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Elaboração de Projetos - Identificação de necessidades

set. 21, 2023

Este conteúdo foi produzido por Catherine Jimenez

Após desenvolver o texto “Elaboração de Projetos para Captação de Recursos”, decidimos que seria importante a apresentação de uma série com explicações ainda mais profundas sobre o processo de desenho de projetos. 


Os textos serão divididos em passos para uma elaboração de projetos de qualidade e iniciaremos falando um pouco do mapeamento de necessidades dos beneficiários, que surge como um pilar essencial para a eficácia dos projetos desenvolvidos. 


Como destacado por diversos profissionais da área, a compreensão aprofundada das reais demandas e aspirações da comunidade-alvo é o alicerce sobre o qual projetos transformadores são construídos. Métodos de coleta de dados, tais como entrevistas, grupos focais e pesquisas, permitem a captação direta das vozes e percepções dos membros da comunidade, possibilitando uma abordagem mais holística e adaptada à realidade local. Além disso, a integração das perspectivas culturais, sociais e econômicas da comunidade no mapeamento de necessidades enriquece a análise, permitindo uma compreensão mais profunda das prioridades locais.


Abaixo irei apresentar 05 passos que poderão nortear o seu mapeamento de necessidades. Lembre-se que não é uma regra, você poderá adaptar este processo de acordo com os seus recursos humanos e financeiros!

Passo 1: Preparação e Planejamento Inicial


Antes de iniciar o processo de mapeamento de necessidades, é importante definir os objetivos, escopo e abordagem do processo. Isso envolve identificar os grupos-alvo, estabelecer os métodos de coleta de dados apropriados (entrevistas, grupos focais, questionários etc.) e montar uma equipe responsável pelo mapeamento. Lembre-se que será nesta etapa que você poderá nortear a pesquisa conforme o seu orçamento.


Tópicos que precisam ser levados em consideração:

  • Definição da região de estudo
  • Definição da comunidade dentro desta região de estudo
  • Definição do público que será abordado
  • Tipo de abordagem que será utilizada: Entrevistas, Grupo Focal, Questionários, Observações etc. 
  • Norteamento da abordagem por meio da Taxonomia de Bradshaw: Escolha pelo menos 3 das necessidades para garantir que terá assertividade. 
  • Definição de cronograma 
  • Contratação de equipe
  • Considerar que após a coleta será necessária a análise dos dados


Passo 2: Coleta de Dados Primários e Comparação com dados secundários


Este passo envolve colocar em prática o seu planejamento de pesquisa, ou seja, a coleta direta de informações e dados dos e com os membros da comunidade a partir da estruturação anteriormente estabelecida. Lembre-se que o objetivo é coletar dados sobre as necessidades percebidas, desafios, aspirações e prioridades dos beneficiários. 


É importante criar um ambiente aberto e inclusivo para garantir que todos possam expressar suas opiniões.


Para maior aprofundamento, também sugiro que realize uma análise comparativa com dados secundários, ou seja, com pesquisas que já foram realizadas no local e com este público. Será uma forma muito interessante para que consiga garantir assertividade na sua pesquisa. 


Passo 3: Analise e Identifique de Padrões


Após a coleta de dados, analise as informações detalhadas e identifique padrões, tendências e necessidades recorrentes. Isso ajuda a priorizar as questões mais urgentes e relevantes para a comunidade. Procure compreender as causas subjacentes dos problemas e como eles se interconectam.


Este é o momento que poderá construir gráficos, realizar análises estatísticas etc. É importante que você conte com alguém especializado em análise de dados neste momento!


Passo 4: Validação com a Comunidade


Com os resultados preliminares em mãos, retorne à comunidade para validar e contextualizar as informações coletadas. Realize reuniões ou sessões de feedback onde os beneficiários possam revisar e corrigir as informações, garantindo que suas vozes sejam ouvidas e que a análise seja precisa.


Passo 5: Definição de Prioridades e Plano de Ação


Com a validação das necessidades, é hora de definir as prioridades e estabelecer um plano de ação. Isso envolve identificar as principais áreas de intervenção, definir objetivos específicos, listar atividades concretas e determinar os recursos necessários para cada etapa.


Se você chegou até aqui, muito provavelmente, terá insumos suficientes ou razoáveis para desenhar um projeto que de fato contribua com o local de implementação. Ou seja, chegou a hora de criar e desenvolver um projeto que seja interessante e revolucionário. E abordaremos este processo com mais detalhe no próximo artigo, ok?


