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Conceitos de Marketing com foco em mudança social

ago. 04, 2023

Este conteúdo foi produzido por Catherine Jimenez

Na época que estava estudando sobre possíveis carreiras a seguir, identifiquei o Marketing como uma possibilidade de profissão, porém, queria um “marketing que contribuísse com as pessoas”. Eu não sabia que tipo de marketing era este, mas queria! Lembro que na época conversei com diversos professores da USP e como ainda era um tema pouco difundido, o máximo que souberam me orientar foi a realização de um curso com enfoque em sustentabilidade somado e uma pós em comunicação e marketing. 


Hoje, ao me especializar em Gestão de Comunicação e Marketing, pude notar que o tal do “Marketing que contribui com as pessoas” existe e é dividido em alguns braços. Veja abaixo alguns conceitos e aprenda como não se confundir com cada tipo:

Marketing Social: Promovendo Mudanças Positivas


O marketing social é uma maneira especial de usar estratégias de marketing para incentivar as pessoas a adotarem comportamentos saudáveis e positivos. É como uma forma de "convencer" as pessoas a fazerem coisas boas para si mesmas e para a sociedade. Em vez de vender produtos ou serviços,
o marketing social tem como objetivo principal promover ações que tragam benefícios para todos.


Por exemplo, você já deve ter visto campanhas que incentivam as pessoas a pararem de fumar, a fazerem exercícios físicos regularmente ou a adotarem hábitos alimentares mais saudáveis. Essas campanhas usam estratégias de marketing, como anúncios, mídias sociais e eventos, para convencer as pessoas de que essas mudanças são importantes e benéficas.


O marketing social é como um lembrete amigável de que podemos tomar decisões melhores e ter um impacto positivo em nossa própria vida e na vida dos outros. Ele nos encoraja a adotar comportamentos que melhorem a nossa saúde, o meio ambiente e a sociedade em geral.


Geralmente este é o tipo de marketing realizado por organizações sociais e governamentais. Contudo, não quer dizer que empresas não possam realizar. Podem, desde que entendam que o objetivo é contribuir com uma mudança social e não para promover a própria imagem.


Marketing Relacionado à Causas: Marcas que Fazem a Diferença


Você já viu empresas que doam parte do dinheiro arrecadado com a venda de um produto para uma instituição de caridade ou para apoiar uma causa específica? Isso é um exemplo de marketing relacionado à causas. É quando uma marca ou empresa se associa a uma causa social importante para ajudar a fazer a diferença.


Digamos que uma empresa de roupas decida que quer ajudar a preservar o meio ambiente. Então, ela cria uma linha de roupas feitas de materiais sustentáveis e promete doar parte do lucro para uma organização que planta árvores. Ao comprar essas roupas, as pessoas estão não apenas adquirindo um produto, mas também contribuindo para uma causa que elas acreditam.


O marketing relacionado à causas é uma maneira que as empresas encontraram para demonstrar que se importam com questões sociais e para incentivar os consumidores a apoiarem essas causas através de suas compras. É uma forma de usar o poder das marcas e dos negócios para criar um impacto positivo no mundo. Quer um exemplo? Veja as campanhas da Natura. Elas são um exemplo vivo de ações desta categoria. 


Em resumo, o marketing social busca promover comportamentos positivos e saudáveis na sociedade, enquanto o marketing relacionado a causas envolve a associação de marcas a causas sociais para gerar conscientização e engajamento dos consumidores. Ambas as abordagens são importantes para melhorar a sociedade e fazer a diferença em nosso mundo.


Em seu livro “Gestão de Comunicação e Marketing”, Mitsuru Higuchi comenta que ambos os conceitos não devem ser realizados
apenas para fins de melhoria de imagem, mas, para contribuir, verdadeiramente, com a mudança social. Empresas que realizam campanhas de ambos os âmbitos e não estão de fato engajados, podem ser marcadas como empresas que realizam “green-washing”, ou seja, executam ações de marketing com objetivo de promoção de uma imagem ecologicamente e socialmente responsável, contudo, não é a realidade.


Ok, mas como as organizações sociais podem contribuir no fortalecimento destes dois tipos de marketing?


