Siga-Nos!


Assine a nossa

newsletter

30 formas de captar recursos para a sua organização

mar. 24, 2023

Este conteúdo foi produzido por Daiany França


Captar recursos é uma tarefa fundamental para a sustentabilidade econômica de qualquer projeto esportivo. A boa notícia é que existem diferentes estratégias de captação de recursos validadas no Brasil, que podem ser trabalhadas de acordo com as necessidades e características de cada organização. Neste texto, destaco 30 delas, desde a captação direta com empresas até a geração de renda por meio de vendas de produtos e serviços.


Importante dizer, que este levantamento contou com o apoio das líderes esportivas Carolina Chrispim Pires dos Santos, Ellen Moraes Scherrer, Jaqueline Gonçalves da Silva Valente e Susane Velasques do Nascimento, alunas do “Curso Sesc de Gestão do Esporte: diversidade, cultura e lazer”. Para saber mais sobre essa iniciativa do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc São Paulo, clique aqui.

Fonte Estratégia Definição
Empresas, institutos e fundações 1. Leis de incentivo Mecanismo de renúncia fiscal que permite a pessoas físicas e jurídicas direcionem parte do valor de seus impostos devidos para projetos em leis de incentivo (esporte, cultura, fundos da infância e adolescência, etc.). Essa prática pode ser aplicada em níveis federal (Imposto de Renda), estadual (ICMS) e municipal (ISS/IPTU), seguindo a legislação específica de cada esfera. Para utilizar essa forma de captação de recursos, é crucial conhecer a legislação relacionada ao benefício fiscal escolhido, pois cada etapa envolve diversos aspectos que demandam cuidado e tarefas a serem realizadas. Essa forma de captação vem crescendo em popularidade e atraindo cada vez mais apoiadores e patrocinadores.
Empresas, institutos e fundações 2. Editais Recurso financeiro geralmente não reembolsável, destinado a projetos que se concentram em uma área geográfica ou temática específica. Esses recursos podem ser fornecidos por empresas, institutos e fundações, mas também por governos, agências internacionais de cooperação ou até mesmo outras organizações da sociedade civil.
Empresas, institutos e fundações 3. Captação direta (doação ou patrocínio não incentivado) Patrocínios ou doações realizadas de maneira planejada, monitorada e sistemática, realizadas com recursos próprios, desvinculadas de recursos de leis de incentivo (não necessita incentivo fiscal).
Empresas, institutos e fundações 4. Arredondamento Doação do troco que o cliente recebe para um projeto ou organização parceira.
Empresas, institutos e fundações 5. Produtos sociais (licenciamento) Produtos sociais referem-se a itens licenciados que envolvem marcas ou personagens conhecidos, nos quais o detentor dos direitos autorais (ou seja, da propriedade intelectual) concede permissão para sua exploração comercial em produtos, serviços ou promoções. Nesses casos, a receita gerada é destinada a apoiar uma causa, projeto ou organização beneficiária. Exemplos incluem a água AMA da Ambev e o Doritos Rainbow.
Empresas, institutos e fundações 6. Cashback social O programa de fidelização de cashback é adotado por marcas e empresas, permitindo que os consumidores, ao concluir uma compra, optem por direcionar parte do valor gasto a uma causa social em vez de recebê-lo de volta. Nesse modelo, o cliente seleciona a causa e a empresa realiza a doação desse montante, que se converte em ações que geram impacto social positivo.
Empresas, institutos e fundações 7. Matchfunding (financiamento misto) Forma de captação de recursos que combina o crowdfunding (financiamento coletivo) com a participação de uma empresa, instituto ou fundação que iguala ou multiplica as contribuições recebidas dos apoiadores. Nesse modelo, a organização responsável pelo projeto busca angariar fundos através de contribuições financeiras de pessoas físicas ou jurídicas e um parceiro, geralmente uma empresa ou instituição, compromete-se a igualar, dobrar ou multiplicar os valores arrecadados até um limite pré-estabelecido. Isso incentiva os apoiadores a contribuírem, já que seus aportes terão um impacto maior do que o valor individualmente contribuído.