Porém, antes de encerrarmos, gostaria de trazer para vocês dois erros muito comuns depois que realizamos este tipo estudo:


  1. Não realizar um monitoramento e avaliação do local de implementação e esquecer que as necessidades podem mudar com o tempo.

    Existem organizações que pesquisam sobre a região agora em 2023 e só irão aplicar o projeto em 2030. Até lá, muita coisa pode mudar! Cuidado!

  2. Não fazer novos contatos, aproximações, interações com a comunidade, o que pode afetar o nível de confiança das pessoas ali presentes com a equipe do projeto.


O contato com os beneficiários deve ser contínuo! O projeto é para eles, para uma transformação local! Ou seja, esteja presente!

Desta forma, incluo abaixo o passo 6 e 7 que devem ser respeitados e realizados durante a implantação do projeto para garantir que a intervenção continuará sendo assertiva.


Passo 6: Monitoramento e Avaliação Contínuos


À medida que o projeto avança, é importante manter um processo de monitoramento e avaliação contínuo. Isso ajuda a garantir que as necessidades da comunidade ainda estejam sendo atendidas e que o projeto esteja alcançando os resultados esperados. Faça ajustes conforme necessário com base no feedback e nos indicadores de desempenho.


Passo 7: Engajamento Contínuo da Comunidade


Atenção! Lembre-se! O engajamento da comunidade não deve ser um processo pontual. Mantenha um diálogo contínuo com os beneficiários ao longo do projeto, adaptando-se a novas necessidades e desafios que possam surgir. Isso fortalece a confiança e garante a relevância contínua das atividades.


Perceba que estes dois passos reforçam que as metodologias atuais enfatizam a importância de projetos que evoluem junto com a comunidade, respondendo a desafios emergentes e evitando soluções estáticas. Em consonância com as práticas de ponta, o mapeamento de necessidades dos beneficiários não é apenas um passo inicial, mas um processo contínuo que assegura que os projetos permaneçam conectados com a dinâmica mutável da sociedade que buscam impactar.




Coordenadora de Projetos Sociais, formada em Gestão Ambiental pela USP, MBA em Comunicação e Marketing pela USP, Especialização em Gestão de Projetos pela DNC, Certificada em Project Dpro e Fundadora e Gestora de Projetos na GPS Social. Contato: catherinejimenez.jz@gmail.com


