Boas práticas para engajamento e gestão da equipe à distância

16 de fevereiro de 2021

Por Patrícia Fernandes e Sarah Sampaio

Segundo o estudo “Impacto da Covid-19 nas OSCs Brasileiras”, 73% das organizações  relataram que foram impactadas pela crise ocasionada pela pandemia.

Um dos grandes desafios enfrentados foi a rápida necessidade de mudança para a forma de trabalho remota e digital, impulsionada pelo distanciamento social. O obstáculo foi especialmente maior para aqueles que não possuíam familiaridade com ferramentas digitais ou um bom acesso à internet. Contudo, tal desafio apenas  evidenciou e elevou a escala de processos que já vinham ocorrendo na sociedade, como a digitalização das organizações  e a adesão ao trabalho remoto. 

Um dos grandes desafios enfrentados foi a rápida necessidade de mudança para a forma de trabalho remota e digital, impulsionada pelo distanciamento social. O obstáculo foi especialmente maior para aqueles que não possuíam familiaridade com ferramentas digitais ou um bom acesso à internet. Contudo, tal desafio apenas  evidenciou e elevou a escala de processos que já vinham ocorrendo na sociedade, como a digitalização das organizações  e a adesão ao trabalho remoto. 


A mudança para o digital estabelece-se como uma tendência, podendo ser vista como uma mudança permanente nas rotinas de trabalho. Dessa forma,  há um dilema que persiste e se torna cada dia mais atual:
como tornar mais eficiente a gestão à distância e manter o engajamento da sua equipe ? Pensando neste desafio, preparamos este artigo com os principais problemas que as OSCs  enfrentaram desde o início da crise em relação à gestão da equipe e trouxemos algumas dicas e aprendizados para os empreendedores do terceiro setor. 


Quais foram os principais desafios enfrentados? 

A escassez de recursos pode limitar o acesso a computadores ou notebooks para a equipe, muitas organizações ainda trabalham com as documentações e arquivos dos atendidos em papel, guardados em gavetas. 


A comunicação que costumava ser feita pessoalmente, nos corredores, ou mesmo em momentos de pausa para um cafezinho, precisou de uma nova formalização no meio digital, muitas vezes trazendo um excesso de reuniões ou o oposto, a falta de alinhamento e direcionamentos.


A própria atuação de muitas organizações se transformou e passou a ter muitas vezes até 100% de suas atividades voltadas à atividades assistenciais, gerando certa angústia na equipe e no voluntariado por não estar conseguindo desempenhar as funções para as quais se inscreveu ao começar seu trabalho na OSC. 


Para aqueles que puderam trabalhar de casa, o equilíbrio entre trabalho e família, especialmente para quem cuida da casa e dos filhos, se tornou uma linha mais tênue do que já era antes da crise. Em geral, sendo as mulheres as principais afetadas por esta dupla carga de trabalho. 


E isso tudo, sem falar nos casos de depressão e ansiedade, consideradas os males do século mundialmente, os quais aumentaram e foram agravados pela crise. Os efeitos desse cenário podem trazer impactos significativos tanto para vida pessoal quanto profissional de sua equipe. 


Com tudo isso, quais são os aprendizados para gestão da equipe em trabalho remoto? 


Cada vez mais precisamos nos preparar para a mudança, o mundo está cada vez mais volátil. Trabalhar com foco na pessoa, seja ela o atendido, funcionário, voluntário ou parceiro, tem sido um dos caminhos mais apontados para acompanhar as transformações. 


Liderança humanizada

Um dos pontos que a autora Brené Brown mais traz para nossa atenção neste mundo volátil parece algo simples, porém muitas vezes esquecido: somos todos humanos. O líder não é um super-herói (apesar de muitas vezes agir como um, especialmente no 3º setor), ninguém consegue estar 100% bem o tempo todo, isso é uma ilusão. Mostrar seus erros, sua vulnerabilidade, abre espaço para uma cultura mais transparente e aberta a novas oportunidades e riscos. Se as pessoas podem errar, e isso é visto como um aprendizado, elas buscarão novas melhorias para a organização, com menos medo de serem repreendidas se errarem, já que o erro passa a ser visto como algo construtivo.