Empresas, institutos e fundações 8. Obrigações legais e investimentos mitigatórios Refere-se às contribuições feitas para atender programas socioambientais que estão diretamente vinculados ao cumprimento de condições estabelecidas em processos de licenciamento, sentenças judiciais (ou equivalentes) ou por exigência legal. Nesses casos, as empresas ou indivíduos são obrigados a realizar doações para cumprir os requisitos legais ou regulatórios, frequentemente como parte de uma compensação ou mitigação de impactos negativos causados por suas atividades.
Empresas, institutos e fundações 9. Voluntariado corporativo ou Pro Bono Conjunto de ações promovidas pelas empresas que visa incentivar e apoiar o envolvimento de seus funcionários em iniciativas voltadas para a comunidade. Essas atividades estabelecem uma relação vantajosa para todos os participantes: a ONG se beneficia ao receber consultoria especializada e gratuita para aprimorar sua gestão, enquanto os colaboradores desenvolvem habilidades interpessoais e expandem suas redes de contato no ambiente de trabalho.
Indivíduos 10. Eventos (jantares, leilões, bingos, etc.) Consiste em organizar e promover atividades ou ocasiões especiais com o objetivo de arrecadar fundos para uma causa, projeto ou organização. Esses eventos geralmente atraem pessoas interessadas em apoiar a causa, proporcionando uma oportunidade de conscientização, engajamento e doação. Em eventos como jantares beneficentes, os convidados compram ingressos para participar e, muitas vezes, são oferecidos itens ou serviços em leilões e sorteios para aumentar a arrecadação. Leilões podem ser realizados com produtos ou experiências doadas por empresas ou indivíduos, e os participantes fazem lances para adquiri-los. Bingos e outros jogos também podem ser organizados como formas de entretenimento, onde os participantes compram cartelas ou ingressos, e parte ou toda a receita é destinada à causa em questão. Esses eventos de captação de recursos não só geram apoio financeiro para a causa, mas também fortalecem a conexão entre os apoiadores e a organização, expandem o alcance e a visibilidade da causa e proporcionam uma experiência social e divertida para os participantes.
Indivíduos 11. Nota fiscal (Ex: SP e CE) Estratégia que envolve programas fiscais estabelecidos em alguns estados com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância de solicitar notas fiscais e incentivar a participação no controle e na aplicação de recursos públicos. Esses programas geralmente sorteiam prêmios e apoiam organizações.
Indivíduos 12. Apadrinhamento Os doadores, também conhecidos como padrinhos ou madrinhas, realizam contribuições mensais para apoiar projetos sociais que beneficiam um afilhado ou afilhada específico(a).
Indivíduos 13. Crowdfunding (vaquinha, financiamento coletivo) O crowdfunding, também conhecido como vaquinha ou financiamento coletivo, é uma estratégia de captação de recursos na qual um grande número de pessoas é mobilizado para contribuir financeiramente para uma campanha ou projeto específico. Essa abordagem é predominantemente realizada online, através de plataformas especializadas que facilitam a criação, divulgação e gerenciamento das campanhas.
Indivíduos 14. Heranças A doação por meio de heranças é uma estratégia menos comum e, por vezes, complexa de contribuição para causas ou organizações. Existem dois cenários principais para a doação de bens: a doação em vida, que costuma ser mais simples e menos problemática, e a doação após a morte do doador, registrada em testamento. A doação feita após a morte do doador, por meio de testamento, pode ser complicada devido às restrições legais, como a limitação da doação a até 50% do total da herança e análise da divisão caso o falecido tenha familiares vivos, dependendo do grau de parentesco. Além disso, existe o ITCMD (Imposto sobre Transmissão “Causa Mortis” e Doação), um imposto que incide sobre esse tipo de doação (a título de informação, existe uma proposta na Reforma Tributária, no Senado, que extingue o ITCMD). Em ambos os casos, a doação por meio de heranças permite que os doadores contribuam significativamente para causas que lhes são importantes, seja durante sua vida ou após seu falecimento, deixando um legado duradouro.