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De acordo com o pesquisador brasileiro Ewerton Naves Dias, Ph.D em Psicologia pela Universidade do Porto, no Coping , consideramos o estresse como algo contextual, “o que significa que se trata de um processo de relação entre a pessoa e o ambiente e que se transforma ao longo do tempo. Desse modo, ele é definido como uma situação avaliada pelo indivíduo como significativa e com demandas que excedem seus recursos para lidar com o respectivo evento”. Diferente dos mecanismos de defesa, que acontecem de forma inconsciente, as estratégias de enfrentamento utilizam-se da percepção da pessoa frente ao evento estressor, desencadeando pensamentos avaliativos sobre suas ferramentas internas e externas e o controle ou não da situação, a fim de escolher sua forma de lidar com a situação. Categorias ou possibilidades de enfrentamento Apesar de Lazarus e Folkman definirem as duas principais categorias de enfrentamento, podemos encontrar na literatura algumas variações dessas estratégias, sendo as mais comuns: 1) Enfrentamento com foco no problema: Quando acredita-se que é possível alterar aspectos do ambiente, diminuindo ou eliminando os fatores de estresse e atuando de forma ativa. Alguns exemplos de ações, baseadas no contexto organizacional do Terceiro Setor, são: Análise crítica e detalhada do problema gerador de estresse Conversas individuais com pessoas que estão diretamente envolvidas na situação Conversas em grupo ou equipe, caso seja uma questão que influencie o bem-estar de várias pessoas Planejamento e criação de resoluções coletivas de enfrentamento ao problema Busca de apoio externo de especialistas 2) Enfrentamento com foco na emoção: Baseado na crença de que o ambiente é pouco alterável ou imutável, o indivíduo busca recursos para lidar com os sentimentos derivados do estresse, de forma a prolongar sua permanência na situação até que as circunstâncias mudem. Este é um tipo de enfrentamento moderado e pode ser realizado com: Fortalecimento de técnicas de autocontrole emocional Busca de apoio social (inclusive de colegas de equipe) ou psicológico para a descoberta de novas possibilidades de enfrentamento Investimento em hobbies ou atividades de lazer que minimizem os sentimentos negativos e promovam distração Desenvolvimento de práticas espirituais ou religiosas 3) Enfrentamento evitativo: Esta estratégia considerada passiva, também fundamentada na crença de que não há controle sobre as circunstâncias, engloba o afastamento, fuga, esquiva ou desligamento mental do problema. Aqui a pessoa escolhe evitar o conflito, lidar com os sintomas do estresse e economizar energia emocional. Qual estratégia usar? Os estudos que avaliam a predominância e a eficácia da utilização de cada tipo de coping divergem de acordo com o público pesquisado, considerando, no entanto, a variabilidade dos diferentes tipos de personalidade. Por exemplo: Uma análise feita com trabalhadores de CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) em Campinas (ZANATTA, 2019), verificou que a estratégia mais utilizada pelos profissionais destes espaços foi a de resolução de problemas, onde há a elaboração de planos de ação e alternativas com o objetivo de resolução da situação. Pesquisas realizadas com profissionais da saúde que trabalham em hospitais e analisadas pela Profª Drª Liliana Antoniolli (2022), afirmam que o coping mais utilizado pelas entrevistadas eram os baseados no enfrentamento com foco na emoção, onde empregavam um esforço cognitivo para ressignificar as experiências laborais “controlando emoções, como tristeza, medo e estresse, que emergem devido a situação conflitante”. Observa-se que a tendência de utilização de cada estratégia está positivamente ligada à experiência e idade dos profissionais, sendo que, quanto maiores mais o profissional tenderia a utilizar o enfrentamento com o foco no problema, enquanto os mais jovens tendem a escolher com mais frequência o afastamento (ou evitação) do estressor, por meio de um isolamento autoimposto. Outra proposta de estratégias de coping defendida pelo pesquisador Caryl Rubust (1988), da Vrije Universiteit em Amsterdã , Holanda , destacou outras quatro alternativas de enfrentamento, relacionadas ao ambiente de trabalho, que ele chamou de EVLN (Exit/Voice/Loyalty/Neglect), traduzido para o português como: saída, voz, lealdade e negligência. Nelas, o indivíduo escolheria: Saída: Sair do trabalho e encontrar um emprego melhor Voz: Tentar melhorar a situação conflitante com a sua voz Lealdade: Ser motivadas a apoiar ativamente a organização, ignorando seus incômodos Negligência: Concentrar-se em seus interesses não relacionados ao trabalho e "negligenciar" sua situação de trabalho insatisfatória De acordo com Lazarus e Folkman, as Estratégias de Enfrentamento ainda podem ser Adaptativas ou Desadaptativas, ou seja, quando as estratégias utilizadas são saudáveis e conseguem minimizar os sentimentos desagradáveis e desmotivadores são consideradas positivas/adaptativas. Em contraponto, quando não são saudáveis (recorrer a um vício como o cigarro, drogas ou bebidas alcoólicas, por exemplo) a estratégia é considerada negativa/desadaptativa. Como o Terceiro Setor tem lidado com os sintomas