Terceiro setor: 10 requisitos para uma organização começar bem

6 de outubro de 2022

Este conteúdo foi produzido por Maria Cecilia Prates

Dia desses, tive uma boa conversa com a fundadora e gestora de uma organização do terceiro setor. Ela me pareceu estar trilhando uma bem-sucedida trajetória, na área do microcrédito para empreendedores em áreas de vulnerabilidade social. Penso que casos como esse devem ser compartilhados, pois podem servir de inspiração e exemplo para gestores sociais em fase inicial de sua organização.


O relato: como começou a organização?


A nossa entrevistada é oriunda de família pobre do sertão da Bahia, “vivíamos em situação de grande vulnerabilidade. Viemos para Belo Horizonte (MG), eu e meus irmãos, em busca de trabalho e estudo e com o sonho de mudar a realidade social da nossa família. Vencemos, trabalhamos muito, estudamos muito, e realizamos os nossos sonhos… Foi daí que nasceu uma vontade enorme de ajudar as pessoas que sonham, que buscam e que não desistem.”


Em BH, ela fez faculdade de administração e atuou por mais de 27 anos como gerente de grandes bancos. Durante esse período, em 2006, incomodada com a situação do “nosso sistema bancário injusto, que destrói o pobre com as suas taxas de juros exorbitantes” e motivada pela leitura do livro ´Muhammad Yunus, o banqueiro dos pobres` escreveu o seu projeto social, com o foco justamente em “ajudar as pessoas desfavorecidas que vivem à margem do sistema financeiro”. Em seguida o guardou na gaveta, porque via que ainda não reunia as condições para implementá-lo. Mas o seu propósito continuou firme.


Anos depois, em 2013, abraçou forte a possibilidade de se inscrever em um ´Programa de desenvolvimento e capacitação para empreendedores sociais` do qual ouviu falar muito bem, e viu aí a possibilidade de desengavetar o seu (bem guardado) projeto. Ao longo daquele Programa, que durou 1 ano e meio, deu vida ao projeto: criou a organização sob o formato de “associação de crédito sem fins lucrativos”, montou a sua estrutura inicial de funcionamento, compatível com os poucos recursos de que dispunha. Sabia que o “seu voo” tinha que começar baixo, para que a organização fosse aos poucos ganhando musculatura…


Foi assim que, no final de 2015, o seu projeto social de microcrédito ficou pronto para deslanchar. Ela também sabia que teria o desafio de conciliar a sua nova função de empreendedora social com a atual função de ´consultora em gestão de investimentos e intermediação de negócios`, fonte do seu sustento e com certa complementaridade com o projeto social, além de mãe de 3 jovens. Mas, tinha consciência de que naquele momento o seu sonho já começava a virar realidade…..


De imediato, ela alocou R$ 10 mil de recursos próprios para o projeto, ou seja, para fazer face às despesas com a abertura da organização e para dar o pontapé inicial no capital a ser emprestado a título de microcrédito.

Até fevereiro de 2020 (início da pandemia, que foi quando ocorreu a nossa conversa), a nossa entrevistada contou que o projeto já havia entrado em 6 comunidades, em geral bairros pobres de BH, ou favelas, ou municípios de baixíssimo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) no entorno da capital mineira.


A dinâmica é a seguinte. Em cada um desses locais (um de cada vez), a entrada se dá por meio da aproximação com uma ONG da comunidade, ou com a associação de moradores, ou grupo religioso. Inicialmente é ministrado um curso de ´Educação financeira com empreendedorismo`. Logo a seguir, são identificados interesses e potenciais empreendedores, quando então são formados os grupos de 3 ou 4 ou 5 ou até no máximo 10 empreendedores.