Indivíduos 15. Campanhas anuais iniciativas recorrentes e com duração pré-determinada que visam captar recursos para organizações, projetos ou causas específicas. Essas campanhas são acompanhadas por um plano de comunicação dinâmico e eficiente, que demonstra os resultados práticos das contribuições feitas pelos doadores, com o objetivo de conquistar e manter doadores frequentes e garantir visibilidade constante para a organização. Exemplos notáveis de campanhas anuais de arrecadação incluem o Criança Esperança e o TELETON. Essas campanhas se caracterizam por eventos de grande alcance na mídia, que mobilizam o público, personalidades e empresas em prol de causas sociais, como a promoção da saúde, educação e bem-estar de crianças e jovens.
Indivíduos 16. Telemarketing Esta estratégia permite que as organizações entrem em contato, via chamadas telefônicas, com um grande número de pessoas, apresentem suas causas e solicitem contribuições financeiras.
Indivíduos 17. Cofrinho Comumente realizadas em estabelecimentos comerciais colaboradores, as doações por meio de cofrinhos solidários incentivam os clientes a contribuir com quantias modestas, aproveitando trocos ou não, em apoio a organizações ou causas específicas.
Indivíduos 18. Assinatura (doação recorrente) Forma de contribuição financeira em que os doadores se comprometem a realizar doações regulares e previsíveis para uma organização ou causa específica. Essa modalidade de doação é frequentemente apoiada por estratégias de marketing e arrecadação para atrair e reter doadores.
Indivíduos 19. Aplicativos Envolve o uso de plataformas de mensagens e redes sociais para aprimorar a comunicação e o relacionamento com os doadores, facilitando o processo de doação e promovendo o engajamento.
Indivíduos 20. Atletas e vozes do esporte Muitos atletas e profissionais de diferentes áreas do esporte, quando incentivados, podem doar um percentual do seu salário para projetos esportivos e paradesportivos, ou iniciativas de outras causas. É o exemplo da rede global Common Goal, que mobiliza a indústria do futebol para comprometer um mínimo de 1% de todas as receitas dos membros para impulsionar o desenvolvimento humano por meio do esporte.
Indivíduos 21. Peer-to-peer (P2P) Estratégia que envolve mobilizar uma rede de doadores ou amigos para que se comprometam com uma meta de doação pré-definida. Nesse modelo, os apoiadores se tornam embaixadores e captadores de recursos, incentivando seu próprio círculo de contatos a contribuir para a causa ou organização.
Indivíduos 22. Face-to-face (Diálogos diretos) Estratégia que envolve o contato pessoal e direto com potenciais doadores para apresentar uma causa e solicitar doações. Um exemplo é o Greenpeace, que realiza campanhas de captação face-to-face nas ruas e outros locais públicos, compartilha informações sobre questões ambientais e incentivaas pessoas a fazerem doações.
Geração de renda 23. Venda de produtos e serviços (bazar, loja própria, etc.) Estratégia em que uma organização comercializa produtos ou presta serviços para gerar renda. Essa abordagem pode ser dividida em dois tipos, pelo menos: Venda B2B (business-to-business): ocorre quando duas organizações negociam entre si, podendo ser a venda de um serviço ou produto de uma organização para uma empresa ou até mesmo uma negociação entre duas organizações da sociedade civil; e Venda B2C (business-to-consumer): acontece quando a organização vende diretamente para o consumidor final, como em bazares ou lojas virtuais.
Geração de renda 24. Aluguel de espaços do projeto Como o próprio nome já diz, significa alugar espaços próprios do projeto ou da organização para terceiros, como salão de festas, a fim de captar recursos livres* para o projeto esportivo ou paradesportivo. *Recurso livre é uma forma de financiamento que não possui restrições específicas quanto à sua utilização. Ou seja, a organização que recebe esse tipo de recurso tem a liberdade de decidir como empregá-lo, conforme suas prioridades e necessidades. Esses recursos podem ser utilizados para cobrir despesas operacionais, investimentos em projetos, infraestrutura, entre outras finalidades. A disponibilidade de recursos livres é fundamental para a sustentabilidade financeira e a flexibilidade das organizações, permitindo que elas se adaptem às mudanças e respondam a novos desafios.
Geração de renda 25. Fundos patrimoniais Um Fundo Patrimonial Filantrópico, também conhecido como Endowment, é um mecanismo de financiamento para organizações sem fins lucrativos que permite a criação de um fundo perene, cujo objetivo é gerar rendimentos ao longo do tempo. As doações são alocadas nesse fundo e investidas em diferentes instrumentos financeiros, como ações e títulos, com o objetivo de proteger e aumentar o capital ao longo do tempo. No Brasil, a Lei Federal nº 13.800/2019, regulamenta a criação e gestão desses fundos no país.