A escuta ativa e a preocupação holística com seus funcionários é essencial. Mais do que nunca, o pessoal e o profissional estão juntos, entender como seu funcionário ou voluntário está o fará se sentir cuidado e parte da família que é sua Organização. As pessoas estão com medo, a mudança gera ansiedade e é preciso levar em conta como cada um está antes de tomar seu próximo passo ou exigir demais de sua equipe. 


Comunicação e transparência

A comunicação no meio digital, por meio de texto, pode ser um grande aliado e também um inimigo! Você nunca sabe em que tom de voz a pessoa do outro lado irá ler sua mensagem, por isso, o cuidado deve ser redobrado. Releia sempre suas comunicações de texto, especialmente se você não estiver em um bom momento, você não está ao lado da outra pessoa para se explicar caso ela entenda errado. 


Cuidado também com a falta de comunicação, reuniões constantes de alinhamento entre a equipe ajudam a substituir aquela conversa no corredor ou aquele pedido de ajuda que acontecia espontaneamente. Alinhamentos ajudam a ser mais transparente, e os feedbacks são seus grandes aliados. Não deixe as coisas irem se acumulando, marque conversas individuais, peça feedbacks e mostre-se aberto para ouvi-los.


Para ajudar na transparência vocês podem utilizar ferramentas como o Google Agenda (ou outras similares), em que cada um pode ver no que o outro está trabalhando e se programar para não pedir demais para quem já está sobrecarregado. Como gestor, você tem uma visualização geral das atividades da equipe e pode também disponibilizar horários em sua agenda para tirar dúvidas e conversar com quem precisa.

Confiança e Compromisso

Confie na sua equipe! Você não precisa controlar cada passo de cada liderado seu, designe tarefas de forma clara, pergunte se a outra pessoa entendeu, mostre o que você espera que seja o resultado e confie que ela fará o trabalho. 


A falta de confiança com quem está trabalhando fora de casa só gera estresse e ansiedade para os dois lados. Se você é funcionário ou voluntário, fique atento a seus compromissos, aproveite da sua autonomia para organizar seu tempo de acordo com suas responsabilidades e priorize as atividades de acordo com urgência e impacto.


E lembre-se: se não estiver dando conta, seja transparente, converse com seu time e peça apoio. 


Reconhecimento

Reconhecimento é um grande potencializador da motivação e engajamento de sua equipe! Ele pode vir em forma de pequenas comemorações em relação ao trabalho do grupo ou alguma atitude assertiva, isso encoraja mais condutas positivas, mantendo a cultura organizacional viva. 


Você pode também aproveitar os momentos de reuniões para que os membros da equipe apresentem o que fizeram nos últimos 15 dias, gerando um compromisso com o grupo. O importante é não deixar os bons resultados e bons momentos passarem! 


Aliado ao reconhecimento estão os impactos e resultados de sua organização. Mostre como as ações realizadas naquela semana ou dia impactaram a vida das pessoas e da OSC. Não hesite em mostrar os resultados do mês e pensar junto com a equipe quais as próximas estratégias e metas do time. Toda atividade de cada pessoa da organização  precisa fazer sentido para o todo e estar contribuindo para os resultados, mostre isso para as pessoas, elas precisam saber que seu trabalho importa. 


Ambiente de trabalho

Será que seu voluntário não está participando muito pois não tem acesso à internet? Você já parou para perguntar se seu funcionário tem as ferramentas que possibilitam a ele realizar um trabalho adequado? Ele está confortável com o trabalho digital? Pergunte às pessoas o que elas precisam, qual a realidade de cada uma e veja como pode ajudar. 


Momentos de descontração

Aclamados por todos, os momentos de descontração precisam continuar no modelo online, especialmente se você está trabalhando com jovens, o sentimento de grupo precisa ser revivido de vez em quando. A conexão entre pessoas é o elo mais forte a ser construído e é seu grande aliado na motivação da equipe em épocas difíceis. Com laços fortalecidos, cada um entende melhor a realidade do outro, aumenta a empatia entre o time e previne possíveis nichos criados entre diferentes grupos. 