Cada vez que é fechado um grupo de microempreendedores, a nossa gestora sai em busca de um ´investidor anjo`, que doa ou empresta o recurso (em torno de R$ 4 mil a R$ 5 mil) para cada grupo constituído. Em geral, esses investidores são seus amigos ou conhecidos do mercado financeiro, que se prontificam a fazer uma ação social. O “ticket médio” de empréstimo tem sido em torno de R$ 400,00 por empreendedor, em sua maioria para bordadeiras, artesãos, manicures, salão de beleza, doceiras /salgadeiras, costureiras, carrinhos de pipoca ou de churrasco, etc…. O aval (ou a garantia do empréstimo concedido) é sempre solidário, isto é, se um empreendedor do grupo ficar em dificuldades para o reembolso, os demais se comprometem a ir em seu socorro.


Outra linha de atuação nessas comunidades é a oferta de cursos de “Educação financeira pessoal” para crianças e adolescentes. Por exemplo, naquele momento (da entrevista) e em parceria com uma escola municipal de Belo Horizonte, a organização “está entrando” na favela da Pedreira Prado Lopes, uma das áreas de menor IDH da cidade. A intenção será oferecer curso de educação financeira para os alunos daquela escola pública, e atuar também na formação de grupos de empreendedores com os pais/responsáveis e a disponibilização do microcrédito para eles.


A essa altura, o leitor já deve estar se perguntando: de 2016 até hoje, quem constituiu a equipe da organização? Basicamente foi a nossa entrevistada (na condição de fundadora, gestora e animadora) e mais uma equipe de 10 voluntários. Aos voluntários cabe a missão de acompanhar de perto e apoiar na gestão dos negócios de cada grupo de empreendedores – até a devolução total do dinheiro emprestado. Ela e os voluntários se comunicam entre si por meio de grupo de WhatsApp, criado com essa finalidade.


Para finalizar a nossa conversa, perguntei à nossa entrevistada quais as dificuldades enfrentadas pelo projeto social até agora. Para ela, as três principais foram:


  • O projeto não conta com capital, ou funding. Se tivéssemos esse recurso próprio, isso nos permitiria permanecer na comunidade trabalhada – ou seja, “montar e manter uma microunidade na comunidade, com um agente de crédito local, e assim poder acompanhar o dia-a-dia dos empreendedores que já passaram pelo projeto e captar novos empreendedores”;


  • A busca por apoio de uma organização local para entrar na comunidade. Segundo ela, “por incrível que pareça, há sempre vários interesses em jogo, rivalidades entre as próprias organizações da comunidade, e muitas questões políticas envolvidas. Mesmo querendo ajudar a comunidade por meio do microcrédito, muitas vezes somos percebidos como ameaça ao equilíbrio do poder local.”;


  • Só poder contar com o trabalho voluntário. Por mais engajadas que os voluntários sejam, muitas vezes eles acabam faltando aos compromissos assumidos. “É complicado só contar com trabalho voluntário….”.


A seguir, indaguei à nossa entrevistada se ela teria evidências de que o seu trabalho social estaria no caminho certo. Ela foi firme em afirmar que, para cada comunidade apoiada, ela dispõe de indicadores fim, do tipo negócios impulsionados e renda gerada; e também de indicadores meio, como parcerias e recursos atraídos.


Além disso, ela estava também muito empolgada pois acabara de passar por um rigoroso crivo de um banco de desenvolvimento e tinha começado a ser “incubada” com a perspectiva de, inicialmente, conseguir apoiadores financeiros de fôlego. Mais para a frente (daqui a uns dois anos), a sua ideia é se transformar em uma fintech social. Dessa maneira, ela irá conseguir dar escalabilidade ao seu sonho do microcrédito para empreendedores de baixa renda que não conseguem ter acesso ao sistema de crédito dos bancos – nem junto aos tradicionais, nem aos digitais. E não mais ficar restrita a beneficiar algumas poucas comunidades em BH.


O aprendizado: quais são os pré-requisitos?


Dessa conversa com a nossa gestora social, destaco algumas qualidades e pré-requisitos que consegui detectar nessa fase inicial da OSC (organização da sociedade civil) fundada por ela, que me pareceu estar indo muito bem.


1. Motivação forte. Ter um sonho – Por conta do seu passado de menina pobre, a nossa entrevistada alimentou com muita garra o seu desejo de contribuir para um futuro melhor de crianças que, como ela, nascem em um ambiente inóspito e sem oportunidades.


