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Boas práticas para engajamento e gestão da equipe à distância

fev. 16, 2021

Por Patrícia Fernandes e Sarah Sampaio

Segundo o estudo “Impacto da Covid-19 nas OSCs Brasileiras”, 73% das organizações  relataram que foram impactadas pela crise ocasionada pela pandemia.

Um dos grandes desafios enfrentados foi a rápida necessidade de mudança para a forma de trabalho remota e digital, impulsionada pelo distanciamento social. O obstáculo foi especialmente maior para aqueles que não possuíam familiaridade com ferramentas digitais ou um bom acesso à internet. Contudo, tal desafio apenas  evidenciou e elevou a escala de processos que já vinham ocorrendo na sociedade, como a digitalização das organizações  e a adesão ao trabalho remoto. 

Um dos grandes desafios enfrentados foi a rápida necessidade de mudança para a forma de trabalho remota e digital, impulsionada pelo distanciamento social. O obstáculo foi especialmente maior para aqueles que não possuíam familiaridade com ferramentas digitais ou um bom acesso à internet. Contudo, tal desafio apenas  evidenciou e elevou a escala de processos que já vinham ocorrendo na sociedade, como a digitalização das organizações  e a adesão ao trabalho remoto. 


A mudança para o digital estabelece-se como uma tendência, podendo ser vista como uma mudança permanente nas rotinas de trabalho. Dessa forma,  há um dilema que persiste e se torna cada dia mais atual:
como tornar mais eficiente a gestão à distância e manter o engajamento da sua equipe ? Pensando neste desafio, preparamos este artigo com os principais problemas que as OSCs  enfrentaram desde o início da crise em relação à gestão da equipe e trouxemos algumas dicas e aprendizados para os empreendedores do terceiro setor. 


Quais foram os principais desafios enfrentados? 

A escassez de recursos pode limitar o acesso a computadores ou notebooks para a equipe, muitas organizações ainda trabalham com as documentações e arquivos dos atendidos em papel, guardados em gavetas. 


A comunicação que costumava ser feita pessoalmente, nos corredores, ou mesmo em momentos de pausa para um cafezinho, precisou de uma nova formalização no meio digital, muitas vezes trazendo um excesso de reuniões ou o oposto, a falta de alinhamento e direcionamentos.


A própria atuação de muitas organizações se transformou e passou a ter muitas vezes até 100% de suas atividades voltadas à atividades assistenciais, gerando certa angústia na equipe e no voluntariado por não estar conseguindo desempenhar as funções para as quais se inscreveu ao começar seu trabalho na OSC. 


Para aqueles que puderam trabalhar de casa, o equilíbrio entre trabalho e família, especialmente para quem cuida da casa e dos filhos, se tornou uma linha mais tênue do que já era antes da crise. Em geral, sendo as mulheres as principais afetadas por esta dupla carga de trabalho. 


E isso tudo, sem falar nos casos de depressão e ansiedade, consideradas os males do século mundialmente, os quais aumentaram e foram agravados pela crise. Os efeitos desse cenário podem trazer impactos significativos tanto para vida pessoal quanto profissional de sua equipe. 


Com tudo isso, quais são os aprendizados para gestão da equipe em trabalho remoto? 


Cada vez mais precisamos nos preparar para a mudança, o mundo está cada vez mais volátil. Trabalhar com foco na pessoa, seja ela o atendido, funcionário, voluntário ou parceiro, tem sido um dos caminhos mais apontados para acompanhar as transformações. 


Liderança humanizada

Um dos pontos que a autora Brené Brown mais traz para nossa atenção neste mundo volátil parece algo simples, porém muitas vezes esquecido: somos todos humanos. O líder não é um super-herói (apesar de muitas vezes agir como um, especialmente no 3º setor), ninguém consegue estar 100% bem o tempo todo, isso é uma ilusão. Mostrar seus erros, sua vulnerabilidade, abre espaço para uma cultura mais transparente e aberta a novas oportunidades e riscos. Se as pessoas podem errar, e isso é visto como um aprendizado, elas buscarão novas melhorias para a organização, com menos medo de serem repreendidas se errarem, já que o erro passa a ser visto como algo construtivo.


