interações nas redes sociais digitais. Salvador: UFBA, 2018. KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2014. 
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