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Boletos não são cringe, mas o Pix veio para facilitar as doações: dois casos para você se inspirar

jul. 15, 2021

Este conteúdo foi produzido por Nathalia Gonçalves



No final de Novembro de 2020, o Brasil teve um grande avanço na área de transações bancárias. O Banco Central lançou o Pix, um sistema de pagamento instantâneo  alternativo às outras formas vigentes, como o DOC, TEC e o boleto.


Outros países já adotavam sistemas de pagamentos instantâneos há muitos anos, então estava mais do que na hora de termos um sistema para chamar de nosso!




Com o Pix, o pagamento pode ser feito de segunda a segunda, em qualquer horário, e o recurso financeiro cai na conta em poucos segundos.


O distanciamento social acelerou a adesão das pessoas aos serviços bancários. Segundo os dados da pesquisa
Aceleração da inclusão financeira durante a pandemia da covid-19, em três meses os números de transações online dispararam, enquanto os de saques despencaram:


Em maio de 2020, menos de 5% das transações eram realizadas de forma digital, e cerca de 35% das transações eram feitas por saque. Já em agosto do mesmo ano, as transações digitais atingiram a marca de 63%, e os saques caíram para 15%.


Ou seja, cada vez menos estamos utilizando dinheiro vivo. Em maio de 2021, já somos
93,6 milhões de usuários do Pix, com crescimento médio de 18% ao mês desde o seu lançamento.


E isso, claro, também tem um grande impacto sobre as doações no país. O Pix veio somar às estratégias de captação de recursos das organizações da sociedade civil.


Para exemplificar melhor, escolhi dois casos bem sucedidos de doações via Pix.



Quantas pessoas doaram 1 real?


Diante do aumento da insegurança alimentar no Brasil, por conta da pandemia, a CUFA, o Gerando Falcões e a Frente Nacional Anti Racista lançaram a campanha #panelacheiasalva, com o objetivo de arrecadar recursos para a compra de cestas básicas.


A campanha chegou até o pessoal do
Cubo, um hub que incentiva o desenvolvimento de startups por meio de conexões voltadas à geração de negócios e conteúdos curados. 


De forma voluntária, diferentes times se uniram para dar vida a um site de doações via Pix. Além de aliar o novo sistema de pagamento, eles criaram uma solução tecnológica, com apoio de uma das startups da rede, a fintech
Spin Pay.


A Spin Pay não é uma empresa de soluções de doação, mas de pagamentos, principalmente para e-commerce. Mesmo assim, topou o desafio de projetar um site convidativo para doações. 


"O processo começou como algo informal, primeiro uma ideia mais ampla sobre o nome, então evoluiu para um logo e identidade visual criados por uma pessoa do grupo, depois outra fez o código do site, e assim por diante", disse Pedro Luiz Rego, responsável pelo relacionamento com startups no Cubo.


O conceito do site é criativo: "você doa 1 real para saber quantas pessoas doaram 1 real!". 


Com a facilidade da transação – e sem valor mínimo –, as pessoas podem fazer doações menores, e as campanhas podem ganhar um maior volume de doadores.


Após realizar a doação, o doador vê a tela do site atualizar automaticamente:


O foco de todas as campanhas para causas sociais, claro, deve ser o destino e importância das doações. O site sinaliza para onde as doações serão destinadas, e há uma FAQ com dúvidas que as pessoas possam ter sobre a doação via Pix.

 

Acredito que as plataformas de doações possam se inspirar nesse exemplo para entregar novas experiências de doação, agora por meio do pagamento instantâneo.

 

Ipatinga inovando no telemarketing


Conversei com Danilo Jungers, consultor de captação de recursos que atua com organizações da sociedade civil de todo o Brasil – como a Associação do Cuidado Humano, localizada em Ipatinga, interior de Minas Gerais.

 

A Associação, que já trabalhava com mobilização de recursos via telemarketing, viu o Pix como uma forma de oferecer mais um meio de doação para as pessoas, ainda mais durante a pandemia.

 

As pessoas contactadas recebem a chave Pix pelo celular, via Whatsapp, e podem enviar o comprovante de doação no mesmo momento, assim como a organização pode fazer o envio do recibo.

 

A ONG consegue, então, gerar um relacionamento mais próximo com os doadores e facilita o caminho para as doações, que não precisam mais de boletos (que, ultimamente, foram chamados de “cringe”).

