Fazer o bem, porém SEMPRE olhar a quem!

14 de abril de 2022

Este conteúdo foi produzido por Maria Cecília Prates Rodrigues

A Igreja nos ensina que devemos fazer o bem SEM olhar a quem. Porém, quando se trata de um projeto social ou mesmo de uma iniciativa de filantropia, devemos fazer o bem MAS SEMPRE olhar a quem estamos procurando atender. Quem é o nosso público-alvo? Quais são as suas reais necessidades? E qual a melhor maneira que temos para poder contribuir? Só assim conseguiremos, de fato, ser efetivos. 


Em junho do ano passado, saiu uma matéria no Financial Times que me chamou bastante a atenção, pois ilustra o que pode dar errado quando essas necessidades do público-alvo não são conhecidas  (Forbes, 16.06.2016). No caso em questão, houve um mal-entendido entre o doador, Bill Gates – fundador da Microsoft – e o governo do presidente Evo Morales, da Bolivia. 


De modo a contribuir para o combate à fome, Bill Gates e a organização beneficente Heifer International decidiram doar 100 mil galinhas para os países pobres da África Subsaariana e incluíram também a Bolívia, um dos mais pobres países da América Latina. O governo da Bolívia rejeitou peremptoriamente a doação, que considerou uma grande “ofensa” a seu país, pois mostrava claramente que “Gates não  sabe nada da nossa realidade e pensa que ainda estamos vivendo 500 anos atrás, no meio da selva sem saber como produzir ..... Nós, bolivianos, temos dignidade, sabemos produzir e não precisamos da doação dessas galinhas”.


A resposta de Bill Gates veio imediata: “Para mim parece muito óbvio que, para alguém que esteja vivendo em situação de pobreza extrema, será muito bom se puder ter algumas galinhas. Na verdade, se eu estivesse no lugar dessas pessoas, isso seria o que eu faria: criar galinhas”


CONCLUINDO: Bill Gates propôs um investimento social que, a seu ver, poderia ter um efeito social positivo importante para a população pobre da Bolívia. O governo boliviano se sentiu ofendido com essa proposta.  No entanto, a comunidade pobre da Bolívia não foi sequer ouvida. O que será que eles teriam achado da ideia?


Reflexão – Boas intenções e um projeto social bem estruturado, seja por uma Organização da Sociedade Civil (OSC) ou por uma EMPRESA, não são suficientes para planejar uma iniciativa social que seja efetiva.  É fundamental olhar, ouvir e entender as necessidades sociais da comunidade que a sua organização quer atender. Será que a sua organização está fazendo isso da forma adequada?


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Envie um e-mail para: mceciliaprates@uol.com.br



Maria Cecilia Prates

Maria Cecília Prates  é economista e mestre em economia pela UFMG, e doutora em administração pela FGV /Ebape. Pesquisadora na FGV / IBRE na área social por muitos anos, e depois tem feito monitorias, consultorias, pesquisas em avaliação de projetos sociais e RSC. Site: www.estrategiasocial.com.br (Linkedin). 


Revisão: Flávia D'Angelo (Phomenta)


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