Descubra as potencialidades 

Busque com seus voluntários e funcionários entender quais são os pontos fortes e fracos de cada um, descubra o potencial que você tem em sua organização  e não deixe de utilizá-lo! Alguém que está fazendo um trabalho muito aquém de suas capacidades poderá facilmente se desengajar e deixar a organização. Mostre desafios para a equipe e deixe-os escolher em quais gostariam de se envolver. 


Saúde Mental

Mais do que nunca, a saúde mental deve estar sempre na mente das pessoas. Entenda seus limites, estabeleça momentos para si mesmo de descanso, e fale quando precisar de ajuda, isso incentivará sua equipe a fazer o mesmo! Se tiver recursos, busque oferecer ações para saúde mental de sua equipe na Organização. Não se esqueça, uma conversa franca e acolhedora pode mudar o dia de uma pessoa. 


Qual é a síntese de tudo isso ?

Se você leu até aqui deve ter percebido o tema central presente em toda dica: o foco na pessoa. Como sempre falamos na Phomenta, é essencial o foco no usuário; estar próximo do atendido, funcionário, parceiro ou voluntário, te auxilia a enxergar as novas tendências de forma rápida. 


Nossa sociedade está mudando cada vez mais rápido e a inovação passa a ser item necessário para sobreviver e crescer neste mundo, por isso, esteja sempre aberto a ouvir sua equipe e a promover uma cultura aberta aos erros. Os resultados irão te surpreender.