Geração de renda 26. Negócios de impacto Negócio de impacto é uma empresa que busca gerar impacto social ou ambiental positivo ao mesmo tempo em que gera lucro financeiro. Ou seja, é uma empresa que tem a sustentabilidade como pilar fundamental, tanto em termos sociais e ambientais quanto econômicos. Um projeto esportivo ou organização, por exemplo, pode optar por criar um negócio de impacto como estratégia de geração de renda. Vale lembrar que a criação de um negócio de impacto exige um alto nível de comprometimento e dedicação, além de uma equipe qualificada e recursos financeiros suficientes para viabilizar a iniciativa. Por isso, é importante que a organização avalie cuidadosamente suas capacidades e recursos antes de tomar essa decisão.
Governos 27. Parceria público-privada (PPP) Modelo de administração indireta em que uma organização privada se associa com o poder público para fornecer um serviço ou executar um projeto de interesse público. No Brasil, as PPPs são regulamentadas pela Lei Federal nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004, que estabelece normas gerais para licitação e contratação de parcerias público-privadas no país. Para participar de uma PPP, a organização da sociedade civil deve estar qualificada para atuar no objeto da parceria e ter condições de cumprir as exigências e obrigações previstas no processo licitatório e contrato.
Governos 28. Emendas parlamentares As emendas parlamentares são uma forma de os deputados e senadores influenciarem a destinação de recursos públicos para projetos e ações de interesse de suas bases eleitorais. Elas consistem em propostas de alteração no orçamento federal, estadual ou municipal, que visam alocar recursos para determinadas áreas ou projetos específicos, como obras de infraestrutura, projetos de saúde, educação, cultura, esportes, entre outros. As emendas podem ser individuais, quando propostas por um único parlamentar, ou coletivas, quando apresentadas por um grupo de parlamentares de uma mesma bancada ou com interesse comum. Elas são apresentadas durante o processo de elaboração do orçamento anual e passam por um processo de avaliação e análise antes de serem aprovadas.
Governos 29. Chamamentos públicos (termo de fomento e termo de colaboração) O Termo de Fomento é o instrumento que formaliza as parcerias entre a administração pública e as Organizações da Sociedade Civil (OSC) para alcançar finalidades de interesse público e recíproco, envolvendo a transferência de recursos financeiros. Já o Termo de Colaboração formaliza parcerias entre a administração pública e as OSC para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco propostas pelo poder público, envolvendo transferência de recursos financeiros. Nesses casos, a administração pública sugere o plano de trabalho e seleciona as OSC que irão colaborar com a tarefa. As parcerias devem ser formalizadas através de chamamento público e processo de seleção, que devem obedecer às regras estabelecidas na Lei nº 13.019/14. O Acordo de Cooperação é utilizado para formalizar parcerias que não envolvem a transferência de recursos financeiros.
Internacional 30. Internacional As formas de captação de recursos internacionais para organizações incluem diversas estratégias e abordagens. Por exemplo, a participação em editais e programas de financiamento de organismos internacionais e governos de outros países. Nesse sentido, é importante entender os critérios de elegibilidade e elaborar um projeto bem estruturado e alinhado aos objetivos do programa. As relações pessoais também são importantes para a captação de recursos internacionais, principalmente em relação à busca de apoio financeiro de indivíduos e instituições filantrópicas em outros países. A participação em redes e fóruns internacionais também pode ser uma forma eficiente de obter recursos e estabelecer parcerias. Por fim, é importante mencionar que a captação de recursos internacionais envolve uma série de desafios, como a necessidade de compreender a cultura e as políticas dos países envolvidos, além de questões legais e fiscais. Por isso, é fundamental contar com profissionais capacitados e especializados para lidar com essa forma de captação de recursos.