A escuta ativa e a preocupação holística com seus funcionários é essencial. Mais do que nunca, o pessoal e o profissional estão juntos, entender como seu funcionário ou voluntário está o fará se sentir cuidado e parte da família que é sua Organização. As pessoas estão com medo, a mudança gera ansiedade e é preciso levar em conta como cada um está antes de tomar seu próximo passo ou exigir demais de sua equipe. 


Comunicação e transparência

A comunicação no meio digital, por meio de texto, pode ser um grande aliado e também um inimigo! Você nunca sabe em que tom de voz a pessoa do outro lado irá ler sua mensagem, por isso, o cuidado deve ser redobrado. Releia sempre suas comunicações de texto, especialmente se você não estiver em um bom momento, você não está ao lado da outra pessoa para se explicar caso ela entenda errado. 


Cuidado também com a falta de comunicação, reuniões constantes de alinhamento entre a equipe ajudam a substituir aquela conversa no corredor ou aquele pedido de ajuda que acontecia espontaneamente. Alinhamentos ajudam a ser mais transparente, e os feedbacks são seus grandes aliados. Não deixe as coisas irem se acumulando, marque conversas individuais, peça feedbacks e mostre-se aberto para ouvi-los.


Para ajudar na transparência vocês podem utilizar ferramentas como o Google Agenda (ou outras similares), em que cada um pode ver no que o outro está trabalhando e se programar para não pedir demais para quem já está sobrecarregado. Como gestor, você tem uma visualização geral das atividades da equipe e pode também disponibilizar horários em sua agenda para tirar dúvidas e conversar com quem precisa.

Confiança e Compromisso

Confie na sua equipe! Você não precisa controlar cada passo de cada liderado seu, designe tarefas de forma clara, pergunte se a outra pessoa entendeu, mostre o que você espera que seja o resultado e confie que ela fará o trabalho. 


A falta de confiança com quem está trabalhando fora de casa só gera estresse e ansiedade para os dois lados. Se você é funcionário ou voluntário, fique atento a seus compromissos, aproveite da sua autonomia para organizar seu tempo de acordo com suas responsabilidades e priorize as atividades de acordo com urgência e impacto.


E lembre-se: se não estiver dando conta, seja transparente, converse com seu time e peça apoio. 


Reconhecimento

Reconhecimento é um grande potencializador da motivação e engajamento de sua equipe! Ele pode vir em forma de pequenas comemorações em relação ao trabalho do grupo ou alguma atitude assertiva, isso encoraja mais condutas positivas, mantendo a cultura organizacional viva. 


Você pode também aproveitar os momentos de reuniões para que os membros da equipe apresentem o que fizeram nos últimos 15 dias, gerando um compromisso com o grupo. O importante é não deixar os bons resultados e bons momentos passarem! 


Aliado ao reconhecimento estão os impactos e resultados de sua organização. Mostre como as ações realizadas naquela semana ou dia impactaram a vida das pessoas e da OSC. Não hesite em mostrar os resultados do mês e pensar junto com a equipe quais as próximas estratégias e metas do time. Toda atividade de cada pessoa da organização  precisa fazer sentido para o todo e estar contribuindo para os resultados, mostre isso para as pessoas, elas precisam saber que seu trabalho importa. 


Ambiente de trabalho

Será que seu voluntário não está participando muito pois não tem acesso à internet? Você já parou para perguntar se seu funcionário tem as ferramentas que possibilitam a ele realizar um trabalho adequado? Ele está confortável com o trabalho digital? Pergunte às pessoas o que elas precisam, qual a realidade de cada uma e veja como pode ajudar. 


Momentos de descontração

Aclamados por todos, os momentos de descontração precisam continuar no modelo online, especialmente se você está trabalhando com jovens, o sentimento de grupo precisa ser revivido de vez em quando. A conexão entre pessoas é o elo mais forte a ser construído e é seu grande aliado na motivação da equipe em épocas difíceis. Com laços fortalecidos, cada um entende melhor a realidade do outro, aumenta a empatia entre o time e previne possíveis nichos criados entre diferentes grupos. 


Descubra as potencialidades 

Busque com seus voluntários e funcionários entender quais são os pontos fortes e fracos de cada um, descubra o potencial que você tem em sua organização  e não deixe de utilizá-lo! Alguém que está fazendo um trabalho muito aquém de suas capacidades poderá facilmente se desengajar e deixar a organização. Mostre desafios para a equipe e deixe-os escolher em quais gostariam de se envolver. 