Abaixo apresento uma tabela com ações que as organizações podem fazer junto a empresas que realizam marketing social e/ou marketing relacionado à causas:

Marketing Social Marketing Relacionado à Causas
Conseguir o apoio de empresas para realização de campanhas com foco na multiplicação das soluções e dos impactos sociais referentes à adoção de comportamentos que promovam causas sociais e/ou desenvolvimento de políticas públicas. (Veja que aqui a empresa deve ter como objetivo APENAS a promoção de causas e não a auto imagem). Estabelecer parcerias com empresas e marcas que desejam apoiar causas relevantes. Este é o momento onde podemos realizar o que chamo de “match de causa”, potencializando a visibilidade de uma causa social, enquanto consegue realizar o patrocínio de projetos sociais. É comum que as empresas com interesse em MRC busquem também a auto promoção.
Realização de parcerias com o poder público para dar luz a causas sociais relevantes para o atual momento da sociedade. Na hora de realizar campanhas junto às empresas patrocinadoras, fornecer informações e insights para que realizem campanhas autênticas e significativas.
Engajar-se com as comunidades locais e envolvê-las ativamente nas campanhas de marketing social, incentivando a participação e o compartilhamento de experiências. Envolver empresas em eventos e programas comunitários relacionados à causa, para que elas possam se conectar diretamente com os beneficiários dos projetos
Compartilhar histórias de sucesso e impacto alcançado por meio de relatórios, estudos de caso, vídeos e outros recursos visuais, para demonstrar o valor das iniciativas e incentivar outras empresas a se envolverem em projetos similares. Realizar campanhas com empresas que envolvam a participação dos consumidores, como doações vinculadas a compras.

E quais os benefícios para as organizações sociais ao realizarem e contribuírem com estes dois tipos de marketing?


  • Realização de parcerias estratégicas com empresas e órgãos públicos 
  • Promoção e visibilidade para a causa o qual trabalham fortalecendo a necessidade de contribuição aos projetos e beneficiários
  • Visibilidade dos projetos sociais, educacionais e ambientais que realizam aumentando a chance de mudança social, bem como a possibilidade de novos patrocinadores
  • Contato com o mundo da Comunicação e do Marketing e identificação de estratégias que podem ser utilizadas em cada projeto. 


E se você se interessa por essa temática de Comunicação e Marketing, te convido a participar da minha pesquisa: https://lnkd.in/dZvD--Ud, ao utilizar o “código de participação”: PORTALDOIMPACTO, você receberá um documento norteador com dicas de técnicas de comunicação e marketing para projetos sociais!




Coordenadora de Projetos Sociais, formada em Gestão Ambiental pela USP, MBA em Comunicação e Marketing pela USP, Especialização em Gestão de Projetos pela DNC, Certificada em Project Dpro e Fundadora e Gestora de Projetos na GPS Social. Contato: catherinejimenez.jz@gmail.com