Atenção: Esta lista não esgota todas as possibilidades de captação de recursos, mas oferece uma ampla variedade de estratégias que podem ser úteis para diferentes perfis de organizações. É importante lembrar que cada iniciativa requer um plano de ação específico, sendo recomendado que a liderança da ONG trabalhe com foco em no máximo três estratégias ao mesmo tempo, uma vez que o sucesso da captação vai depender de diferentes fatores, incluindo planejamento bem estruturado e uma equipe comprometida.


Gostou deste conteúdo? Compartilhe com outros empreendedores de ONGs!



Texto originalmente publicado em
https://lideresesportivos.com.br/30-formas-de-captar-recursos-para-o-seu-projeto-esportivo/






Daiany França Saldanha é líder de parcerias e novos negócios na Phomenta.


Inscreva-se na nossa Newsletter

Últimas publicações

Uma mulher negra se alongando em um tapete de yoga no gramado
Por Sara Dias 25 abr., 2024
Saiba como o conceito de autocuidado nasceu numa perspectiva individual na área da saúde e se transformou na área social como prática de cuidado coletivo.
Uma pessoa usando a calculadora e escrevendo em um papel
Por Maria Cecília Prates Rodrigues 18 abr., 2024
Na Harvard Business Review (HBR) de jan-fev de 2019, fui atraída pelo título de um dos artigos sobre uma maneira para se calcular o valor dos investimentos de impacto, com base em evidências . Comecei a ler o texto entusiasmada pela possibilidade de encontrar uma contribuição pragmática no campo da avaliação social, mas confesso que fiquei decepcionada. O trabalho foi escrito por sócios e gestores da Rise Fund (um fundo de US$2 bilhões para investimentos de impacto) e da Bridgespan Group (uma consultoria global para impacto social). A partir da experiência deles, propõem uma metodologia para estimar o retorno financeiro do investimento social e ambiental. Batizaram a “nova” métrica por IMM ( Impact Multiple of Money) , porque, com base nela, se tornaria possível prever o múltiplo em benefício social e ambiental que seria gerado a partir de $ 1 investido – assim, se o IMM for 5X (5 vezes), significa que cada $1 investido vai gerar $5 em benefícios. Rise Fund só investe em projeto quando o IMM dele for no mínimo de 2,5X. A intenção dos autores é que, a partir da comparação dos valores de IMM estimados, se consiga dar mais rigor ao processo de seleção dos investimentos sociais, como já é usual no mundo dos negócios, através do uso de metodologias financeiras amplamente aceitas. Com isso, segundo eles, se poderia avançar sobremaneira na análise dos investimentos de impacto, que ainda se encontra atualmente, em grande medida, baseada na “adivinhação”, em informações restritas a processo, ou em intenções de comprometimento. Os seis passos do método proposto (IMM) Avaliar a relevância e a escala do projeto, para se decidir sobre se vale a pena (ou não) o esforço de aplicar o método, pois “estimar o IMM não é tarefa trivial”. Então, segundo os autores, o projeto a ser avaliado deve ter um propósito e escala potencialmente relevantes, o que não quer dizer número grande de pessoas beneficiadas. Há projetos com um pequeno número previsto de beneficiados, porém com grande potencial de transformação, que podem ser muito mais relevantes do que outros com grande número de beneficiados. Estimar os resultados sociais ou ambientais esperados. Nessa etapa é importante verificar se os resultados previstos são atingíveis e mensuráveis. “Felizmente” hoje os investidores já podem contar com muitas pesquisas nas Ciências Sociais (as evidências) que lhes permitem estimar o potencial do impacto social da empresa ou organização. E tal se deve ao movimento sobre “ o que funciona ” dos programas sociais, que propiciou um grande impulso ao desenvolvimento da “indústria de medição de resultados sociais” nessa última década. Estimar o valor econômico desses resultados para a sociedade. Para traduzir os resultados identificados (acima) em termos monetários, é preciso também recorrer a um “estudo-âncora” robusto (ou a evidências ou referências já existentes) e, na ausência desse, à orientação de um especialista da área. A escolha do estudo-âncora deve levar em conta o rigor da estimação dos resultados (preferência por pesquisa experimental, ao invés de pesquisa observacional ou estudo de caso), contexto similar ao do projeto em questão, e/ou o estudo deve ser o mais recente possível. Ajustar o risco advindo do uso de estudos-âncora. Embora os autores considerem ser satisfatório o uso de estudos-âncora (ou das evidências) já existentes para preverem a monetização dos resultados sociais e ambientais, eles admitem o risco de aplicarem tais achados não diretamente associados às oportunidades do investimento em questão. Propõem, então, que seja incluída nos cálculos a estimativa do risco, baseada em uma escala de probabilidade de 0 a 100%, definida segundo 6 categorias, que são: qualidade do estudo-âncora, pressupostos adotados, contexto, grupo de renda, similaridade