Saúde Mental

Mais do que nunca, a saúde mental deve estar sempre na mente das pessoas. Entenda seus limites, estabeleça momentos para si mesmo de descanso, e fale quando precisar de ajuda, isso incentivará sua equipe a fazer o mesmo! Se tiver recursos, busque oferecer ações para saúde mental de sua equipe na Organização. Não se esqueça, uma conversa franca e acolhedora pode mudar o dia de uma pessoa. 


Qual é a síntese de tudo isso ?

Se você leu até aqui deve ter percebido o tema central presente em toda dica: o foco na pessoa. Como sempre falamos na Phomenta, é essencial o foco no usuário; estar próximo do atendido, funcionário, parceiro ou voluntário, te auxilia a enxergar as novas tendências de forma rápida. 


Nossa sociedade está mudando cada vez mais rápido e a inovação passa a ser item necessário para sobreviver e crescer neste mundo, por isso, esteja sempre aberto a ouvir sua equipe e a promover uma cultura aberta aos erros. Os resultados irão te surpreender.



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Na Harvard Business Review (HBR) de jan-fev de 2019, fui atraída pelo título de um dos artigos sobre uma maneira para se calcular o valor dos investimentos de impacto, com base em evidências . Comecei a ler o texto entusiasmada pela possibilidade de encontrar uma contribuição pragmática no campo da avaliação social, mas confesso que fiquei decepcionada. O trabalho foi escrito por sócios e gestores da Rise Fund (um fundo de US$2 bilhões para investimentos de impacto) e da Bridgespan Group (uma consultoria global para impacto social). A partir da experiência deles, propõem uma metodologia para estimar o retorno financeiro do investimento social e ambiental. Batizaram a “nova” métrica por IMM ( Impact Multiple of Money) , porque, com base nela, se tornaria possível prever o múltiplo em benefício social e ambiental que seria gerado a partir de $ 1 investido – assim, se o IMM for 5X (5 vezes), significa que cada $1 investido vai gerar $5 em benefícios. Rise Fund só investe em projeto quando o IMM dele for no mínimo de 2,5X. A intenção dos autores é que, a partir da comparação dos valores de IMM estimados, se consiga dar mais rigor ao processo de seleção dos investimentos sociais, como já é usual no mundo dos negócios, através do uso de metodologias financeiras amplamente aceitas. Com isso, segundo eles, se poderia avançar sobremaneira na análise dos investimentos de impacto, que ainda se encontra atualmente, em grande medida, baseada na “adivinhação”, em informações restritas a processo, ou em intenções de comprometimento. Os seis passos do método proposto (IMM) Avaliar a relevância e a escala do projeto, para se decidir sobre se vale a pena (ou não) o esforço de aplicar o método, pois “estimar o IMM não é tarefa trivial”. Então, segundo os autores, o projeto a ser avaliado deve ter um propósito e escala potencialmente relevantes, o que não quer dizer número grande de pessoas beneficiadas. Há projetos com um pequeno número previsto de beneficiados, porém com grande potencial de transformação, que podem ser muito mais relevantes do que outros com grande número de beneficiados. Estimar os resultados sociais ou ambientais esperados. Nessa etapa é importante verificar se os resultados previstos são atingíveis e mensuráveis. “Felizmente” hoje os investidores já podem contar com muitas pesquisas nas Ciências Sociais (as evidências) que lhes permitem estimar o potencial do impacto social da empresa ou organização. E tal se deve ao movimento sobre “ o que funciona ” dos programas sociais, que propiciou um grande impulso ao desenvolvimento da “indústria de medição de resultados sociais” nessa última década. Estimar o valor econômico desses resultados para a sociedade. Para traduzir os resultados identificados (acima) em termos monetários, é preciso também recorrer a um “estudo-âncora” robusto (ou a evidências ou referências já existentes) e, na ausência desse, à orientação de um especialista da área. A escolha do estudo-âncora deve levar em conta o rigor da estimação dos resultados (preferência por pesquisa experimental, ao invés de pesquisa observacional ou estudo de caso), contexto similar ao do projeto em questão, e/ou o estudo deve ser o mais recente possível. Ajustar o risco advindo do uso de estudos-âncora. Embora os autores considerem ser satisfatório o uso de estudos-âncora (ou das evidências) já existentes para preverem a monetização dos resultados sociais e ambientais, eles admitem o risco de aplicarem tais achados não diretamente associados às oportunidades do investimento em questão. Propõem, então, que seja incluída nos cálculos a estimativa do risco, baseada em uma escala de probabilidade de 0 a 100%, definida segundo 6 categorias, que são: qualidade do estudo-âncora, pressupostos adotados, contexto, grupo de renda, similaridade do produto ou serviço, e a possibilidade do uso previsto (para o produto/serviço social) não se verificar. Estimar o valor terminal do investimento. No caso de determinados tipos de projetos sociais e/ou ambientais, pode fazer sentido incluir também na estimativa do valor monetário do impacto o período depois que o projeto ou investimento social tiver finalizado. Calcular o retorno social por cada dólar investido. Finalmente é calculado o valor do IMM. Assim, segundo os autores, “ em um mundo em que os CEOs estão cada vez mais falando em lucro e propósito, o IMM oferece uma metodologia rigorosa para se avançar na arte de alocação do capital para gerar benefício social ”. Pois quanto maior o valor do IMM estimado, maior o potencial de impacto do investimento social e/ou ambiental, permitindo a comparabilidade entre projetos de natureza distinta, como é comum no campo social. Por que a decepção com o método IMM? 1.IMM não é um método inovador
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Praticar atividades físicas, investir em hobbies, conversar com amigos ou buscar ajuda terapêutica. Esses são apenas alguns dos exemplos que se enquadram no que podemos chamar de “estratégias para se atravessar um período de estresse ou momento difícil”, mais conhecido como Coping . O termo inglês Coping , traduzido para o português como Estratégias de Enfrentamento em saúde mental, é uma teoria que estuda o estresse psicológico e as diversas formas com que uma pessoa pode avaliar e agir frente a uma situação estressora, a fim de minimizar, controlar ou tolerar seus efeitos a curto e médio prazo. Criado e desenvolvido pelos psicólogos americanos Richard Lazarus e Suzan Folkman, na década de 1980, o coping tem como características a tomada de decisão consciente e intencional, orientada para o futuro, que leva em consideração aspectos individuais como traços de personalidade, e aspectos temporais como seus objetivos, resultados almejados, e preocupações, durante o período estressante. De acordo com o pesquisador brasileiro Ewerton Naves Dias, Ph.D em Psicologia pela Universidade do Porto, no Coping , consideramos o estresse como algo contextual, “o que significa que se trata de um processo de relação entre a pessoa e o ambiente e que se transforma ao longo do tempo. Desse modo, ele é definido como uma situação avaliada pelo indivíduo como significativa e com demandas que excedem seus recursos para lidar com o respectivo evento”. Diferente dos mecanismos de defesa, que acontecem de forma inconsciente, as estratégias de enfrentamento utilizam-se da percepção da pessoa frente ao evento estressor, desencadeando pensamentos avaliativos sobre suas ferramentas internas e externas e o controle ou não da situação, a fim de escolher sua forma de lidar com a situação. Categorias ou possibilidades de enfrentamento Apesar de Lazarus e Folkman definirem as duas principais categorias de enfrentamento, podemos encontrar na literatura algumas variações dessas estratégias, sendo as mais comuns: 1) Enfrentamento com foco no problema: Quando acredita-se que é possível alterar aspectos do ambiente, diminuindo ou eliminando os fatores de estresse e atuando de forma ativa. Alguns exemplos de ações, baseadas no contexto organizacional do Terceiro Setor, são: Análise crítica e detalhada do problema gerador de estresse Conversas individuais com pessoas que estão diretamente envolvidas na situação Conversas em grupo ou equipe, caso seja uma questão que influencie o bem-estar de várias pessoas Planejamento e criação de resoluções coletivas de enfrentamento ao problema Busca de apoio externo de especialistas 2) Enfrentamento com foco na emoção: Baseado na crença de que o ambiente é pouco alterável ou imutável, o indivíduo busca recursos para lidar com os sentimentos derivados do estresse, de forma a prolongar sua permanência na situação até que as circunstâncias mudem. Este é um tipo de enfrentamento moderado e pode ser realizado com: Fortalecimento de técnicas de autocontrole emocional Busca de apoio social (inclusive de colegas de equipe) ou psicológico para a descoberta de novas possibilidades de enfrentamento Investimento em hobbies ou atividades de lazer que minimizem os sentimentos negativos e promovam distração Desenvolvimento de práticas espirituais ou religiosas 3) Enfrentamento evitativo: Esta estratégia considerada passiva, também fundamentada na crença de que não há controle sobre as circunstâncias, engloba o afastamento, fuga, esquiva ou desligamento mental do problema. Aqui a pessoa escolhe evitar o conflito, lidar com os sintomas do estresse e economizar energia emocional. Qual estratégia usar? Os estudos que avaliam a predominância e a eficácia da utilização de cada tipo de coping divergem de acordo com o público pesquisado, considerando, no entanto, a variabilidade dos diferentes tipos de personalidade. Por exemplo: Uma análise feita com trabalhadores de CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) em Campinas (ZANATTA, 2019), verificou que a estratégia mais utilizada pelos profissionais destes espaços foi a de resolução de problemas, onde há a elaboração de planos de ação e alternativas com o objetivo de resolução da situação. Pesquisas realizadas com profissionais da saúde que trabalham em hospitais e analisadas pela Profª Drª Liliana Antoniolli (2022), afirmam que o coping mais utilizado pelas entrevistadas eram os baseados no enfrentamento com foco na emoção, onde empregavam um esforço cognitivo para ressignificar as experiências laborais “controlando emoções, como tristeza, medo e estresse, que emergem devido a situação conflitante”. Observa-se que a tendência de utilização de cada estratégia está positivamente ligada à experiência e idade dos profissionais, sendo que, quanto maiores mais o profissional tenderia a utilizar o enfrentamento com o foco no problema, enquanto os mais jovens tendem a escolher com mais frequência o afastamento (ou evitação) do estressor, por meio de um isolamento autoimposto. Outra proposta de estratégias de coping defendida pelo pesquisador Caryl Rubust (1988), da Vrije Universiteit em Amsterdã , Holanda , destacou outras quatro alternativas de enfrentamento, relacionadas ao ambiente de trabalho, que ele chamou de EVLN (Exit/Voice/Loyalty/Neglect), traduzido para o português como: saída, voz, lealdade e negligência. Nelas, o indivíduo escolheria: Saída: Sair do trabalho e encontrar um emprego melhor Voz: Tentar melhorar a situação conflitante com a sua voz Lealdade: Ser motivadas a apoiar ativamente a organização, ignorando seus incômodos Negligência: Concentrar-se em seus interesses não relacionados ao trabalho e "negligenciar" sua situação de trabalho insatisfatória De acordo com Lazarus e Folkman, as Estratégias de Enfrentamento ainda podem ser Adaptativas ou Desadaptativas, ou seja, quando as estratégias utilizadas são saudáveis e conseguem minimizar os sentimentos desagradáveis e desmotivadores são consideradas positivas/adaptativas. Em contraponto, quando não são saudáveis (recorrer a um vício como o cigarro, drogas ou bebidas alcoólicas, por exemplo) a estratégia é considerada negativa/desadaptativa. Como o Terceiro Setor tem lidado com os sintomas de estresse? Na “Pesquisa - A Saúde Mental e o Bem-Estar dos profissionais do Terceiro Setor ”, publicada pela Phomenta, em 2023, foram utilizados alguns questionamentos quanto às estratégias que as pessoas entrevistadas usavam para lidar com os sintomas de estresse oriundos do trabalho nas organizações sociais brasileiras, e encontramos nos resultados que: 69% relataram realizar atividades físicas 66% procuraram ajuda profissional de psicólogos, psiquiatras ou outros tipos de terapias alternativas 20% fazem uso regular de medicamentos calmantes e/ou ansiolíticos Percebemos com esses dados, que a maior parte das estratégias utilizadas pelos respondentes da pesquisa são do enfrentamento com foco na emoção, o que pode amenizar temporariamente a angústia e a desmotivação de quem passa por estresse de forma recorrente, mas que a médio prazo acaba gerando a saída deste colaborador, o que podemos observar nas altas taxas de rotatividade do setor. As Profª