 

Mas nem tudo são flores. O Danilo ressalta que o Pix ainda não possui a modalidade recorrente. Ou seja, um doador não pode agendar uma doação mensal via Pix como faria com um cartão de crédito ou débito automático, por exemplo.

 

A modalidade "Pix Garantido" está prevista para ser lançada no ano que vem: servirá ao mercado com pagamentos parcelados e às organizações sociais, com doações do tipo recorrentes (ou seja, aquela em que o doador escolhe doar mensalmente).

 

Danilo também lembra que é muito importante que a organização social tenha um bom CRM para conseguir gerenciar o relacionamento com os doadores. Afinal, o trabalho está longe de se encerrar quando a doação cai na conta. Na verdade, ele está só começando!

 

O que vem por aí

 

O Pix veio para facilitar os pagamentos e doações, mas vale lembrar que a doação não é qualquer transação bancária. Ela tem um propósito social e não deveria sofrer taxações como uma movimentação bancária comum. 

 

Por isso, a Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR) sugeriu a criação de um projeto de lei  com o objetivo de vedar a cobrança de tarifas para o envio e recebimento de doações de pessoas físicas e jurídicas às organizações da sociedade civil.

 

Eles também estão lançando uma pesquisa para entender o cenário do Pix no Terceiro Setor, e a sua organização pode responder mesmo que ainda não tenha aderido a essa forma de doação. Para responder a pesquisa, clique aqui.

 

Sua organização já usa Pix?

 

Este conteúdo foi produzido por Nathalia Gonçalves.


Elisa Pires - Escola Unganda

Nathalia Gonçalves é mestre em Ciência Política, trabalha na área de impacto social desde 2014, desenvolvendo trabalhos na área de parcerias, comunicação e captação de recursos em OSCs como Pró-Saber SP e Instituto Tellus. Atualmente tem se aprofundado em temas relacionados ao uso da tecnologia no setor de impacto. É apaixonada por escrever, compartilhar conhecimento e de um bom café. Caso tenha interesse em conversar sobre algum artigo, ideia ou aleatoriedades, envie um email: nathaliacpol@gmail.com