do produto ou serviço, e a possibilidade do uso previsto (para o produto/serviço social) não se verificar. Estimar o valor terminal do investimento. No caso de determinados tipos de projetos sociais e/ou ambientais, pode fazer sentido incluir também na estimativa do valor monetário do impacto o período depois que o projeto ou investimento social tiver finalizado. Calcular o retorno social por cada dólar investido. Finalmente é calculado o valor do IMM. Assim, segundo os autores, “ em um mundo em que os CEOs estão cada vez mais falando em lucro e propósito, o IMM oferece uma metodologia rigorosa para se avançar na arte de alocação do capital para gerar benefício social ”. Pois quanto maior o valor do IMM estimado, maior o potencial de impacto do investimento social e/ou ambiental, permitindo a comparabilidade entre projetos de natureza distinta, como é comum no campo social. Por que a decepção com o método IMM? 1.IMM não é um método inovador
Por Pollyana Bonvecchi 04 abr., 2024
Você já ouviu falar em autogestão? Compreende seu funcionamento? É surpreendente a forma com que o cenário global passa por mudanças, exigindo, portanto, adaptações nos âmbitos ambientais, administrativos e organizacionais. Diante disso, é anti produtivo permanecer com mentalidades ancoradas no século passado e almejar inovação, sendo que este paradigma se aplica também à governança organizacional. Neste sentido, como nós, do terceiro setor, então, podemos adotar metodologias e mecanismos, gerando impacto de uma forma mais inovadora e transparente? Siga conosco e leia o conteúdo na íntegra!  Gestão tradicional e autogestão: entenda as diferenças chave! Na gestão tradicional, é comum que as preocupações dos colaboradores sejam encaminhadas aos superiores ou a chefia imediata, para que as repassem a níveis mais elevados de comando. Desse modo, tal processo resulta em tomadas de decisões centralizadas no topo da hierarquia, desconectadas das realidades das bases. Em contrapartida, a autogestão propõe a descentralização das responsabilidades organizacionais. Ou seja, isso significa que os indivíduos ou equipes têm maior autonomia para gerenciar suas tarefas, projetos e até mesmo definir suas diretrizes de trabalho. Sob a perspectiva sociocrática, holocrática, ou nos moldes da organização orgânica (O²) , a estrutura se fundamenta em círculos e papéis, onde cada indivíduo detém autoridade para deliberar sobre assuntos relacionados ao seu papel ou ao propósito do círculo que faz parte. Neste contexto, os colaboradores identificam discrepâncias entre a situação atual e a ideal, denominadas "tensões". Tais tensões são compartilhadas nos círculos, que desenvolvem estratégias para sua resolução. Dessa forma, os círculos se alinham e se complementam, formando uma estrutura organizacional dinâmica, saudável e segura. O poder não é dado às pessoas ou cargos, mas aos papéis e círculos (via “O que é autogestão”, Sociocracia Brasil no YouTube).
foto preto em branco, pessoa com uma xícara branca na mão olhando para a tela do computador
Por Instituto Phomenta 01 abr., 2024
O Google Ad Grants oferece o valor de US$ 10 mil por mês em anúncios para ONGs e é tema do guia desenvolvido pela BC Marketing
Por Sara Dias 21 mar., 2024
Praticar atividades físicas, investir em hobbies, conversar com amigos ou buscar ajuda terapêutica. Esses são apenas alguns dos exemplos que se enquadram no que podemos chamar de “estratégias para se atravessar um período de estresse ou momento difícil”, mais conhecido como Coping . O termo inglês Coping , traduzido para o português como Estratégias de Enfrentamento em saúde mental, é uma teoria que estuda o estresse psicológico e as diversas formas com que uma pessoa pode avaliar e agir frente a uma situação estressora, a fim de minimizar, controlar ou tolerar seus efeitos a curto e médio prazo. Criado e desenvolvido pelos psicólogos americanos Richard Lazarus e Suzan Folkman, na década de 1980, o coping tem como características a tomada de decisão consciente e intencional, orientada para o futuro, que leva em consideração aspectos individuais como traços de personalidade, e aspectos temporais como seus objetivos, resultados almejados, e preocupações, durante o período estressante. De acordo com o pesquisador brasileiro Ewerton Naves Dias, Ph.D em Psicologia pela Universidade do Porto, no Coping , consideramos o estresse como algo contextual, “o que significa que se trata de um processo de relação entre a pessoa e o ambiente e que se transforma ao longo do tempo. Desse modo, ele é definido como uma situação avaliada pelo indivíduo como significativa e com demandas que excedem seus recursos para lidar com o respectivo evento”. Diferente dos mecanismos de defesa, que acontecem de forma inconsciente, as estratégias de enfrentamento utilizam-se da percepção da pessoa frente ao evento estressor, desencadeando pensamentos avaliativos sobre suas ferramentas internas e externas e o controle ou não da situação, a fim