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Uma boa gestão de conflitos transforma positivamente o ambiente organizacional ao aplicar princípios de comunicação eficaz. Neste artigo, abordaremos o livro “Conversas Difíceis: Como Discutir o Que Mais Importa”, resultado de 15 anos de pesquisa do Projeto de Negociação de Harvard, que oferece ferramentas para gerenciar relacionamentos e solucionar conflitos em diversas situações. Queremos te ajudar a organizar seus pensamentos antes de começar uma conversa difícil assim como o livro sugere. O primeiro passo é entender os três tipos de conversa. Ao final, sugerimos práticas a serem seguidas. Boa leitura! As Três Conversas Centrais e a Ação da Boa Gestão O livro revela que toda conversa difícil é composta por três "conversas" subjacentes: a Conversa "O que aconteceu?", a Conversa das Emoções e a Conversa da Identidade. A boa gestão age diretamente sobre cada uma delas para transformar desafios em oportunidades: Na conversa do tipo “O que aconteceu?”, os participantes focam em quem está certo ou errado, partindo de suposições que levam ao ciclo de acusações e impedem a solução. Conforme o autor: “quando algo desagradável acontece, o foco da conversa gira em torno de quem está certo, quem está errado, quem disse o quê, quem deve assumir a responsabilidade e assim por diante. Passamos a discutir quase todos os detalhes.”. Exemplo de conflito – Projeto atrasado e disputa de culpa: ao desenhar a festa junina da organização, ficou faltando definir quem compraria e arrecadaria as prendas das barracas, gerando muito estresse no dia da festa. Logo, membros começaram a atribuir culpa uns aos outros: “Foi o time das coordenadoras”; “Não, foram vocês que não passaram direitos”; “Não me envolvam, eu fiz minha parte”. Esse cenário ilustra como a suposição de que “a culpa é sempre do outro” gera impasse, pois cada parte adota a mentalidade “eu estou certo, você está errado”. Já quando falamos no tipo das Conversa das Emoções : as emoções negativas, se não forem gerenciadas, podem transformar uma conversa em confronto, pois a adrenalina liberada pode "deixar o cérebro em branco". Uma boa gestão ajuda a conhecer e expressar sentimentos adequadamente, e a mudar a percepção para alterar a maneira como os sentimentos são experimentados. Isso alivia a ansiedade e permite foco na resolução do problema. Exemplo de conflito – Projeto atrasado e disputa de culpa: imagine que um gestor solicite a um colaborador que faça ajustes em um relatório até o final do dia. O funcionário pode entender esse pedido como “falta de confiança na minha competência” e reagir com irritação ou resistência, mesmo que a intenção do gestor não seja punir, mas sim assegurar a qualidade. Essa interpretação precipitada de “más intenções” gera tensão e impede que ambos discutam a real necessidade de melhoria de conteúdo. Por fim, quando falamos da Conversa da Identidade: é quando uma conversa difícil ameaça a auto-identidade de alguém (questões como "sou competente?", "sou uma boa pessoa?"), e as pessoas podem reagir defensivamente. A boa gestão auxilia a fundamentar a identidade dos colaboradores, focando no valor próprio e na capacidade de examinar-se objetivamente e admitir falhas sem medo. Além disso, a gestão eficaz desiste de tentar controlar as reações dos outros, focando em influenciar e adaptar a própria autopercepção. Exemplo de conflito – Avaliação de desempenho e abalo de autoestima: durante uma avaliação de desempenho, é comum um superior dizer: “seu desempenho no trabalho é tão ruim; você acha que pode competir pela promoção?”. Ao ouvir isso, o colaborador sente sua autoestima ameaçada e parte para uma reação defensiva (“Vou provar que sou competente”), gerando um impasse. Ao invés de entrar nesse ciclo, o texto sugere que o profissional reflita sobre a crítica, aceite falhas e mantenha a “identidade fundamentada” para permitir um diálogo construtivo. Passos Práticos para uma Gestão de Conversas Eficaz Além de abordar as três conversas, o livro oferece passos práticos que uma boa gestão pode seguir para lidar com conversas difíceis de forma mais eficaz: Esclarecer o propósito da conversa: antes de iniciar, o gestor deve ter clareza sobre o objetivo. Para isso, pergunte-se "o que eu preciso?" e "qual é meu objetivo?", assim é mais fácil manter a conversa no rumo certo e evitar desvios. Começar com uma abertura neutra: abordar a questão imparcialmente, como um observador ajuda a reduzir a defensividade e abrir caminho para um diálogo mais construtivo. Ouvir com atenção e expressar pensamentos claramente: estabelecer uma comunicação de mão dupla, onde o gestor pratica a escuta ativa para entender a perspectiva do outro e expressa suas próprias ideias de forma concisa e compreensível. Reformular a conversa quando ela chega a um impasse: ter a habilidade de trazer a discussão de volta ao foco quando ela se desvia ou estagna, garantindo que o problema seja resolvido. Isso exige a capacidade de "romper padrões de pensamento enraizados", ou seja, conseguir mediar e interferir nas falas para voltar ao objetivo inicial da conversa O Impacto Positivo Geral da Boa Gestão Ao aplicar esses princípios, uma boa gestão de conflitos transforma o ambiente organizacional. A capacidade de gerenciar bem os relacionamentos em diferentes situações, seja pessoal, profissional ou em negociações, é ampliada. 