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Como tornar o voluntariado corporativo benéfico para as ONGs: o que avaliar quando receber a proposta de uma empresa?

ago. 18, 2022

Este conteúdo foi produzido por Flávia D'Angelo e Isvilaine da Silva Conceição


Atualmente, muitas empresas têm realizado programas de voluntariado corporativo para ampliar suas iniciativas de Responsabilidade Social. Em textos anteriores, já falamos sobre essa iniciativa e sobre os benefícios das empresas ao fomentarem este tipo de programa. Agora é o momento de olhar para as organizações sociais: como  elas conseguem aproveitar e se beneficiar do voluntariado oferecido por empresas?


As ONGs são atores fundamentais para que esses programas sejam realizados de forma eficiente, por serem importantes intermediárias entre o segundo setor e as comunidades impactadas por iniciativas como essas. Apesar dos benefícios do voluntariado corporativo para as organizações da sociedade civil e seus beneficiários, é preciso avaliar alguns elementos ao receber um convite para participar deste tipo de programa. A seguir, listaremos cinco pontos que podem ser considerados. 

 

1. Qual é o objetivo do programa? Essa intenção está alinhada com o que minha ONG precisa agora? 


Cada programa de voluntariado corporativo tem um objetivo diferente. Pode ser que uma empresa queira realizar um dia de voluntariado prático, em que os colaboradores oferecem seu apoio pontual para distribuir cestas básicas, pintar uma parede ou ajudar a ONG em alguma outra atividade do dia-a-dia, por exemplo. Há, por outro lado, o chamado voluntariado de habilidades ou pro bono, que possibilita que os funcionários doem conhecimento e expertise profissionais para ajudar a organização em alguma temática de gestão interna. Este é o caso dos programas de voluntariado corporativo realizados pela Phomenta, sobre os quais vocês podem conhecer melhor neste link


Nesse sentido, é preciso avaliar as necessidades da ONG ao receber uma proposta como essa. O que você precisa no momento é uma consultoria em gestão interna para aumentar a eficiência de seu trabalho ou apoio pontual para realizar alguma atividade prática? 


2. É um programa bem estruturado, com começo, meio e fim?


O programa é realizado por uma empresa ou consultoria com experiência no assunto? Para tirar o maior proveito dessas iniciativas, pode ser mais interessante aceitar propostas que já tenham sido testadas e aperfeiçoadas em edições anteriores. É preciso que o programa seja estruturado, ou seja, que tenha uma etapa de preparação das ONGs participantes, de realização dos trabalhos, de encerramento e de medição de resultados. 


3. Em casos de voluntariado de habilidades, vocês estão dispostos a mudar a realidade da ONG? 


Quando falamos sobre programas de voluntariado de habilidades, em que os colaboradores de uma empresa ajudam a ONG em temáticas específicas de gestão interna, é preciso refletir se a organização realmente está no momento de abrir suas portas e receber apoio. Às vezes, a rotina corrida e as emergências do trabalho prático falam mais alto, e tudo bem. 


Outro ponto pode ser ressaltado neste tópico: a organização tem disponibilidade de pessoal para se dedicar ao programa? Em geral, essas iniciativas pedem que os funcionários da ONG também participem dos encontros com os voluntários das empresas, que precisam receber informações e conteúdo sobre a organização e seus desafios para poder ajudá-la. Às vezes, não estamos no momento de disponibilizar nossos talentos para participar desses programas, e nem sempre podemos nos dedicar 100% a uma iniciativa externa. É preciso reconhecer essas limitações. 


4. Quais são os benefícios de participar de determinado programa de voluntariado corporativo?


A empresa em questão tem clareza sobre os benefícios que quer oferecer às ONGs participantes? É claro que toda ajuda é bem-vinda, mas é preciso avaliar as contrapartidas: o que, realmente, os voluntários corporativos têm a oferecer para a organização? Isso faz sentido para a sua realidade atual? 