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De acordo com o pesquisador brasileiro Ewerton Naves Dias, Ph.D em Psicologia pela Universidade do Porto, no Coping , consideramos o estresse como algo contextual, “o que significa que se trata de um processo de relação entre a pessoa e o ambiente e que se transforma ao longo do tempo. Desse modo, ele é definido como uma situação avaliada pelo indivíduo como significativa e com demandas que excedem seus recursos para lidar com o respectivo evento”. Diferente dos mecanismos de defesa, que acontecem de forma inconsciente, as estratégias de enfrentamento utilizam-se da percepção da pessoa frente ao evento estressor, desencadeando pensamentos avaliativos sobre suas ferramentas internas e externas e o controle ou não da situação, a fim de escolher sua forma de lidar com a situação. Categorias ou possibilidades de enfrentamento Apesar de Lazarus e Folkman definirem as duas principais categorias de enfrentamento, podemos encontrar na literatura algumas variações dessas estratégias, sendo as mais comuns: 1) Enfrentamento com foco no problema: Quando acredita-se que é possível alterar aspectos do ambiente, diminuindo ou eliminando os fatores de estresse e atuando de forma ativa. Alguns exemplos de ações, baseadas no contexto organizacional do Terceiro Setor, são: Análise crítica e detalhada do problema gerador de estresse Conversas individuais com pessoas que estão diretamente envolvidas na situação Conversas em grupo ou equipe, caso seja uma questão que influencie o bem-estar de várias pessoas Planejamento e criação de resoluções coletivas de enfrentamento ao problema Busca de apoio externo de especialistas 2) Enfrentamento com foco na emoção: Baseado na crença de que o ambiente é pouco alterável ou imutável, o indivíduo busca recursos para lidar com os sentimentos derivados do estresse, de forma a prolongar sua permanência na situação até que as circunstâncias mudem. Este é um tipo de enfrentamento moderado e pode ser realizado com: Fortalecimento de técnicas de autocontrole emocional Busca de apoio social (inclusive de colegas de equipe) ou psicológico para a descoberta de novas possibilidades de enfrentamento Investimento em hobbies ou atividades de lazer que minimizem os sentimentos negativos e promovam distração Desenvolvimento de práticas espirituais ou religiosas 3) Enfrentamento evitativo: Esta estratégia considerada passiva, também fundamentada na crença de que não há controle sobre as circunstâncias, engloba o afastamento, fuga, esquiva ou desligamento mental do problema. Aqui a pessoa escolhe evitar o conflito, lidar com os sintomas do estresse e economizar energia emocional. Qual estratégia usar? Os estudos que avaliam a predominância e a eficácia da utilização de cada tipo de coping divergem de acordo com o público pesquisado, considerando, no entanto, a variabilidade dos diferentes tipos de personalidade. Por exemplo: Uma análise feita com trabalhadores de CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) em Campinas (ZANATTA, 2019), verificou que a estratégia mais utilizada pelos profissionais destes espaços foi a de resolução de problemas, onde há a elaboração de planos de ação e alternativas com o objetivo de resolução da situação. Pesquisas realizadas com profissionais da saúde que trabalham em hospitais e analisadas pela Profª Drª Liliana Antoniolli (2022), afirmam que o coping mais utilizado pelas entrevistadas eram os baseados no enfrentamento com foco na emoção, onde empregavam um esforço cognitivo para ressignificar as experiências laborais “controlando emoções, como tristeza, medo e estresse, que emergem devido a situação conflitante”. Observa-se que a tendência de utilização de cada estratégia está positivamente ligada à experiência e idade dos profissionais, sendo que, quanto maiores mais o profissional tenderia a utilizar o enfrentamento com o foco no problema, enquanto os mais jovens tendem a escolher com mais frequência o afastamento (ou evitação) do estressor, por meio de um isolamento autoimposto. Outra proposta de estratégias de coping defendida pelo pesquisador Caryl Rubust (1988), da Vrije Universiteit em Amsterdã , Holanda , destacou outras quatro alternativas de enfrentamento, relacionadas ao ambiente de trabalho, que ele chamou de EVLN (Exit/Voice/Loyalty/Neglect), traduzido para o português como: saída, voz, lealdade e negligência. Nelas, o indivíduo escolheria: Saída: Sair do trabalho e encontrar um emprego melhor Voz: Tentar melhorar a situação conflitante com a sua voz Lealdade: Ser motivadas a apoiar ativamente a organização, ignorando seus incômodos Negligência: Concentrar-se em seus interesses não relacionados ao trabalho e "negligenciar" sua situação de trabalho insatisfatória De acordo com Lazarus e Folkman, as Estratégias de Enfrentamento ainda podem ser Adaptativas ou Desadaptativas, ou seja, quando as estratégias utilizadas são saudáveis e conseguem minimizar os sentimentos desagradáveis e desmotivadores são consideradas positivas/adaptativas. Em contraponto, quando não são saudáveis (recorrer a um vício como o cigarro, drogas ou bebidas alcoólicas, por exemplo) a estratégia é considerada negativa/desadaptativa. Como o Terceiro Setor tem lidado com os sintomas de estresse? Na “Pesquisa - A Saúde Mental e o Bem-Estar dos profissionais do Terceiro Setor ”, publicada pela Phomenta, em 2023, foram utilizados alguns questionamentos quanto às estratégias que as pessoas entrevistadas usavam para lidar com os sintomas de estresse oriundos do trabalho nas organizações sociais brasileiras, e encontramos nos resultados que: 69% relataram realizar atividades físicas 66% procuraram ajuda profissional de psicólogos, psiquiatras ou outros tipos de terapias alternativas 20% fazem uso regular de medicamentos calmantes e/ou ansiolíticos Percebemos com esses dados, que a maior parte das estratégias utilizadas pelos respondentes da pesquisa são do enfrentamento com foco na emoção, o que pode amenizar temporariamente a angústia e a desmotivação de quem passa por estresse de forma recorrente, mas que a médio prazo acaba gerando a saída deste colaborador, o que podemos observar nas altas taxas de rotatividade do setor. As Profª Drª Mary Sandra Carlotto e Sheila Gonçalves Câmara da Universidade Luterana do Brasil - ULBRA/Canoas, em suas pesquisas na área da educação, concordam com a constatação de que as estratégias de coping focadas no problema são estratégias adaptativas (positivas) que auxiliam os profissionais a enfrentar os problemas que surgem em seu ambiente organizacional. Elas também acrescentam que esse estilo de enfrentamento pode levar a um aumento dos níveis de realização profissional. Apesar de várias organizações sociais no Brasil relatarem, na Pesquisa da Phomenta (2023), que já estão implementando ações para amenizar os sintomas de estresse de seus colaboradores, como apoio psicológico, momentos de confraternização e lazer, formações e palestras, dentre outras, e estarem discutindo temáticas relacionadas à saúde mental e ao bem-estar, as mesmas ações precisam de coerência prática para realmente efetivar uma melhora da saúde coletiva. A publicação ressalta: “[...] é crucial que a organização não apenas introduza tais medidas, mas também promova mudanças que abordem os causadores de estresse, como o excesso de demanda e prazos apertados. A saúde mental não é apenas sobre discutir ou promover a conscientização, é também sobre criar um ambiente de trabalho sustentável onde os trabalhadores se sintam apoiados em suas rotinas diárias. Quando a liderança trabalha horas excessivas e perpetua um senso de urgência, por exemplo, isso pode enviar uma mensagem contraditória à equipe, sugerindo que, apesar das iniciativas de bem-estar, a cultura de trabalho exaustivo ainda prevalece”. Autoavaliação Como enfatizado no início do texto, o coping tem como característica principal a escolha consciente de sua reação frente ao estresse, o que nos leva a crer que para ser feita da forma mais eficaz, deve ser percebida, avaliada e monitorada com o passar do tempo. Dessa forma, faça agora uma autoavaliação de quais têm sido suas escolhas frente aos desafios do dia-a-dia, principalmente relacionados ao trabalho no Terceiro Setor. Avalie também quais têm sido as formas de enfrentamento utilizadas pelas pessoas em sua equipe ou em sua organização, para que se certifiquem de que por meio do apoio mútuo possam criar formas de lidar com o estresse enfrentando o problema. Referências Antoniolli, Liliana; Vega, Edwing Alberto Urrea Vega; Haack, Pâmela; Duarte, Andrey Godoy; Macedo, Andréia Barcellos Teixeira; Souza, Sônia Beatriz Cócaro de; Coping dos profissionais da enfermagem: revisão integrativa de literatura. Open Science Research - ISBN 978-65-5360-055-3 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org - Vol. 1 - Ano 2022 CARLOTTO, Mary Sandra; CÂMARA, Sheila Gonçalves. Síndrome de Burnout e estratégias de enfrentamento em professores de escolas públicas e privadas. Psicologia da Educação, vol. 26, n. 1, p. 29-46, 2008. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-69752008000100003 . Acesso em: 08 mar. 2023. DIAS, Ewerton Naves; PAIS-RIBEIRO, José Luís. O modelo de coping de Folkman e Lazarus: aspectos históricos e conceituais. Rev. Psicol. Saúde, Campo Grande , v. 11, n. 2, p. 55-66, ago. 2019 . Disponível em < http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2177-093X2019000200005&lng=pt&nrm=iso >. acessos em 10 mar. 2024. http://dx.doi.org/10.20435/pssa.v11i2.642. Lazarus, R., & Folkman, S. (1984). Stress appraisal and coping. New York: Springer. PHOMENTA. Pesquisa: A saúde mental e o bem-estar dos trabalhadores do terceiro setor. Campinas: SP. 2023. Disponível em: https://www.phomenta.com.br/pesquisa-saude-mental-e-bem-estar RUSBULT, C. E.; FARREL, D.; ROGERS, G. e MAINOUS III, A. G. (1988), «Impact of exchange variables on exit, voice, loyalty and neglect: an integrative model of responses to declining satisfaction». Academy of Management Journal, vol. 31(3), pp. 599-627. Zanatta AB, Lucca SR, Sobral RC, Stephan C, Bandini M. Estresse e coping entre trabalhadores de centros de atenção psicossocial do interior do estado de São Paulo. Rev Bras Med Trab.2019;17(1) DOI:10.5327/Z1679443520190300:83-89 Coping: estratégias para enfrentar períodos estressantes ou Coping: mais saúde mental em períodos estressantes ou Coping, estratégias de saúde mental em períodos estressantes
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