2. Sintonia com o core-business – O foco do projeto social teve sintonia estreita com a área profissional e de competência de sua idealizadora. Veja que ela buscou ficar antenada para identificar possibilidades de impacto social no seu campo de atuação (que é o financeiro), o que ocorreu a partir da leitura do livro do Muhammad Yunus.


3. Persistência – O desenho inicial do projeto social ocorreu em 2006. Tempos depois, em 2013, agarrou, com unhas e dentes, a oportunidade de aprimorá-lo. A implantação do projeto social, via organização do terceiro setor, se deu em 2015. De 2016 a 2019, e de modo cauteloso, foram sendo atendidas algumas comunidades alvo do projeto. No final de 2019, já quase 14 anos depois, surgiu nova oportunidade de aprimoramento do projeto, agora com chance de escalabilidade.


4. Uso parcimonioso das doações – Nesses anos de funcionamento, a nossa entrevistada procurou usar sempre os recursos financeiros conseguidos [ou via doação, ou empréstimo] nas atividades-fim do projeto – microcrédito para os empreendedores. Ou seja, ela procurou fazer a organização girar da forma menos onerosa possível. Note-se que geralmente o investidor (financiador) social não se sente atraído a empatar o seu capital em ativos imobilizados e/ou atividades meio, a não ser em casos imprescindíveis para garantir o funcionamento da organização.


5. Não à autor-remuneração – Como visto, a nossa entrevistada assumiu o seu papel de empreendedora social em paralelo com as suas outras atribuições (garantidoras do seu sustento). Sobretudo em se tratando de organizações do terceiro setor em fase inicial de funcionamento, o fundador não deve buscar inserir desde já, nas despesas da organização, o seu pró-labore de modo a lhe garantir o mesmo padrão de vida de antes, ou até melhor. Nessa fase piloto, é saudável e gera credibilidade o fato de o fundador/idealizador da organização ser percebido como co-partícipe nos riscos da iniciativa social – no nosso caso, a nossa entrevistada doou, além de capital próprio, o seu tempo e experiência.


Lembramos que esta é uma escolha do empreendedor(a) de ONG. Caso ela ou ele deseje, não há impedimentos legais para que dirigentes de organizações da sociedade civil sejam remunerados.


6. Sim à mão de obra voluntária – Sem dúvida, é muito melhor para a organização social poder contar, desde o início, com uma equipe competente e especialmente contratada. Mas, quem trabalha no terceiro setor sabe muito bem como é difícil conseguir mobilizar recursos para financiar mão de obra, ainda mais quando os projetos sociais ainda estão começando, sem garantias de que vai mesmo conseguir avançar. Por isto, e como fez a nossa gestora, é importante saber atrair voluntários para trabalharem no projeto – ou seja, pessoas que já sejam comprometidas com a causa, ou com a comunidade, ou que queiram de fato ajudar. Ela própria deu o treinamento para os 10 voluntários; e depois seguiu contando apenas com eles que, apesar de comprometidos com o projeto, nem sempre podem estar presentes e disponíveis.


7. Parceria sempre com organizações da comunidade – Apesar das dificuldades relatadas por nossa entrevistada com relação à aproximação com as organizações das comunidades, ter essas parcerias é imprescindível para a iniciativa deslanchar bem. Mesmo em casos em que o idealizador do projeto seja da própria comunidade, e que a intenção do projeto seja beneficiá-la, dificilmente a iniciativa vai conseguir deslanchar se não houver um real envolvimento de outras instituições e/ou lideranças da comunidade com o projeto. Pois se o projeto é percebido como caindo de paraquedas na comunidade, ou as pessoas ficam desconfiadas e não se aproximam, ou ´o que` está sendo oferecido raramente consegue atender de modo adequado à demanda local.


8. Avançar gradualmente – Diferente do que ocorre nas organizações lucrativas (e aqui incluo as startups de impacto social), em que a possibilidade do lucro funciona como grande atrativo para os investidores, nas organizações sem fins lucrativos o que atrai os investidores é a possibilidade de produzir transformação social. No caso da nossa entrevistada, vimos como ela foi gradualmente amadurecendo o seu sonho, depois começou pequeno a colocá-lo em prática , foi amadurecendo a experiência e atraindo pequenos investidores sociais, e agora o seu projeto já está com chances de se tornar atraente para investidores maiores. No terceiro setor, há que se ter paciência para alcançar as metas; não se pode querer queimar etapas, sob pena de fracasso certo.


9. Ter indicadores de acompanhamento – Ter maneiras tangíveis e confiáveis para acompanhar e demonstrar a diferença que o projeto social está fazendo na vida dos seus beneficiários é a principal dica para conseguir apoiadores para o projeto social – sejam eles colaboradores, investidores, doadores e parceiros em geral. Se o gestor responsável não consegue apresentar evidências de avanços e resultados sociais, começam a pairar dúvidas quanto à capacidade e efetividade da iniciativa. Daí porque, segundo a nossa entrevistada, para cada apoiador conquistado para uma ação na comunidade, ela se apressa em encaminhar as métricas de acompanhamento. Que podem ser poucas, mas o fundamental é que informem sobre o que está sendo realmente realizado e alcançado.


10. Ir aos poucos construindo o networking de investidores sociais – No relato vimos como a nossa gestora social foi aos poucos construindo e ampliando a rede de investidores para o projeto social, partindo dos seus contatos pessoais. E não basta ampliar o número de investidores, é preciso também ir fidelizando esses investidores, mediante a prestação de contas. Além disso, por mais que ela continue avançando rumo a investidores maiores, vale aqui também a regra de ouro da diversificação (válida para os investimentos / aplicações em geral), que é a de não deixar a iniciativa social dependente de apenas um ou muito poucos financiadores, sob pena de fragilizar a autonomia da organização.


Concluo com um pensamento do filósofo grego Aristóteles, “o começo parece ser muito mais do que a metade do todo”. Ou seja, podemos dizer que entendendo como foi a fase inicial de uma organização social, seremos capazes de prever (com baixa margem de erro) a sua capacidade em vir a ser uma organização sólida e sustentável e produzir os resultados sociais pretendidos.




Maria Cecília Prates é economista e mestre em economia pela UFMG, e doutora em administração pela FGV /Ebape (RJ). A área social sempre foi o foco de suas pesquisas durante o período em que esteve como pesquisadora na FGV, e depois em seus trabalhos de monitoria, consultoria, pesquisa e voluntariado. 


Contato: mcecilia@estrategiasocial.com.br.


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Inicialmente, vamos entender melhor o que são métricas? Métricas são números e dados que as redes sociais fornecem para mostrar o desempenho das publicações feitas por você ou pela sua ONG. Quando você publica algo no Facebook ou Instagram, essas redes sociais mostram quantas pessoas visualizaram, curtiram, comentaram ou compartilharam seu conteúdo. Saber interpretar essas informações é muito importante porque ajuda a sua OSC a entender o que está dando certo e o que pode melhorar na comunicação com o público. Ao entender melhor essas informações, você pode criar conteúdos que alcançam mais pessoas e ajudam sua organização a ter um impacto maior. Quais são as métricas mais importantes? Entender as principais métricas pode parecer difícil no começo, mas conhecendo cada uma delas fica muito mais fácil saber se sua comunicação está indo bem. Cada uma dessas métricas traz informações cruciais que ajudam a entender o comportamento do seu público e como melhorar as publicações da sua organização. Desvendando as siglas e abreviações das métricas CTR (Click Through Rate): porcentagem de pessoas que clicaram em um link após visualizá-lo. CPM (Custo por Mil Impressões): quanto custa mostrar seu conteúdo para mil pessoas. CPC (Custo por Clique): quanto você paga por cada clique no seu conteúdo. CPA (Custo por Aquisição): custo médio para que uma pessoa realize uma ação específica, como fazer uma doação. ROI (Return on Investment): retorno financeiro obtido em relação ao dinheiro investido em publicidade ou campanhas. KPI (Indicador-Chave de Desempenho): métricas específicas escolhidas para medir o sucesso das suas ações. Alcance e Impressões O alcance é o número de pessoas diferentes que viram sua publicação pelo menos uma vez. Quanto maior o alcance, mais pessoas diferentes foram alcançadas pelo seu conteúdo. Já as impressões mostram quantas vezes sua publicação apareceu nas telas das pessoas, contando inclusive aquelas que viram mais de uma vez (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Engajamento Engajamento é uma das métricas mais importantes porque mostra como as pessoas estão interagindo com seu conteúdo. Essas interações incluem curtidas, comentários, compartilhamentos e salvamentos. Um alto engajamento significa que as pessoas realmente gostaram do seu conteúdo e tiveram vontade de interagir com ele. Quanto mais engajamento, melhor você está se comunicando com o seu público (FERREIRA; OLIVEIRA, 2015). Cliques Cliques mostram quantas pessoas clicaram no seu conteúdo ou nos links que você compartilhou. Essa métrica é especialmente importante quando você quer direcionar as pessoas para seu site ou para alguma ação específica, como um evento ou uma campanha de doação (COSTA, 2020). Crescimento de seguidores Essa métrica mostra quantas pessoas novas começaram a seguir sua ONG depois de ver suas publicações. Um crescimento constante de seguidores significa que você está conseguindo chamar a atenção e conquistar novas pessoas para sua causa (COSTA, 2020). Mas afinal, como essas métricas se relacionam? É muito importante não olhar apenas para uma métrica isoladamente. Por exemplo, se muitas pessoas veem sua publicação (alto alcance), mas poucas interagem com ela (baixo engajamento), pode ser que o conteúdo não esteja interessante o suficiente. Para entender se sua estratégia está funcionando, você precisa analisar diferentes métricas juntas, como alcance, engajamento e cliques. Isso ajuda a ter uma visão mais completa do desempenho das publicações (GOMES, 2018). Tipos de análises que você pode fazer Para usar bem as métricas, você pode fazer vários tipos diferentes de análises. Cada tipo serve para algo específico e ajuda você a entender melhor o desempenho das suas redes sociais, mostrando caminhos para melhorar sua comunicação. Análise simples A análise simples é a mais básica e mostra diretamente quantas pessoas viram ou interagiram com seu conteúdo (RECUERO, 2014). Comparação A análise comparativa é quando você compara resultados de diferentes publicações ou períodos. Por exemplo, você pode comparar o desempenho das publicações deste mês com as do mês passado para entender o que funcionou melhor e planejar conteúdos futuros (RECUERO, 2014). Previsão A análise preditiva usa dados antigos para tentar prever resultados futuros (RECUERO, 2014). Um exemplo é que se sabemos que entre novembro e dezembro há um aumento nas curtidas em posts relacionados a doações, construir conteúdo que fale sobre isso antecipadamente é uma forma de “prever” a procura e antecipar-se ao aumento de demanda. Redes sociais Analisar as redes sociais significa entender como as pessoas interagem umas com as outras no seu perfil ou página. Você pode descobrir quem são os principais seguidores, quais conteúdos são mais compartilhados e como essas conexões ajudam a espalhar sua mensagem para mais pessoas (GOMES, 2018). O que ter cuidado ao analisar os números? Ao analisar as métricas, você precisa levar em conta fatores externos que podem influenciar os resultados. Datas especiais, feriados ou eventos importantes podem aumentar ou diminuir a interação com suas publicações (as chamadas datas sazonais). Por isso, sempre olhe com cuidado e verifique se os dados são realmente representativos do desempenho geral (KAHNEMAN, 2012), todo o contexto deve ser levado em conta. Cuidado com erros ao analisar Existem alguns erros comuns ao analisar as métricas. Um deles é o viés de confirmação, que acontece quando você só presta atenção nos números que reforçam o que você já acredita. Outro erro é o viés de recência, que acontece quando você só leva em conta os resultados mais recentes, esquecendo resultados passados (KAHNEMAN, 2012). Como já dito. Recomendações O conteúdo do artigo foi baseado no conhecimento da autora e com referências de base científica. Caso você deseje ampliar o conhecimento acerca da temática, recomenda-se a leitura das fontes a seguir: COSTA, Felipe. Aplicação estratégica de métricas digitais. Panorama, Goiânia, v. 9, n. 2, p. 45-60, 2020. FERREIRA, Mariana; OLIVEIRA, Ana. Produção textual e interações sociais em plataformas digitais. Revista Comunicando, Lisboa, v. 5, n. 1, p. 10-23, 2015. GOMES, André. Dinâmicas de interações nas redes sociais digitais. Salvador: UFBA, 2018. KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2014. 
Por Maria Cecília Prates 4 de abril de 2025
Uma boa pergunta é sempre um motivo para reflexão. Como a pergunta que me foi feita uma certa vez pela diretora de uma ONG: “ na sua opinião, o que caracteriza um bom processo de Monitoramento & Avaliação (M&A) de projetos sociais? ” Ela me pediu para responder em poucas palavras.  Tomando por base o referencial da Teoria da Mudança ou do Marco Lógico , somos tentados a dar a resposta tradicional: um bom M & A é aquele que nos permite verificar se o que foi planejado, tanto em termos de processo e resultado, está ocorrendo e/ou ocorreu de fato. E, com isto, nos permite fazer as correções de rota necessárias, tanto “durante” quanto “depois” da iniciativa social. Mas, um bom M & A deve ir além, de modo a evitar o sério risco de cair na armadilha do planejamento . A ´ armadilha do planejamento ` é quando o plano inicial é visto como a situação ideal a ser atingida. Decorrem, daí, as definições para sucesso e fracasso. Sucesso é quando são alcançadas boa parte das metas previamente traçadas; já o fracasso é quando boa parte delas não são alcançadas. E se o plano inicial não se mostrar correto, mesmo tendo sido construído de forma participativa, com objetivos claros, bons indicadores e análise consistente do contexto social? Ou ainda, se com o desenrolar da intervenção, aquele plano for se tornando inadequado frente às novas circunstâncias que forem surgindo? Aliás, situação bem plausível, tendo em vista a realidade tão dinâmica em que vivemos atualmente. O plano não pode acabar funcionando como uma camisa de força para o projeto. Me fez lembrar a frase dita pelo ex-presidente americano Dwight Eisenhower, quando comandou o ´Dia D` da Segunda Guerra Mundial, “ Antes da batalha, o planejamento é tudo. Assim que começa o tiroteio, planos são inúteis ”. O ponto central é que planejar é fundamental, mas não podemos ficar prisioneiros do plano. Então, voltando aqui à pergunta inicial: O que caracteriza um bom processo de Monitoramento & Avaliação? Em poucas palavras: Um bom processo de M&A é aquele que serve como uma bússola para guiar os gestores do projeto. Sem dúvida, o pressuposto é o de que o planejamento tenha sido bem-feito, e há clareza de onde se quer chegar. E por que a comparação com a bússola? O processo de monitoramento e avaliação deve funcionar como uma bússola (para guiar o avião) no sentido de ser útil para orientar os gestores de uma dada intervenção se eles estão indo na direção correta. Então, o M & A vai indicar se estamos fazendo / fizemos a coisa certa, da maneira certa, de modo a potencializar os resultados pretendidos, tendo em vista os recursos disponíveis (financeiros, humanos, experiências, aprendizados e parcerias). O interessante da bússola é justamente a sua capacidade em ir se adaptando ao percurso, até chegarmos ao destino final. Tal como a bússola, também um bom Monitoramento & Avaliação deve ser percebido como um processo dinâmico, e não como um sistema estático de indicadores, não raras vezes com a exigência de métodos complexos para a sua estimativa.