Drª Mary Sandra Carlotto e Sheila Gonçalves Câmara da Universidade Luterana do Brasil - ULBRA/Canoas, em suas pesquisas na área da educação, concordam com a constatação de que as estratégias de coping focadas no problema são estratégias adaptativas (positivas) que auxiliam os profissionais a enfrentar os problemas que surgem em seu ambiente organizacional. Elas também acrescentam que esse estilo de enfrentamento pode levar a um aumento dos níveis de realização profissional. Apesar de várias organizações sociais no Brasil relatarem, na Pesquisa da Phomenta (2023), que já estão implementando ações para amenizar os sintomas de estresse de seus colaboradores, como apoio psicológico, momentos de confraternização e lazer, formações e palestras, dentre outras, e estarem discutindo temáticas relacionadas à saúde mental e ao bem-estar, as mesmas ações precisam de coerência prática para realmente efetivar uma melhora da saúde coletiva. A publicação ressalta: “[...] é crucial que a organização não apenas introduza tais medidas, mas também promova mudanças que abordem os causadores de estresse, como o excesso de demanda e prazos apertados. A saúde mental não é apenas sobre discutir ou promover a conscientização, é também sobre criar um ambiente de trabalho sustentável onde os trabalhadores se sintam apoiados em suas rotinas diárias. Quando a liderança trabalha horas excessivas e perpetua um senso de urgência, por exemplo, isso pode enviar uma mensagem contraditória à equipe, sugerindo que, apesar das iniciativas de bem-estar, a cultura de trabalho exaustivo ainda prevalece”. Autoavaliação Como enfatizado no início do texto, o coping tem como característica principal a escolha consciente de sua reação frente ao estresse, o que nos leva a crer que para ser feita da forma mais eficaz, deve ser percebida, avaliada e monitorada com o passar do tempo. Dessa forma, faça agora uma autoavaliação de quais têm sido suas escolhas frente aos desafios do dia-a-dia, principalmente relacionados ao trabalho no Terceiro Setor. Avalie também quais têm sido as formas de enfrentamento utilizadas pelas pessoas em sua equipe ou em sua organização, para que se certifiquem de que por meio do apoio mútuo possam criar formas de lidar com o estresse enfrentando o problema. Referências Antoniolli, Liliana; Vega, Edwing Alberto Urrea Vega; Haack, Pâmela; Duarte, Andrey Godoy; Macedo, Andréia Barcellos Teixeira; Souza, Sônia Beatriz Cócaro de; Coping dos profissionais da enfermagem: revisão integrativa de literatura. Open Science Research - ISBN 978-65-5360-055-3 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org - Vol. 1 - Ano 2022 CARLOTTO, Mary Sandra; CÂMARA, Sheila Gonçalves. Síndrome de Burnout e estratégias de enfrentamento em professores de escolas públicas e privadas. Psicologia da Educação, vol. 26, n. 1, p. 29-46, 2008. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-69752008000100003 . Acesso em: 08 mar. 2023. DIAS, Ewerton Naves; PAIS-RIBEIRO, José Luís. O modelo de coping de Folkman e Lazarus: aspectos históricos e conceituais. Rev. Psicol. Saúde, Campo Grande , v. 11, n. 2, p. 55-66, ago. 2019 . Disponível em < http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2177-093X2019000200005&lng=pt&nrm=iso >. acessos em 10 mar. 2024. http://dx.doi.org/10.20435/pssa.v11i2.642. Lazarus, R., & Folkman, S. (1984). Stress appraisal and coping. New York: Springer. PHOMENTA. Pesquisa: A saúde mental e o bem-estar dos trabalhadores do terceiro setor. Campinas: SP. 2023. Disponível em: https://www.phomenta.com.br/pesquisa-saude-mental-e-bem-estar RUSBULT, C. E.; FARREL, D.; ROGERS, G. e MAINOUS III, A. G. (1988), «Impact of exchange variables on exit, voice, loyalty and neglect: an integrative model of responses to declining satisfaction». Academy of Management Journal, vol. 31(3), pp. 599-627. Zanatta AB, Lucca SR, Sobral RC, Stephan C, Bandini M. Estresse e coping entre trabalhadores de centros de atenção psicossocial do interior do estado de São Paulo. Rev Bras Med Trab.2019;17(1) DOI:10.5327/Z1679443520190300:83-89 Coping: estratégias para enfrentar períodos estressantes ou Coping: mais saúde mental em períodos estressantes ou Coping, estratégias de saúde mental em períodos estressantes
Por Maria Cecília Prates   14 mar., 2024
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