Além do apoio operacional ou estratégico por parte desses funcionários, tem algum benefício a médio e longo prazo? É possível manter o contato com essa empresa uma vez que o programa acabar? Como serão medidos os resultados desta intervenção? Essas são algumas perguntas que podem te ajudar a compreender os possíveis benefícios de participar dessas iniciativas. 


5. Como ONG, o que precisamos oferecer em troca?


Em geral, as iniciativas de voluntariado corporativo são gratuitas para as organizações participantes. Em contrapartida, no entanto, essas empresas costumam pedir que as ONGs estejam realmente comprometidas com o programa em sua totalidade. Ou seja, que participem de todos os encontros, que realmente ofereçam os materiais e informações necessárias para que os voluntários corporativos possam trabalhar, entre outras responsabilidades. Se você topar participar de um programa como esse, é importante comprometer-se de início ao fim para tornar a experiência ainda mais valiosa. 


Esses são alguns dos elementos que você pode levar em conta ao receber uma proposta de voluntariado corporativo. Há muitas outras variáveis, mas o mais importante é refletir sobre o atual momento da organização, sobre sua verdadeira disponibilidade de participar ou não e também sobre os benefícios que o programa oferece. Com essas informações, esperamos que sua participação em programas de voluntariado empresarial seja realmente enriquecedora para a transformação da sua ONG. 


Ficou interessado(a) e quer saber mais sobre o voluntariado corporativo da Phomenta?