de estresse? Na “Pesquisa - A Saúde Mental e o Bem-Estar dos profissionais do Terceiro Setor ”, publicada pela Phomenta, em 2023, foram utilizados alguns questionamentos quanto às estratégias que as pessoas entrevistadas usavam para lidar com os sintomas de estresse oriundos do trabalho nas organizações sociais brasileiras, e encontramos nos resultados que: 69% relataram realizar atividades físicas 66% procuraram ajuda profissional de psicólogos, psiquiatras ou outros tipos de terapias alternativas 20% fazem uso regular de medicamentos calmantes e/ou ansiolíticos Percebemos com esses dados, que a maior parte das estratégias utilizadas pelos respondentes da pesquisa são do enfrentamento com foco na emoção, o que pode amenizar temporariamente a angústia e a desmotivação de quem passa por estresse de forma recorrente, mas que a médio prazo acaba gerando a saída deste colaborador, o que podemos observar nas altas taxas de rotatividade do setor. As Profª Drª Mary Sandra Carlotto e Sheila Gonçalves Câmara da Universidade Luterana do Brasil - ULBRA/Canoas, em suas pesquisas na área da educação, concordam com a constatação de que as estratégias de coping focadas no problema são estratégias adaptativas (positivas) que auxiliam os profissionais a enfrentar os problemas que surgem em seu ambiente organizacional. Elas também acrescentam que esse estilo de enfrentamento pode levar a um aumento dos níveis de realização profissional. Apesar de várias organizações sociais no Brasil relatarem, na Pesquisa da Phomenta (2023), que já estão implementando ações para amenizar os sintomas de estresse de seus colaboradores, como apoio psicológico, momentos de confraternização e lazer, formações e palestras, dentre outras, e estarem discutindo temáticas relacionadas à saúde mental e ao bem-estar, as mesmas ações precisam de coerência prática para realmente efetivar uma melhora da saúde coletiva. A publicação ressalta: “[...] é crucial que a organização não apenas introduza tais medidas, mas também promova mudanças que abordem os causadores de estresse, como o excesso de demanda e prazos apertados. A saúde mental não é apenas sobre discutir ou promover a conscientização, é também sobre criar um ambiente de trabalho sustentável onde os trabalhadores se sintam apoiados em suas rotinas diárias. Quando a liderança trabalha horas excessivas e perpetua um senso de urgência, por exemplo, isso pode enviar uma mensagem contraditória à equipe, sugerindo que, apesar das iniciativas de bem-estar, a cultura de trabalho exaustivo ainda prevalece”. Autoavaliação Como enfatizado no início do texto, o coping tem como característica principal a escolha consciente de sua reação frente ao estresse, o que nos leva a crer que para ser feita da forma mais eficaz, deve ser percebida, avaliada e monitorada com o passar do tempo. Dessa forma, faça agora uma autoavaliação de quais têm sido suas escolhas frente aos desafios do dia-a-dia, principalmente relacionados ao trabalho no Terceiro Setor. Avalie também quais têm sido as formas de enfrentamento utilizadas pelas pessoas em sua equipe ou em sua organização, para que se certifiquem de que por meio do apoio mútuo possam criar formas de lidar com o estresse enfrentando o problema. Referências Antoniolli, Liliana; Vega, Edwing Alberto Urrea Vega; Haack, Pâmela; Duarte, Andrey Godoy; Macedo, Andréia Barcellos Teixeira; Souza, Sônia Beatriz Cócaro de; Coping dos profissionais da enfermagem: revisão integrativa de literatura. Open Science Research - ISBN 978-65-5360-055-3 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org - Vol. 1 - Ano 2022 CARLOTTO, Mary Sandra; CÂMARA, Sheila Gonçalves. Síndrome de Burnout e estratégias de enfrentamento em professores de escolas públicas e privadas. Psicologia da Educação, vol. 26, n. 1, p. 29-46, 2008. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-69752008000100003 . Acesso em: 08 mar. 2023. DIAS, Ewerton Naves; PAIS-RIBEIRO, José Luís. O modelo de coping de Folkman e Lazarus: aspectos históricos e conceituais. Rev. Psicol. Saúde, Campo Grande , v. 11, n. 2, p. 55-66, ago. 2019 . Disponível em < http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2177-093X2019000200005&lng=pt&nrm=iso >. acessos em 10 mar. 2024. http://dx.doi.org/10.20435/pssa.v11i2.642. Lazarus, R., & Folkman, S. (1984). Stress appraisal and coping. New York: Springer. PHOMENTA. Pesquisa: A saúde mental e o bem-estar dos trabalhadores do terceiro setor. Campinas: SP. 2023. Disponível em: https://www.phomenta.com.br/pesquisa-saude-mental-e-bem-estar RUSBULT, C. E.; FARREL, D.; ROGERS, G. e MAINOUS III, A. G. (1988), «Impact of exchange variables on exit, voice, loyalty and neglect: an integrative model of responses to declining satisfaction». Academy of Management Journal, vol. 31(3), pp. 599-627. Zanatta AB, Lucca SR, Sobral RC, Stephan C, Bandini M. Estresse e coping entre trabalhadores de centros de atenção psicossocial do interior do estado de São Paulo. Rev Bras Med Trab.2019;17(1) DOI:10.5327/Z1679443520190300:83-89 Coping: estratégias para enfrentar períodos estressantes ou Coping: mais saúde mental em períodos estressantes ou Coping, estratégias de saúde mental em períodos estressantes
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