de escolher sua forma de lidar com a situação. Categorias ou possibilidades de enfrentamento Apesar de Lazarus e Folkman definirem as duas principais categorias de enfrentamento, podemos encontrar na literatura algumas variações dessas estratégias, sendo as mais comuns: 1) Enfrentamento com foco no problema: Quando acredita-se que é possível alterar aspectos do ambiente, diminuindo ou eliminando os fatores de estresse e atuando de forma ativa. Alguns exemplos de ações, baseadas no contexto organizacional do Terceiro Setor, são: Análise crítica e detalhada do problema gerador de estresse Conversas individuais com pessoas que estão diretamente envolvidas na situação Conversas em grupo ou equipe, caso seja uma questão que influencie o bem-estar de várias pessoas Planejamento e criação de resoluções coletivas de enfrentamento ao problema Busca de apoio externo de especialistas 2) Enfrentamento com foco na emoção: Baseado na crença de que o ambiente é pouco alterável ou imutável, o indivíduo busca recursos para lidar com os sentimentos derivados do estresse, de forma a prolongar sua permanência na situação até que as circunstâncias mudem. Este é um tipo de enfrentamento moderado e pode ser realizado com: Fortalecimento de técnicas de autocontrole emocional Busca de apoio social (inclusive de colegas de equipe) ou psicológico para a descoberta de novas possibilidades de enfrentamento Investimento em hobbies ou atividades de lazer que minimizem os sentimentos negativos e promovam distração Desenvolvimento de práticas espirituais ou religiosas 3) Enfrentamento evitativo: Esta estratégia considerada passiva, também fundamentada na crença de que não há controle sobre as circunstâncias, engloba o afastamento, fuga, esquiva ou desligamento mental do problema. Aqui a pessoa escolhe evitar o conflito, lidar com os sintomas do estresse e economizar energia emocional. Qual estratégia usar? Os estudos que avaliam a predominância e a eficácia da utilização de cada tipo de coping divergem de acordo com o público pesquisado, considerando, no entanto, a variabilidade dos diferentes tipos de personalidade. Por exemplo: Uma análise feita com trabalhadores de CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) em Campinas (ZANATTA, 2019), verificou que a estratégia mais utilizada pelos profissionais destes espaços foi a de resolução de problemas, onde há a elaboração de planos de ação e alternativas com o objetivo de resolução da situação. Pesquisas realizadas com profissionais da saúde que trabalham em hospitais e analisadas pela Profª Drª Liliana Antoniolli (2022), afirmam que o coping mais utilizado pelas entrevistadas eram os baseados no enfrentamento com foco na emoção, onde empregavam um esforço cognitivo para ressignificar as experiências laborais “controlando emoções, como tristeza, medo e estresse, que emergem devido a situação conflitante”. Observa-se que a tendência de utilização de cada estratégia está positivamente ligada à experiência e idade dos profissionais, sendo que, quanto maiores mais o profissional tenderia a utilizar o enfrentamento com o foco no problema, enquanto os mais jovens tendem a escolher com mais frequência o afastamento (ou evitação) do estressor, por meio de um isolamento autoimposto. Outra proposta de estratégias de coping defendida pelo pesquisador Caryl Rubust (1988), da Vrije Universiteit em Amsterdã , Holanda , destacou outras quatro alternativas de enfrentamento, relacionadas ao ambiente de trabalho, que ele chamou de EVLN (Exit/Voice/Loyalty/Neglect), traduzido para o português como: saída, voz, lealdade e negligência. Nelas, o indivíduo escolheria: Saída: Sair do trabalho e encontrar um emprego melhor Voz: Tentar melhorar a situação conflitante com a sua voz Lealdade: Ser motivadas a apoiar ativamente a organização, ignorando seus incômodos Negligência: Concentrar-se em seus interesses não relacionados ao trabalho e "negligenciar" sua situação de trabalho insatisfatória De acordo com Lazarus e Folkman, as Estratégias de Enfrentamento ainda podem ser Adaptativas ou Desadaptativas, ou seja, quando as estratégias utilizadas são saudáveis e conseguem minimizar os sentimentos desagradáveis e desmotivadores são consideradas positivas/adaptativas. Em contraponto, quando não são saudáveis (recorrer a um vício como o cigarro, drogas ou bebidas alcoólicas, por exemplo) a estratégia é considerada negativa/desadaptativa. Como o Terceiro Setor tem lidado com os sintomas de estresse? Na “Pesquisa - A Saúde Mental e o Bem-Estar dos profissionais do Terceiro Setor ”, publicada pela Phomenta, em 2023, foram utilizados alguns questionamentos quanto às estratégias que as pessoas entrevistadas usavam para lidar com os sintomas de estresse oriundos do trabalho nas organizações sociais brasileiras, e encontramos nos resultados que: 69% relataram realizar atividades físicas 66% procuraram ajuda profissional de psicólogos, psiquiatras ou outros tipos de terapias alternativas 20% fazem uso