Por Pollyana Bonvecchi 27 de março de 2025
Recentemente, montei uma estrutura para conduzir um processo seletivo de voluntárias aqui na Phomenta. Algumas pessoas me perguntaram por que eu estava desenvolvendo etapas que deixariam o processo mais complexo e se eu não tinha receio de que as pessoas desistissem devido à complexidade. Vou compartilhar o que respondi, explicar a importância dessa estrutura e como conseguimos atrair e manter perto de nós as pessoas que realmente querem contribuir. Por que desenhar um processo seletivo estruturado para voluntárias? Desenhar um processo seletivo com etapas claras e bem definidas é essencial para assegurar que as candidatas se comprometam verdadeiramente com cada fase e reflitam se o voluntariado faz sentido para elas. Esse tipo de processo não é apenas uma forma de selecionar os melhores talentos, mas também de verificar se aquelas que se juntam a nós compartilham dos nossos valores e estão alinhadas com o nosso propósito. Um processo seletivo mais detalhado permite identificar quem está realmente disposta a se envolver e quem está apenas explorando uma oportunidade. Divulgação da vaga Para começar, definimos claramente os papéis e responsabilidades, além do tempo de dedicação esperado para as voluntárias. Tudo isso foi explicitado na divulgação da vaga, para que, desde o início, as expectativas estivessem claras para as interessadas. Primeira etapa - triagem de candidatas Após receber as inscrições, realizamos uma triagem criteriosa, avaliando as competências e habilidades das candidatas. Selecionamos aquelas que mais se alinhavam com o perfil que buscávamos e enviamos um e-mail informando sobre as próximas etapas do processo. Segunda etapa - entrega e dinâmica de grupo Nesta etapa, solicitamos uma tarefa prática e informamos que haveria uma dinâmica em grupo. Esse momento foi crucial para observar o comprometimento das candidatas e, como esperado, algumas pessoas desistiram. Isso, no entanto, deixou apenas aquelas que estavam realmente interessadas em seguir adiante e que tinham um verdadeiro desejo de contribuir. Terceira etapa - Seleção final Com base nas etapas anteriores, escolhemos as candidatas que melhor atenderam aos critérios e que demonstraram maior afinidade com a cultura da Phomenta. Em seguida, comunicamos as selecionadas e agendamos da integração para integrar aquelas que iriam começar conosco. Integração A integração na Phomenta é muito mais do que uma simples introdução. É o momento propositivo para apresentarmos o propósito da nossa organização e garantir que todas estejam na mesma sintonia, super motivadas a alcançar os nossos objetivos. Quando nossas voluntárias entendem o impacto social que o seu trabalho pode gerar, o engajamento cresce e o compromisso fica mais forte. Assim como toda nova integrante de um time, as voluntárias precisam mergulhar na nossa cultura organizacional. A integração é uma oportunidade para elas se familiarizarem com características fundamentais da nossa cultura dentro da Phomenta: como nos comunicamos, como trabalhamos, e quais comportamentos valorizamos. Isso facilita a adaptação e ajuda as voluntárias a se sentirem parte do nosso grupo desde o primeiro dia! Durante a integração, é essencial esclarecer o que esperamos de cada uma, desde funções e responsabilidades específicas até o impacto que seu trabalho terá. Essa clareza evita confusões e permite que as voluntárias saibam exatamente como podem brilhar e fazer a diferença. Uma integração bem-planejada faz toda a diferença! Ela aumenta o comprometimento das voluntárias e ajuda a reduzir a rotatividade. Quando elas se sentem acolhidas, bem-informadas e preparadas, é muito provável que continuem engajadas e contribuam com a gente por um bom tempo. Além disso, a integração é a chance perfeita para construir conexões genuínas entre voluntárias e phomenters. Ela cria aquele sentimento gostoso de comunidade e pertencimento, que é essencial para manter a motivação em alta. E tem mais: durante a integração, incentivamos as voluntárias a darem seu feedback sobre a experiência. Isso nos ajuda a fazer ajustes e melhorias, garantindo que todas se sintam apoiadas e que nossa abordagem esteja sempre alinhada com as expectativas. A seguir alguns comentários sobre o processo:
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