Acesse nossa página ou entre em contato com a gente: corporativo@phomenta.com.br 




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De acordo com o pesquisador brasileiro Ewerton Naves Dias, Ph.D em Psicologia pela Universidade do Porto, no Coping , consideramos o estresse como algo contextual, “o que significa que se trata de um processo de relação entre a pessoa e o ambiente e que se transforma ao longo do tempo. Desse modo, ele é definido como uma situação avaliada pelo indivíduo como significativa e com demandas que excedem seus recursos para lidar com o respectivo evento”. Diferente dos mecanismos de defesa, que acontecem de forma inconsciente, as estratégias de enfrentamento utilizam-se da percepção da pessoa frente ao evento estressor, desencadeando pensamentos avaliativos sobre suas ferramentas internas e externas e o controle ou não da situação, a fim de escolher sua forma de lidar com a situação. Categorias ou possibilidades de enfrentamento Apesar de Lazarus e Folkman definirem as duas principais categorias de enfrentamento, podemos encontrar na literatura algumas variações dessas estratégias, sendo as mais comuns: 1) Enfrentamento com foco no problema: Quando acredita-se que é possível alterar aspectos do ambiente, diminuindo ou eliminando os fatores de estresse e atuando de forma ativa. Alguns exemplos de ações, baseadas no contexto organizacional do Terceiro Setor, são: Análise crítica e detalhada do problema gerador de estresse Conversas individuais com pessoas que estão diretamente envolvidas na situação Conversas em grupo ou equipe, caso seja uma questão que influencie o bem-estar de várias pessoas Planejamento e criação de resoluções coletivas de enfrentamento ao problema Busca de apoio externo de especialistas 2) Enfrentamento com foco na emoção: Baseado na crença de que o ambiente é pouco alterável ou imutável, o indivíduo busca recursos para lidar com os sentimentos derivados do estresse, de forma a prolongar sua permanência na situação até que as circunstâncias mudem. Este é um tipo de enfrentamento moderado e pode ser realizado com: Fortalecimento de técnicas de autocontrole emocional Busca de apoio social (inclusive de colegas de equipe) ou psicológico para a descoberta de novas possibilidades de enfrentamento Investimento em hobbies ou atividades de lazer que minimizem os sentimentos negativos e promovam distração Desenvolvimento de práticas espirituais ou religiosas 3) Enfrentamento evitativo: Esta estratégia considerada passiva, também fundamentada na crença de que não há controle sobre as circunstâncias, engloba o afastamento, fuga, esquiva ou desligamento mental do problema. Aqui a pessoa escolhe evitar o conflito, lidar com os sintomas do estresse e economizar energia emocional. Qual estratégia usar? Os estudos que avaliam a predominância e a eficácia da utilização de cada tipo de coping divergem de acordo com o público pesquisado, considerando, no entanto, a variabilidade dos diferentes tipos de personalidade. Por exemplo: Uma análise feita com trabalhadores de CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) em Campinas (ZANATTA, 2019), verificou que a estratégia mais utilizada pelos profissionais destes espaços foi a de resolução de problemas, onde há a elaboração de planos de ação e alternativas com o objetivo de resolução da situação. Pesquisas realizadas com profissionais da saúde que trabalham em hospitais e analisadas pela Profª Drª Liliana Antoniolli (2022), afirmam que o coping mais utilizado pelas entrevistadas eram os baseados no enfrentamento com foco na emoção, onde empregavam um esforço cognitivo para ressignificar as experiências laborais “controlando emoções, como tristeza, medo e estresse, que emergem devido a situação conflitante”. Observa-se que a tendência de utilização de cada estratégia está positivamente ligada à experiência e idade dos profissionais, sendo que, quanto maiores mais o profissional tenderia a utilizar o enfrentamento com o foco no problema, enquanto os mais jovens tendem a escolher com mais frequência o afastamento (ou evitação) do estressor, por meio de um isolamento autoimposto. Outra proposta de estratégias de coping defendida pelo pesquisador Caryl Rubust (1988), da Vrije Universiteit em Amsterdã , Holanda , destacou outras quatro alternativas de enfrentamento, relacionadas ao ambiente de trabalho, que ele chamou de EVLN (Exit/Voice/Loyalty/Neglect), traduzido para o português como: saída, voz, lealdade e negligência. Nelas, o indivíduo escolheria: Saída: Sair do trabalho e encontrar um emprego melhor Voz: Tentar melhorar a situação conflitante com a sua voz Lealdade: Ser motivadas a apoiar ativamente a organização, ignorando seus incômodos Negligência: Concentrar-se em seus interesses não relacionados ao trabalho e "negligenciar" sua situação de trabalho insatisfatória De acordo com Lazarus e Folkman, as Estratégias de Enfrentamento ainda podem ser Adaptativas ou Desadaptativas, ou seja, quando as estratégias utilizadas são saudáveis e conseguem minimizar os sentimentos desagradáveis e desmotivadores são consideradas positivas/adaptativas. Em contraponto, quando não são saudáveis (recorrer a um vício como o cigarro, drogas ou bebidas alcoólicas, por exemplo) a estratégia é considerada negativa/desadaptativa. Como o