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Inicialmente, vamos entender melhor o que são métricas? Métricas são números e dados que as redes sociais fornecem para mostrar o desempenho das publicações feitas por você ou pela sua ONG. Quando você publica algo no Facebook ou Instagram, essas redes sociais mostram quantas pessoas visualizaram, curtiram, comentaram ou compartilharam seu conteúdo. Saber interpretar essas informações é muito importante porque ajuda a sua OSC a entender o que está dando certo e o que pode melhorar na comunicação com o público. Ao entender melhor essas informações, você pode criar conteúdos que alcançam mais pessoas e ajudam sua organização a ter um impacto maior. Quais são as métricas mais importantes? Entender as principais métricas pode parecer difícil no começo, mas conhecendo cada uma delas fica muito mais fácil saber se sua comunicação está indo bem. Cada uma dessas métricas traz informações cruciais que ajudam a entender o comportamento do seu público e como melhorar as publicações da sua organização. Desvendando as siglas e abreviações das métricas CTR (Click Through Rate): porcentagem de pessoas que clicaram em um link após visualizá-lo. CPM (Custo por Mil Impressões): quanto custa mostrar seu conteúdo para mil pessoas. CPC (Custo por Clique): quanto você paga por cada clique no seu conteúdo. CPA (Custo por Aquisição): custo médio para que uma pessoa realize uma ação específica, como fazer uma doação. ROI (Return on Investment): retorno financeiro obtido em relação ao dinheiro investido em publicidade ou campanhas. KPI (Indicador-Chave de Desempenho): métricas específicas escolhidas para medir o sucesso das suas ações. Alcance e Impressões O alcance é o número de pessoas diferentes que viram sua publicação pelo menos uma vez. Quanto maior o alcance, mais pessoas diferentes foram alcançadas pelo seu conteúdo. Já as impressões mostram quantas vezes sua publicação apareceu nas telas das pessoas, contando inclusive aquelas que viram mais de uma vez (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Engajamento Engajamento é uma das métricas mais importantes porque mostra como as pessoas estão interagindo com seu conteúdo. Essas interações incluem curtidas, comentários, compartilhamentos e salvamentos. Um alto engajamento significa que as pessoas realmente gostaram do seu conteúdo e tiveram vontade de interagir com ele. Quanto mais engajamento, melhor você está se comunicando com o seu público (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Cliques Cliques mostram quantas pessoas clicaram no seu conteúdo ou nos links que você compartilhou. Essa métrica é especialmente importante quando você quer direcionar as pessoas para seu site ou para alguma ação específica, como um evento ou uma campanha de doação (COSTA, 2020). Crescimento de seguidores Essa métrica mostra quantas pessoas novas começaram a seguir sua ONG depois de ver suas publicações. Um crescimento constante de seguidores significa que você está conseguindo chamar a atenção e conquistar novas pessoas para sua causa (COSTA, 2020). Mas afinal, como essas métricas se relacionam? É muito importante não olhar apenas para uma métrica isoladamente. Por exemplo, se muitas pessoas veem sua publicação (alto alcance), mas poucas interagem com ela (baixo engajamento), pode ser que o conteúdo não esteja interessante o suficiente. Para entender se sua estratégia está funcionando, você precisa analisar diferentes métricas juntas, como alcance, engajamento e cliques. Isso ajuda a ter uma visão mais completa do desempenho das publicações (GOMES, 2018). Tipos de análises que você pode fazer Para usar bem as métricas, você pode fazer vários tipos diferentes de análises. Cada tipo serve para algo específico e ajuda você a entender melhor o desempenho das suas redes sociais, mostrando caminhos para melhorar sua comunicação. Análise simples A análise simples é a mais básica e mostra diretamente quantas pessoas viram ou interagiram com seu conteúdo (RECUERO, 2014). Comparação A análise comparativa é quando você compara resultados de diferentes publicações ou períodos. Por exemplo, você pode comparar o desempenho das publicações deste mês com as do mês passado para entender o que funcionou melhor e planejar conteúdos futuros (RECUERO, 2014). Previsão A análise preditiva usa dados antigos para tentar prever resultados futuros (RECUERO, 2014). Um exemplo é que se sabemos que entre novembro e dezembro há um aumento nas curtidas em posts relacionados a doações, construir conteúdo que fale sobre isso antecipadamente é uma forma de “prever” a procura e antecipar-se ao aumento de demanda. Redes sociais Analisar as redes sociais significa entender como as pessoas interagem umas com as outras no seu perfil ou página. Você pode descobrir quem são os principais seguidores, quais conteúdos são mais compartilhados e como essas conexões ajudam a espalhar sua mensagem para mais pessoas (GOMES, 2018). O que ter cuidado ao analisar os números? Ao analisar as métricas, você precisa levar em conta fatores externos que podem influenciar os resultados. Datas especiais, feriados ou eventos importantes podem aumentar ou diminuir a interação com suas publicações (as chamadas datas sazonais). Por isso, sempre olhe com cuidado e verifique se os dados são realmente representativos do desempenho geral (KAHNEMAN, 2012), todo o contexto deve ser levado em conta. Cuidado com erros ao analisar Existem alguns erros comuns ao analisar as métricas. Um deles é o viés de confirmação, que acontece quando você só presta atenção nos números que reforçam o que você já acredita. Outro erro é o viés de recência, que acontece quando você só leva em conta os resultados mais recentes, esquecendo resultados passados (KAHNEMAN, 2012). Como já dito. Recomendações O conteúdo do artigo foi baseado no conhecimento da autora e com referências de base científica. Caso você deseje ampliar o conhecimento acerca da temática, recomenda-se a leitura das fontes a seguir: COSTA, Felipe. Aplicação estratégica de métricas digitais. Panorama, Goiânia, v. 9, n. 2, p. 45-60, 2020. FERREIRA, Mariana; OLIVEIRA, Ana. Produção textual e interações sociais em plataformas digitais. Revista Comunicando, Lisboa, v. 5, n. 1, p. 10-23, 2015. GOMES, André. Dinâmicas de interações nas redes sociais digitais. Salvador: UFBA, 2018. KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2014. 
Por Maria Cecília Prates 4 de abril de 2025
Uma boa pergunta é sempre um motivo para reflexão. Como a pergunta que me foi feita uma certa vez pela diretora de uma ONG: “ na sua opinião, o que caracteriza um bom processo de Monitoramento & Avaliação (M&A) de projetos sociais? ” Ela me pediu para responder em poucas palavras.  Tomando por base o referencial da Teoria da Mudança ou do Marco Lógico , somos tentados a dar a resposta tradicional: um bom M & A é aquele que nos permite verificar se o que foi planejado, tanto em termos de processo e resultado, está ocorrendo e/ou ocorreu de fato. E, com isto, nos permite fazer as correções de rota necessárias, tanto “durante” quanto “depois” da iniciativa social. Mas, um bom M & A deve ir além, de modo a evitar o sério risco de cair na armadilha do planejamento . A ´ armadilha do planejamento ` é quando o plano inicial é visto como a situação ideal a ser atingida. Decorrem, daí, as definições para sucesso e fracasso. Sucesso é quando são alcançadas boa parte das metas previamente traçadas; já o fracasso é quando boa parte delas não são alcançadas. E se o plano inicial não se mostrar correto, mesmo tendo sido construído de forma participativa, com objetivos claros, bons indicadores e análise consistente do contexto social? Ou ainda, se com o desenrolar da intervenção, aquele plano for se tornando inadequado frente às novas circunstâncias que forem surgindo? Aliás, situação bem plausível, tendo em vista a realidade tão dinâmica em que vivemos atualmente. O plano não pode acabar funcionando como uma camisa de força para o projeto. Me fez lembrar a frase dita pelo ex-presidente americano Dwight Eisenhower, quando comandou o ´Dia D` da Segunda Guerra Mundial, “ Antes da batalha, o planejamento é tudo. Assim que começa o tiroteio, planos são inúteis ”. O ponto central é que planejar é fundamental, mas não podemos ficar prisioneiros do plano. Então, voltando aqui à pergunta inicial: O que caracteriza um bom processo de Monitoramento & Avaliação? Em poucas palavras: Um bom processo de M&A é aquele que serve como uma bússola para guiar os gestores do projeto. Sem dúvida, o pressuposto é o de que o planejamento tenha sido bem-feito, e há clareza de onde se quer chegar. E por que a comparação com a bússola? O processo de monitoramento e avaliação deve funcionar como uma bússola (para guiar o avião) no sentido de ser útil para orientar os gestores de uma dada intervenção se eles estão indo na direção correta. Então, o M & A vai indicar se estamos fazendo / fizemos a coisa certa, da maneira certa, de modo a potencializar os resultados pretendidos, tendo em vista os recursos disponíveis (financeiros, humanos, experiências, aprendizados e parcerias). O interessante da bússola é justamente a sua capacidade em ir se adaptando ao percurso, até chegarmos ao destino final. Tal como a bússola, também um bom Monitoramento & Avaliação deve ser percebido como um processo dinâmico, e não como um sistema estático de indicadores, não raras vezes com a exigência de métodos complexos para a sua estimativa.