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De acordo com o pesquisador brasileiro Ewerton Naves Dias, Ph.D em Psicologia pela Universidade do Porto, no Coping , consideramos o estresse como algo contextual, “o que significa que se trata de um processo de relação entre a pessoa e o ambiente e que se transforma ao longo do tempo. Desse modo, ele é definido como uma situação avaliada pelo indivíduo como significativa e com demandas que excedem seus recursos para lidar com o respectivo evento”. Diferente dos mecanismos de defesa, que acontecem de forma inconsciente, as estratégias de enfrentamento utilizam-se da percepção da pessoa frente ao evento estressor, desencadeando pensamentos avaliativos sobre suas ferramentas internas e externas e o controle ou não da situação, a fim de escolher sua forma de lidar com a situação. Categorias ou possibilidades de enfrentamento Apesar de Lazarus e Folkman definirem as duas principais categorias de enfrentamento, podemos encontrar na literatura algumas variações dessas estratégias, sendo as mais comuns: 1) Enfrentamento com foco no problema: Quando acredita-se que é possível alterar aspectos do ambiente, diminuindo ou eliminando os fatores de estresse e atuando de forma ativa. Alguns exemplos de ações, baseadas no contexto organizacional do Terceiro Setor, são: Análise crítica e detalhada do problema gerador de estresse Conversas individuais com pessoas que estão diretamente envolvidas na situação Conversas em grupo ou equipe, caso seja uma questão que influencie o bem-estar de várias pessoas Planejamento e criação de resoluções coletivas de enfrentamento ao problema Busca de apoio externo de especialistas 2) Enfrentamento com foco na emoção: Baseado na crença de que o ambiente é pouco alterável ou imutável, o indivíduo busca recursos para lidar com os sentimentos derivados do estresse, de forma a prolongar sua permanência na situação até que as circunstâncias mudem. Este é um tipo de enfrentamento moderado e pode ser realizado com: Fortalecimento de técnicas de autocontrole emocional Busca de apoio social (inclusive de colegas de equipe) ou psicológico para a descoberta de novas possibilidades de enfrentamento Investimento em hobbies ou atividades de lazer que minimizem os sentimentos negativos e promovam distração Desenvolvimento de práticas espirituais ou religiosas 3) Enfrentamento evitativo: Esta estratégia considerada passiva, também fundamentada na crença de que não há controle sobre as circunstâncias, engloba o afastamento, fuga, esquiva ou desligamento mental do problema. Aqui a pessoa escolhe evitar o conflito, lidar com os sintomas do estresse e economizar energia emocional. Qual estratégia usar? Os estudos que avaliam a predominância e a eficácia da utilização de cada tipo de coping divergem de acordo com o público pesquisado, considerando, no entanto, a variabilidade dos diferentes tipos de personalidade. Por exemplo: Uma análise feita com trabalhadores de CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) em Campinas (ZANATTA, 2019), verificou que a estratégia mais utilizada pelos profissionais destes espaços foi a de resolução de problemas, onde há a elaboração de planos de ação e alternativas com o objetivo de resolução da situação. Pesquisas realizadas com profissionais da saúde que trabalham em hospitais e analisadas pela Profª Drª Liliana Antoniolli (2022), afirmam que o coping mais utilizado pelas entrevistadas eram os baseados no enfrentamento com foco na emoção, onde empregavam um esforço cognitivo para ressignificar as experiências laborais “controlando emoções, como tristeza, medo e estresse, que emergem devido a situação conflitante”. Observa-se que a tendência de utilização de cada estratégia está positivamente ligada à experiência e idade dos profissionais, sendo que, quanto maiores mais o profissional tenderia a utilizar o enfrentamento com o foco no problema, enquanto os mais jovens tendem a escolher com mais frequência o afastamento (ou evitação) do estressor, por meio de um isolamento autoimposto. Outra proposta de estratégias de coping defendida pelo pesquisador Caryl Rubust (1988), da Vrije Universiteit em Amsterdã , Holanda , destacou outras quatro alternativas de enfrentamento, relacionadas ao ambiente de trabalho, que ele chamou de EVLN (Exit/Voice/Loyalty/Neglect), traduzido para o português como: saída, voz, lealdade e negligência. Nelas, o indivíduo escolheria: Saída: Sair do trabalho e encontrar um emprego melhor Voz: Tentar melhorar a situação conflitante com a sua voz Lealdade: Ser motivadas a apoiar ativamente a organização, ignorando seus incômodos Negligência: Concentrar-se em seus interesses não relacionados ao trabalho e "negligenciar" sua situação de trabalho insatisfatória De acordo com Lazarus e Folkman, as Estratégias de Enfrentamento ainda podem ser Adaptativas ou Desadaptativas, ou seja, quando as estratégias utilizadas são saudáveis e conseguem minimizar os sentimentos desagradáveis e desmotivadores são consideradas positivas/adaptativas. Em contraponto, quando não são saudáveis (recorrer a um vício como o cigarro, drogas ou bebidas alcoólicas, por exemplo) a estratégia é considerada negativa/desadaptativa. Como o Terceiro Setor tem lidado com os sintomas de estresse? Na “Pesquisa - A Saúde Mental e o Bem-Estar dos profissionais do Terceiro Setor ”, publicada pela Phomenta, em 2023, foram utilizados alguns questionamentos quanto às estratégias que as pessoas entrevistadas usavam para lidar com os sintomas de estresse oriundos do trabalho nas organizações sociais brasileiras, e encontramos nos resultados que: 69% relataram realizar atividades físicas 66% procuraram ajuda profissional de psicólogos, psiquiatras ou outros tipos de terapias alternativas 20% fazem uso regular de medicamentos calmantes e/ou ansiolíticos Percebemos com esses dados, que a maior parte das estratégias utilizadas pelos respondentes da pesquisa são do enfrentamento com foco na emoção, o que pode amenizar temporariamente a angústia e a desmotivação de quem passa por estresse de forma recorrente, mas que a médio prazo acaba gerando a saída deste colaborador, o que podemos observar nas altas taxas de rotatividade do setor. As Profª Drª Mary Sandra Carlotto e Sheila Gonçalves Câmara da Universidade Luterana do Brasil - ULBRA/Canoas, em suas pesquisas na área da educação, concordam com a constatação de que as estratégias de coping focadas no problema são estratégias adaptativas (positivas) que auxiliam os profissionais a enfrentar os problemas que surgem em seu ambiente organizacional. Elas também acrescentam que esse estilo de enfrentamento pode levar a um aumento dos níveis de realização profissional. Apesar de várias organizações sociais no Brasil relatarem, na Pesquisa da Phomenta (2023), que já estão implementando ações para amenizar os sintomas de estresse de seus colaboradores, como apoio psicológico, momentos de confraternização e lazer, formações e palestras, dentre outras, e estarem discutindo temáticas relacionadas à saúde mental e ao bem-estar, as mesmas ações precisam de coerência prática para realmente efetivar uma melhora da saúde coletiva. A publicação ressalta: “[...] é crucial que a organização não apenas introduza tais medidas, mas também promova mudanças que abordem os causadores de estresse, como o excesso de demanda e prazos apertados. A saúde mental não é apenas sobre discutir ou promover a conscientização, é também sobre criar um ambiente de trabalho sustentável onde os trabalhadores se sintam apoiados em suas rotinas diárias. Quando a liderança trabalha horas excessivas e perpetua um senso de urgência, por exemplo, isso pode enviar uma mensagem contraditória à equipe, sugerindo que, apesar das iniciativas de bem-estar, a cultura de trabalho exaustivo ainda prevalece”. Autoavaliação Como enfatizado no início do texto, o coping tem como característica principal a escolha consciente de sua reação frente ao estresse, o que nos leva a crer que para ser feita da forma mais eficaz, deve ser percebida, avaliada e monitorada com o passar do tempo. Dessa forma, faça agora uma autoavaliação de quais têm sido suas escolhas frente aos desafios do dia-a-dia, principalmente relacionados ao trabalho no Terceiro Setor. Avalie também quais têm sido as formas de enfrentamento utilizadas pelas pessoas em sua equipe ou em sua organização, para que se certifiquem de que por meio do apoio mútuo possam criar formas de lidar com o estresse enfrentando o problema. Referências Antoniolli, Liliana; Vega, Edwing Alberto Urrea Vega; Haack, Pâmela; Duarte, Andrey Godoy; Macedo, Andréia Barcellos Teixeira; Souza, Sônia Beatriz Cócaro de; Coping dos profissionais da enfermagem: revisão integrativa de literatura. Open Science Research - ISBN 978-65-5360-055-3 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org - Vol. 1 - Ano 2022 CARLOTTO, Mary Sandra; CÂMARA, Sheila Gonçalves. Síndrome de Burnout e estratégias de enfrentamento em professores de escolas públicas e privadas. Psicologia da Educação, vol. 26, n. 1, p. 29-46, 2008. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-69752008000100003 . Acesso em: 08 mar. 2023. DIAS, Ewerton Naves; PAIS-RIBEIRO, José Luís. O modelo de coping de Folkman e Lazarus: aspectos históricos e conceituais. Rev. Psicol. Saúde, Campo Grande , v. 11, n. 2, p. 55-66, ago. 2019 . Disponível em < http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2177-093X2019000200005&lng=pt&nrm=iso >. acessos em 10 mar. 2024. http://dx.doi.org/10.20435/pssa.v11i2.642. Lazarus, R., & Folkman, S. (1984). Stress appraisal and coping. New York: Springer. PHOMENTA. Pesquisa: A saúde mental e o bem-estar dos trabalhadores do terceiro setor. Campinas: SP. 2023. Disponível em: https://www.phomenta.com.br/pesquisa-saude-mental-e-bem-estar RUSBULT, C. E.; FARREL, D.; ROGERS, G. e MAINOUS III, A. G. (1988), «Impact of exchange variables on exit, voice, loyalty and neglect: an integrative model of responses to declining satisfaction». Academy of Management Journal, vol. 31(3), pp. 599-627. Zanatta AB, Lucca SR, Sobral RC, Stephan C, Bandini M. Estresse e coping entre trabalhadores de centros de atenção psicossocial do interior do estado de São Paulo. Rev Bras Med Trab.2019;17(1) DOI:10.5327/Z1679443520190300:83-89 Coping: estratégias para enfrentar períodos estressantes ou Coping: mais saúde mental em períodos estressantes ou Coping, estratégias de saúde mental em períodos estressantes
Por Maria Cecília Prates   14 mar., 2024
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