Terceiro Setor tem lidado com os sintomas de estresse? Na “Pesquisa - A Saúde Mental e o Bem-Estar dos profissionais do Terceiro Setor ”, publicada pela Phomenta, em 2023, foram utilizados alguns questionamentos quanto às estratégias que as pessoas entrevistadas usavam para lidar com os sintomas de estresse oriundos do trabalho nas organizações sociais brasileiras, e encontramos nos resultados que: 69% relataram realizar atividades físicas 66% procuraram ajuda profissional de psicólogos, psiquiatras ou outros tipos de terapias alternativas 20% fazem uso regular de medicamentos calmantes e/ou ansiolíticos Percebemos com esses dados, que a maior parte das estratégias utilizadas pelos respondentes da pesquisa são do enfrentamento com foco na emoção, o que pode amenizar temporariamente a angústia e a desmotivação de quem passa por estresse de forma recorrente, mas que a médio prazo acaba gerando a saída deste colaborador, o que podemos observar nas altas taxas de rotatividade do setor. As Profª Drª Mary Sandra Carlotto e Sheila Gonçalves Câmara da Universidade Luterana do Brasil - ULBRA/Canoas, em suas pesquisas na área da educação, concordam com a constatação de que as estratégias de coping focadas no problema são estratégias adaptativas (positivas) que auxiliam os profissionais a enfrentar os problemas que surgem em seu ambiente organizacional. Elas também acrescentam que esse estilo de enfrentamento pode levar a um aumento dos níveis de realização profissional. Apesar de várias organizações sociais no Brasil relatarem, na Pesquisa da Phomenta (2023), que já estão implementando ações para amenizar os sintomas de estresse de seus colaboradores, como apoio psicológico, momentos de confraternização e lazer, formações e palestras, dentre outras, e estarem discutindo temáticas relacionadas à saúde mental e ao bem-estar, as mesmas ações precisam de coerência prática para realmente efetivar uma melhora da saúde coletiva. A publicação ressalta: “[...] é crucial que a organização não apenas introduza tais medidas, mas também promova mudanças que abordem os causadores de estresse, como o excesso de demanda e prazos apertados. A saúde mental não é apenas sobre discutir ou promover a conscientização, é também sobre criar um ambiente de trabalho sustentável onde os trabalhadores se sintam apoiados em suas rotinas diárias. Quando a liderança trabalha horas excessivas e perpetua um senso de urgência, por exemplo, isso pode enviar uma mensagem contraditória à equipe, sugerindo que, apesar das iniciativas de bem-estar, a cultura de trabalho exaustivo ainda prevalece”. Autoavaliação Como enfatizado no início do texto, o coping tem como característica principal a escolha consciente de sua reação frente ao estresse, o que nos leva a crer que para ser feita da forma mais eficaz, deve ser percebida, avaliada e monitorada com o passar do tempo. Dessa forma, faça agora uma autoavaliação de quais têm sido suas escolhas frente aos desafios do dia-a-dia, principalmente relacionados ao trabalho no Terceiro Setor. Avalie também quais têm sido as formas de enfrentamento utilizadas pelas pessoas em sua equipe ou em sua organização, para que se certifiquem de que por meio do apoio mútuo possam criar formas de lidar com o estresse enfrentando o problema. Referências Antoniolli, Liliana; Vega, Edwing Alberto Urrea Vega; Haack, Pâmela; Duarte, Andrey Godoy; Macedo, Andréia Barcellos Teixeira; Souza, Sônia Beatriz Cócaro de; Coping dos profissionais da enfermagem: revisão integrativa de literatura. Open Science Research - ISBN 978-65-5360-055-3 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org - Vol. 1 - Ano 2022 CARLOTTO, Mary Sandra; CÂMARA, Sheila Gonçalves. Síndrome de Burnout e estratégias de enfrentamento em professores de escolas públicas e privadas. Psicologia da Educação, vol. 26, n. 1, p. 29-46, 2008. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-69752008000100003 . Acesso em: 08 mar. 2023. DIAS, Ewerton Naves; PAIS-RIBEIRO, José Luís. O modelo de coping de Folkman e Lazarus: aspectos históricos e conceituais. Rev. Psicol. Saúde, Campo Grande , v. 11, n. 2, p. 55-66, ago. 2019 . Disponível em < http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2177-093X2019000200005&lng=pt&nrm=iso >. acessos em 10 mar. 2024. http://dx.doi.org/10.20435/pssa.v11i2.642. Lazarus, R., & Folkman, S. (1984). Stress appraisal and coping. New York: Springer. PHOMENTA. Pesquisa: A saúde mental e o bem-estar dos trabalhadores do terceiro setor. Campinas: SP. 2023. Disponível em: https://www.phomenta.com.br/pesquisa-saude-mental-e-bem-estar RUSBULT, C. E.; FARREL, D.; ROGERS, G. e MAINOUS III, A. G. (1988), «Impact of exchange variables on exit, voice, loyalty and neglect: an integrative model of responses to declining satisfaction». Academy of Management Journal, vol. 31(3), pp. 599-627. Zanatta AB, Lucca SR, Sobral RC, Stephan C, Bandini M. Estresse e coping entre trabalhadores de centros de atenção psicossocial do interior do estado de São Paulo. Rev Bras Med Trab.2019;17(1) DOI:10.5327/Z1679443520190300:83-89 Coping: estratégias para enfrentar períodos estressantes ou Coping: mais saúde mental em períodos estressantes ou Coping, estratégias de saúde mental em períodos estressantes
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