Por Pollyana Bonvecchi 27 de março de 2025
Recentemente, montei uma estrutura para conduzir um processo seletivo de voluntárias aqui na Phomenta. Algumas pessoas me perguntaram por que eu estava desenvolvendo etapas que deixariam o processo mais complexo e se eu não tinha receio de que as pessoas desistissem devido à complexidade. Vou compartilhar o que respondi, explicar a importância dessa estrutura e como conseguimos atrair e manter perto de nós as pessoas que realmente querem contribuir. Por que desenhar um processo seletivo estruturado para voluntárias? Desenhar um processo seletivo com etapas claras e bem definidas é essencial para assegurar que as candidatas se comprometam verdadeiramente com cada fase e reflitam se o voluntariado faz sentido para elas. Esse tipo de processo não é apenas uma forma de selecionar os melhores talentos, mas também de verificar se aquelas que se juntam a nós compartilham dos nossos valores e estão alinhadas com o nosso propósito. Um processo seletivo mais detalhado permite identificar quem está realmente disposta a se envolver e quem está apenas explorando uma oportunidade. Divulgação da vaga Para começar, definimos claramente os papéis e responsabilidades, além do tempo de dedicação esperado para as voluntárias. Tudo isso foi explicitado na divulgação da vaga, para que, desde o início, as expectativas estivessem claras para as interessadas. Primeira etapa - triagem de candidatas Após receber as inscrições, realizamos uma triagem criteriosa, avaliando as competências e habilidades das candidatas. Selecionamos aquelas que mais se alinhavam com o perfil que buscávamos e enviamos um e-mail informando sobre as próximas etapas do processo. Segunda etapa - entrega e dinâmica de grupo Nesta etapa, solicitamos uma tarefa prática e informamos que haveria uma dinâmica em grupo. Esse momento foi crucial para observar o comprometimento das candidatas e, como esperado, algumas pessoas desistiram. Isso, no entanto, deixou apenas aquelas que estavam realmente interessadas em seguir adiante e que tinham um verdadeiro desejo de contribuir. Terceira etapa - Seleção final Com base nas etapas anteriores, escolhemos as candidatas que melhor atenderam aos critérios e que demonstraram maior afinidade com a cultura da Phomenta. Em seguida, comunicamos as selecionadas e agendamos da integração para integrar aquelas que iriam começar conosco. Integração A integração na Phomenta é muito mais do que uma simples introdução. É o momento propositivo para apresentarmos o propósito da nossa organização e garantir que todas estejam na mesma sintonia, super motivadas a alcançar os nossos objetivos. Quando nossas voluntárias entendem o impacto social que o seu trabalho pode gerar, o engajamento cresce e o compromisso fica mais forte. Assim como toda nova integrante de um time, as voluntárias precisam mergulhar na nossa cultura organizacional. A integração é uma oportunidade para elas se familiarizarem com características fundamentais da nossa cultura dentro da Phomenta: como nos comunicamos, como trabalhamos, e quais comportamentos valorizamos. Isso facilita a adaptação e ajuda as voluntárias a se sentirem parte do nosso grupo desde o primeiro dia! Durante a integração, é essencial esclarecer o que esperamos de cada uma, desde funções e responsabilidades específicas até o impacto que seu trabalho terá. Essa clareza evita confusões e permite que as voluntárias saibam exatamente como podem brilhar e fazer a diferença. Uma integração bem-planejada faz toda a diferença! Ela aumenta o comprometimento das voluntárias e ajuda a reduzir a rotatividade. Quando elas se sentem acolhidas, bem-informadas e preparadas, é muito provável que continuem engajadas e contribuam com a gente por um bom tempo. Além disso, a integração é a chance perfeita para construir conexões genuínas entre voluntárias e phomenters. Ela cria aquele sentimento gostoso de comunidade e pertencimento, que é essencial para manter a motivação em alta. E tem mais: durante a integração, incentivamos as voluntárias a darem seu feedback sobre a experiência. Isso nos ajuda a fazer ajustes e melhorias, garantindo que todas se sintam apoiadas e que nossa abordagem esteja sempre alinhada com as expectativas. A seguir alguns comentários sobre o processo:
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