regular de medicamentos calmantes e/ou ansiolíticos Percebemos com esses dados, que a maior parte das estratégias utilizadas pelos respondentes da pesquisa são do enfrentamento com foco na emoção, o que pode amenizar temporariamente a angústia e a desmotivação de quem passa por estresse de forma recorrente, mas que a médio prazo acaba gerando a saída deste colaborador, o que podemos observar nas altas taxas de rotatividade do setor. As Profª Drª Mary Sandra Carlotto e Sheila Gonçalves Câmara da Universidade Luterana do Brasil - ULBRA/Canoas, em suas pesquisas na área da educação, concordam com a constatação de que as estratégias de coping focadas no problema são estratégias adaptativas (positivas) que auxiliam os profissionais a enfrentar os problemas que surgem em seu ambiente organizacional. Elas também acrescentam que esse estilo de enfrentamento pode levar a um aumento dos níveis de realização profissional. Apesar de várias organizações sociais no Brasil relatarem, na Pesquisa da Phomenta (2023), que já estão implementando ações para amenizar os sintomas de estresse de seus colaboradores, como apoio psicológico, momentos de confraternização e lazer, formações e palestras, dentre outras, e estarem discutindo temáticas relacionadas à saúde mental e ao bem-estar, as mesmas ações precisam de coerência prática para realmente efetivar uma melhora da saúde coletiva. A publicação ressalta: “[...] é crucial que a organização não apenas introduza tais medidas, mas também promova mudanças que abordem os causadores de estresse, como o excesso de demanda e prazos apertados. A saúde mental não é apenas sobre discutir ou promover a conscientização, é também sobre criar um ambiente de trabalho sustentável onde os trabalhadores se sintam apoiados em suas rotinas diárias. Quando a liderança trabalha horas excessivas e perpetua um senso de urgência, por exemplo, isso pode enviar uma mensagem contraditória à equipe, sugerindo que, apesar das iniciativas de bem-estar, a cultura de trabalho exaustivo ainda prevalece”. Autoavaliação Como enfatizado no início do texto, o coping tem como característica principal a escolha consciente de sua reação frente ao estresse, o que nos leva a crer que para ser feita da forma mais eficaz, deve ser percebida, avaliada e monitorada com o passar do tempo. Dessa forma, faça agora uma autoavaliação de quais têm sido suas escolhas frente aos desafios do dia-a-dia, principalmente relacionados ao trabalho no Terceiro Setor. Avalie também quais têm sido as formas de enfrentamento utilizadas pelas pessoas em sua equipe ou em sua organização, para que se certifiquem de que por meio do apoio mútuo possam criar formas de lidar com o estresse enfrentando o problema. Referências Antoniolli, Liliana; Vega, Edwing Alberto Urrea Vega; Haack, Pâmela; Duarte, Andrey Godoy; Macedo, Andréia Barcellos Teixeira; Souza, Sônia Beatriz Cócaro de; Coping dos profissionais da enfermagem: revisão integrativa de literatura. Open Science Research - ISBN 978-65-5360-055-3 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org - Vol. 1 - Ano 2022 CARLOTTO, Mary Sandra; CÂMARA, Sheila Gonçalves. Síndrome de Burnout e estratégias de enfrentamento em professores de escolas públicas e privadas. Psicologia da Educação, vol. 26, n. 1, p. 29-46, 2008. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-69752008000100003 . Acesso em: 08 mar. 2023. DIAS, Ewerton Naves; PAIS-RIBEIRO, José Luís. O modelo de coping de Folkman e Lazarus: aspectos históricos e conceituais. Rev. Psicol. Saúde, Campo Grande , v. 11, n. 2, p. 55-66, ago. 2019 . Disponível em < http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2177-093X2019000200005&lng=pt&nrm=iso >. acessos em 10 mar. 2024. http://dx.doi.org/10.20435/pssa.v11i2.642. Lazarus, R., & Folkman, S. (1984). Stress appraisal and coping. New York: Springer. PHOMENTA. Pesquisa: A saúde mental e o bem-estar dos trabalhadores do terceiro setor. Campinas: SP. 2023. Disponível em: https://www.phomenta.com.br/pesquisa-saude-mental-e-bem-estar RUSBULT, C. E.; FARREL, D.; ROGERS, G. e MAINOUS III, A. G. (1988), «Impact of exchange variables on exit, voice, loyalty and neglect: an integrative model of responses to declining satisfaction». Academy of Management Journal, vol. 31(3), pp. 599-627. Zanatta AB, Lucca SR, Sobral RC, Stephan C, Bandini M. Estresse e coping entre trabalhadores de centros de atenção psicossocial do interior do estado de São Paulo. Rev Bras Med Trab.2019;17(1) DOI:10.5327/Z1679443520190300:83-89 Coping: estratégias para enfrentar períodos estressantes ou Coping: mais saúde mental em períodos estressantes ou Coping, estratégias de saúde mental em períodos estressantes
Por Maria Cecília Prates   14 mar., 2024
Avaliação de impacto serve para todos os casos? Confira as situações onde a avaliação não se aplica e como resolver essa questão.
mostrar mais

Participe do nosso grupo no WhatsApp para receber nossos conteúdos em primeira mão

Entrar para o grupo
Share by: